quarta-feira, 13 de março de 2024

810 - A AMARGA VITÓRIA DOS CHEGANOS ...

                         



Na actual situação e com focos problemáticos um pouco por todo o país, atingindo muitas distritais e concelhias, fustigando o Chega devido à existência em muitos desses focos de um déficit de democracia, de imparcialidade, de isenção e de experiência politica, fácil se torna concluir que a fasquia deveria ter sido colocada muito anteriormente e muito mais alta.

 

Ou isso ou o CHEGA não passará da breve colheita de um flash. Depois da ascensão fulgurante do dia 10, que já o disse não passará dum breve flash, dum breve benefício e ainda mais curto momento, preconizo-lhe nas próximas eleições uma queda abrupta na realidade. Até lá os eleitores terão tempo para ver que o Chega tem muita lábia, muita conversa, mas pouca ou nenhuma capacidade de realização.

 


 Quer seja ocupando instituições, empresas públicas, assembleias, municípios, presidências ou quaisquer outros lugares de decisão de norte a sul com gente impreparada, irão surgir forçosamente centenas senão milhares de impugnações dos precipitados, impulsivos, irreflectidos e transviados actos dessas administrações Chega, as quais encherão tribunais mas sobretudo inviabilizarão o normal funcionamento de quaisquer entidades, resultando dessa vitória a apreensão pelos eleitores de que os quadros do Chega não estão preparados para a função e a sua acção será mais perniciosa que benéfica para o país e para os concelhos. O meu amigo DM entenderá isto melhor que ninguém.

 

Os mesmos eleitores que lhe deram a vitória ir-lhe-ão  gradualmente retirando os votos que tinham impulsionado essa ascensão e, a vitoriosa curva ascendente do Chega virará uma outra curva de natureza diferente, descendente, e acusando a diluição dos votos, da confiança perdida, e do declinar do poder do Chega.  

 


Muito dificilmente o Chega recuperará duma queda assim, nenhum populismo lhe valerá nem poderá continuar sendo o partido de um homem só. Só então AV verá com pesar de nada lhe ter servido andar a correr para assim se estampar, terá que redobrar de esforços para voltar a convencer, não aliciar mas convencer intelectuais, artistas, académicos, cientistas, investigadores, professores, enfermeiros, carpinteiros, serralheiros, militares, policias, empresários, quadros médios e superiores, e a todos aqueles de que não se soube rodear.

 

O problema é de justiça, o pessoal anda sedento de justiça, e o Chega aproveitou para cavalgar essa sede e transformar-se no cavaleiro justiceiro, num rolo compressor, num cilindro justicialista. Vai daí soltou todos os demónios da sua tropa fandanga esquecendo-se de que lhe será muito difícil ou mesmo impossível voltar a encerrá-los na lamparina.

 


O país poderá ver-se na contingência de vir a estar uns anos não diria desgovernado mas reformando-se aos encontrões e tropeções, o país será alvo não de um Tsunami reformista originado pelo Chega mas por um verdadeiro arrastão que tudo levará cegamente na frente.

 

E a quem pertence a culpa desta passagem cronológica do que será a nossa história futura ? Dos mesmos de sempre, os partidos do sistema que, travando reformas que há muito deveriam ter sido tomadas criaram as condições pra que agora o sejam a destempo e sem quaisquer travões. Vai haver justiça, vai haver reformas em catadupa, o país vai mudar, o país vai sofrer mas as reformas vão fazer-se. Atabalhoadamente, mas far-se-ão, vamos ter pelo menos uma década de revolução de transformações e reformas.

 


Vai ser a nossa Revolução Cultural à moda da China, vinganças, mesquinhices, ajustes de contas, delações, falsas ou não. O disse que disse e a bufaria irão ser o pão nosso de cada dia.

 

Tudo porque Montenegro não será capaz de evitar dar a chave do palheiro a um pobre. E então é que vai ser o bom e o bonito, será suficiente olharem se o quiserem ver de chave na mão, arrogante, presunçoso e mais papista que o Papa.

 


Não é o facto do Chega ser de direita ou extrema direita que nos deve preocupar, essa terminologia caducou há muito, deve preocupar-nos o Chega ter feito da ética letra morta e seguido as pegadas de Teresa Guilherme, que afirmou não me lembro já onde nem quando “não dar a ética de comer a ninguém”… Pois não, mas também não lhe tira a comida da boca… Avizinham-se tempos conturbados, inclusive com pequenas ou grandes revoluções dentro de cada um dos partidos do sistema, afinal e por omissão os culpados do mal de que agora se queixam.

 

O recuo na disciplina de filosofia no ensino secundário, efectuado há uns bons anos iremos pagá-lo agora, às mãos de gente sem princípios, sem valores, enfim, às mãos de uns amores…

 


Não se ter dedicado A.V. e o partido a causas e problemas estruturais, a problemas globais, dando de si uma imagem sólida, eficiente, capaz, responsável, íntegra, e que gerasse confiança no eleitorado e no futuro dos portugueses, nem que para isso tivesse sido necessário distribuir bastonadas à direita e à esquerda, fosse sobre pretos fosse sobre brancos mas vincando a garantindo a autoridade e a justiça, a igualdade e uma democracia musculada, vai sair-lhe caro.

 

Dir-se-á, como diria Shakespeare se fosse vivo;

“Tanto barulho para nada”

 

Tanta correria para nada digo eu …


19062021