segunda-feira, 29 de novembro de 2021

ANDRÉ VENTURA, UM TRIBUNO EM TRIBUNAL

 

Eu e  A. V. quando ainda fazíamos juras de amor. 


                 738 - ANDRÉ VENTURA UM TRIBUNO EM TRIBUNAL 


Os acontecimentos dos últimos tempos têm-me chamado a atenção para André Ventura, sem qualquer sombra de dúvida um dos melhores tribunos que têm surgido na AR, se não o melhor deles todos.

 

A. V. agarra temas e oportunidades d'uma maneira nunca antes vista, dissecando tudo magistralmente em três tempos, de modo claro, sucinto e arrebatador, como deve ser o falar de um tribuno, de qualquer tribuno uma vez no púlpito de onde lhe caiba defender os interesses deste povo e deste país.

 

Não é caso único mas é extraordinário. André Ventura tem o dom da palavra, verdade seja dita, há que reconhecê-lo, mas também tem uma liberdade que outros tribunos não têm, pois se limitam a ser a voz do dono, a falar só quando os deixam, e a dizer somente o que lhes mandam ou consentem. Estão prisioneiros dos partidos a que pertencem, André Ventura não, e é essa a sua vantagem, porque bons oradores haverá mais entre tantos "castrati" que habitam e habitaram a Assembleia da República.

 

O problema são os partidos, os partidos e o sistema eleitoral, tanto quanto o regimento da AR e a própria Constituição. Ou pertences a um qualquer partido e fazes o que te ordenam

 

ou ficas caladinho, se não, levas no focinho …

 

ou és livre de puxar de temas a teu desejo e de dizeres o que quiseres, mas lembra-te, terás somente três minutos para falar e somente o poderás fazer de quinze em quinze dias.

 

Durante esse breve flash de tempo André Ventura brilha, raramente falha uma oportunidade e, desse modo nos demonstra a todos o que é ser um bom tribuno, um bom deputado, e dando um exemplar exemplo de como todos deveriam ser.

 

O pessoal exulta, quem não exultaria se nos arrebata ? Quem não se sentiria arrebatado se ele coloca precisamente o dedo na ferida que deve ser cuidada ? Temos uma péssima democracia graças ao sistema eleitoral, a uma velha e caduca Constituição, da qual fazem vaca sagrada, mas também graças à ambição dos partidos e ao regime da AR, tudo minudências que ninguém apesar de tudo deseja mudar. O sistema protege-se a si mesmo.

 

Resvalamos direitinhos ao abismo e ninguém dispara o alarme a não ser André Ventura, que não factura mas colhe empatia e simpatia, adeptos, simpatizantes, militantes, tão só por se portar e fazer o que deve ser feito e mais ninguém faz. O sistema fecha-se sobre si mesmo.

 

Um caso de sucesso este André Ventura ? Sem dúvida que sim, sem sombra de dúvida um case study , e o seu reflexo só não é mais positivo porque André Ventura subiu, segundo o Princípio de Peter, o fatal degrau que o colocou acima de si mesmo e da sua capacidade, competência e saber. André Ventura é sem a menor dúvida um bom tribuno, mas é um péssimo político, um gestor e administrador mais que sofrível, e um democrata inqualificável, disso nos tem dado até à exaustão e diariamente péssimos testemunhos.

 

Politicamente está liquidado, o “seu” partido já não terá futuro, parece até que onde André Ventura mete as mãos tira Deus a virtude, o IV Congresso tem sido uma câmara de horrores onde o seu narcisismo exagerado nada mais terá gerado que muitas contestações em tribunal. André Ventura parece desconhecer que, depois de criado, um partido passa a ser uma entidade jurídica autónoma, com vida própria e tendo naturalmente que passar a, como qualquer outra entidade idêntica ou até como quaisquer vulgares cidadãos, a ter que cumprir leis, a reger-se segundo a legislação.

 

Ora A. V., o tal que não quer perder mão do "seu" partido, curiosamente tudo tem feito precisamente para o perder e para acabar com ele. Pior era impossível, as suas atitudes, provando que nada entende de democracia, nem de direito, nem de psicologia, história ou sociologia, e que o levam constantemente a esbarrar contra a Constituição, só provam que o homem, para além de bem-parecido e bem-falante, é um completo ignorante no que de mais essencial há nestas coisas e que, não fora a massa de ainda maiores ignorantes que o assessoram, seguem, aplaudem e ululam em seu redor, há muito se teria apagado.

 

A. V. conseguiu em três tempos rebentar com um partido e consigo mesmo, Cunhal diria;

 

- É obra !!

 

É que um partido não é um automóvel ou um imóvel, não tem livrete nem caderneta predial, não lhe podemos chamar nosso, pois é de todos...

 

Rodeado de idiotas inúteis e perigosos ignorantes, tão ignorantes ou mais que ele, fomentam guerras internas quando deviam poupar os militantes e colocar o foco de tensões fora do partido. (poupar os militantes e os espectadores).

 

- Caros militantes ! Dai-me uma vez mais o vosso apoio ! Preciso de vós para mudar Portugal ! Sem vós estarei desarmado ! E incapaz de levar avante a nossa luta ! Confiai em mim uma vez mais ! Portugal precisa de todos nós !


E, engrandecendo todos alguém duvida que sairia em ombros ? Sem contestação e com uma adesão invejável ? Foi mais acertado chamar-lhes ratinhos e perder metade ou mais do seu eleitorado ? Foi mais acertado fazer dos que ficaram seguidistas ignaros e nada aconselháveis ? Terá sido melhor rodear-se duma turba de gente inútil e incapaz de dar ao menos ou sequer um bom nome ao partido ?

 

Os exemplos vistos, vividos e saídos daquele IV Congresso deitaram e deitarão o Chega ao chão e provocaram e provocarão uma sangria de militantes desiludidos e ofendidos. Um mau serviço prestado a Portugal e à democracia. O país necessita de partidos novos, mas também de gente culta e inteligente, com causas lógicas e pragmáticas.

 

É uma questão de tempo até vermos renovado todo ou quase todo o hemiciclo, e lá estará o Chega com dois ou três deputados, André Ventura na tribuna turbinando e tribunando, sem perceber jamais porque lhe fugiu o chão debaixo dos pés quando todos os imbecis lhe garantiam estar no caminho certo e o piso bom de pisar …

 

Quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga …

 

Candidato à Presid. da Câm. Municip. de Évora durante dois meses, depois bati com a porta.

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