segunda-feira, 29 de abril de 2024

814 - EL TRIPLE ESTUPIDEZ DE NOSOTROS ...

                     


           Évora definha, e quer o PCP quer o PS não estão isentos de culpas, nem tão pouco a oposição que há 50 anos se senta nesse cómodo lugar. Em Évora a rotina é o faz que faz, sem nada se fazer, se é estratégia do PCP ou do PS, para o caso tanto faz.

 

Nada há de mais ridículo que as suas corridas no sentido da modernidade, seja ela sob um signo particular ou sob quaisquer outros, já que o resultado é o mesmo. Esta cidade está cada vez menos interessante, menos acessível, menos prática para quem nela vive, mau grado as hordas de turistas que a tomam de assalto diariamente.

 

O olhar de Big Brother do PCP e do PS, que tudo e todos querem controlar emperra a cidade e não a deixa respirar fundo nem dilatar-se, apesar de todo o folclore em redor das suas supostas modernidade e actualidade a cidade regride a olhos vistos e em todos os aspectos.

 

Quais ? Que modernidade ou actualidade ? Quais, se o que nela tem algum valor ou vale a pena soma 50/60 anos e daí para trás mais 2.000 ? Que actualidade se a única mudança (não confundir com inovação) são as centenas de pilotins que enxameiam os passeios adiando o problema do estacionamento, para o qual ainda não houve tempo de encontrar solução, tal como não houve para outro problema candente, a habitação  …

 


Esta cidade está simplesmente tornando-se inabitável e contra indicada para o pequeno comércio. Como querem então segurar os habitantes no centro histórico ou simplesmente na cidade ? Os políticos e técnicos da urbe, quais burocratas, ou burrocratas, certamente crêem estar imbuídos de uma visão e legitimidade impares e com o foco no futuro. Como será tal possível se todo o passado, negro e triste é responsabilidade deles e não se vislumbram mudanças que criem oportunidades para tudo e para todos ?

 

Isso sim, seria progresso, progresso e bem-estar que os comunistas (mais que os socialistas) parecem temer como os gatos temem a água. Não estão portanto virados para o dito passado negro, que lhes pertence mas renegam, nem para o futuro, para o qual não estão intrínseca nem minimamente preparados ou sequer vocacionados.

 

Vivendo em conflito permanente com a comunidade pela qual é responsável (comunidade que se alheia dos seus misteres) e que gere há 50 anos, o PCP domina, é certo, mas não passa dum espinho e espírito insensível e inamovível cravado na charneira da mudança. Todavia los tiempos cambian, ignorando o arcaico PCP, agarrado a uma visão também ela arcaica da sociedade em cujos ideais já ninguém acredita e ruíram por todo o mundo. A sociedade sem classes, tal como a utopia dos amanhãs que cantam, demonstraram ser um embuste.

 

Qualquer sociedade necessita de valores, de dignidade, de honra, de crença, de nacionalismo, de patriotismo, de bairrismo, dum sistema económico viável e minimamente justo. A milenária China percebeu isso e apressou-se a abraçar o capitalismo, contudo manteve uma rígida hierarquia e autoridade, liberdade sem autoridade é libertinagem, nós sabemo-lo por experiência própria, a China sabe-o porque aprendeu com os erros alheios.

 


Esta cidade, forçosamente moldada pelo PCP e cuja pretensão social foi gerida á sua medida está a falir, não há habitação, não há oportunidades, não há empregos, não há jovens, não há futuro. Nunca haverá futuro se não houver visão, inda que chova dinheiro. Os quadros superiores do PCP, os que planeiam a cidade nunca leram Ibsen, Ayn Rand, nunca consultaram o seu Atlas Shrugged, por isso esta cidade será em breve um monumento póstumo ao PCP e ao PS que a governaram e a mataram com as suas doutrinas e as suas incompetência e concepção egomaníacas.

 

Richard Rogers e Norman Foster têm matado cidades pelo exagero, pela grandeza, pelo excesso de dimensão, o PCP e o PS têm matado Évora porque a abafaram com as suas pequenas visões, com as suas diminutas inteligências. Estas duas visões ao inocularem o seu veneno na cidade envenenaram-se a si mesmas, condenaram-se, e arrastam-nos a todos na sua desastrosa queda.

 

Durante 50 anos comunistas e socialistas perseguiram e apelidaram de fascistas, de reaccionários, de conservadores, de saudosistas e de inimigos todos os que se lhes opunham ou tinham uma visão diferente. O resultado aí está, a cidade mais pobre e atrasada deste atrasadíssimo país.

 

Sem habitação, sem emprego, sem estacionamento, sem juventude, sem negócios que encham as duas mãos, a cidade estiola, e estiola sobretudo por ter quase exclusivamente cegos e carneiros ou a governá-la ou a aplaudir, cegos e carneiros que sonham com o sol na eira e chuva no nabal. Para além desta carneirada mansa que a tudo diz que sim Évora não tem quem a defenda, não tem quem faça frente ao desastre duma gestão com 50 anos que nada mais alcançou ou conseguiu que uma enorme dívida. Évora merecia mais e melhor.

 


Desapareceram milhares.... Que lhes fizeram ? Onde o gastaram ? Quem fechou os olhos ? Quem se amanhou ? Quem se calou ?

 

Em 1984, a 30 de Maio, o então Príncipe Carlos, hoje rei Carlos III do Reino Unido, durante o discurso proferido na convenção do 150º aniversário do Real Instituto dos Arquitectos Britânicos defendeu a honra do seu convento, defendeu Londres com garra contra o que designou de mamarrachos e carbúnculos modernistas que estavam a desfigurar a cidade.

 

Não discuto o gosto do Príncipe nem de arquitectos, investidores ou construtores, Londres teve quem a defendesse, e Évora ? Nem um académicozinho ? Nem um arquitecto ? Nem um economistazito ? Um gestorzeco, um jornal, uma rádio ?


O problema é que o mesmo se passa por todo o país. Os portugueses querem melhor ensino, saúde, justiça, segurança, melhores pensões, transportes, vencimentos, 35 horas semanais, mais férias, 15º mês, pão, paz, habitação, energia barata, tudo querem e tudo exigem, só não se perguntam onde ou como ir buscar dinheiro p’ra tudo, dinheiro p'ra tanto.

 


Não podendo o governo ir buscar o dinheiro às empresas estatais que vendeu (e estão a dar milhões a quem as comprou por um pataco), e já agora é hora de dizer que já quase nada é nosso, ou pouco ainda será nosso, para alimentar tanta exigência (e tanto ladrão) o governo terá que ir aos nossos bolsos, terá que carregar nos impostos que nos cobra. Mas quem se importou com a venda desses activos, dessas empresas maioritariamente estratégicas ?

 

No que concerne ás empresas privadas, das maiores ás mais pequenas, estão a passar diariamente para mãos estrangeiras, adivinhem pra onde vão os seus lucros ? Mas só sabemos respingar contra o Pingo Doce, que sem infringir a lei paga os impostos na Holanda, porque a lei lho permite. E por que razão não cobra Portugal impostos tão baixos quanto os da Holanda ? Porque, ao contrário da Holanda, só já tem os bolsos dos portugueses onde ir buscar dinheiro, e acreditem, cada vez irá meter a mão mais fundo até catar o último tostão….

 

Se tudo isto não é cegueira e estupidez, o que é ? Por alguma razão a literacia financeira, que era urgente ensinar nas escolas, e que devia ter sido ensinada desde o 25 de Abril, por alguma razão dizia eu o seu ensino foi proibido. Se continuamos contentinhos da silva e nada contestamos mas tudo exigimos, estaremos perante um caso grave de estupidez e cegueira, ou não ?

 

Se cada vez produzimos menos e importamos mais, é um caso de burrice patológica, congénita e epidémica ou não é ?

 

Se continuarmos votando nos mesmos e esperando que façam diferente é parvoíce ou não é ? 






sexta-feira, 12 de abril de 2024

813 - MARIA CASTILHO, UM BALUARTE SÓLIDO

 




Ligou-me ontem á tarde a minha amiga Maria.

Sim a Maria, mas não uma Maria qualquer, a Maria Castilho, uma Maria que nunca foi com as outras, uma senhora, um potentado de energia, competência e sabedoria.

 

A minha amiga Maria era workaholic, poderia ter-se reformado há uma boa dúzia de anos mas não o fez, a fábrica química que erguera desde a 1ª pedra, ali para o Seixal, era a sua verdadeira paixão e, marcou o ponto até há cerca de um mês ou quase, para ser mais exacto até ao dia em que em casa deu uma queda, grave, e da qual nunca recuperou satisfatoriamente.

 

Desde que há cerca de três anos ou quatro levara a vacina que a sua sólida saúde se deteriorara a olhos vistos, o traumatismo da queda não veio ajudar, antes pelo contrário, tudo se complicou, todos os tratamentos apresentavam contrariedades, dificultando toda e qualquer recuperação. Nem os melhores médicos nem os melhores hospitais conseguiram acertar-lhe um relógio que há cerca de oitenta anos trabalhava certeiramente.

 

Muito culta e instruída, tanto quanto viajada, desde a morte de um filho, e posteriormente do marido, há uns anos largos, que se dedicara ao trabalho como forma de sublimação emocional, aspecto em que contudo nunca deu mostras de instabilidade ou fraqueza. Que fique claro, não era emocionalmente instável nem bipolar. Era um baluarte de bom senso e racionalidade.

 

Falávamos muito, nunca julguei até que me tivesse em tão boa conta, julgo agora acertadamente ter sido para ela um bom amigo e confidente, muito conversámos, sobre tudo, acerca de tudo, da política à metafisica, era uma conversadora encantadora e identificávamo-nos numa enorme ou em grande percentagem das opiniões a que chegávamos. Tiremos a carga sexual à coisa e bem podia falar-se dum caso de sapiosexualidade bilateral.

 

Ligou-me ontem à tarde, para se despedir de mim, naturalmente dá-se conta do mau período que atravessa, do provável fim ou rumo que as coisas tomarão e, mulher prevenida, sempre o foi, quererá ir-se com os assuntos para ela mais relevantes arrumados, daí que com enternecedor carinho me tenha surpreendido, e sensibilizado com o seu cuidado, com a sua doce e armabilíssima despedida.

 

Fiquei sem palavras, eu, que sou um homem talhado para as coisas mais difíceis da vida escondi de mim mesmo uma lágrima que a custo sustive, eu que sou avesso a despedidas e que há bem pouco sofri uma da qual ainda me não recompus, gaguejei, balbuciei algo a propósito de fé e esperança sem tão pouco acreditar no que dizia, há tempestades que só o tempo sossega e não qualquer bonança.

 

Como calcularão estou desolado, desolado e desfeito, há coisas, realidades, factos, que nos caem em cima de rompante e é o que sabemos …..  Ou, como diria  José Verismar*, há choques para os quais nunca estaremos preparados….

 


   O CHOQUE    *


A realidade

É um trem desgovernado

Em sentido contrário

Aos nossos sonhos.

 

O sonhador

É o caminhante desatento

Que será, sempre, colhido

Pela realidade.

 

O choque

Quase sempre

Mata o sonhador

 

Os sonhos

Sempre …

 

by José Verismar

 

                                     https://www.facebook.com/profile.php?id=61553026612447



 


















segunda-feira, 25 de março de 2024

812 - POR QUÉ CALLAS ??????? .... 3 D .... ???????

 


Por ela ter razão eu ri-me, quero dizer sorri, um sorriso amarelo primeiro e aberto depois, e azul, acabou, acabei por ficar azul como o dia que nascia.

 

Farta de mim, ela fora bem clara;

 

- Manda fazer uma à medida numa impressora 3D !!

 

Tinha razão claro, não que tal fosse possível, tinha-a precisamente por ser impossível.

Foi essa impossibilidade que me acordou, que me fez ver de forma inquestionável quanto estava sendo injusto, e inútil a minha demanda, a minha busca. Injusto por pretender comparar o que comparação não tinha, nem podia ter, inútil, já que não há no mundo duas coisas iguais.

 

A natureza, quando não outras forças, se encarrega, se encarregam, de a tudo conferir individualidade única, pessoal, exclusiva, personalidade, caracter próprio, inigualável, inimitável.

 

Passámos então às coisas sérias; quem era, o que fazia, e assim soube que era ela, não quem ela era mas o que era ela, uma vida vivida, não vívida mas vivida; alegrias, tristezas, tropeções, paixões, ilusões, desilusões, o normal, afinal qual de nós não se equilibrou já nesse arame ?

 

Deambulámos e caminhámos por aí durante algum tempo, bolsando esclarecimentos, mastigando silêncios, partilhando o caminho.

 

                   Disposição nuclear das moléculas do gelo seco, dióxido de carbono solidificado

Hoje olho para esses dias com um olhar triste, sento-me nas mesmas mesas em que nos sentámos e volto a pensar uma vez e outra no que não te ouvi e, o teu silêncio continua a martelar-me a memória como uma recordação nostálgica.

 

Tão bem a fiquei conhecendo que ainda hoje não sei quem seja, por outras palavras, não a conheço, ou conheço bastante mal, já que, como um jogador de Bisca ou de BlackJack, esconde o jogo, esconde a mão, esconde as cartas, nem deixa transparecer uma qualquer expressão de regozijo ou de lamento, não tem horas para se alegrar ou entristecer, e ficar exuberante nem pensar. É gelo, gelo seco, não molha nem se derrete.

 

Porque as muitas ou poucas conversas tidas versaram sobre nada, ou quase nada, que é o seu modo de falar sem nada dizer, para que sobre ela nada possamos saber ou aprender, ou apreender, visto que nisso faz gala todas as vezes em que não se cala.

Já eu pareço um bufarinheiro, ou caso preferirem um pregoeiro, pois tanto apregoou-o o que penso e digo, como afifo um pregão, ou um sermão, quando menos se espera e que desespera quem o oiça e o enfie pela cabeça como um barrete.

 

Modos e modas, cada um exprime-se como gosta e lhe parece melhor, fazendo versos, cantando, escrevendo, esculpindo, pintando, falando, declamando, quando não declarando o que lhe vá na alma, no espirito, no pensamento, no coração, como eu fazia quando ele me batia sem arritmias, por isso me vou calar, para o não desassossegar., não vá dar-me algum tangolomango

 

É que o desassossego é um estado de espirito que pode assustar, meter medo, e eu quero ir almoçar e, por agora, é só o que desejo…

 

Vou comer …. E depois …..

 

      

* TANGOLOMANGO 

* TANGOLOMANGO

Eram nove irmãs numa casa

Uma foi fazer biscoito
Deu tangolomango nela
E das nove ficaram oito

Eram oito irmãs numa casa
Uma foi amolar canivete
Deu tangolomango nela
E das oito ficaram sete

Eram sete irmãs numa casa
Uma foi falar inglês
Deu tangolomango nela
E das sete ficaram seis

Eram seis irmãs nunca casa
Uma foi caçar um pinto
Deu tangolomango nela
E das seis ficaram cinco

Eram cinco irmãs numa casa
Uma foi fazer teatro
Deu tangolomango nela
E das cinco ficaram quatro

Eram quatro irmãs numa casa
Uma foi falar francês
Deu tangolomango nela
E das quatro ficaram três

Eram três irmãs numa casa
Uma foi andar nas ruas
Deu tangolomango nela
E das três ficaram duas

Eram duas irmãs numa casa
Uma foi fazer coisa alguma
Deu tangolomango nela
E das duas ficou só uma

Era uma irmã numa casa
E ela foi fazer feijão
Deu tangolomango nela
E acabou-se a geração

Ah, coitada!

Fonte: Musixmatch

Canção de Beatriz Martini Bedran




terça-feira, 19 de março de 2024

811 - NUNO JÚDICE - in POEMÁRIO - R. I. P.



 POEMA  *

 

  

Parte: como se tivesses de ser esquecida,

deixando atrás uma imagem de sombra.

   

Não leves contigo as palavras que trocámos,

como cartas, num instante de despedida;

mas não te esqueças da luz da tarde que os teus olhos abrigaram.

 

Por vezes, lembrar-me-ei de ti.

 

É como se, ao voltar-me, ainda me esperasses,

sem um sorriso,

para me dizeres que o tempo tudo resolve.

 

Não te ouço;

e, ao aproximar-me dos teus braços,  

vejo-te desaparecer.

 

Mais tarde, penso, isto fará parte de um poema;

mas tu insistes.

 

O amor chama-nos, de dentro da vida;

obriga-nos a renunciar à imobilidade da alma,

a sacrificar o corpo a um desejo de memória.

 

* NUNO JÚDICE , in "Poemário" **

 

(29.04.1949-17.03.2024)                       R. I. P.


** https://textosdepoesia.wordpress.com/2013/12/09/poema-nuno-judice/




quarta-feira, 13 de março de 2024

810 - A AMARGA VITÓRIA DOS CHEGANOS ...

                         



Na actual situação e com focos problemáticos um pouco por todo o país, atingindo muitas distritais e concelhias, fustigando o Chega devido à existência em muitos desses focos de um déficit de democracia, de imparcialidade, de isenção e de experiência politica, fácil se torna concluir que a fasquia deveria ter sido colocada muito anteriormente e muito mais alta.

 

Ou isso ou o CHEGA não passará da breve colheita de um flash. Depois da ascensão fulgurante do dia 10, que já o disse não passará dum breve flash, dum breve benefício e ainda mais curto momento, preconizo-lhe nas próximas eleições uma queda abrupta na realidade. Até lá os eleitores terão tempo para ver que o Chega tem muita lábia, muita conversa, mas pouca ou nenhuma capacidade de realização.

 


 Quer seja ocupando instituições, empresas públicas, assembleias, municípios, presidências ou quaisquer outros lugares de decisão de norte a sul com gente impreparada, irão surgir forçosamente centenas senão milhares de impugnações dos precipitados, impulsivos, irreflectidos e transviados actos dessas administrações Chega, as quais encherão tribunais mas sobretudo inviabilizarão o normal funcionamento de quaisquer entidades, resultando dessa vitória a apreensão pelos eleitores de que os quadros do Chega não estão preparados para a função e a sua acção será mais perniciosa que benéfica para o país e para os concelhos. O meu amigo DM entenderá isto melhor que ninguém.

 

Os mesmos eleitores que lhe deram a vitória ir-lhe-ão  gradualmente retirando os votos que tinham impulsionado essa ascensão e, a vitoriosa curva ascendente do Chega virará uma outra curva de natureza diferente, descendente, e acusando a diluição dos votos, da confiança perdida, e do declinar do poder do Chega.  

 


Muito dificilmente o Chega recuperará duma queda assim, nenhum populismo lhe valerá nem poderá continuar sendo o partido de um homem só. Só então AV verá com pesar de nada lhe ter servido andar a correr para assim se estampar, terá que redobrar de esforços para voltar a convencer, não aliciar mas convencer intelectuais, artistas, académicos, cientistas, investigadores, professores, enfermeiros, carpinteiros, serralheiros, militares, policias, empresários, quadros médios e superiores, e a todos aqueles de que não se soube rodear.

 

O problema é de justiça, o pessoal anda sedento de justiça, e o Chega aproveitou para cavalgar essa sede e transformar-se no cavaleiro justiceiro, num rolo compressor, num cilindro justicialista. Vai daí soltou todos os demónios da sua tropa fandanga esquecendo-se de que lhe será muito difícil ou mesmo impossível voltar a encerrá-los na lamparina.

 


O país poderá ver-se na contingência de vir a estar uns anos não diria desgovernado mas reformando-se aos encontrões e tropeções, o país será alvo não de um Tsunami reformista originado pelo Chega mas por um verdadeiro arrastão que tudo levará cegamente na frente.

 

E a quem pertence a culpa desta passagem cronológica do que será a nossa história futura ? Dos mesmos de sempre, os partidos do sistema que, travando reformas que há muito deveriam ter sido tomadas criaram as condições pra que agora o sejam a destempo e sem quaisquer travões. Vai haver justiça, vai haver reformas em catadupa, o país vai mudar, o país vai sofrer mas as reformas vão fazer-se. Atabalhoadamente, mas far-se-ão, vamos ter pelo menos uma década de revolução de transformações e reformas.

 


Vai ser a nossa Revolução Cultural à moda da China, vinganças, mesquinhices, ajustes de contas, delações, falsas ou não. O disse que disse e a bufaria irão ser o pão nosso de cada dia.

 

Tudo porque Montenegro não será capaz de evitar dar a chave do palheiro a um pobre. E então é que vai ser o bom e o bonito, será suficiente olharem se o quiserem ver de chave na mão, arrogante, presunçoso e mais papista que o Papa.

 


Não é o facto do Chega ser de direita ou extrema direita que nos deve preocupar, essa terminologia caducou há muito, deve preocupar-nos o Chega ter feito da ética letra morta e seguido as pegadas de Teresa Guilherme, que afirmou não me lembro já onde nem quando “não dar a ética de comer a ninguém”… Pois não, mas também não lhe tira a comida da boca… Avizinham-se tempos conturbados, inclusive com pequenas ou grandes revoluções dentro de cada um dos partidos do sistema, afinal e por omissão os culpados do mal de que agora se queixam.

 

O recuo na disciplina de filosofia no ensino secundário, efectuado há uns bons anos iremos pagá-lo agora, às mãos de gente sem princípios, sem valores, enfim, às mãos de uns amores…

 


Não se ter dedicado A.V. e o partido a causas e problemas estruturais, a problemas globais, dando de si uma imagem sólida, eficiente, capaz, responsável, íntegra, e que gerasse confiança no eleitorado e no futuro dos portugueses, nem que para isso tivesse sido necessário distribuir bastonadas à direita e à esquerda, fosse sobre pretos fosse sobre brancos mas vincando a garantindo a autoridade e a justiça, a igualdade e uma democracia musculada, vai sair-lhe caro.

 

Dir-se-á, como diria Shakespeare se fosse vivo;

“Tanto barulho para nada”

 

Tanta correria para nada digo eu …


19062021