sexta-feira, 9 de maio de 2025

832 - VOTANDO COM OS PÉS ......

                  


A entrevista que a líder do MCE e vereadora da CME por esse movimento de cidadania deu à Rádio Diana no dia 9 de Abril pp, sobressai como uma pérola no mar dos discursos políticos proferidos de norte a sul, quer pela inteligência demonstrada, quer pela segurança das afirmações proferidas, todas elas fundamentadas e passiveis de serem confirmadas, comprovadas. Eu diria tratar-se de afirmações à prova de bala, reais, sérias, nada de patranhas ou de promessas eleitorais.

 

Essa pérola, essa entrevista, cujo link vos deixo no fim deste texto, merece ser ouvida. Devemos ouvi-la para que saibamos e venhamos a compreender porque está Évora como está, órfã de pai e mãe há muitas décadas, pobre, sem presente nem futuro, atolada numa divida incompreensível que só a má gestão de comunistas e socialistas pode justificar, e que estamos pagando com um palmo de língua de fora, já que o acordo para combater essa divida penaliza munícipes, afasta investidores, coarcta o futuro e corta cerce a esperança em dias melhores.




Quando digo que a entrevista expõe um discurso inteligente faço-o por o mesmo se basear em factos concretos, visíveis, comprováveis, mensuráveis, negando-se ao vazio balofo dos demais, aqueles aos quais já nem nos damos ao incómodo de ouvir. Em especial os três gráficos que FF Florbela Fernandes apresenta, um sobre o volume de negócios no concelho, que terá aumentado, outro sobre o emprego, que igualmente terá aumentado, e o último, sobre a população da urbe eborense, que se tem mexido, se tem posto a andar, tem partido, abalado, ido embora, gráficos que todavia foram apresentados isoladamente, coisa que na minha mesa de café, digo a minha tertúlia de café se tem recusado a aceitar.

 

A coisa não é tão simples pois as questões abordadas (correcta e inteligentemente) nos três gráficos, na prática não funcionam isoladas, influenciam-se mutuamente nuns casos, interpenetram-se noutros, nuns casos são causa noutros efeito ou fruto dos primeiros ou anteriores… Longe vai o tempo em que o INE disponibilizava pronta e gratuitamente qualquer informação estatística que lhe fosse solicitada, não é assim agora que nos obriga ao cumprimento de uma burocracia desmotivadora e em alguns casos exige saber o motivo da consulta e ou o pagamento das informações requeridas. De veículo de consulta e transparência parece ter volvido tempestade de areia para cegar os olhos do cidadão empenhado em analisar, divulgar, contestar, criticar ou denunciar com bases sólidas algum aspecto menos claro desta democracia, cada vez mais opaca com que nos vêm cegando e enganando. 



1º Gráfico – Volume de negócios.

 

Em momento algum encontrámos erros na interpretação que a senhora vereadora fez dos gráficos. Analisou-os, um a um, pelo que eram, como é lícito, e não se alongou em problemas que neles possam estar subtilmente escondidos pois serão assuntos para resolução na AR ou governamental, nunca a nível municipal ou concelhio.

 

O volume de negócios aumentou, não há a menor dúvida, o gráfico porém não nos diz a razão desse aumento. Com o INE a filtrar a informação para o exterior restou-nos especular e concluímos que a Embraer, as apostas espanholas na azeitona, na amêndoa (com uma fábrica perto da Vendinha), os lagares, o azeite, e as culturas extensivas/intensivas, ainda que sejam entidades de capitais brasileiros, espanhóis ou outros, podem ter contribuído para o aumento do volume de negócios verificado no nosso concelho. Sendo um concelho pequeno, com poucas empresas de envergadura, a mínima oscilação poderá parecer-nos gigantesca. 


Resta a questão final, a ter havido lucros, porque um aumento de transacções nem sempre corresponde a proveitos, basta o exemplo do turismo que deixará somente o dinheiro gasto numas bicas, nuns gelados, numas castanhas assadas e num ou noutro souvenir (ver “DÓLARES REDONDOS” link no fim do texto), ou o caso das imobiliárias que movimentam importâncias significativas mas não acrescentam um chavo à riqueza da nação, ou do concelho, que são parcialmente culpadas na inflação que fustiga o sector da habitação e cuja valência maior, como no caso do turismo, é a criação de um ou outro posto de trabalho não especializado e na generalidade indiferenciado. Pouco, muito pouco, só quem tenha baixas ambições admira ou ambiciona estes postos de trabalho apesar de alguma coisa ser melhor que nada. Estamos habituados a ficar com as migalhas… Portanto, e voltando à vaca fria, partindo do principio que sim, que aumentaram positivamente, quem beneficia com este “tão grande” avolumar dos negócios no concelho ? Nós respondemos, essencialmente brasileiros e espanhóis…



2º Gráfico – Emprego / postos de trabalho.

 

Podendo o volume de negócios/produtividade ter aumentado sem acréscimo de emprego, bastaria que os factores de produção tivessem sido utilizados na sua capacidade máxima, e talvez tenham sido, a verdade é que também foram criados novos postos de trabalho, o que é positivo e um bom augúrio. Estejamos atentos à situação nos próximos tempos não vá a “coisa” ser apenas um qualquer fenómeno sazonal passageiro e ditado por condições que poderemos imaginar mas não conhecemos. Há que ver se a situação se solidifica ou se oscila, se tem alicerces e se, para além de quaisquer suspeitas nos demonstra ser durável, ser para ficar, para continuar.

 

Seria bom saber se esses novos contratos de trabalho correspondem a situações consideradas duradoiras, se deixaram de reflectir o mau hábito criado com os contratos a prazo e a precariedade inerente e, já agora e se não é pedir muito, que tipo de empregos foram criados, em que sector da economia, se de baixo nível, nível médio ou superior, e em termos de idade e género como se distribuíram ? Em que percentagem corresponderam à necessidade de acolher gente estigmatizada com o desemprego de longa duração ou tratou-se meramente da criação de novos postos, subsidiados, e por isso contemplando situações de primeiro emprego ?



 

3º Gráfico – A cereja no bolo, os residentes.

 

Este terceiro gráfico, tão verídico como os anteriores, não deixa a menor duvida quanto à sua interpretação, vindo ornar com uma coroa mortuária quer o volume de negócios quer a questão do emprego. Que raio de cidade / concelho é este em que, com o volume de negócios a aumentar e o fugidio emprego a mostrar oportunidades, ainda que tímidas, vê a população a debandar ?

 

Não esqueçamos que, as observações a nível de emprego são do mais enganador que há, já que, teoricamente, se toda a população desempregada, e revoltada, com as esperanças perdidas, rumasse à GB, à França, Alemanha, Nova Zelândia, Austrália, USA, Canadá etc etc etc o desemprego cairia a pique para zero ! Poderíamos então bater palmas ? Lançar fogo de artificio ? Sabemos que o desespero e a desesperança, aliados à falta de fé no IEFP leva imensos desempregados a simplesmente desvincularem-se de tal organismo e portanto colocando-se fora das estatísticas do desemprego, ajudando na ilusão de que o mesmo estará a descer quando poderá mesmo estar a aumentar…



 

O fenómeno de debandada da população não me admira, é o chamado voto com os pés, abalar, pôr-se a andar, dar com os pés, pôr-se a milhas, virar costas… Ora é sabido que nos últimos 50 anos Évora não resolveu um único dos problemas que tinha, que continua tendo e que continuam a afligir-nos nos mesmíssimos locais e situações, só que agora com um volume gigantesco. Finalmente, e após 50 anos, as pessoas começam a perceber não haver aqui nem condições nem futuro, e começam a partir. Há pelo menos 40 anos que deviam ter embalado a trouxa e zarpado, as preocupações do MCE são legítimas, os partidos do sistema em cinco décadas não quiseram resolver as candentes questões desta cidade, nem da região nem do país. E não esperem os eborenses que venha algum paraquedista de Portimão, de Viseu, de Aveiro ou de Oeiras resolver os nossos problemas, isso são histórias para os livros de banda desenhada.

 

A verdade porém é que apesar, contudo ou todavia, entre as cidades portuguesas Évora continua sendo a mais pobre, a que oferece menos oportunidades e menos futuro. Por causa da dívida colossal do município e que podemos agradecer aos comunistas e socialistas os eborenses são castigados e pagam taxas e taxinhas pela tabela máxima ! O mau tornou-se péssimo, o MCE tem sobre os ombros uma tarefa ciclópica, uma responsabilidade imensa ! Não iludir, não mentir, não enganar os eborenses e sobretudo fazer o que ainda não foi feito, e que é quase tudo … Comunistas e socialistas têm de há 50 anos para cá contribuído culposamente para o descalabro em que a cidade se encontra. 


 E não esqueçamos que há meia dúzia de meses foi declarada em sessão pública da CME pela boca do seu presidente a falência do município !

 

Como é possível que tantos e tantos cidadãos ignorem este desiderato ? Por que razão ou razões os mídia locais não pegaram nesta noticia e a debateram até à exaustão ?

 

Quem beneficia com o ocultar de um escândalo desta dimensão ?

 

Quem, tem interesse em esconder a falência do município à população do concelho ? 



Acordem eborenses, a URSS caiu, as torres gémeas caíram, por que razão a derrocada delas originou tanto barulho e a de Évora não ?

 

O município faliu e a sua falência mais não é que o expoente máximo da gestão comunista e socialista de Évora, essa falência será para a história o maior impacto que irão deixar nos anais desta urbe tão sacrificada, urbe com um passado rico mas com um presente que envergonha e sem futuro algum a menos que os cidadãos tomem em mãos o futuro de Ébora e voltem a erguer bem alto o significativo estandarte de Liberalitas Júlia !

 

Hoje, no dia 18, em Setembro ou Outubro e sempre que for votar lembre-se de quem faz e de quem atrapalha…. Obrigado.

 


domingo, 4 de maio de 2025

ESSA AVÓ QUE ME ENCONTROU by Luísa Baião*

 

                              Escrito sexta-feira, ‎8‎ de ‎Setembro‎ de ‎2006, ‏‎11:05h

        Perdi minha Mãe muito cedo, foi uma dor que ainda é, e que julgo me acompanhará durante toda a vida. Não só por isso, mas também, estreitei os laços que então existiam com meus avós, todos muito queridos, e que também já são para mim, infelizmente, saudosas recordações.

          Talvez por isso a Terceira Idade me sensibilize de forma marcante, ou talvez porque diariamente lido com essa classe etária, tão fragilizada quanto, por vezes, abandonada e tão carente de atenções quanto devedoras somos todas (os) das suas memórias.

          Não esquecerei jamais minha avó Narcisa, com quem aprendi a enfrentar o mundo e a não adiar problemas. Dormir descansada significava para ela não deixar para amanhã o que devia ser feito hoje. Era alegre como poucas pessoas nessa idade o eram, dela herdei certamente esta disposição que me anima mesmo nos momentos mais difíceis.

          De minha avó Joaquina herdei os genes da perseverança e capacidade de trabalho, ainda hoje relembro o seu exemplo, já velhinha mas sempre trabucando, o que lhe permitia ir manducando e estar em paz com Deus e consigo própria. Disputavam as duas a minha presença, pelo que os sábados eram alternadamente vividos com uma e com outra, que para o almoço me preparavam os melhores manjares.

 

            Muito jovem, recém casada, órfã e mãe, nunca elas se aperceberam, do ainda me culpo, não lhes ter dito em vida quanto as amava e lhes devia. Julgo que o sabiam, já que vivendo próximas, e ainda que almoçasse com uma delas, nunca olvidando a outra que, ciumenta, me cobria de beijos e me prodigalizava a ementa para o sábado seguinte.

          Os meus avós não me eram menos dedicados, nem eu a eles, já esqueci os seus sermões, mas não esqueci o espírito que em mim incutiram, o espírito da devoção, da honestidade da solidariedade, da honra pelo trabalho. Eram homens, muito me mimaram, mas era sobretudo com o meu jovem marido, homem como eles, que gostavam de conversar. E claro brincar com o nétinho, que os fazia babar e pouco maior era, à data, que um chorão.

          Rezar-lhes na campa não redime a minha culpa, por isso todos os idosos são para mim avós, os avós que já não tenho, os avós que queria ter, ainda. Por isso um dia destes, quando na rua João de Deus fui surpreendida por uma velhinha muito querida, não pude deixar de ver nela essas avós que recordo com amor e com saudade, por isso a sua presença me foi agradável, por isso me agradou que sem pudor se tivesse dirigido a mim que, com a pressa com que sempre ando a não via.

       Somos vizinhas, embora eu não o soubesse, está internada num lar ali ao Alto dos Cucos, Fontanas, e espera como quem desespera, que os dias se sucedam. O nosso encontro parece ter-lhe sido grato, parece ter-lhe insuflado vida, mal sabe ela quanta gratidão senti em mim por me ter procurado, por me ter tocado, e na verdade tocou-me de perto o coração.

          Sei ser para ela uma amiga por quem espera à sexta-feira, eu não espero, procuro, procuro a amizade e gratidão dessa e de tantas avós que há entre nós e a quem não devemos esquecer dizer quanto amamos, antes que seja tarde, porque o tempo é uma roda, uma roda que não pára.

 


         Mãe é Mãe, e ninguém substituirá na minha mente e na minha dor a sua memória, minhas avós sabiam-no decerto, já que nunca a procuraram substituir, muito pelo contrário, todas as suas atitudes, sem que o assumissem, foram no sentido de atenuar essa dor e não fazer-ma esquecer, o que hoje reconheço acertado. Recordo ainda com saudade os seus mimos, as suas carícias, as suas palavras de consolo, amparo e encorajamento. As minhas avós souberam sabiamente deixar intacto um espaço que jamais alguém ocupará no meu coração, o amor por minha Mãe que ainda venero com mágoa, com saudade, e sobretudo com uma ternura que o tempo apagará em mim.

          Se alguém me amou incondicionalmente foi sem dúvida essa Mãe que todos os dias lembro e ainda me dá forças, para lutar pela vida, por seguir-lhe o exemplo, que tão bem recordo. Como é grande a pena que sinto por não a ter comigo, tão grande como o esforço que diariamente faço para que se orgulhasse de mim se entre nós estivesse.

          A saudade não tem fim. 

 

 * By Maria Luísa Baião. Texto talvez inédito. 

   Escrito sexta-feira, ‎8‎ de ‎Setembro‎ de ‎2006, ‏‎11:05h


quinta-feira, 1 de maio de 2025

831 - ENCONTREI O AMOR DA MINHA VIDA ...

 



Se não foi uma catrefa de anos andou lá perto. Neste momento de dor e introspecção enquanto o corpo lhe desce à terra dou por mim olhando em redor as gentes que o acompanham acreditando conhecê-lo, digo tê-lo conhecido melhor que a família, melhor que quaisquer amigos que teve, e teve bastantes …

 

Foram muitos anos, muitos meses, muitos dias, muitas horas lado a lado, partilhando trabalho e conversas, sonhos e promessas, razões, esperanças e, por que não dizê-lo, também desilusões. Eram mais de oito horas por dia se tivermos em conta que, muito antes de Abril e muito antes dos nossos vinte partilhámos diariamente e juntos centenas de almoços em quaisquer dos muitos e bons restaurantes desta cidade.

 

Nessa altura podia-se e sobrava dinheiro ao fim do mês. Partilhávamos tarefas numa multinacional derivada da Exide inglesa e os salários nivelados com os da capital, condiziam com a dimensão desse empório comercial com agências e fábricas por todo o mundo. Por esses anos, ainda que não fossemos propriamente qualificados, a empresa era-o, o país era-o, a economia era-o, sendo o escudo uma das moedas mais fortes e mais seguras do mundo. Fora da empresa poucos amigos partilhávamos, ele frequentava tertúlias intelectuais em grupelhos de esquerda, eu pontificava em tudo que estivesse ligado às motas e nelas percorri o Alentejo primeiro e, anos depois muito mundo europeu.

 

O serviço militar, que cumpri com galhardia, separar-nos-ia, porém o bambúrrio de Abril se encarregou de nos voltar a juntar. Ambos contribuímos para evitar que a África austral se tivesse transformado num novo Vietnam. Eu soube-o sempre, ele e uma maioria, nunca acreditaram no que quanto a esse aspecto da questão lhe dizia e, como milhares de outros nunca soube o que por lá esteve fazendo ou por que tal desiderato lhes aconteceu. Lembro com saudade um dia em que puxei dos galões e trouxe a Évora vários autocarros azulinho escuro cheios de marinheiros, quais gaivota em terra e que haviam de infestar a Praça do Geraldo e o Arcada. Parceiro em Évora nesse dia ? Ele ! Quem mais poderia ter sido ?

 

Não foi com ele que partilhei, partilhámos durante o PREC com Francisco Louçã numa casa cedida à UDP e pegada à taberna do Pinto, a feitura de cartazes gigantes ? Eram lençóis pintados à mão e gritando palavras de ordem de que a revolução se alimentava e aos quais nos dedicávamos com fervor e fé. Foram tempos em que cada dia trazia uma surpresa, ou era o agrário/latifundiário Mendonça que encomendara um Mercedes último modelo na Lagril e se recusava a recebê-lo por a matrícula ser PC qualquer coisa, ou era o Orvalho da Rainha do Sul a exigir recibos manuscritos e mal paridos em papel pardo p’ra dar contas aos camaradas, ou o Mário Leitão, um reaça de primeira entoando o vozeirão e em quem vi as primeiras atitudes democráticas e disposição para lutar por elas e pela legalidade nesse tempo caótico em que os fins justificavam os meios e todos atropelavam todos, menos o amigo Leitão, qual penedo ou sentinela vigilante denunciando arbitrariedades e fazendo-lhes frente pois não suportava atropelo atrás de atropelo numa democracia que de tal só tinha o nome e que eram o pão nosso de cada dia …

 

Voltando ao Mendonça, que como muitos era considerado reaccionário, agrário, latifundiário, num tempo em que não se podia ser lavrador inquiro-me hoje, hoje que tudo pertence aos espanhóis, que a agricultura virou intensiva/extensiva em campos a perder de vista e não emprega ninguém, que têm inclusivamente improvisadas pistas de aterragem de onde partem e onde chegam sem dar cavaco a ninguém em pequenas avionetas, já não são reaccionários, nem agrários, nem latifundiários ? Não ! Agora são investidores, agricultores, nossos donos e os donos disto tudo e quem leva daqui os lucros da terra deixando-nos as taças e os títulos dos jornais; Alentejo um dos maiores produtores de azeite do mundo ! Esquecendo que a terra, os olivais, o azeite, os alentejanos e os lucros tudo isso é dos espanhóis ! Digam-me lá se não somos um povinho ceguinho e ignorante como nunca tínhamos sido !?

 

Era assim, e nós olhando e pasmando com o à vontade e simplicidade com que se levantavam estandartes que às escondidas eram pisados e repisados para fazer valer quaisquer doutrinas para as quais nitidamente não estávamos preparados. Eça tivera de novo mais que razão, ainda tem, a democracia ficava-nos e fica-nos curta nas mangas, hoje nem a conseguimos envergar tão encolhida torcida, retorcida, tão pisada quão repisada ela está.

 


Foram muitos os anos que partilhámos naquela multinacional capitalista onde além de um bom vencimento dispúnhamos de condições de trabalho invejáveis e sobretudo de um ambiente laboral inigualável, todavia era tanta greve e tantas as tempestades que o país ia vivendo e atravessando que o maná acabou-se, a empresa não fechou como milhares de outras mas encolheu, tendo ficado reduzida a vinte por cento do que era… Metemos ao bolso chorudas indemnizações, as leis do trabalho vinham ainda do tempo de Salazar e, com, umas décadas de casa, como ambos tínhamos, saímos no mesmo dia, cada um de nós com uma pequena fortuna no bolso. Não sei se no bolso, pela época ainda não havia a moda das transferências bancárias, nem multibanco, acho que nos pagaram em cheque.

 

Eu acabara o curso por essa altura, um curso que em parte agradeço a esse meu amigo que “tapava” as minhas ausências quando ia às aulas. Eu ia á noite e aos fds dar um jeitinho no trabalho que por esse motivo deixara atrasado mas, no Font office foi ele quem durante cinco anos sempre me tapou e me salvou. Tenho noção de que me prestou um inigualável favor. Tive oportunidade de, por diversas vezes lho lembrar e lhe agradecer. 

 

Foram tempos felizes num ambiente de trabalho memorável sem as preocupações que hoje assaltam todos os jovens e menos jovens, a precariedade, a injustiça nas classificações de categorias profissionais, a incapacidade de se construir uma carreira, nada disso, nessa época as leis de trabalho eram poucas mas claras, fiáveis, defendiam efectivamente quem trabalhava não havendo patrão que não temesse a IGT, Inspecção Geral do Trabalho. É caso para dizer que democracia e direitos laborais eram coisas daquele tempo, agora qualquer trabalhador é um escravo sem valor, sem dormir, sem dinheiro que chegue até ao fim do mês, nem para viver mínima e dignamente qualquer dia chegará se é que para muita gente esse dia não chegou já…

 

Foram anos em que a vida fluía e se vivia, tão bem ou melhor que agora e com muito menos preocupações, menos sobressaltos e menos impostos para pagar. Esta democracia está a matar-nos, já não somos ninguém, já nada é nosso, a não ser essa enorme divida claro … Dizia eu que a vida fluía, e no entretanto, apaixonado casei-me, encontrei o amor da minha vida, já esse meu amigo não poderia dizer o mesmo ainda que tivesse igualmente casado poucos anos depois. A intimidade da nossa amizade permitia-nos conhecer as forças e fraquezas de cada um. Por vezes penso, e acredito piamente que o conhecia melhor que a família. Foram muitos anos, muitas horas, muitas conversas, muitos assuntos, muitas confidências, muitos almoços, muita confiança mútua, muita amizade.

 

Fomos felizes enquanto colegas e amigos desde aqueles tempos tumultuosos em que vivi uma paixão assolapada e conheci o amor da minha vida, casara-me, ele casou-se penso que sem paixão nem amor e, a julgar pelas suas atitudes e comportamentos tê-lo-ia feito por necessidade e tradição social. Em momento algum senti que houvesse amor na sua vida, e bem precisava, aliás, quem não precisa ? Ter sentido ter ele vivido um casamento sem amor terá sido para mim o facto relevante da vida desse meu amigo e colega que mais me marcou, quanto a ele não sei, sei apenas ter deixado de ir dormir a casa da avó ou da tia, ali á rua da Azaruja e ter passado a fazê-lo algures, nunca soube bem onde, só muito tardiamente tive de tal conhecimento.

 

Após a saída dessa multinacional capitalista onde fomos tão felizes a vida nunca mais lhe sorriu, o país afogava-se numa crise de que ainda não saiu, a instabilidade, a precariedade no emprego davam descaradamente os primeiros passos sorvendo-o para uma dança macabra da qual nunca mais logrou sair, facto do qual culpava amigos de longa data, bem na vida, com tachos ou lugares cativos em municípios, ministérios, direcções gerais e regionais, delegações, a quem culpava de só o verem e convidarem para comícios, manifestações e arruadas ignorando infantilmente a situação dele, as aflições dele, a ansiedade dele, a insegurança, o constrangimento familiar etc etc etc …

 

Rápida e facilmente tracei um paralelo entre a sua situação e o pensamento dela resultante e o meu próprio pai, engajado desde longa data mas desiludido nos últimos anos de vida, senão mesmo até falecer com as promessas de Abril, com os amanhãs em que nunca ouviu cantar, com a democracia por cumprir. Tenho a certeza absoluta, o meu querido amigo e colega não morreu esquerdista, morreu traído, arrependido, desiludido. Já quanto ao meu pai apostaria igualmente, que também mas, ao contrário desse meu querido amigo, essa foi confissão que nunca me fez, contudo levou-me a deduzir e concluir ter morrido revoltado com as mentiras de Abril, com os políticos que Abril pariu, com a corrupção generalizada, o atraso endémico, o seguidismo cego, a partidarite saloia, o amiguismo sem pudor.

 

Morreu sem conhecer o amor esse meu amigo, nem o amor nem a solidariedade, nem a coesão popular que tanta influência tiveram na sua vida. É este o meu diagnóstico e opinião formal e final. Só quem não privou com ele, quem não conheceu o calvário que atravessou por o mano mais velho, o mano economista, o mano com quem entre 75 e 7 ou 79 passara os sábados trabalhando as escritas das cooperativas da zona de Arraiolos e que, como as demais, faliriam todas poucos anos mais tarde.

 

Foi principalmente esse mano quem lhe dissipou a fortuna que recebera quando, no mesmíssimo dia em que abandonáramos os lugares na tal multinacional capitalista a troco de chorudos cheques. Estávamos no inicio dos anos noventa, os telemóveis apareciam e seduziam, o mano mais velho, conhecedor e com olho para o negócio juntou os outros dois irmãos, o do meio e o mais novo, o meu amigo, juntaram capitais e esforços tendo iniciado um investimento e aberto uma loja de telélés, acreditando em quem lhes terá dito ser Évora uma terra de futuro. Claro engano que deitaria por terra o sonho dos manos e esturraria a massa empatada na coisa. Sem maçaroca, aliás com as mãos cheias de maçaroca queimada, sem emprego certo, regular, estável, sólido, sobrevivendo na crista da onda da precariedade esse meu amigo ouviria das boas em casa… Sem culpa, sem culpa, porque o mano tinha razão, o negócio era de futuro, somente se enganou na cidade e zona em que lançou as redes, ou âncora, uma cidade sem vida, um Alentejo sem mercado, tivesse-o feito em Lisboa ou em Setúbal e os três manos estariam hoje ricos.

 


Em Évora só o atraso subsiste e vinga, o atraso e o passado, é uma terra sem presente e sem futuro. A história dos telemóveis foi várias vezes aflorada entre nós, sei que o meu amigo acabou por compreender as limitações que conduziram à falência da ideia e ao esturro de muita massa, sei também que acabou perdoando o mano, os manos, tão crentes e inocentes na coisa quanto ele. O pior terá sido o que passou em casa, o pior terá sido falta de compreensão e solidariedade de familiares e amigos, o pior terá sido o engano em que Abril se transformou, o pior terão sido as tais promessas que passados cinquenta anos continuam por cumprir e um povo ignorante como nunca fora e que ainda festeja com esperança o descalabro em que caiu acreditando sem razão para isso e esquecendo que cinquenta anos não são cinquenta meses, são uma vida, esquecendo que em cinquenta anos a China de Mao, atrasada, se guindou aos píncaros depois de ouvir Nixon e Kissinger em 1972, enquanto esta nação velha de quase 9 séculos nos mesmíssimos cinquenta anos se atolou num buraco do qual nunca mais ou mui tarde e dificilmente sairá.

 

Razões tiveram o meu amigo e o meu pai para partir, ou partirem desiludidos, eu idem, assim partirei, e vós ?

Ainda acreditais que este torrãozinho tem futuro ?

Deixai-me rir …..

Ou fugir para a ilha !!!!  




sexta-feira, 21 de março de 2025

830 - AMIGO, TANTA FELICIDADE IRRITA-ME... *

 

 

Olá meu caro amigo, bons olhos o vejam, tenho passado amiúde por aqui mas não há quem lhe ponha a vista em cima, você anda decididamente desaparecido.

 

Não que isso me incomode, para ser franco prefiro não o ver pois sempre que o vejo, em fotos ou vídeos claro, irrito-me, a sua felicidade irrita-me, tanta felicidade exaspera-me.

 

Saber que nem dá pelo dias passarem enquanto para mim cada um deles é um tormento sem fim à vista, como se tivessem não 24 mas 48 ou mais horas, e em que cada minuto é uma agonia sem fim à vista convoca a minha cólera.

 


Invejo-o, não há direito que uns tenham tudo e outros nada, é uma questão de equidade, de justiça, se a houvesse, divina, igualitária, admirável, surpreendente, impossível, mas não há e vivo como que uma sensação oculta mas inevitável, como uma ferida como se eu tivesse simplesmente sido expulso do paraíso.

 

Um mesmo amor bate em nós, frémito inevitável do corpo criando em ambos a sensação de existir perceptível hoje e todos os dias em que em mim a tristeza me atinge com violência inaudita enquanto a solidão me sufoca...


Pensei em falar contigo amigo, mas o amor que vives é-me impossível de suportar, fico sempre longe, enredado na saudade e pergunto-me que ganharia se nos encontrássemos ?

 


Só agora descobri esse teu grande amor, essa paixão que não posso igualar mas somente invejar ou apostrofar pois vives esse amor entre braços e abraços que já não me são permitido alcançar.

 

Que saudades de um abraço, nunca me arrependo por ter amado demais por isso tanto sofro enquanto fico aqui a esperando as sobras de um amor que me enlouquece, satisfazendo-me com simples recordações, com palavras que se vão apagando na memória quando meu desejo seria estar com ela entregando-me a esse amor que me vai sendo proibido até em meras lembranças.

 

Passo horas acordado lembrando os imensos momentos em que estivemos juntos e a imensa saudade sentida por não estar já ao seu lado. Sinto-me um escravo desse amor impossível que me consome de dor todos os instantes desta infelicidade com motivo e mistério que me tem sido tão absurdamente revelado.

 


Invejo-te tanto quanto te odeio meu amigo e espero que me perdoes a afronta, é que o amor também se alimenta de egoísmo e narcisismo, um amor para a eternidade assim o exige, quero enganar-me a mim mesmo, acreditar que haverá juventude e amor para sempre, quero encontrar ainda um sentido para esta vida para além do saber que todos iremos morrer um dia e essa a única certeza que me resta.

 

O amor é uma ilusão sem a qual não posso viver, é um fenómeno da ordem dos céus e do espírito, não mais que uma demanda na Terra, um profundo desejo de vivermos numa paz absoluta. Daí haver quem sem quaisquer dúvidas ame o infinito, deseje o impossível, quem não queira nada e quem deseje impossivelmente o possível, mas eu quero tudo, queria, porque amo algo "absoluto" e para mim ainda sem dúvida infinitamente finito, sim quero tudo ou um pouco mais, se puder ser, ou até não pudendo ser...

 

O teu amor a tua paixão exasperam-me. Todo o amor tem que ter um não sei quê de impossível, de angústia, de saudade que mata, de verdade, de fazer doer o coração, de fazer perder a razão, de sofrimento e sacrifício, de redenção... É isso que te invejo meu amigo.

 


Como posso eu amar alguém sabendo ser esse amor impossível, não lhe poder dizer quanto a amo, dormir e acordar pensando nela em sonhos tão perto de mim e não a poder abraçar, beijar, fazer um carinho sentir o cheiro do seu perfume, como amar tanto assim se não a encontro em lugar nenhum que não nesse sonho lindo que alimenta ainda este amor impossível se minha alma me sussurra para não desistir nunca, que me segreda e faz renascer em mim a esperança de que é possível seguir um e mais um dia desejando-a, amando-a e, ainda assim, persistir no logro, no engano, na ilusão.

 

Como não te invejar, odiar e apostrofar meu amigo se é por ela que passo os dias enganando-me que me visto e deambulo sob o sol até que Deus me mostra o rosto dela e eu, sem saber o que me espera teimo nesta vida impossível que alimento com o ódio que destilo. 


Perdoa-me meu amigo, perdoa-me mas como te disse o teu amor e essa tua paixão exasperam-me, cegam-me, roem-me por dentro, dão-me vida, alimentam-me….  




* NOTA: Entre as muitas apreciações que este texto não deixou de ter escolhi ao acaso uma delas, a da minha amiga Ana R por me ter parecido que engloba magistralment o sentir de todas as outras ; 

" Bom dia. Embora no texto refiras muitas vezes a palavra inveja, creio entender este texto como um elogio, quase uma ode ao amor.

Um amor que agora não tens mas que percebes por já o teres tido. Será uma inveja boa, não de raiva.

Quando se tem um amor como o do Francisco não pode haver crítica, "apenas" raiva por não viver um igual e o desejo de ter um semelhante ou de o encontrar.

Eu entendi assim.

Bom Domingo para ti também."  

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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE :

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DITO PELO DR MIGUEL CASTELO BRANCO no Facebook :

Alguma gente cheia de afectações intelectuais que se diz representante da "Academia" no hemiciclo parlamentar não me surpreende desde que recebi por incumbência rever duas dezenas de textos de senhores professores doutores, com toda a titulatura de pós-docs, coordenações científicas, prémios e aulas dadas nas europas e nos states, mas que cometem erros ortográficos palmares, desconhecem as concordâncias, os tempos verbais, as regras básicas de pontuação e se refugiam num indigno registo escrito pejado de marcas de oralidade, para além de uma pobreza vocabular própria de crianças de 12 anos, chegando alguns a cometer a proeza de escrever frases sem um único verbo.   (28-03-2025)






segunda-feira, 17 de março de 2025

829 - FOI AUMENTADO ? E PAGARAM-LHE EM MOEDAS ? NOTA-SE ....

                        


Nesses tempos os animais falavam, havia carreiras de autocarros bem pensadas, eficientes, baratas e rápidas, pelo que era normal os ditos andarem sempre lotados em especial nos picos do verão e do inverno.

 

Uma curiosidade que hoje nos parece absurda, os autocarros desses recuados tempos tinham mais lugares em pé que sentados, sendo comum em dias de chuva, a história de hoje teve lugar num desses dias tenebrosos e as gentes iam acomodadas como sardinhas em lata.


Aperto daqui aperto dali, balanço aqui balanço acolá ou acoli, se eu já ia colado aos vidros traseiros do autocarro, um balanço maior, um apertão valente, uma lomba, uma cova maior e, entalado entre a janela e ela ficara praticamente espalmado.

 

O aperto não fora desagradável de todo, a senhora, de costas para mim, entre trinta a quarenta anos exalava um perfume etéreo, leve e muito agradável que ainda hoje recordo pois o sorvi toda a viagem inspirando-o às golfadas.



Aconchegava-a uma saia casaco de malha leve, conjunto tão harmonioso quão as formas que deixava perceber, dando sentido à sua agradável presença.

 

Consciente ou inconscientemente mas não ingenuamente eu desejava outra e outra lomba, outra cova ou outro tombo que de novo me proporcionasse o ensejo de voltar a sentir-lhe as formas harmoniosas e arredondadas que lhe eram próprias quando, de forma inesperada tal desiderato me surpreende pois ela, talvez buscando contrariar ou contrabalançar o movimento irregular e inesperado do veículo, atirando-a ora para a frente ora para trás ora para os lados. Em mim encontrara talvez a âncora que lhe proporcionasse segurança, não sei.



Sei sim que não se faz isto a um jovem em plena adolescência, não lembro bem a idade exacta que teia na altura nem lembro bem todo o episódio, tão marcante foi para mim, lembro sim ter-me apercebido que a coisa passara a propositada e que, se me era agradável também lho seria a ela pois dei por mim evocando mentalmente a velha anedota de quem teria visto aumentado o vencimento e sido o mesmo pago em numerário com um rolo de moedas…

 

Era inevitável que este tipo de pensamento tivesse acontecido pois se eu lhe sentia as formas de modo tão claro era evidente que ela desfrutaria da mesma sensação, o que fez com que jamais tivesse virado a face à esquerda ou à direita, pelo que apesar da intimidade que consciente, conspícua, deliberada e cumplicemente partilhávamos não me foi possível ver o seu rosto, saber quem seria, se tão ruborizada quanto eu. 



Em boa verdade nem sei a razão dessa minha curiosidade, eu estava intimidado quanto baste, sentia-me inibido, talvez mesmo envergonhado, enterrado ou soterrado em timidez mas, tanto quanto ela explorando maliciosamente a oportunidade surgida pelo que a viagem de vinte minutos, toda ela uma montanha russa em que sexualidade e erotismo nos cegaram, a ambos dever ter parecido nesse dia ter demorado horas ou apenas cinco minutos. 




Ainda hoje é contraditório na minha memória este tema do instante, do tempo, da demora ou da duração que a coisa teve ou levou a processar-se, a consumar-se. Assaltavam-me em simultâneo mil pensamentos, mil perguntas pra as quais não encontrava respostas, sei somente que, enquanto pensava uma sensação de clímax me tomou, tomando as rédeas de mim fazendo-me esquecer de sair na paragem habitual.

 

No problema, o fim da carreira / linha estava próximo e era meu desejo ver-lhe a face, saber quem era ela, de quem se tratava, por quê esta curiosidade nem eu sabia, mas queria satisfazê-la. Queria mas não consegui, a senhorita saiu de tropeção mal o autocarro abriu as portas tendo atalhado entre a multidão que ainda preenchia o espaço.



Não a vi, não a fiquei conhecendo, pelo que nunca a reconheci apesar das muitas viagens que repeti naquela carreira e horário, houvesse ou não motivo válido para a apanhar. Ruborizados ambos, de pudor á flor da pele, terminámos a nossa agradável e inconsequente aventura sem a troca de um sorriso, agradecimento ou cumprimento, sem sabermos se voltaríamos a ver-nos, e não voltámos. 




A vida tem por vezes episódios destes, curiosos, surpreendentes, irrepetíveis, tantas vezes inexplicáveis porém prenhes de um significado nebuloso que, apesar disso não se desvanecem e duram e perduram na memória toda uma vida. 




Quem seria ela ?

Felicidade, são os meus votos.