segunda-feira, 1 de agosto de 2011

76 - POR QUE VOU EU AO GINÁSIO ? .....................

              Volta e meia, amigos e amigas, especialmente os primeiros, questionam-me a paixão pelo ginásio, já que me consome considerável parte dos dias, e até há bem pouco tempo parte de quase todos, ainda que por vezes apenas dia sim, dia não.

A grande incógnita que os incomoda, a grande dúvida, é a candente questão quanto à importância do que irei eu buscar ao ginásio, para me obrigar a tão religiosa assiduidade quanto dispêndio de esforço e energia.

Na verdade há modos bem melhores de ocupar o tempo dizem-me, e em parte concordo, enquanto numa esplanada vou emborcando umas jolas, ou em bares e discotecas, não fosse o caso de já não poder há muito com esta última opção, pois tudo que é demais não presta e francamente atingi o ponto de saturação, havendo uns dez anos que não frequento tais casas, até porque depressa me apercebi que dali não levava nada.

Pois bem, voltamos à questão, e que levo do ginásio ?

Nada !

Claro que nem me vão acreditar !

Já os estou a ver !

A verdade é que nada de lá trago, nada mesmo !

Os mais alarves depressa dirão que ando c’o pensamento numa gaja qualquer com pernas a perder de vista, eu dir-lhes-ei que moderem a linguagem, não haja gente ouvindo-nos, e por não querer ficar na fotografia entre gente com palavreado tão pouco recomendável.

Logo haverá, e aposto, um mais afoito que nem se coibirá de me chamar maricas, mariconço ou paneleiro;

- Andas a esconder alguma é o que é, aposto !

Dependendo os miminhos que me atire e da disposição que tiver nesse dia, eu contraporei com ;

- Cabrão de merda, cala a matraca, toma mas é conta da tua mulher, que nem a braguilha me deixa em paz, e a tua irmã que não venha chatear-me outra vez, e, já agora, diz-lhe da minha parte que o que ela quer está murcho…

E em face destes e de outros igualmente dignos inevitáveis e elevados diálogos porão permanentemente em causa qualquer resposta minha, pelo que nem vale a pena perder tempo a justificar-me, certo que não perderão uma oportunidade para me foderem o juízo e a voltarem à carga, com o andas a esconder alguma meu maricas, é o que é, aposto que andas atrás de um rabo de saias, é isso é !

E não haverá volta a dar-lhes, porque se divertirão à brava com esta guerrilha permanente que poderá durar anos, inda que eu não olhe sequer p’ra quaisquer mulheres.

Mas voltemos à vaca fria, qu’irei eu buscar ao ginásio ?

Quem de mais perto me conhecer saberá que nunca minto, nunca menti nem mentirei, e saberá que esta postura é a minha desde sempre, na verdade confesso que por vezes faço uma gestão conveniente da informação, mas mentir realmente nunca minto.

Mas que vou então fazer ao ginásio ?

Bem… podia responder-vos que, desde saúde, à manutenção da forma ou equilíbrio físico, massa muscular, sei lá que mais, beleza também, embora este item seja bastante discutível porque, como todo mundo sabe, tive a sorte de ter nascido bonito né  ?

 Na realidade nos últimos tempos e com ajuda do ginásio tenho melhorado imenso nesse aspecto, mas isso não vem ao caso, e se admitisse frequentar o ginásio por uma destas razões que fosse estaria a mentir-vos.

Na verdade para além de nada lá ir buscar, vou sim deixar.

O Pedro deveria portanto não só devolver-me a mensalidade que fatalmente lhe pago, mas pagar-me a mim uma mesada pelo suor que lá deixo, já que desde frustrações várias ao stress de cada dia, tudo isso lá fica de uma forma tão sistemática que não há memória de uma única vez ter chegado a casa e arriado porrada na mulher, ou nos gaiatos, desde que me iniciei como frequentador aplicado daquelas lides.

É portanto de coração aberto que vos confio a tão prosaica quão singular motivação que tanta gente traz desconfiada, incomodada e duvidosa, espero que acreditem na franqueza com que perante vós me confesso, mas não olvidem o não menos digno facto de que nem sou casado, nem tenho gaiatos ou gaiatas a chamar-me pai, e a ficção ser o que é, dar-nos todas as possibilidades desejadas e ou imaginadas, pelo que, não sendo este monólogo uma conversa entre nós a questão da veracidade do afirmado nem se coloca, não será ?

Umas coisas serão verdade, outras nem tanto, não interessa, ficaram satisfeitos c’a resposta ?


Se não ficaram digam-me que eu arranjarei outra, bem sabem que nunca minto, e garanto que cada um terá a sua resposta e a sua verdade !


FOTO: Em cima, eu no Ginásio Ritmus quando meu amigo António Peroni, bolsista brasileiro, estudando na Universidade de minha terra, se veio despedir de mim ! Em baixo, euzinho, ainda lindo, mas meia duzia de anos depois d'abandonar o ginásio...