domingo, 12 de julho de 2015

251 - COM UMA BOLA NA MÃO...............................


" COM UMA BOLA NA MÃO "

Sobre a inocência da criança
A ordália cai, dogmática, serena
Contrariando ingenuidade, confiança
Forçando-a ao carreiro de formiga, à ordem terrena.

Plêiades cessam instantaneamente de brincar
Surpreendidas por tão … rigida paz celestial …
Quedam-se suas mãos mármoreas de ordenar
Que atrevimento, irrequietude e curiosidade sejam capital

Se o jogar, o rir e a alegria lhe tirais Senhor
Esvaziada a alma, aprisionado o coração,
Em que resta crer que lhes alimente o esplendor
Se caracter, personalidade, livre arbítrio, não ?

Deixai que saltite entre as mãos delas e a bola
A curiosidade suprema, a inocência a verdade,
E o caminho e o devir do homem serão a mola
Incapaz de suster nelas existência proba, humanidade.

Recusai foçar-lhes os caminhos
Deixai que sejam elas a trilhá-los
Mostrai-lhes somente balizas, pergaminhos
Escondei auto retratos, permiti-lhes somente olhá-los.

Escolhas, selecções, preferências,
Certa e empiricamente ela aprenderá
Travai, contei, ou envergonhai-vos das vossas reticências
É livre o céu, abri a gaiola, ela certamente voará...

O voo é livre, é possível, é ciência
Só Ícaro desconhecia os seus princípios
Cera, vaidade, fingimento, incoerências
Jamais voaram mais alto que fundos precipícios.

Aprendei a ser, e a estar ...
Também a repartir, discutir ou conversar,
Altivez, sensaboria, ignorância ou presunção,
Nunca levaram ao pódio do bom senso um campeão…

Humberto Baião, Évora 11 de Julho de 2015