quinta-feira, 12 de setembro de 2013

161 - FAÇO-TE UM DESENHO ?


Que este governo é um desastre, até a comunicar, é sabido, que lança cortinas de fumo já todos pressentimos.

Nicolau Santos, no Expresso online, publicou há dias um artigo onde curiosamente abordou pela primeira vez uma culpa que ninguém até hoje assumiu, nem assumiu nem explicou.

A propósito do elogio fúnebre de António Borges, O Economista Inconveniente, dizia Nicolau Santos o seguinte : “antes disso ele foi uma peça - chave na preparação de Portugal para aderir ao euro e na definição da taxa de câmbio a que o deveríamos fazer, - (pela qual haveria de ser criticado anos mais tarde, por essa taxa ser demasiado exigente para a economia portuguesa. Mas António Borges acreditava que seria esse choque cambial que faria o país, e em particular os empresários, mudar de hábitos. Infelizmente, tal não aconteceu) - e a economia foi registando taxas de crescimento cada vez mais medíocres “

Ora dizia ele, António Borges tinha sido um dos obreiros da cotação escudo/euro quando da nossa adesão à moeda única, cotação essa que os tempos tinham demonstrado ter sido um erro, erro clamoroso que ele nunca assumiu, nem ele Borges, nem ninguém.

Sempre defendi publicamente, em especial junto dos amigos com quem mais acaloradamente discuto estas questões, que a cotação avançada, 200,482 escudos / euro tinha sido errada, (esta é uma visão muito redutora e sem que abranja convenientemente cada uma ou todas as variáveis envolventes, eu não sou economista, como tal não pretendam uma explicação mais pormenorizada, trata-se unicamente da perspectiva que me dita o bom senso e a experiência) o país não tinha, nunca teve e provavelmente nunca terá economia para essa paridade, esse disparate ou disparidade, é o fruto e raiz dos nossos problemas.

Com moeda forte nas mãos os portugas desataram a comprar tudo sem cuidar de produzir fosse o que fosse, e para ajudar à festa trocaram-se por um prato de lentilhas a nossa frota pesqueira e as emergentes capacidades agrícolas e industriais. Governos fracos sucumbiram a sindicatos fortes e ninguém cuidou de prover ao equilíbrio entre produtividade e direitos adquiridos, somem-se erros de gestão grosseiros na direcção de Ministérios e Empresas Públicas, a par de orçamentos melífluos e inflacionados com deficits escondidos debaixo do tapete, escondendo incapacidades e incompetências várias, uma corrupção latente de quem nos governou e governa e assim foi preparada ao longo dos anos a bolha altamente explosiva que nos rebentou em cheio na cara. (não teria acontecido com paridade desfavorável).

É isso o célebre “ ajustamento “ não se podendo reajustar de novo a cotação velha do escudo / euro, então há que retirar capacidade aquisitiva das mãos dos tugas, daí a “ desvalorização “ de salários forçada, o encolher à medida das nossas capacidades e à força, sim, porque o PIB homem / hora em Portugal é manifestamente inferior ao dos restantes países da UE, não estendendo a apreciação aos BRICS, os designados tigres ou países emergentes.

Então temos que ser compelidos a consumir menos sob pena de nos endividarmos (já estamos), somos compelidos à força a ajustarmos o consumo àquilo que produzimos, aos gastos e à riqueza que criamos, e sobretudo a não consumir produtos que nem produzimos.

Claro que poderíamos ter enveredado por aumentar o PIB, produzir, aliás, sendo o deficit um rácio entre o valor da dívida e o valor do PIB, a única maneira de diminuir o deficit será aumentando a variável PIB, sine qua non, ou ceteris paribus, disparando o PIB, disparando o crescimento, a dívida iria subtilmente sumindo-se, mas, produzir mais, obrigaria governos e governados a uma ginástica e competências inusitadas por inusuais, pelo que, como sempre, foi e será escolhido o caminho mais fácil, ajustem-se, encolham-se, cudilhem-se, emigrem, fodam-se e não chateiem…

Por cá tudo falhou, um país desta dimensão ter mais generais que os States não augurava nada de bom, um problema crónico com o abandono e o insucesso escolar não prestigia Ministério da Educação nem sistema de ensino, (o tal que ninguém quer mudar), a profusão de hospitais, para o público, para o exército, para a marinha, para a força aérea, para os bancários, para os da cruz vermelha, para os da ADSE, para a puta que os pariu, aliada à piramidal porção de sistemas e subsistemas de saúde e segurança social, da banca, da pt, da edp, dos ctt, da gnr, da malta de sangue azul e da ralé, dividiu-nos mais nestes quase 40 anos que Salazar desunira, e querem que eu ouça  os nossos governantes ? 

Paradoxalmente, no momento da história em que o país mais precisado está, tem a comanda-lo a pior e mais incapaz gentinha possível, vazia de ideais, de conhecimentos, de preparação, de experiencia, de ética, de carácter, de moral, de vergonha e bom senso. Toda a classe política demonstra uma incapacidade de união e mobilização do país em torno de um objectivo, um desígnio, são tempos que exigem governação exemplar e impoluta, e por vezes parecemos esquecer-nos que travamos uma guerra, de classes, e a que detém o poder sobrevive esmagando, submetendo a de baixo. E enquanto o país se digladia numa luta surda o presidente assobia e vira a cara para o outro lado.

Mas… por que apesar de tudo não contesta a rua este PM ?
O contribuinte está cansado e não tolera mais impostos para sonhos democratas que se mostram pesadelos, a título de exemplo, por que hão-de ser privilegiados os juízes, com casas, reformas douradas etc ? Por que temos que pagar bilhetes a familiares de funcionários da TAP, da Carris, da CP, etc etc ? A solidariedade, que nunca olha para o grosso da população, está a sair cara a cada um dos portugueses, mas realmente, para 900.000 desempregados, para 3 milhões de pensionistas e mais um ou dois milhões de tugas, perdido por 100 perdido por 1.000, e acreditem que nem os despedimentos na função pública farão correr uma lágrima, Salazar dividiu para reinar, os nossos democratas não uniram, para reinarem… Parece ter chegado a altura de se acertarem a coisas, arrisco até dizer que se amanhã uma nova PIDE abrisse vagas de bufo a concurso, metade do país pararia para se inscrever, duvidam ?

O nosso PM é populista ? A constituição não dá de comer a ninguém ? O desgraçado é tão parvo que nem populista sabe ser, com os argumentos e a oportunidade que os tempos lhe dão, se o PM fosse inteligente mobilizaria mais gente que Hitler ou Mussolini, valha-nos não passar de mais um Relvas engravatado, para mal dos nossos pecados não passa de um incoerente a quem já ninguém liga peva.

Quem acredita nele ? Quem acredita em nós ?  Pensem por que razão não baixam os juros da nossa dívida, é a credibilidade de um governo, de um país, de gente que nos governa que está em causa, jamais iremos onde quer que seja com gentalha desta. Para além de que a Europa se mostra um erro, e nem por um momento se interroga se foi com ordenados de 300 euros que se fez grande.

Tudo isto não aconteceu por acaso, os partidos apropriaram-se da democracia e deu nisto, deu merda como toda a gente sabe, os partidos e seus capatazes incumbam ovos de serpente no seu seio e o mal reproduz-se. Os inúteis vazios oportunistas, videirinhos, e todo o tipo de gente sem escrúpulos medra neles.

Há quase quarenta anos que os deputados nada deputam em favor deste povo, atingiu-se um grau ou patamar exorbitante de desigualdades, injustiças, e de captação dos recursos e da pouca riqueza do país por interesses de tal modo instalados que o imobilizam.

Isto vai acabar mal

Ao não lhe ser deixada válvula de escape a panela vai explodir, qualquer general mediano sabe que a um exército sitiado deve ser deixado um espaço de fuga, de solução que evite o confronto, ao não existir solução de escape a sociedade colapsará

Levámos quarenta anos para nos livrarmo-nos de Salazar, iremos demorar outros quarenta a vermo-nos livres destes democratas… com o tempo iremos descobrir a verdadeira dimensão das dívidas das autarquias e do enorme bluff construído em redor do poder local, um dia gritaremos todos para que nos tirem deste filme …


em http://expresso.sapo.pt/o-economista-inconveniente=f827369

Algumas Leituras consultadas :  


http://www.ordemeconomistas.pt/xportalv3/file/XEOCM_Documento/9321126/file/Luciano%20Amaral.pdf ORDEM DOS ECONOMISTAS – A QUIMERA DAS EXPORTAÇÕES – Luciano Amaral