domingo, 12 de novembro de 2023

796 - FAZER DESPESA OU NÃO A FAZER ? A DESPESA BOA E A DESPESA MÁ....

 




Vai um reboliço com a discussão do OE para 2024. Só me admira que quer as premissas quer as projecções não sejam mais negras, mais fatalistas. Este governo tem sido hábil, e lábil, em adoçar a pílula e fingir que faz, não fazendo nada.

 

Mas que devia ele fazer que tanto receio tem em fazê-lo ?

 

Despesa. Cortar na despesa, nos gastos da república.

 

Toda a gente clama haver necessidade de cortar na despesa, nas gorduras, e certamente haverá muito por onde cortar, mas onde ? Quem ?

E é aqui que a porca torce o rabo.

 

Cortar despesa implica em grande parte dos casos despedir pessoal, à bruta ou com indemnizações, (geralmente a coberto de um qualquer programa de nome pomposo e virtuoso) qualquer das opções conduz a mais despesas, em rescisões, subsídios, etc. etc. etc. para além de arrastar à colecta de menos receita, menos contribuições para a SS, menos impostos, IRS, IVA etc. etc. etc.

 

 Quem não recebe não gasta, e quem não gasta não paga impostos, nem directos nem indirectos, ou passa a pagar muitos menos, enquanto por outro lado pode vir a ser beneficiário de isenções ou subsídios diversos.

 

Por aqui se vê que reformar implicará desgraçar ainda mais o país, o que o partido no governo não quer, e reformar a parte que não obrigue a despedimentos exige inteligência, precisamente o que este governo não tem. Nem este nem os anteriores. E seja dito em abono da verdade que reformas exigidas pela realidade há mais de quarenta anos, ninguém as promoveu.

 

E então ? Não há soluções ? Não há reformas ? Verdade verdadinha é que este governo, ao contrário do que apregoa não tem desenvolvido nenhumas. Tem-se limitado a medidas pontuais e esporádicas, mais das vezes com pior resultado que o pretendido.

 

Há soluções. Mas tb há que ter em conta padecermos de muitos outros males, e que quem quer que pegue nisto terá que conjugar economia, moral e ética, e um mix de educação, motivação e saúde que nos ajude a sair do buraco. Rezar a Nossa Senhora pode convir mas não é condição sine qua non.

 

Tão simples assim ?

Não.

Complicadíssimo até.

 

Porque o país está moribundo. Carente de reformas há mais de quarenta anos. Descapitalizado. Vendemos os anéis mas as dívidas continuam, e é inegável a necessidade de diluir a divida no tempo. Dívidas assumidas no fim da monarquia princípio da 1ª república, foram final e totalmente pagas somente e se não me engano já neste milénio, há não mais que uma dúzia de anos, sem que aparentemente nada tenhamos aprendido com isso.

 

Há que forçar o crescimento. Só o crescimento do PIB, da economia, nos pode salvar e tirar do buraco. Para isso é urgente começar a premiar o mérito, a competência e a assumpção de responsabilidade, apoiar as empresas, e em especial as PME que garantem emprego a 98% da nossa população, apoiar os empresários com medidas fiscais e financeiras, indexar os salários, o seu crescimento e a redistribuição de riqueza aos ganhos de produtividade e ao crescimento do PIB, tudo clarinho e preto no branco num contrato social envolvendo e assinado entre as partes, para que todos ganhem e todos saibam quanto têm a ganhar se o país evoluir. Mobilizando-os…

 

Há que dignificar o trabalho e a inovação, tal desiderato passa por permitir que sejam melhor remunerados os ganhos do trabalho que os ganhos financeiros, o que não acontece actualmente, em que o rendimento obtido pelas aplicações de capital estão claramente acima das obtidas com trabalho mental ou suado, o que é um mau sinal.

 

Temos que premiar o empreendedorismo, os ganhos de eficiência, penalizar a inércia e a inacção, oferecer aos empresários condições que lhes permitam capitalizar-se, ou recapitalizar-se, a fim de que actuem antes que os chineses comprem de vez isto tudo e encham o país de chinocas trabalhando 18 horas por dia por meia dúzia de patacas, yuans ou renmimbis.

 

Haverá que taxar fortemente o financiamento ao crédito e consumo de bens supérfluos e de luxo, incutir razoabilidade moralidade e educação neste povo, promover uma profunda reforma politica e social, (social, de mentalidade civil, cívica) definir regular e reformar o sector empresarial estatal e a respectiva gestão, estabelecer objectivos e metas responsabilizando as pessoas e exigindo o seu cumprimento não se permitindo jamais que a culpa morra solteira, estabelecer criteriosamente as áreas de actuação do sector público empresarial estatal e do sector privado, a fim de evitar promiscuidades e tentações pecaminosas.

 

Haverá tantas soluções possíveis como cabeças pensantes, mas teremos que estabelecer um despique saudável entre distritos, incluindo nele responsabilidades sociais que são assumidamente um dever de todos, particulares e empresas. É inaceitável que não cuidemos dos velhos, ou que deixemos abalar os mais novos, ou que chantageemos jovens mães para que não engravidem, tem que ser estabelecido um contrato social abrangente, onde todos se sintam incluídos.

 

Exigir-se-á moralidade e solidariedade a todos para que sejam desbloqueados milhentos processos, na banca, na autoridade tributária, pairando sobre a cabeça de inocentes que se viram sem rendimentos, sem emprego, e agora ameaçados na sua própria pátria de perder a casa ou forçados a emigrar, terão que ser travados em ministérios e municípios esse processos originados por burocratas e técnicos inumanos, incompetentes, por vezes excedendo ou exorbitando funções, querendo impor uma visão e agenda pessoal aos contribuintes e munícipes sem que muitas vezes para tal tenham sido eleitos, o que terá que ser feito quer desburocratizando quer “simplexificando” procedimentos.

 

Deveriam ser estabelecidos rácios para orçamentos camarários e para os quadros de pessoal do funcionalismo publico, enfim, moralizar-se o viver neste país, por agora todo ele enleado em enganos em que metade de nós sobrevive de esquemas precários ou parasitando o aparelho de estado e em que a outra metade simplesmente não aceita pagar os excessos inúteis, os chulos, os afilhados. As gorduras…

 

É dos livros, temos que crescer, ou crescemos todos ou morremos todos, estamos ligados umbilicalmente. Como estamos só nos resta sobrecarregar cada vez mais de impostos os poucos que ainda trabalham ou desenvolvem uma área de negócio, e no dia em que forem só dois ? É notório que só o crescimento permite obter valor e riqueza para fazer face às despesas que temos, e que temos que controlar e valorizar. A título de exemplo, o Ensino Público ou o SNS não podem ser buracos onde simplesmente se despeja dinheiro, é dinheiro nosso, dinheiro de todos, que custa a arranjar e faz suar, o seu consumo tem que ser moderado, fiscalizado, mas sobretudo rentabilizado. São valores inestimáveis e sagrados.

 

É forçoso remunerar bem as poupanças, e permitir que as aplicações de capital obtenham mais-valias não especulativas, incentivando estes mecanismos através de isenções ao reinvestimento de capital e penalizando proporcionalmente a distribuição de dividendos. Todos temos que ser mobilizados, que fazer parte da solução, e todos temos o direito (cumpridos que estejam os deveres) de esperar ser justamente beneficiados quer pelo esforço quer pela mudança. Qualquer português que se negue a este esforço repartido não merecerá a consideração dos demais.

 

Um burocrata ou um técnico que boicotem um processo estão a contribuir para a eliminação do seu emprego e dos demais. Se o processo não andar não criará riqueza nem emprego, não se pagarão impostos, os tais impostos que no fim do mês lhe pagarão o ordenado ou vencimento, e que, quando todos pagarmos e trabalharmos, calhará pagar uma menor parte a cada um, enquanto por outro lado deixaremos de exaurir por culpa dos subsídios, de desemprego e outros que tais, permitindo o seu uso em áreas mais reprodutivas.

 

E por falar em reprodutivos, lembremos o termo “divida virtuosa” porque tb existe tal. Dívida virtuosa é aquela que permite multiplicar por 2 ou 3 ou 4 ou 5 ou 10 cada unidade aplicada, o que decididamente não tem preocupado os nossos decisores nos últimos 40 anos, quarenta anos em que o estado não ganhou um euro sequer em negócio algum e perdeu milhões em muitíssimos !!

 

É hora de acabar com as PPP e lançar as O.C.F. simplesmente “Obras de Compromisso com o Futuro” …

 

Parece ser já pacífico para os portugueses que os diversos governos e a generalidade dos deputados, desde o 25 de Abril, se preocuparam excessivamente com os respectivos partidos, ou as respectivas pessoas, deixando para as calendas gregas o governo da nação e o bem-estar e futuro dos portugueses. Agora que os credores o exigem apercebemo-nos terem sido demasiado bem pagos para a pouca produtividade alcançada, tudo está por fazer, e em “N” aspectos nada se avançou de então para cá.

 

Não temos uma fiscalidade atractiva para o investimento, temos uma justiça digna da idade da pedra, o ensino teima em não proporcionar as condições de formação e especialidades ideais e fico-me por aqui. Isto parece o oeste selvagem, é o salve-se quem puder, sendo que padrinhos e cunhas se substituíram ao justo fruir da igualdade que a AR deveria ter acautelado para todos.

 

Em Portugal o Poder Local parece sofrer na generalidade do mesmo mal, partidarismo, clientelismo, e um rácio de funcionários muito superior ao que seria natural e ideal, disso nos deu conta há poucos dias a divulgação de uma completa e meticulosa infografia. (link para consulta no final do texto).

 

De uma média ideal de funcionários por cada mil habitantes exorbita-se para números carentes de toda a lógica. (Évora 21,1 por 1.000 habitantes, um exagero !!! Aconselho a que veja o gráfico cujo link se encontra no fim do texto).

 

E nem são mais eficientes nem menos custosas para as munícipes estas equipes de gestão da coisa pública, demasiadas mantêm um grau de despesismo elevado, muitas estão endividadas, e raras se distinguiram na criação de condições para o desenvolvimento de uma actividade económica salutar e geradora de emprego. Ao invés e enganadoramente tornaram-se o principal empregador da sua área. Com o inerente peso burocrático e financeiro.

Um município não gera riqueza ainda que para ela contribua criando condições para que tal ocorra... (quando cria), e sendo em simultâneo um foco de despesa, há que gerir muito bem os respectivos orçamentos para que não se tornem um peso excessivo. Estrangulador. Todos os municípios ajudados, intervencionados, foram obrigados a aumentar, para o escalão máximo, taxas e derramas, o que decididamente não é da simpatia do investimento ou da criação de emprego. Nem dos munícipes.

 

Do exposto resulta que os municípios podem ter uma importância transcendental na captação de investimento, na criação de condições para que o desenvolvimento económico aconteça, e para que o desemprego se mantenha baixo. Podem, mas o que os números nos indicam é que o não conseguem. Porquê deixo à consideração de cada leitor pois cada um certamente conhecerá o seu concelho melhor que eu. Contudo arrisco avançar que nem todas as responsabilidades caberão ao presidente ou aos vereadores, embora a maioria seja a eles que as imputo.

 

A existência de boas equipas técnicas é fundamental. Sem elas o resultado obtido é igual ao obtido por um qualquer primeiro-ministro rodeado de ministros incapazes. Parece ser já demasiado evidente para todos nós que estamos no mesmo barco e que só sairemos daqui produzindo, produzindo muito, produzindo bem e depressa, não há outro modo de se obter criação de riqueza e de emprego para todos. Claro que a par disso muita coisa mudará, mas o essencial assenta na organização colaboração e produção. Cada um que faça o melhor no seu posto. A bem ou a mal, alegres ou contrariados só nos resta produzir urgentemente, de modo que os ganhos supram e superem largamente os custos, de modo que não haja necessidade de despedimentos nem de encerramento de serviços empresas ou fábricas.

 

 É tudo por hoje. Obrigado pela seca.


http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/infografia_saiba_quantos_funcionaacuterios_trabalham_na_sua_autarquia.html


https://mentcapto.blogspot.com/2014/10/206-despesa-boa-despesa-ma-fazer.html

                                                      

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

795 - TODOS OS ANJINHOS TÊM UMA PORRA DESSAS, E EU P'RÀQUI CHEIO DE PORRINHAS ...


Hoje é dia de “finados”, dia de lembrar os mortos, as queridas e os queridos, as amigas e os amigos e as conhecidas e os conhecidos que já se foram. Ontem foi dia de “todos os santos”, em memória de boa gente que se pensa ter alcançado o céu. Quer um quer outro foram dias de muito significado para mim, tanto mais significado que relembro quem sempre lembro, ou quem sempre guardarei na memória, como a minha querida Luisinha e alguns de que aleatoriamente me recorde, caso do amigo José de Fonseca, que lembrei por me ter cruzado com ele no dia em que foi pintada esta caixa eléctrica da EDP.

Calhou a encontrarmo-nos e quase esbarrámos um no outro, eu quando vou dedicado à minha caminhada só a marcha me importa, olho em frente mas só vejo a passadeira vermelha ou o sofrido alcatrão da Ecopista. Mas o boneco pintado suscitou conversa e eu, cujo passeio frente a casa está sempre pejado de tralha dessa, trotinetas abandonadas ao calhas e incomodando toda a gente, não me contive:

 - Não há maricas que não tenha uma coisa dessas !

 - Tu não Baião, toda a gente sabe seres tu um santo !



O Zezinho atirou-me a matar, mas essa verdade toda a gente a sabe, até por eu mesmo costumar afirmar, na brincadeira claro e somente junto do meu círculo de amizades íntimas, que sou um santo. E nem me admira que não abram a boca de espanto, conhecem-me…

 Dei-lhe como resposta o que digo a todos eles tantas vezes, que somente não uso a auréola, não porque a não tenha, mas por ser incómoda, por demasiado pesada e me ficar ligeiramente apertada, o que ao fim do dia se torna extremamente doloroso, mas sobretudo por ser demasiado exuberante e dar imenso nas vistas, razão pela qual a guardo na bagageira do carro para não enferrujar, mas estar sempre à mão.

 - Com a verdade me enganas Baião !

 Ninguém desconhece quantas vezes ser a brincar que as verdades se dizem, retrucou o Zezinho, ouvi-o com a assertividade aconselhada ao momento, os amigos são para mim tão importantes quanto o melindre da questão o exige, por isso fui condescendente com ele, até por eu mesmo estar convencido do facto, em tantas ocasiões uma mera suposição é afirmada que se converte numa verdade aceite, absoluta, sobretudo quando sou eu mesmo quem melhor me conhece as virtudes e os defeitos e cujo saldo reputo de singularmente positivo e me incita a continuar e a superar-me a cada dia que passa.




- Sim Baião, por vezes, muito remotamente, uma ou outra alma lá reconhece pública ou pessoalmente que sim, que se não és santo andarás lá muito perto, adiantou o Zezinho sorrindo melifluamente para o colega fazendo com que a conversa se estendesse e viesse a dar pano para mangas...

 Agradeci, intui a responsabilidade inerente, que assumi ou assimilei e continuarei a minha saga procurando não desiludir quem quer que seja mostrando-me digno da confiança em mim depositada passando a responder ao Zezito, um rapazito capaz de ser meu filhito, que me considero à altura do repto, digo da santidade, por ter já há muito constatado não primarem as pessoas, na generalidade e actualmente, por predicados que bons anos atrás faziam parte da formação ou do saber de qualquer um. 




A maioria das pessoas hoje em dia não conseguem ter uma conversa, uma atitude correcta, agir em conformidade no momento próprio, resumindo, não sabem ser nem estar, não sabem o que dizer ou fazer perante uma qualquer situação por mais banal que ela seja. As pessoas actualmente não agem, reagem, reagem não emotivamente mas emoticamente, cagam likes e emoticons. Agirão como quem depois de olhar em frente e p'ra trás vai largando marmelos enquanto marcha ecopista adiante, para se vingarem e aliviarem do stress do dia.

 Posso não ser o santo que pensam, mas sou coerente, resoluto e até convencido, sou seguro de mim e acredito piamente vir um dia a ser canonizado. É que há muito me dei conta que, pelo lado masculino (não exijo que sejam santos) infelizmente existe um deficit de cavalheirismo, de etiqueta, até de romantismo, para não dizer de educação e formação, coisa que mal nenhum faria a que homem fosse e por certo deixaria as damas felicíssimas.

 Mas não, isso não acontece e, ao invés, infelizmente, chegam-me quotidianamente aos ouvidos notícias de falhas de educação raiando a alarvice, o que, convenhamos, nada dignifica os machos das nossas urbes.




Não vou aqui discutir feminismos nem machismos, igualdades de direitos ou de géneros, santos ou anjinhos, apenas evidenciar um pensamento e os inerentes comportamentos, atendendo a que estão em causa os caracteres e personalidades dos envolvidos, elas e eles ou eles e elas, para o efeito qualquer ordem ou prioridade serve perfeitamente.

 É certo que eles também protestam quanto à falta de feminilidade actual do sexo oposto, ao deficit de sensualidade, ao abuso pelas mulheres de atitudes, poses, posturas, vestuário e terminologias pouco dignas do seu estatuto e da etiqueta, enfim, penso que também eles nos merecem compreensão. 



          
             Verdade que falo de generalidades, excepções sempre haverá ou tudo estaria negro mas, o que me chega aos ouvidos, mais não é que fruto do analfabetismo funcional e da iliteracia que tanto teimam vingar entre nós e onde, para nosso azar, encontraram terreno fértil. A tolice deve dever-se aos neurónios, que, curto-circuitados não funcionarão, simplesmente não existirão ou terão as conexões tão falhadas quanto um fusível queimado. Talvez esteja aí a razão, eu é que não entendo nada de entomologia, de electricidade ou electrónica, e de neurologia ainda menos.

 Mas que o Zezito tenha que se socorrer de mim, e eu dele, é indicador preocupante do modo como o nosso mundo se encontra e, tal atitude vinda dele, se bem que me honre, mostra-me sobremaneira o estado de desespero em que se encontra e o desânimo que sobre o mundo se abateu. E ele confessou-o, é cada vez mais difícil encontrar alguém inteligente com quem simplesmente se possam trocar dois dedos de conversa. 

Por mim aqui declaro por minha honra estar disposto a continuar tentando manter a paciência, esperando a esperança (não a Esperança) a ser tolerante e compreensivo, enfim, pegando ou dando continuidade às palavras do Zezinho, um incréu assumido, ter fé e aguardar um milagre. 




É que do mal que ele se queixa também eu padeço, infelizmente depois de ficar viúvo parece-me todo o mundo ter ruido em meu redor, tenho além disso uma desagradável sensação de que vivi p’ra nada. Ao desaparecer um elemento da equação a estrutura colapsa, casais amigos, amigos, familiares, amigas, família, casa o prédio, os carros (das motas já me desfiz), ficou-me a sensação de ter passado anos a construir algo de raiz que repentinamente se foi.



Senti então e pela primeira vez na vida um enorme vazio dentro de mim, tornei-me azedo para com as pessoas, indiferente, alheio, sem paciência para as ouvir, para as aturar, suportar, acho que para estupidez basta-me a minha. 




Mas contudo, todavia, porém, para além do tesouro que perdi continuo adorando uma jóia que ficou, a minha gata Mimi, esta noite deixei-a dormir aos meus pés. Fiel desde o início, desde pikinina, fiel que nem um cão...  Enfim, tenho-a a ela, resta-me ela, fora escolhida ainda pela dona na sequência de uma outra que morrera de cancro e à qual é quase igual. Ela a dona, e a Mimi, tal como muitas e gratas recordações são o que me resta de tantos anos de construção duma família e dum casamento tão sólidos quanto possível.

 



Passei nesses tempos não tão longínquos mas que nem quero lembrar a interrogar-me diariamente mas sem esperar pela resposta, nunca esperei nem esperarei, confiei no tempo, o tempo, como sempre, se encarregará de preencher o vazio, de instalar a ordem no caos, de colocar a coisa certa no lugar certo e na hora exacta. Construção de quê interroguei-me ? Que andei eu construindo ? Quem ocupará o vazio que ficou ? Quem se julgará capaz ? Quem se atreverá ? Quem avançará ? Quem se arriscará ? Nunca tive a ousadia de pedir uma igual, queria somente uma igualmente inteligente, tenho esse direito ou não ?


É que se assim não fosse …………………..    e acabou-se !! 

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E para cúmulo do azar até tu te foste, até tu partiste, tu com quem eu poderia desabafar, contar-te dos meus segredos, com quem podia falar dos nossos mistérios como tu te referias a esses choques sociais e aos teus problemas, aos teus difíceis equilíbrios, à tua tortura, instabilidade, erosão, desgaste, stress, inadaptação, inconformismo,. Como eu te compreendo melhor agora Zezito, que falta me fazem agora aqueles tempos, aquele tempo, aqueles minutos em que, desabafando expurgávamos o fel acumulado, limpávamos a alma, e eu me ia com a sensação de ter puxado o brilho à auréola, a sensação de ir à minha vida com a aura limpa, e agora só saudades, saudades dela, saudades de ti, Deus vos guarde.