segunda-feira, 11 de julho de 2011

67 - Fantoches...



A expressão fantoche, hoje aqui trazida à baila, nada mais significa que aquilo que o texto sobre ela diz e os dicionários de língua portuguesa sobre a mesma elucidam. Qualquer comparação com a realidade é pura ficção e está muito longe do meu pensamento ao produzir o texto, espero que não suscite confusões nos vossos espíritos.

Sobre a palavra “fantoche” diz-nos o Dicionário Prático Ilustrado, da Lello, um dos melhores, que fantochada se refere a cenas ridículas, e que um fantoche não passará de um autómato, ou boneco que se faz mover por meio de cordelinhos, daí a expressão “mexer os cordelinhos”, indivíduo que não se pode sob pretexto algum, acrescentaria eu, levar a sério.

Já o Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse Selecções, volume II, uma referência a nível mundial, é mais completo na designação, mais abrangente, nele surgindo, para além das impressões já apontadas, expressamente designada por “fantoche”, pessoa que fala e procede conforme vontade alheia, títere, sendo neste, ou sobre este último atributo que iremos fazer incidir o nosso texto de hoje, já que títere, segundo o mesmo dicionário, não passa de um boneco que imita gestos humanos, marionete, palhaço, bufão, indivíduo que se deixa levar por outrem, que age por inspiração ou a mando de outrem, ou de outros interesses acrescentaria eu. 

Muito mais precisa é a designação que nos é dada pelo Dicionário Enciclopédico de Língua Portuguesa, das publicações Alfa, igualmente uma edição das Selecções do Reader’s Digest, 1º volume. Segundo ela, fantoche é um homem que para além do já dito, não pode nem deve vez alguma ou por um único segundo ser tomado a sério.

Na Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, da Verbo, volume 8, são dedicadas a “fantoche” quase duas páginas! E quem quiser porventura ficar a saber mais que o condensado neste texto, deve consultá-la. Extensa e precisa, como acabei de vos esclarecer, e para além de tudo o dito e feito atrás, caracteriza todos os “fantoches”, entre outras coisas, como vivazes, maliciosamente astutos, com natural tendência para o improviso e valendo-se de recursos que não pouco os têm desvirtuado, todavia muito populares e com grande poder de comunicação com o povo.

Segundo esta enciclopédia os “fantoches” têm gozado de apoio oficial em Portugal. Contudo nem só na nossa terra existem ou existiram “fantoches”, é praga que está espalhada por todo o mundo. Estou a lembrar-me de um fantoche famoso, … sobre o qual muitos livros e filmes têm sido feitos, o “Último Imperador”, ou “Sete anos no Tibete” para citar apenas os de certo mais lidos e vistos pela população portuguesa.

Relatam eles a vida de Pu Yi (1906-1967), último imperador da China, que foi destronado aos vinte e seis anos, em 1932, quando da invasão japonesa, levado para a Manchúria, igualmente invadida e conquistada por estes últimos, e ali ficou, um “imperador fantoche” às ordens dos conquistadores, até que em 1945, outra guerra os venceria, a II Grande Guerra Mundial, e a Pu Yi dada a possibilidade, após julgamento e cumprimento da sentença, a possibilidade dizia eu, de uma vida normal, como um cidadão normal, coisa que ele nunca foi nem conseguiu ser.

É uma história triste a deste homem vale a pena lê-la.

Todos temos os nossos fantoches de estimação, também eu tenho o meu fantoche de estimação. Não nutro por ele aliás qualquer tipo de consideração, coisa que ele de todo não merece nem parece precisar. Tem mais de 30 anos de idade e por certo há-de morrer sem um arrobo de vergonha ou de dignidade, pois que se a tivesse, há muito que teria guardado na mala das quinquilharias o seu corpito de marionete.  

Por cá vai andando e empatando, como outros empataram, e eu, e todos, tolerando (os) sem vontade ou sem força para o (os) atirar para o lixo, destino que lhe (lhes) está reservado historicamente e sem apelo nem qualquer misericórdia, mais cedo ou mais tarde, quer tenham tido um curriculum oferecido, estudado no Chapitô, ou lhes tenham oferecido o canudo nos idos de setenta... 
              
O que mais custa é pagar-lhes as actuações, e tanto mais custa quanto bem caro vamos ter que pagar o riso que nos roubaram…