Aqueles
comboios com cento e cinquenta, duzentos ou mais vagões demoram seguramente
mais de uma hora a parar. A gente trava agora, são 15:48h e ele vai parar lá
para as 16:50h. Depois demora novamente mais uma hora a arrancar e a embalar.
Quer dizer um comboio daqueles, vindo de Sines, teria de começar a travar na
Casa Branca para parar ali onde ele o queria quietinho, paradinho e caladinho.
Queria mas
já não quer, diz ele que se atrasou. Isto disse ele há três dias, a 29 de Maio, que reflectiu sobre uma possível
estação da linha férrea Sines/Caia no Alandroal “demasiado tarde” * parece que
se atrasou a pensar na coisa. Eu diria que ter pensado nela com seis meses de
antecedência já teria sido bem pouco, quanto mais agora que a procissão saiu do
largo e está quase de volta ao campanário.
Estas
coisas nem se devem pensar seis meses antes mas seis anos antes, no mínimo. Mas
a este presidente não pagamos para pensar, este é pago para não pensar pois
admite ele que nem pensa, ou se pensa, pensa atrasado digo eu, pensará como um
atrasado mental, sem desprimor para estes últimos. É contudo a esta espécie de
gente soberbamente preparada que pagamos para nos governarem, para tratarem dos
nossos interesses e não dos deles, a esta gente e a vereadores, assessores,
técnicos superiores, dirigentes de unidades, chefes de gabinetes e serviços, de
urbanismo, de arquitectura, de economia, de desenvolvimento económico, agora
tão na moda o desenvolvimento económico desde há meia dúzia de anos para cá.
Declaração
de interesses, sejamos honestos, e eu sou-o. Não conheço este senhor de lado nenhum, nunca
na vida o vi, nem mais gordo nem mais magro, nunca me fez mal, nenhum
absolutamente, sei a que partido pertence, ao mesmo que eu, ou ao que era meu e
abandonei há mais de uma década por falta de identificação com o dito. Um partido
(não o único) que vem brincando e gozando com os portugueses há demasiado tempo, um
partido que julga ser a ética verde e coisa que se coma, até que um dia… Bem,
voltando à vaca fria, simplesmente achei piada à confissão deste senhor, à sua
inocência, à sua ingenuidade, à sua parvoíce, à sua ignorância.
É que não
somente se atrasou a pensar na coisa como, aposto, nem lhe ocorreu de a
articular com os colegas de Borba, Estremoz, Vila Viçosa e Évora, porque não
creio na possibilidade de uma estação ou apeadeiro em cada uma destas
terrinhas, destas localidades, cujas distâncias entre si nalguns casos correm o
risco de serem inferiores à extensão do dito comboio.
Um comboio que demora mais
de uma hora a parar e mais uma hora a arrancar e a embalar não se pode dar ao
luxo de parar onde convém a cada um, todos teriam que escolher uma localização central
e, juntos, bater o pé em como queriam o comboio parado ali, ali e não aqui,
ali, acolá ou acoli. Onde pusemos o X no
mapa, por este motivo e por aquele e aqueloutro segundo aconselham os dados
deste estudo que todos pagámos e que prevê um volume de carga de teor Y escalonado
no calendário Z que igualmente anexamos.
Mas dar
corpo a tudo isto em 35 horas semanais torna-se impraticável, reunir o consenso
de quatro ou cinco presidentes de câmara uma impossibilidade, reuni-los todos à
mesma hora do mesmo dia numa sala com agenda e ordem de trabalhos um sonho de uma
noite de verão como diria William
Shakespeare. Sucede serem estas pequenas nuances, estes pequenos deslizes
que fazem do país e em especial do Alentejo a zona mais atrasada da Europa, que
ninguém tenha respondido ao senhor como devia é para mim uma incógnita.
Efectivamente o problema
deste nosso Portugal são os portugueses. Foi (e continuará sendo) este
tipo de atitude que contribuiu para o País ficar à deriva, sem sentido táctico algum
e muito menos uma qualquer estratégia. Foi este tipo de comportamento, este não
pensar, que fez com que muitos tivessem que partir, os melhores activos e os melhor preparados da
sociedade portuguesa segundo se diz. O que prova haver quem durma, quem não abra os olhos à realidade, este senhor por exemplo acordou com 6
meses de atraso, e tem falta de mundo, de cosmopolitismo, far-lhe-ia bem sair de
vez em quando do Alandroal, e até de Portugal...
Outra
questão que me encanita, nem o partido do dito senhor o soube aconselhar? O
partido, a concelhia, estão lá para o aconselhar ou para lhe aparar as jogadas? Estão lá para o ajudar a servir o povo ou para lhe servir os interesses e
esconder os fiascos? O partido é representado por ele ou é ele que representa o
partido? Sendo um partido com grandes responsabilidades no estado comatoso do
país, a concelhia, as concelhias, não cuidaram de evitar tanta porcaria que tem
sido feita ao longo dos últimos quarenta anos? Porcaria que tem sido e continuará sendo
feita, a menos que, ao invés de eleitos comecem a cooptar os seus candidatos
por anúncio na imprensa, com caderno de encargos bem explícito, o perfil
desejado bem delineado, e a remuneração de acordo com os resultados obtidos. Um
anúncio de “PRECISA-SE” ou de “PROCURA-SE”, um WANTED, como no velho oeste.
Se um
método não dá resultados, e está mais que comprovado não dar, por que não mudar
o método, o sistema ? Será preferível continuarmos vendo passar os comboios ?
Nota – Abaixo deste texto encontra-se uma caixa onde poderão deixar os vossos comentários, a vossa concordância ou discordância, elogios ou ofensas, vitupérios, insultos, injúrias, ultrajes. Desabafem, mas não matem o mensageiro, o mensageiro só pegou nos factos, não lhes deu vida, não teve pois a minima implicação neles.......