quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

296 - PINTINHA MIUDINHA * ....................................

  

Era uma pintinha muito miudinha muito pequenina junto ao dedinho pikinino, mindinho, do seu pezinho bonitinho, formosinho e engraçadinho que eu segurava nas mãos. Comovido ou enternecido ante tal visão, ou melhor, ante tal aparição, ao ver a pintinha pequenina, miudinha no dedinho engraçadinho não me contive, ergui os braços, uma mão deslizando pela barriguinha da perna, a outra segurando o pezinho formosinho, que levei à boca e onde, com carinho, depositei um beijinho. Não passou dum jinho pequerruchinho, um carinho, depositado inocentemente e devagarinho com ternura e doçura naquele lindo pezinho.


É noite de sexta ou sábado, é uma noite fatal, é noite de fim-de-semana, daquelas em que se bebe ou uma ou outra coisinha e depois…. coiso e tal etc. e tal e coiso… a gente por vezes nem sabe como acaba, ou se acabará em festival, outras nem imagina como tal começará, mas é fatal que comece, depois….

O tempo dirá…

Geralmente um abracinho apertadinho marca o começo e tal e coiso, e depois… se coladinhos, o comboio desata a apitar não parando mais… e nem três vezes, por vezes, chega ele a apitar…

Mas sabeis, não é bem no dedinho mindinho que ela tem o tal sinalzinho, pequenino, pequenino, miudinho, engraçadinho, é lá pertinho, mas já no dedinho ao lado, também ele bonitinho, formosinho, engraçadinho, pequenino, e claro, naquele mesmo pezinho.

É bom esclarecer estas coisas, porque ao principio enganava-me e pressuroso descalçava o sapatinho que não era, e depois, atencioso, subia-lhe aos beijinhos pela alva perna acima, ao joelhinho, à coxa rija, chegando à derivação, onde nem sinal nem proibição, para depois e só depois, de mansinho, recomeçar, descendo devagarinho p’la outra perninha abaixo enquanto ela, aos risinhos, libertava coceguinhas junto com as risadinhas e c’o pezinho descalço, descalçava o outro pezinho atirando o sapatinho lá p’ra longe, coitadinho, talvez p’ra que eu não parasse e descesse ternurento até esse pezinho certo e sinalinho redentor, onde finalmente e já exausto depositava com fervor o ultimo beijinho de um cento.

Sim sim era mesmo assim, quer fizesse chuva ou vento, ou o sol a barlavento, eram aos centos, aos milhares os beijinhos ternurentos que o sinalzinho pedia mal o sapatinho saltasse e de cada vez que eu o via. Era o princípio de tudo, era o meio e o fim do mundo e era até o Xanax de quando ali chegava iracundo, irado c’o reino animal ou então a pisar mal.

- Pisar mal !!! Ahahahahahah !

Riu-se ela a rodos quando entre dois grandes fogos lhe expliquei significar; assentar o pé no chão numas botitas ajustadas mas sem as unhas aparadas, experimentem e logo verão, caminhar manco, aleijado, como se vós mesmos ao andar tivésseis um grão no sapato.

E foi ela, atenta e bondosa quem aparou as unhacas e me devolveu o garbo. Voltei a andar direito, com natural naturalidade, como se das costas sofridas me retirassem um fardo e, ao invés de um gavião, tornei a ser o Baião, mimoso, doce, simpático, carinhoso e tal e qual me conheceis pelo menos há meio século. Um estojo de unhas faz milagres e dá jeito, oh se dá ! Aproveitem o Natal e comprai um meus alarves.

Depois foi uma beleza, jamais se sentiu minha presa ou me julgou caçador, jamais malha levantada ou um meia rasgada e, para ser mais minucioso, jamais teve alguma vez as canelas arranhadas.  


O sinalzinho pequenino junto ao dedinho mindinho do pezinho bonitinho, formosinho e engraçadinho era o mote, fosse motivo ou desculpa para qualquer cena maluca que nos deixasse coladinhos. Éramos uns desgraçadinhos, sempre sempre aflitinhos, sempre sempre agarradinhos, sempre ora ponha aqui o seu pezinho, sempre o tapete sobre a poça não fosse ela distraída, molhar o lindo sapatinho. Sim é verdade inda recordo, sim é verdade, inda hoje o é, fosse desculpa ou motivo o sinalzinho era o mote para sentarmos na garupa e abalar a galope montados num cavalinho.

Fosse Rocinante ou Bucéfalo, fosse Silver ou Diablo a verdade verdadinha era que uma vez montados, eram nuvens eram sóis, eram estrelas e cometas, eram bebés e chupetas, e à terra só tornava-mos quando muito devagar, mesmo mui devagarinho, com muito muito jeitinho, não fosse eu por distracção, ou desmazelo, pisar-lhe um dia o dedinho, pequenino, mindinho, bonitinho, formosinho e engraçadinho, descendo a cama ensonado, exausto ou aparvalhado após tanta correria em que os cavalos cansados nos traziam de mansinho de volta à terra do nunca, onde entre suspiros e ais fumávamos uns cigarrinhos muito bem enroladinhos com dois dedais de conversa. De conversa vice-versa, ou versa-vice, se acontecia partir com festas e arraiais a que só dávamos fim antes que a cama se partisse.

Foram tempos de ventura, inda são tempos de fartura, e aquele mesmo sinalzinho pequenino junto ao dedinho mindinho do pezinho bonitinho, formosinho e engraçadinho, continua, com carinho, desafiando de fininho a repetir os miminhos que derretidos, coladinhos, trocávamos escondidinhos nos dias de sol quentinho ou de vero friozinho p’ra aquecer o ambiente e tornar a cama quente que é Natal minha gente !!!!

* Nota importante: porque o raio da pintinha e do pézinho bonitinho tem levantado alguma celeuma, se não polémica, e dúvidas, e perguntas, informo todos os leitores, e leitoras que embora a foto não corresponda, o sinalzinho referido pertence ao pézinho da minha Luisinha, minha querida e dedicada esposa. Fica feito o registo.