Na
actual situação e com focos problemáticos um pouco por todo o país, atingindo
muitas distritais e concelhias, fustigando o Chega devido à existência em
muitos desses focos de um déficit de democracia, de imparcialidade, de isenção
e de experiência politica, fácil se torna concluir que a fasquia deveria ter
sido colocada muito anteriormente e muito mais alta.
Ou isso
ou o CHEGA não passará da breve colheita de um flash. Depois da ascensão
fulgurante do dia 10, que já o disse não passará dum breve flash, dum breve benefício
e ainda mais curto momento, preconizo-lhe nas próximas eleições uma queda
abrupta na realidade. Até lá os eleitores terão tempo para ver que o Chega tem
muita lábia, muita conversa, mas pouca ou nenhuma capacidade de realização.
Quer seja ocupando instituições, empresas
públicas, assembleias, municípios, presidências ou quaisquer outros lugares de
decisão de norte a sul com gente impreparada, irão surgir forçosamente centenas
senão milhares de impugnações dos precipitados, impulsivos, irreflectidos e
transviados actos dessas administrações Chega, as quais encherão tribunais mas
sobretudo inviabilizarão o normal funcionamento de quaisquer entidades,
resultando dessa vitória a apreensão pelos eleitores de que os quadros do Chega
não estão preparados para a função e a sua acção será mais perniciosa que benéfica
para o país e para os concelhos. O meu amigo DM entenderá isto melhor que
ninguém.
Os
mesmos eleitores que lhe deram a vitória ir-lhe-ão gradualmente retirando os votos que tinham
impulsionado essa ascensão e, a vitoriosa curva ascendente do Chega virará uma
outra curva de natureza diferente, descendente, e acusando a diluição dos
votos, da confiança perdida, e do declinar do poder do Chega.
Muito
dificilmente o Chega recuperará duma queda assim, nenhum populismo lhe valerá
nem poderá continuar sendo o partido de um homem só. Só então AV verá com pesar
de nada lhe ter servido andar a correr para assim se estampar, terá que
redobrar de esforços para voltar a convencer, não aliciar mas convencer
intelectuais, artistas, académicos, cientistas, investigadores, professores,
enfermeiros, carpinteiros, serralheiros, militares, policias, empresários,
quadros médios e superiores, e a todos aqueles de que não se soube rodear.
O
problema é de justiça, o pessoal anda sedento de justiça, e o Chega aproveitou
para cavalgar essa sede e transformar-se no cavaleiro justiceiro, num rolo
compressor, num cilindro justicialista. Vai daí soltou todos os demónios da sua
tropa fandanga esquecendo-se de que lhe será muito difícil ou mesmo impossível
voltar a encerrá-los na lamparina.
O
país poderá ver-se na contingência de vir a estar uns anos não diria
desgovernado mas reformando-se aos encontrões e tropeções, o país será alvo não
de um Tsunami reformista originado pelo Chega mas por um verdadeiro arrastão
que tudo levará cegamente na frente.
E a
quem pertence a culpa desta passagem cronológica do que será a nossa história
futura ? Dos mesmos de sempre, os partidos do sistema que, travando reformas
que há muito deveriam ter sido tomadas criaram as condições pra que agora o
sejam a destempo e sem quaisquer travões. Vai haver justiça, vai haver reformas
em catadupa, o país vai mudar, o país vai sofrer mas as reformas vão fazer-se.
Atabalhoadamente, mas far-se-ão, vamos ter pelo menos uma década de revolução de
transformações e reformas.
Vai
ser a nossa Revolução Cultural à moda da China, vinganças, mesquinhices,
ajustes de contas, delações, falsas ou não. O disse que disse e a bufaria irão
ser o pão nosso de cada dia.
Tudo
porque Montenegro não será capaz de evitar dar a chave do palheiro a um pobre.
E então é que vai ser o bom e o bonito, será suficiente olharem se o quiserem
ver de chave na mão, arrogante, presunçoso e mais papista que o Papa.
Não
é o facto do Chega ser de direita ou extrema direita que nos deve preocupar,
essa terminologia caducou há muito, deve preocupar-nos o Chega ter feito da
ética letra morta e seguido as pegadas de Teresa Guilherme, que afirmou não me lembro
já onde nem quando “não dar a ética de
comer a ninguém”… Pois não, mas também não lhe tira a comida da boca…
Avizinham-se tempos conturbados, inclusive com pequenas ou grandes revoluções dentro de cada um dos partidos do sistema, afinal e por omissão os culpados do mal de que agora se queixam.
O
recuo na disciplina de filosofia no ensino secundário, efectuado há uns bons
anos iremos pagá-lo agora, às mãos de gente sem princípios, sem valores, enfim,
às mãos de uns amores…
Não
se ter dedicado A.V. e o partido a causas e problemas estruturais, a problemas
globais, dando de si uma imagem sólida, eficiente, capaz, responsável, íntegra,
e que gerasse confiança no eleitorado e no futuro dos portugueses, nem que para
isso tivesse sido necessário distribuir bastonadas à direita e à esquerda,
fosse sobre pretos fosse sobre brancos mas vincando a garantindo a autoridade e
a justiça, a igualdade e uma democracia musculada, vai sair-lhe caro.
Dir-se-á,
como diria Shakespeare se fosse vivo;
“Tanto barulho para nada” …
Tanta
correria para nada digo eu …
19062021