E
vejam lá se não é verdade que, na generalidade, todos os romances, novelas e
filmes acabam moralmente, ou acabam geralmente com um fim feliz, casados para
sempre, sempre felizes.
O
casamento como meta, como um fim em si e que quer homens quer mulheres
perseguem avidamente, é, ou parece ser tudo que ambicionam. Na
realidade era e continua sendo tudo que nos dizem, como se a nossa felicidade
dependesse sobremaneira de tal facto e esse estado civil representasse, na
nossa sociedade, senão o mínimo que deveremos ambicionar, pelo menos muito ou quase
tudo.
Realmente
a sociedade confina-nos, constrange-nos e educa-nos essencialmente nesse
artifício, socializa-nos, molda-nos enquanto seus filhos e ninguém, nem ao
menos os nossos pais nos alertam para diferentes e igualmente possíveis opções,
diferentes é certo, mas com tantas vantagens e desvantagens quantas as que o
casamento acarreta. Na
verdade ninguém nos diz, ou disse alguma vez, poder ser tudo uma farsa enorme e
institucionalizada a nível mundial ! Nem
sequer tal hipótese nos é colocada e então, jovens e incautos… embarcamos com
o rebanho na mesmíssima maneira de pensar, na adopção dos mesmíssimos valores,
e, claro, na sujeição aos mesmos problemas, mas sejamos justos também nas
mesmíssimas vantagens se as houver, ou se as houvesse.
Não recordo a Editora e como há um ano ou dois dei todos os livros, toda a
biblioteca com estantes e tudo, é tarde para citações, mas procurem na net ou nos
livreiros, a “História Do Casamento”, prometo-vos que encontrarão um livro
super interessante, com a história do casamento desde os seus primórdios pré
históricos, em que as mulheres se encarregavam de manter o fogo perene que
afugentava as feras e grelhava os nacos de carne arrancados às carcaças de
diversos animais, enquanto em simultâneo, como mães faziam pelos seus rebentos
e pelos do clã, num maternalismo cooperativo e comum. E ainda arrebanhavam lenha e se
ocupavam de outros pormenores. Era
o tempo, ou foi o tempo das sociedades matriarcais, enquanto o homem caçava,
agricultava, construía, desde instrumentos para a caça e pesca às rudimentares
habitações e utensílios.
O
sexo era mais livre por esses tempos que foi nas décadas de sessenta e setenta, a promiscuidade era uma
questão de sobrevivência, os ciúmes ainda não tinham sido inventados nem
causavam a catrefa de mal entendidos e desaguisados a que hoje estamos
habituados. Todos
eram filhos de todos, pais de todos, mães de todos, e, a crer na história viveriam relativamente felizes. Mas
o aumento da população e do número de filhos de todos acarretou duvidas e
questões novas, às quais havia que dar resposta, pelo que mais ou menos em
meados ou finais da Idade Média, a Igreja, a única instituição com força, para
não dizer a única de pé após as trevas originadas pela queda do Império Romano, e a única disseminada por todo o mundo ocidental, já então a parte do mundo que
contava para alguma coisa pois o resto era selvajaria, falo do nosso ponto de vista
claro.
A Igreja ia eu dizendo, lembrou-se então de pôr mão e ordem na feliz rebaldaria vigente e daí até os padres e respectivas paróquias terem começado a efectuar um registo de quem era filho de quem e quem casado com quem foi um ar que lhes deu, e do púlpito, a pregação começou a ser outra, ameaçando com a ira de Deus quem não cumprisse, obrigando o rebanho a manter-se ordeiro no novo redil então construído, criado ou inventado. Foi assim mesmo, sem salamaleques nem paninhos quentes. Entre a plebe foi o acto do casamento institucionalizado pela igreja (acreditem, isto é história, não são tretas) pois já ninguém sabia de quem eram tantos filhos, tantos pais e tantas mães, tendo ao longo de séculos sido as populações instrumentalizadas, mentalizadas para esse estado civil superior, o dito casório, e do qual já quase ninguém hoje lembra ou conhece as origens.
A Igreja ia eu dizendo, lembrou-se então de pôr mão e ordem na feliz rebaldaria vigente e daí até os padres e respectivas paróquias terem começado a efectuar um registo de quem era filho de quem e quem casado com quem foi um ar que lhes deu, e do púlpito, a pregação começou a ser outra, ameaçando com a ira de Deus quem não cumprisse, obrigando o rebanho a manter-se ordeiro no novo redil então construído, criado ou inventado. Foi assim mesmo, sem salamaleques nem paninhos quentes. Entre a plebe foi o acto do casamento institucionalizado pela igreja (acreditem, isto é história, não são tretas) pois já ninguém sabia de quem eram tantos filhos, tantos pais e tantas mães, tendo ao longo de séculos sido as populações instrumentalizadas, mentalizadas para esse estado civil superior, o dito casório, e do qual já quase ninguém hoje lembra ou conhece as origens.
Sim,
as populações plebeias, nós os plebeus, aceitemos que o casamento enquanto tal era já
anteriormente vivido ou praticado, mas somente entre as classes superiores, as ditas classes possidentes, realezas e senhores feudais, coroas e dinastias, por causa das
heranças, fortunas, terras, e mesmo assim só o primogénito se safava com a herança, as
mulheres seriam felizes se tivessem a sorte de casar bem, com linhagem, e era-lhes imprescindível levarem um bom dote ou não valiam nadinha, os filhos segundos
iam para cardeais ou bispos ou membros da corte, com tenças e lugares
importantes, bem pagos, com terras dadas pelo rei, os condados, e daí foi um
passo até aos duques, barões e merdas do género (foge cão que te fazem barão, para onde ? se me fazem conde...). Olha hoje…
Nunca
o Zé-Povinho tinha sido tão feliz ! Até que o lixaram com o casamento, com a mulher
única e a responsabilidade conjugal, com as ameaças de não ir para o paraíso, com a
excomunhão e o tanas, enquanto os pregadores, de Monges a Cardeais e até Papas,
se abotoavam com os melhores pedaços de mulherio que podiam, desde freiras a
beatas !
E até com as criancinhas quando calhava….
Tudo
isto enquanto os mais exigentes mais intolerantes e moralistas mantinham amantes e rameiras, alcoviteiras
e barregãs !
Tinham
que viver a vidinha deles não era ?
E
agora digam-me, para além do mito do amor e uma cabana, se os vossos papás e
mamãs vos alertaram para alguns inconvenientes do casamento ?
Ou
apenas vos quiseram longe de casa ?
Ver-se
livres de vós ?
Falaram-vos
de alguém mercê disso vos vir a esfolar vivos ?
Vos vir a tornar escravos ?
Escravos de
uma casa, de um carro, de um qualquer ignóbil patrão, de um qualquer homem ou
mulher menos dotado (a) de inteligência ? Dos filhos ?
Aposto
que até vos pediram netinhos e netinhas !
Falaram-vos
do desemprego? Da desvalorização da moeda? Da inflação ? Do lay off ? Do fim
dos sonhos e das paixões ? Dos tachos padrinhos e cunhas ? Das crises
permanentes ? Da água, da luz, do telefone, do gás ?
Da
saúde ? Da educação ? Da justiça ? Da desigualdade ? Falaram-vos
da prisão ? Da rotina ? Da quebra da novidade ? Da tentação ?
Aposto
que não meus anjinhos, aposto que não !
Deus vos acuda….. !