terça-feira, 18 de setembro de 2018

532 - SÃO OS ESPANHÓIS, OS ESPANHOLITOS ...





Isto anda tudo ligado, o regulador, o BdP exara finalmente directrizes para que a banca estanque a sangria diária de crédito concedido ao consumo ou para aquisição de habitação, e que faz a banca ? Moita carrasco, faz ouvidos de mercador, afina estratégias para driblar o regulador, estica a corda ao máximo no crédito para aquisição de habitação contribuindo para nos endividarmos mais, pois comprar luxos ou carros não chega contudo aos valores da habitação. Tudo isto ignorando de modo aflitivo e ostensivo a hipótese/risco crescente e próxima de, novamente sufocados pela dívida, nos estamparmos contra a quarta bancarrota.

Inconsciência ? Não, táctica, cumprimento de uma estratégia, decerto longamente amadurecida enquanto os tugas dormem sonhando com a ala dos namorados, com a padeira de Aljubarrota e a vitória na Restauração.

Dom Francisco de Quevedo é C.E.O. de um importante banco espanhol para as províncias de Extremadura e Andaluzia, superintende às estratégias do banco para os ayuntamentos de Cáceres, Badajoz, Huelva, Sevilla e Cádis, tendo sido nomeado há pouco tempo para dirigir igualmente as áreas de Portalegre, Évora e Beja em Portugal. Dom Francisco de Quevedo não entende nada de bancos, é licenciado em História pela Complutense de Madrid, possuidor de um mestrado em Relações Internacionais e dum outro em Psicologia das Organizações, isto se a minha tradução não me enganou.

Abaixo dele tem muito quem perceba de bancos e de banca, porém D. Francisco não mete a mão na massa, pagam-lhe para pensar e agir em conformidade pelo que, com o tempo D. Francisco se tornou um homem reservado e conservador, ouve muito e fala pouco. Quando não é ele a fazer a ronda pelos ayuntamentos são os gerentes de balcão destes que, à vez, lhe vão prestar contas e dele receber instruções, à imagem que temos do cinema e da deferência devida a D. Corleone, há assuntos que só pessoalmente devem ser abordados e cuja importância recomenda que sobre eles nada fique escrito.

Respeito, deferência e confidência são a alma do negócio. D. Francisco não fala com os empresários da Extremadura, ou da Andaluzia, porém, através das confissões dos seus gerentes de balcão tudo conhece e tudo sabe, desde o que se passa quanto aos investimentos, aos factos, aos sucessos, aos fracassos e às ambições e aos desejos e das relações e vantagens de uma raia encostada ao Alentejo. Não por acaso, mas porque estão atentos, detêm o saber e a capacidade de investir, graças a eles o Alentejo tem brilhado no mundo, primeiro como produtor na fileira do azeite, em breve como produtor na fileira dos frutos secos, mais concretamente na fileira da amêndoa, do miolo de amêndoa. Aos vinhos não foram ainda capazes de deitar a mão, haja calma, Roma e Almeria não se fizeram num dia.


Tal como conhece as ambições dos empresários espanhóis D. Francisco conhece as debilidades dos nossos, sendo aqui que entram em campo os seus conhecimentos de diplomacia. Aos gerentes de balcão dos bancos portugueses em poder dos espanhóis é dito haver intenção de ajudar as empresas portuguesas em dificuldades, pelo que deverão reportar, assinalando para a sede o conhecimento de todas e quaisquer empresas portuguesas nestas condições ou a necessitar de salvação.

Quando em apertos o tuga não mete anuncio, afivela um sorriso optimista, disfarça, e à sorrelfa vai ajoelhar, vai ao castigo, em privado, junto dos gerentes dos bancos, pedir esmola, pedir fiado, pedir emprestado. Pelos vistos dinheiro há muito na banca, dinheiro nosso, dinheiro das nossas poupanças e que confiámos aos bancos, agora propriedade dos espanhóis. Dinheiro nosso ou vindo de Espanha, aumentando a nossa divida e déficit, todavia dinheiro haverá sempre, e haverá sempre para ajudar o empresário português em dificuldades, afogando-o em crédito, ou negando-lhe esse mesmo crédito e afogando-o na mesma.

Dum modo ou de outro estrará criada a oportunidade para comprar barata essa empresa, a bem ou a mal o empresário não terá outra solução que ceder, que vender. Tudo tratado na maior discrição, sem alarde, sem borburinho, sem mudança de nome da firma, o empresário português comprará um jipão, dirá a todos ter feito um negocião, o seu antigo gerente de conta ou de balcão ficará feliz, nem se aperceberá que traiu, sorrirá realizado por ter reportado as dificuldades que afligiam o seu cliente, sorrirá por assistir ao renascimento da empresa, dirá de si para si ter contribuído para tanto sucesso e felicidade, ignorará a vida inteira a realidade verdadeira e, como todos os tugas distrair-se-á com putas e vinho tinto, futebol, Fátima e fadinhos.


A nossa banca, que não é nossa tem-nos na mão, tem-nos agarrados pelos tomates, porque tem uma estratégia longamente amadurecida e recorre a tácticas de predador ante uma população tuga adormecida, ignorante, tão ignorante quão elites e governantes, todos sem tácticas nem estratégias, gente ignara, distraída e desconhecedora de como as coisas se fazem e se conquistam mercados e países.


Em 1640 uma burguesia e uma elite esclarecidas lamentaram o fim da União Ibérica, União à qual também eu reconhecia vantagens, Espanha era um dos países então com maior poder no mundo, dominava mares e continentes, dominava mercados, dominava monopólios e exclusividades, a União Ibérica teria significado para nós uma rede comercial à disposição num mundo que acabáramos de descobrir mas a que, tal qual um velho costume nosso, não sabíamos por onde pegar nem que fazer com ele.


Então teria sido a nossa sorte, o nosso bilhete para um outro futuro que não este, mas a história e o povo, então tão grunho como hoje não quiseram esse destino. Esse mesmo destino está-nos destinado agora, sem que as nossas elites ou governantes, gentes tão ignaras como as de outrora, vejam estarem a comer-lhes as papas na cabeça sem que dêem por isso. União sim, mas não assim, assim não passa duma insidiosa, traiçoeira e sorrateira conquista e quando as nossas elites acordarem será demasiado tarde para todos. Nem o espírito do povo de 1640 cá estará.

Já não temos as estradas, nem as pontes do país são nossas pois foram entregues às célebres PPP que por sua vez estão nas mãos dos bancos e estes nas mãos dos espanhóis, já não temos de nosso aeroportos nem portos, só o de Beja para amostra, não temos sequer o regadio de Alqueva, todo ele ou quase todo nas mãos dos espanhóis, temos muito crédito malparado no qual estamos afogados, temos comboios avariados, alugados e empenhados. Temos que respeitar os espanhóis, os novos donos disto tudo agora são eles, da banca, das terras, de fábricas, etc etc etc... Não tarda comecem a negar crédito às nossas empresas para as discriminarem, mandarem abaixo e comprarem baratas com a corda na garganta... Isto é estratégia castelhana, a gente é que nunca teve nenhuma, nem estratégias nem tácticas, perdão, tivemos sim, no tempo do tal bandido do Oliveira Salazar...

Temos mar, tanto mar, e uma vez mais nem sabemos que fazer com ele, os espanhóis saberão… Isto está bonito está, estamos nitidamente acelerando para trás…

  

NOTA POSTERIOR - O SANTANDER ... https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/nem-bons-ventos-nem-bons-casamentos-669001?fbclid=IwAR0FWn2oMph_zq_dCXqYeg3LmKtgQyQk_eARZiKwfCZCBdqwb-g4oDWz3ug