domingo, 17 de abril de 2016

335 - ASSUNÇÃO CRISTAS A CALOIRA IRREVOGÁVEL ………..…


Antes de me debruçar sobre a arenga de hoje, permitam-me esclarecer alguns aspectos elementares quanto à minha posição ou atitude ante o tema ora tratado. Ponto um; não sou militante nem sequer simpatizante do partido que a dita senhora de forma tão ignorante dirige, não partilho a sua visão, se é que tem uma, portanto resumo a coisa ao facto de não admirar nem defender, nem sequer partilhar as disposições estatutárias do seu partido nem tão pouco no que à vertente cristã se possa conceber, vertente que nesse mesmo partido anda totalmente esquecida, arredada de todo.

Sou democrata, sou lúcido, julgo-me esclarecido o suficiente para criticar e julgar o comportamento politico da senhora, não sou do contra, sou pelos consensos e sobretudo pelo racional, isto é pela razoabilidade, pela razão e, evidentemente pela sinceridade, pela transparência e pela honestidade. Já tive, mas não tenho nem defendo qualquer partido, tão iguais todos eles me parecem.

Ponto dois; num país normal e não neste estado disfuncional e falhado eu seria adepto e defensor da existência de empresas públicas, bem geridas, sobretudo geridas para o bem comum e não para os amigos ou malta amiga, neste Portugal sou adepto da sua total existência ou actuação mas no sector privado e, neste item só casualmente estarei de acordo com os estatutos do partido da senhora. Sou pela iniciativa privada (devidamente regulamentada) meramente por a coisa pública me ter demonstrado à saciedade não ser cousa indicada para este ou neste país.

Ponto três; não sou defensor nem adepto nem das teorias nem da praxis do bandido que Salazar foi, porém reconheço que os nossos políticos, ou elites, que há quarenta anos criticam tal figura, ainda não conseguiram fazer metade do que tal bandido fez, nem lhe chegam aos calcanhares, sabia mais ele a dormir que todos os de agora somados e acordados. A bem ou a mal o bandido resgatou o país das garras dos democratas de então, deixado exaurido em 1926 tanto quanto os democratas de agora o voltaram a deixar. O meu apreço irá sempre para quem faz, jamais para quem destrói, muito o criticaram mas ainda não lograram fazer melhor do que esse bandido fez.  Mau grado o desagrado dos actuais democratas esse bandido era bem formado, competente, inteligente, esperto, sabido, matreiro e atrevo-me a dizer honesto e homem de palavra, tudo predicados dificílimos de detectar nas actuais elites e políticos, quiçá com auxílio de uma lupa…

Ponto quatro; há décadas que se vem falando e tentando a privatização do maior e mais lucrativo banco português, a CGD, que apesar do factor Vara ainda se mantém no lugar cimeiro, o sonho dos partidos à direita do nosso espectro politico parlamentar, portanto o sonho dos investidores, dos financeiros nacionais seria a privatização da CGD, privatização total se possível. Atendendo à minha postura face às empresas públicas é-me indiferente que as privatizem ou não desde que fiquem em mãos portuguesas, o que não gosto é de ver Varas, isso não, bem vimos o resultado de Varas e quejandos no BCP e na própria CGD e onde pontificou, um desastre que emperra tribunais e arrastou o nome da própria filha, com milhões depositados em contas que nem sabe explicar, mas confiemos na justiça e deixemos esses desastres para os tribunais, contudo não esqueçamos por um momento só que investidores e finança sonham há muito abocanhar o bolo que a CGD representa. E adiante, ou para a frente que atrás vem gente.

Aconteceu esta semana ter sido falada, abordada, ponderada, a propósito da sua necessidade de capitalização e de o modo de a efectuar, falada digo eu a privatização parcial da CGD, ou a dispersão por investidores privados do papel garante das necessidades de capitalização, ou seja, foi aberta ou entreaberta a porta, ainda que parcialmente, a uma suposta, (nestes casos manda a prudência que se use uma linguagem que não desassossegue o povo), alegada ou possível privatização do capital da CGD, e aberta a porta cria-se a oportunidade para meter o pé que evite fechá-la, ou para introduzir por via dela um Cavalo de Tróia dentro da fortaleza. Contudo, ante este cenário, que fez a novel dirigente do partido dos empresários, investidores, capitalistas e financeiros ?  Avançou abraçando, cativando e garantindo a oportunidade ? Não ! Declarou alto e bom som que a capitalização deveria ser feita exclusivamente com dinheiros públicos. Asneira e anedota para os anais da história da tontice. Ao dizer o que diz esta senhora demonstra quanto é estúpida e ignorante em matéria de economia, de banca, de finanças, e sobretudo de estratégia e táctica políticas... Por mim ainda bem que os agiotas estão mal servidos de liderança, mas acredito piamente que alguém dará duas nalgadas de castigo naquele rabinho.

Todavia, não lhe bastando meter o pé na poça uma vez, ou a pata na poça, vejo no mesmo dia, ontem, sábado, 16 de Abril, titulando o Expresso* o seguinte: “CDS corrige, coligação só com PSD”, perdi as dúvidas, a senhora era, é mesmo tontinha, burrinha, qualquer namoradinha sabe que não se deve dar tudo de uma vez, que se deve ir mostrando aos poucos, para os mais distraídos alerto que falo do jogo político, das jogadas políticas, não das pernas.

Como é possível um pequeno partido, nem de charneira é, e que nunca por si só será governo, atrever-se a desbaratar, a expor ou a dissipar assim a sua estratégia sem a mínima cautela ? Paulo Portas foi beneficiado com a táctica do irrevogável, mas foi beneficiado ele, não o povo ou o país, e sabendo que essa sorte não se repetirá passou o testemunho ao mais tontinho da turma.  Os outros, adivinhando o futuro e o desconforto de um táxi, recusaram, e levaram a malta a votar na caloira palerma e tontinha, tal qual como fazíamos quando andávamos no liceu. Um pequeno partido só pode ambicionar crescer ou ser muleta, mas uma muleta pode condicionar e muito o rumo de um partido maior. Paulo Portas não o fez, limitou-se a apoiar o PSD e a colher daí proveitos pessoais, quem irá pagar as favas será a caloira burrinha. 

Há anos atrás Freitas do Amaral condicionou, e muito, o partido Socialista, com quem se coligara, obrigando o PS a meter o socialismo na gaveta, frase que ficou célebre. Para quem não saiba nessa altura todos defendiam o socialismo apesar da maioria nem fazerem ideia do que isso era, dos militares aos civis(1). Hoje já se sabe o que é, é a intriga e a arrogância constantes do rei M. Soares, é uma fundação vivendo de dinheiros da CML e do Espírito Santo (já viveu do apoio de Savimbi), é o excesso e limite de velocidade ultrapassado sem respeito, são os tachos para a família e amigos, e para o filho do filho, é o abandono do local dum acidente, um partido com culpas senão em duas pelo menos numa "bancarrota", a última, tendo depois virado a cara para o lado como se não fosse nada com ele, são as chapadas prometidas a torto e a direito… Com Freitas do Amaral a palavra socialismo foi banida dos discursos orais ou escritos (por tudo e por nada lá vinha o rumo ao socialismo), essa foi uma das condições ou condicionantes dos desvarios socialistas negociadas pelo CDS a fim de permitir ao PS uma coligação que lhe garantisse a sobrevivência e a governação, das restantes cláusulas não tenho conhecimento. 

Ora a ter em conta as palavras de Assunção Cristas esse apoio é agora prometido e dado de mão beijada ao PSD, desvalorizando-o, reduzindo-lhe a eficácia a necessidade e o proveito, coarctando-lhe o leque de possibilidades, porquê só ao PSD ? Logo ao PSD que tudo fará para vencer eleições sem a muleta do CDS, e porque há-de alguém votar CDS se pode logo votar no grande e por ele apoiado PSD ?  A diferenciação, a identidade, é uma coisa valiosa e que há que valorizar e discutir constantemente, um apoio é uma atitude para fazer render e vender quanto mais tarde e mais caro tanto melhor, Cristas deitou por terra essa hipótese, a indefinição deixou de ser uma arma sua, autolimitou-se, auto-imolou-se diria eu. Com ela o CDS assumiu-se como um partido construtor de pontes e consensos ou afirmou-se como o partido do atrelado, sempre atrelado ? E se o PS não puder contar com o CDS muito logicamente continuará aliado à sua esquerda, é isso que o CDS pretende perpetuar ? Não me façam rir…

Mas há mais, ainda no mesmo dia deu novo tiro nos pés, sabendo-se que os empresários do sector da construção vivem um sufoco, e conhecendo-se a necessidade de recuperação de milhares de milhares de fogos urbanos, o que significa trabalho, emprego, contribuições, impostos, reconhecida a nossa dificuldade em aumentar a dívida e dispondo a Segurança Social de larguíssimos milhões no Fundo de Estabilização que faz a dita senhorita ? Põe-se a gritar aos quatro ventos não querer mexidas nesses dinheiros, como se eles estivessem a ser cobiçados para construir uma décima quinta linha de TGV… Então pergunte-se a essa caloira irrevogável onde vamos buscá-lo se o investimento internacional foge deste país de ciganos como os gatos da água ?

Claro que tontices destas só são possíveis porque é uma Pin-up e porque à sua volta campeia um bando de ignorantes maior que ela, o que tenho por transversal a todos os partidos. Pois meus amigos, querem por acaso um bom conselho, e de borla, antes que a senhora dona os deixe a todos ainda mais mal vistos ?

Ofereçam-lhe uns patins …


Domingo, 17 de Abril de 2016



* Primeiro Caderno, página 19