terça-feira, 26 de abril de 2016

340 - MEA CULPA MEA CULPA MEA CULPA .........


A barragem de Alqueva foi inaugurada em 2004, e a legislação que regulamentaria o perímetro da barragem deveria ser conhecida e estar publicada no dia da inauguração. O bom senso e a demonstração de competência assim o aconselharia, ou ordenaria. Contudo e após anos e anos de peripécias, tal como se pode constatar pela notícia que o Diário do Sul de hoje, 26 de Abril de 2016 publica, continuamos como em vésperas dessa inauguração, que teve lugar vai já para doze anos.

Metido por essa circunstância numa encruzilhada, o meu partido tornou-se um alvo de anedotas veladas, não tanto por ter construído a barragem, mas por se gabar desse feito ante os alentejanos de modo impante e sempre que a oportunidade lho permite, sem que se veja um reflexo notório no desenvolvimento por ela induzido e que dela era esperado. Pois o meu partido volta agora a impar novamente de orgulho, agora que a comunicação social o apresenta não simplesmente como o defensor do progresso, que nunca deixou de ser, mas como a vanguarda da luta actual e envolvendo a barragem, exigindo ao ministro respectivo, agora outra vez, agora de novo, o que não foi capaz de concretizar ou resolver em doze anos.

Eu não acredito em coincidências, e nestas coisas de tacticismos partidários nem tão pouco creio em casualidades, pelo que ao ver a notícia de hoje do Diário do Sul rejubilei, eu tinha há dias atrás feito uma análise bastante crítica da situação* e, com orgulho meu, embora não acredite, parece que alguém me terá lido. Acresce que o meu camarada deputado que hoje arvorou e conduz o estandarte dessa luta é o mesmo que durante estes doze anos liderou o município que mais se identifica com a barragem e que debalde se esforçou por levar a água ao seu moinho, saiba ele que conta com o meu apoio e espero sinceramente que desta vez seja capaz de levar essa velha tarefa a bom porto, a cabo.

Senão vejamos; “ A história que vos vou contar, verdadeira, embora lhe desconheça os pormenores, ilustra bem a anedota que somos ou que mentes ilustradas fizeram do Alentejo. Era uma vez uma barragem que deu origem ao maior lago artificial da Europa, coisa grande, grandiosa, e a que era necessário regulamentar o perímetro evitando-se a construção clandestina ou o aproveitamento selvagem das margens. Alguém criou um rascunho de regulamentação que antes de ser vertido em lei foi colocado sob apreciação de todos os autarcas ribeirinhos. Deram o seu parecer e opinião tendo a lei avançado para publicação. Poucos anos mais tarde os mesmos autarcas desataram a criticar vivamente a mesma lei que tinham escrutinado, desta vez com a acusação de que o regulamentado era demasiado restritivo, nada permitindo fazer na orla da barragem, tendo a lei sido de novo mudada, não sem antes obter de novo o seu escrutínio e aprovação. Resultado, qualquer dia para fruirmos da barragem teremos que ir à margem espanhola, por cá continua a não se permitir que alguém faça o que quer que seja, ficámos com uma marina e um restaurante sobranceiro a esta e agora, agora, para dinamizar a coisa, e sendo a esperança a última a morrer, deparei há dias num jornal da terra com o maior investimento alguma vez efectuado nas margens de Alqueva, o maior e certamente o único, na página principal desse diário e com desenvolvimento nas interiores, anunciava-se ter sido sinalizado “o início de um percurso pedestre” ligando as aldeias ribeirinhas, tendo sido inaugurado o momento com pompa e circunstância. Embora não passe de um projecto, segundo percebi, ligará todos os concelhos dos 14 municípios ribeirinhos, existindo para o BTT idêntica intenção. Haja pois esperança, o Turismo do Alentejo estava solenemente representado dando ar de seriedade à coisa, estamos salvos, vão chegar via aeroporto de Beja resmas de caminheiros ou caminhantes, e paletes de ciclistas ou ciclo-alpinistas do BTT amantes. “ *

Ora está explicado porque o que o Diário do Sul hoje nos apresenta como uma luta e uma exigência novas, não passa afinal da assumpção e demonstração de um enorme fiasco, enorme fracasso, enorme incapacidade e em último grau da capacidade manifesta das competências envolvidas. Chama-se a isto, a esta opereta mediática de hoje, tentar dar a volta às coisas ou atirar com poeira aos nossos olhos, esta matéria é velha, é um contencioso que se arrasta e é exemplo taxativo das vicissitudes que amarram o desenvolvimento do Alentejo. Todavia, desta vez e a julgar pela importância do personagem envolvido, e da focagem colocada no objectivo, creio firmemente que a coisa se resolverá, se conseguirá. Não é o meu camarada deputado um homem que toda a vida averbou sucessos ?

Diz-nos o Diário do Sul, os sublinhados são de minha autoria; “ O deputado interpelou o ministro João Matos Fernandes durante uma audição parlamentar, recordando que a última revisão do plano que gere o ordenamento do maior lago artificial da Europa tem dez anos, condicionando alguns investimentos já que qualquer projecto com vocação turística tem que ter um mínimo de cem hectares com plano de pormenor e plano de urbanização. “Foi um retrocesso, o único investimento de qualidade é a Amieira Marina com 20 hectares, que não seria hoje possível”, sublinhou o parlamentar do PS, sublinhando que a albufeira tem um plano de ordenamento que “limita o desenvolvimento da região”, enquanto alertou para o “enorme potencial da barragem do grande lago”. Norberto Patinho destacou ainda estar em causa o crescimento económico, defendendo que deverão ser criadas condições para inverter a actual situação, recorrendo “ a um correcto ordenamento do território, em que se garanta a preservação e valorização ambiental e do património, mas que permita um correcto aproveitamento do potencial turístico do plano de água e da sua envolvente”. “Sendo evidente o enorme potencial da Barragem e do extenso plano de água, sendo o crescimento económico determinante para o futuro do país, existindo por parte do actual governo uma atenção especial para com o interior, é fundamental que se criem condições para se concretizarem objectivos iniciais que não se concretizaram na dimensão das expectativas criadas”, sublinhou ainda o deputado. Patinho sugeriu a criação de “um instrumento que potencie a “dinamização e diversificação da base económica, uma nova cultura empresarial, a promoção do emprego através da dinamização da actividade turística… ”. E mais blá blá blá… 

E eu pergunto, estavam a guardar a barragem para algum investidor amigo aproveitar a situação ou para Marcianos verdinhos aqui aterrarem ? Cem hectares ? A título meramente informativo digo-vos que o novo Hotel Vila Galé em Évora com piscina exterior relvados e tudo nem chega aos 5 hectares…Outra pergunta que mui justamente coloco é quem é que nessa altura presidia e tem presidido aos concelhos da zona ribeirinha ? Doze anos depois as palavras são as mesmas, dinamização, potencial, potencialidades, mas folgo em saber que finalmente agora alguém assume o clamoroso fracasso, aliás coisa comum em todo o Alentejo, do investimento turístico em Alqueva, pois nessa altura e durante esses anos nem a Região de Turismo, tão lesta a inaugurar veredas para caminhantes e pistas para bicicletas denunciou ou sequer para ele alertou; “é fundamental que se criem condições para se concretizarem objectivos iniciais que não se concretizaram na dimensão das expectativas criadas” , pois não, temos pena mas realmente não se concretizaram, eu diria mais, em dimensão nenhuma, nem uma pequenininha, só a demagogia atingiu a dimensão da planície…

O meu partido tem é que, para gerir a informação, arranjar gente mais capaz, sob pena de cair num descalabro, na risota, na anedota. Espero não seja com estas habilidades que pretenda conquistar a maioria das câmaras alentejanas, como afirmou o camarada deputado e presidente da federação e no qual eu creio, é um homem habituado à luta, um bom gestor de expectativas, um homem experiente, um homem de sucesso, nem por um momento duvidei que desta vez e com ele os concelhos tresmalhados serão todos conquistados, do mais remoto ao mais próximo.

Ora uma reconquista desta envergadura comparada com o convencimento de um ministro para a causa de Alqueva, ministro que até é do mesmo partido, parece-me uma brincadeira de crianças. O meu camarada deputado goza felizmente de fama, respeito e reconhecimento de sobra para que finalmente o Alentejo, com ele, inflicta o rumo e acelere na senda do desenvolvimento e do progresso que tardam, não fez ele de Portel um concelho exemplar através do seu cunho pessoal e experiência de vida ?

Alguém dúvida ?