domingo, 26 de abril de 2015

235 - TSU, UM POEMINHA DA PORRA .................


Ah ! Pois é ! Mas, como raio vamos descalçar a bota agora ? Um défice enorme, um PIB vergonhoso, uma festa de arromba que já dura há quarenta anos, alguém ainda lembra o que festejamos ?

Somos a sétima economia mais lenta do mundo, andámos dormindo 40 anos e o despertar atirou-nos para a ressaca… Alguém, algum dia, vai ter que admitir termos sido governados por incompetentes oportunistas e desonestos desde que M. Caetano se foi… Só agora reparamos estar tudo por fazer, andámos mesmo 40 anos tecendo loas a um tal Abril, filho de boa gente e que caiu no goto da rapaziada…

Ele é o desemprego que não baixa, ele é o emprego que não sobe, ele é a TSU para cima e para baixo, ele é os cofres cheios e as barrigas vazias. Tenho azia, padeço de azia. Tudo isto me arrelia e reviravolta-me o estomago em demasia. Como iremos sair desta ? Será c’uma festa de arromba em S. Mamede de Infesta ? Na realidade nem sei, mas sei que nã vai ser com o Costa. Temos um problema binário, fábricas sem produzir, ou nem sequer existir e ministérios and municípios cheios de pessoal excedentário…

Claro que todos somos gente, alguns em contramão certamente, e não o tal operário em construção. Que fazer com este povão ? Perguntou-me o Custódio Gingão. Parece um poema de treta para um problema de caca, mas não, porque o investimento acomoda-se, os empresários acomodam-se, e numa tal eventualidade, que fazer neste cenário? Baixar a TSU ?

- Que ideia p’ra meter no cu… dizem-me alguns,

- Sem baixar a taxa nunca iremos lá, dizem outros.

Afinal no que ficamos ? Direi eu.

E todos parecem esquecer, ser uma TSU alta quem alimenta esta malta que se arrasta p’los ministérios, e infesta os municípios. Verdade que não fazem nada, rentabilizam ou produzem, mas também nem culpa têm. Além de que sempre o ganham, se o ganham melhor o gastam, e se o gastam serão virtuosos, alimentando o consumo, mantendo o país de pé e a economia em apneia. É o milagre das rosas, a quadratura do círculo. Que fazer com esta malta que nem se verga nem presta, que nada mais sabe fazer que não número greves e festas ?

Exterminá-los não se pode, reciclá-los certamente, embrulhados em pacote, todos com lindas fitinhas, e debaixo de um nome pomposo, “Restauro Virtuoso de Gente de Estilo” , aposto que irão chutá-los c’um valente piparote. Hão-de pensar-me insensível, quando em verdade o que me aflige, é este drama inverosímil, espreitando debaixo da cama de quem inda não migrou. Pois bem meus queridos amigos, durante quarenta anos admitiram-vos, enganaram-vos, pois continuarão a mentir-vos, mas desta vez a demitir-vos, outros quarenta e mais uns tantos…. 
Meus tontos.

Tontos é o que nós “semos”, se com esta sina nascemos.

E, se dantes teria havido uma União Popular onde agarrarmo-nos podíamos, today são só democratas, socialistas e outros que tais, exorcistas e liberais, sem ponta por onde pegar e mais escorregadios ainda que uma bola de bilhar.

Ops ! Pardon madame ! Pardon monssieur ! Mentira ! Sempre haverá afilhados, afilhados e padrinhos a acabar baptizados nesta democracia da treta que rejeita a maioria, mas que aos protegidos dá têta. Aos protegidos, aos ungidos, apadrinhados, compungidos, tudo por sorte aparece. Qual mérito qual carapuça, qual vocação de perdição, qual jeito ou sensibilidade, nem interessa onde nem quando, nem como nem sequer porquê, pois só não vê quem não queira, como a sorte cá é matreira.

E, se insistires, de uma e qualquer maneira irás foder-te . 

E a bagalhoça para o investimento, onde a ir buscar se nem narda temos p’ra cantar um cego mandar ? Não basta sorrir e ver os juros a baixar, é que temos que pagar o que se vai lá buscar. E como aproveitá-lo se ninguém for lá buscá-lo ? Nem p’ra o meter a render, ou aplicar, multiplicar, de molde a pagar-se a si mesmo e ainda a sobrar p’ra todos ?

E toda essa gentinha e maralha andando por aí, por aí e excedentária, quando e como poderemos torná-la utilitária ? Serão bibelots de enfeitar ? E não se podem mudar ? Os sindicatos não vão deixar ? E pró maneta já deixam ? Pareço-vos o Aleixo ?

Faltam-nos inovadores, empreendedores, investidores, nesta terra de doutores da mula ruça. E ninguém dá uma ajudinha ? Nem nas Caldas da Rainha ? Pois que os façam de barro, saindo com agrado e a desejo, criai uma incubadora, inventai um novo ninho, um laboratório de ideias, ou algo que se pareça, e colocai lá na tal peanha alguém que a coisa mereça.

Emprego
Arranja-me um emprego
Pode ser na tua empresa com certeza
Arranja-me um emprego
Eu dava conta do recado e para ti era um sossego
Arranja-me um emprego

O investimento cai a pique há mais de dez anos, o público porque não há narda, carcanhol, e o que há mal chega pra pagar o tal exército de excedentários inúteis e desnecessários. O investimento privado cai porque qualquer investidor que se preze não arriscará um tusta com os impostos neste tão elevado nível. Trabalhar para aquecer trabalhem os esquimós.

É notório que o investidor privado se coíbe de arriscar, de investir, aos filhos ainda aceitará dar de comer, alimentar, mas a esta cáfila de inúteis que pululam por municípios, ministérios, direcções gerais, etc etc., aí chia mais fino, não estão para isso, que eu bem os ouço nas mesas do mesmo café onde me sento.

TSU sobe TSU desce, estamos para ver, ou desce e há investimento e criação de postos de trabalho, ou se mantém alta e o desemprego idem idem aspas aspas. Se é que me faço entender e não subirá ainda mais…

E entonces no que ficamos ? Quem tem desta vez razão ? Governo ou oposição ?

É assunto que devia ter sido debatido há mais de trinta anos, este e muitos outros. Não foi, nem a bem nem a mal, e agora a mãozinha marota dos mercados está a dar-nos um sinal. Amanhã será um estalo na cara, e depois de amanhã uma lambada. Para aprendermos. Isto começou mal logo em Abril, depois foram águas mil… até o Cavakinho balir e dar de frosques c’as pescas, a agricultura e quejandos, c’a malta só queria eram festas, té o Marokas defendia que duma manêra ou doutra a coisa se arranjaria. Foi tudo em cima do joelho, toda a gente se calou, toda a gente sacudiu a tal mui pressão a mais, o tal mui trabalho a mais, e quem se fodeu meus animais, foi o artelho… Nã aguentou o engelho…

O país não foi preparado p’ra deitar cedo e bulir, mas foi viciado e bem, em bem gastar e bem dormir. Deitar cedo e cedo erguer era coisa do passado, a moda agora era esturrar e nunca por nunca ser poupado. Do sector primário aos demais nada foi planeado, e ainda vos admirais que o caldo esteja entornado ? A gente tamos entalados.

Mas abre os jornais e pasma com o país em movimento, tanto encontro tanta mexida, que inté parece mudando, ele são apresentações de produtos ou sugestões, ele são apreensões quanto ao que nos trava o passo, ele são as edições, de brochuras ou negócios, ele são classificações de restaurantes ou monumentos, ele são encontros, debates, homenagens, parcerias, ele são acusações, apostas e audições, dinamizações e estratégias, ele são planos, cooperações, sessões orais e transfronteiriças, são parcerias, são arranques, são coisas p’ra dar a conhecer, ou singelamente assinalar, são jornadas p’ra celebrar, palcos e comemorações, ele são portas abertas, ele são provas non stop, ele são exibições, ele é o Workout e o Night Run, ele é o GIMN IN ou o Gymn OUt, ele são experiencias temáticas, são eventos e eventualidades, são abordagens de problemáticas, são os temas emergentes, os fracturantes e os designadamentes, são ofertas e convites, são iniciativas e reuniões, são exposições e representações, enfim, a gente pasma e ri dum país que se contorce c’as dores duma valente entorse que estou convencido que sim, foi a porta que Abril abriu, uma porta de acesso à cave, por onde aos baldões caiu…

Portanto haja calma meus tontos, o país há-de mudar, só mais um pouco de paciência, mais quarenta anos de indulgência kinda há chefes, presidentes, deputados, ministros e generais, académicos e outras gentes, directores e cardeais, e decerto muitos mais à tu frente, na fila  que procurais, a tal ke dá pra enricar …

Algumas observações avulsas além texto:

- TSU sim TSU não, contudo alguma coisa vai ter que ser feita, alguma coisa vai ter que mudar, e muito, pra trazer de volta o investimento privado... Tanto que A. Costa está a planear desce-la nas empresas privadas, mas não nas públicas….

- A democracia é um regime mole que tudo permite e acaba por dar guarida a todo o oportunista e oportunismo... Lembremos o caso Alves Reis, que pintou o que quis até ser preso em 1924.... Depois, com Salazar, após 1926, já não fez farinha.... Nem ele nem mais nenhum.... O medo do Tarrafal, do Aljube, de Caxias, o temor do confisco imediato de bens e valores, metiam muito má gente na linha.... Estou convicto que o caso BES nunca teria acontecido sob o regime Salazarista ou até Marcelista...

- Reflexão, é esse o meu fito com estes textos em que me divirto, muita desta malta mais nova nem sonha que estamos em muitíssimos aspectos bem pior que no tempo da outra mal afamada senhora, facto que deveria envergonhar todos os políticos  e todos os partidos... Que não souberam conduzir este pequeno país e as suas gentes, o que nos está acontecendo é sobretudo por culpa nossa.

-  Como povo, como gente, simplesmente não prestamos, venham os americanos, ou até os Angolanos e comprem esta trampa toda... de outro modo jamais a sangria da emigração parará. Falo a propósito das compras de Vilamoura e supostamente da Comporta.

- "Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África 1961-1973", durante os 13 anos de guerra colonial registou-se um total de 8.290 mortos nas três frentes de combate: Angola 3.250, Moçambique 2.962 e Guiné 2.070. (Muitas destas mortes foram devidas a acidentes e não a confrontos directos com o inimigo, o assunto está documentado). Tudo tem um preço. A questão é que não seja demasiado elevado, ou demasiado caro, e esta democracia custa-nos os olhos da cara tendo em atenção o que nos dá em troca... Morre-se mais hoje em acidentes, suicídios, fome, frio, tuberculose e outras doenças…

- A este propósito pode ser lido o texto nº 229 “ O PREÇO CERTO “, link :