quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

482 - ** NEW CONCEPT EXPOSITION, NEW CONCEPT GALLERY, NEW CONCEPT INVITATION TO NEW CONCEPT COFFEE & SHOP


Um andará pelos quarenta, o outro pouco aquém disso, disputam a pujança dentro do grupo dos “Amigos Do Pidal” e pedalam, vinte, trinta, quarenta ou mais quilómetros cada sábado, cada domingo, em cada arrancada. De semana trabucam e trocam impressões, sentados na esplanada do New Concept Coffee & Shop esgrimem pedaleiras, calções, carretos, equipamentos, rodados, óculos de vidrado espelhado, pisos, mas também riscos, cores, desenhos, esquiços, pinturas, quadros e visões, sonhos.


Foi num destes momentos que os apanhei e disparei a Polaroid, fixei a imagem, agora há que levá-la à tina do preparado e revelá-la porque vocês ainda não o sabem mas sei-o eu já, a revelação mostrou-se surpreendente, uma verdadeira revelação aliás como deverá ser qualquer surpresa que se preze. Então não foi que após tantos anos vividos na mesma cidade, sem se conhecerem, as bicicletas os aproximaram ?


Talvez não deva dizer aproximaram, talvez deva dizer ligaram, já que entre eles se descobriram ambos adeptos das mesmas cores, das mesmas tendências, do mesmo gosto pelos lápis, pelo carvão, traço, risco, desenho, pintura, até se descobrirem ambos pintores, artistas da tela e do pincel, das bisnagas, dos cavaletes, tendo-se então olhado bem e descoberto a si mesmos iguais em muitas coisas, até na cor dos olhos e, de descoberta em descoberta, chegaram à conclusão que o pai de um deles assim assado mas também o pai do outro assado e assim, p’lo que apesar de demorada a coisa acabou por ser concluída, eram irmãos ! Digo meio irmãos !


Então não foi mesmo uma revelação surpreendente ? Até eu, a quem pouca coisa já surpreende fiquei admirado, espantado, pasmado com esta constância e exuberância dos genes, dos cromossomas, do ADN, claro que depois surgiu naturalmente a pergunta; por que não contar esta linda história ? Como ? De que modo ? Arranjando uma base, um pódio onde colocar os manos em exposição e com uma pequena legenda por baixo ? Vestidos de ciclistas ? Nus ? De pincel na mão ?


É inverno, está frio, e quem viria ver dois cabeludos mal encabelados em cuecas ? A história é bonita, comovente, surpreendente e, depois de lhes conhecer as obras sugeri que ao invés deles se mostrassem os seus quadros, e daí até sondarmos o Nuno Fernandes foi um passo, há que aproveitar o espaço, o espaço e o conceito do seu café. O sorriso rasgado que nos serviu de bandeja mal lhe esboçámos a ideia tirou-nos todas as dúvidas, e a Dora ?


A Dora adora estas coisas, cores, pintura, desenhos, adora tudo isso e pintar os olhos, estava montada a marosca.


Depois foi dar aos pedais, projectar a coisa, convidar mais criaturas, artistas locais, regionais, promover o artista local, pescámos o João Concha da Rusty Place * um consagrado para âncora, ficará exposto mal se entre no café, uma escultura num ponto central p’ra deslumbrar, p’ra surpreender e criar uma centralidade, uma atmosfera, é artista conhecido e batido nestas lides, bom tipo, terapeuta, pachorrento, bonacheirão e amigo de toda a gente, comedido quanto deve ser um artista.


Além dele o José da Fonseca, também ele já rodado e com quem expositoremos de braço dado, é um apoio sólido, como se diz agora, uma mais valia considerável e nada despicienda, talvez arregimentemos a Sandra Bravo, a Helena Sousa, e sabe Deus quem mais pois a coisa já começou a andar sozinha, já está imparável e não queremos excluir ninguém, antes incluir todos, quem sabe se aparecerá a Sara Caieiro com algumas pinturas ou barros, a Sandra está lá longe no Porto e poderá não participar, é pena, haverá uma próxima, haverá mais, este é o meu modo de meter as mãos nas tintas, nas cores, na argila, no ferro, a vida só é bem vivida se nos lambuzarmos dela nã é ?


Será giro, ver como eles vêem o mundo e no-lo mostram.