O
modo como esta democracia foi instaurada e instalada, por militares ignorantes
das coisas da política, e por políticos sabedores em demasia do mesmo mister, conduziu a que fosse entregue de mão beijada nas mãos dos partidos, deixada a
desejo das jotas, ao sabor dos aparelhos partidários, dos boys, padrinhos,
afilhados, sobrinhos, tios e tias e até das concelhias. De tal modo que o povinho esse, é quem menos ordena, ordena ainda menos que no tempo da outra senhora… Mas tem
outras qualidades, goza a vida, produz pouco, pouquíssimo, mas reivindica muito,
luta pelos seus direitos, furta-se a quantos deveres pode e vive à margem das
guerras da produção, da produtividade, da rendibilidade, não fosse o tempo
demasiado quente e viveríamos no paraíso.
Lamentavelmente
não tem aparecido ninguém com carisma, com saber e eloquência, falando verdade a
este povo crédulo explicando a toda a gente as consequências do caminho trilhado.
Não tem aparecido quem entusiasme, quem arraste multidões, quem seja capaz de
se afirmar pela sinceridade e dê a volta a isto, que apresente um projecto de
futuro, mobilizador e agregador. Em suma não tem aparecido ninguém com tomates.
Segundo as estatísticas, estadistas assim abonados aparece em média um de cinquenta
em cinquenta anos, ora estamos em 2018, é hora, estará na hora de aparecer esse
homem indispensável e providencial.
A
aparecer que apareça quem arraste tanta gente quanto o “Presidente Rei” Sidónio Pais
arrastou em 1917/18, ou Salazar, o salvador da pátria. É óbvio que terá a
tarefa dificultada por todas as peias e entraves que esta democracia estendeu a
si mesma, de tal modo que nem se deixa medrar, nem a ela nem à nação. Esta
democracia instalou todos os mecanismos que potenciam o nepotismo e a corrupção
e nenhum que a tire do poço ou do marasmo que a si mesma se concedeu e
apadrinhou.
A
democracia, todos o sabemos, é o sistema da maioria, a maioria é o vulgar (não
quis usar o termo ordinário, contrário de extraordinário) e o vulgar, o
ordinário é o mais pobre, das ideias aos valores, princípios e conhecimentos,
os quais não se importa de espezinhar e aviltar em proveito próprio. Da vulgaridade
nada de extraordinário deve ser esperado, nunca a nossa história registou os
feitos de homens vulgares, nem os houve. Estamos então confessados, esta
democracia tem sido a nossa perdição, não é o caminho da salvação e já muita
gente o percebeu.
Há
dois mil anos já os romanos o tinham percebido, sendo o Senado quem legal e
legitimamente, em situações de crise, nomeava um ditador, a quem atribuía poderes
máximos, definia objectivos e prazos. Precisamente o oposto do que se passa
neste país, onde a democracia não resolveu nenhum dos nossos problemas mas nos trouxe
imensos. O problema da democracia é não ser a solução para os todos males, nem se
adaptar a determinadas situações ou populações. Tal como a fruta tem o tempo
próprio para ser colhida, armazenada, transportada e fruída, também a
democracia exige condições pré-determinadas para ser vivida e vivenciada.
O
que nasce torto tarde ou nunca se endireita e a voragem dos políticos, a
corrupção, a irresponsabilidade e a incompetência são males que assolam Portugal
e têm a idade desta disfuncional democracia, pois logo a seguir ao 25 de Abril
deviam ter-se traçado os eixos prioritários que definiriam a sustentação
estrutural do país, o seu esqueleto digamos, ou exo-esqueleto, mas tal não se
fez, e nunca mais foi feito. Não o foi no aspecto concernente a aeroportos e
portos, nem nos aspectos rodoviário, ferroviário, ou marítimo, nem no sistema
de ensino ainda aos trambolhões, tal qual o sistema de saúde e segurança social
se encontram actualmente. Não tivesse o SNS sido erguido nessa altura e não o
seria de certeza. Outros aspectos desta estrutura foram igualmente esquecidos,
ou torpedeados, como aconteceu com a agricultura e as pescas. A economia e a
indústria nunca mereceram qualquer atenção especial, e quanto à banca, seguros
e energia pensou-se nelas sim mas apenas para apurar por quanto as alienar.
Do
que se conclui viver Portugal um momento excepcional da sua história, um
momento em que somente gente excepcional será capaz de tomar e assumir medidas
excepcionais, será capaz de nos emocionar, empolgar, mobilizar, arrastar,
levantar o moral, tornar a moralidade e a ética valores a respeitar, tornar a
justiça célere e justa, exemplar e acessível a todos, começando por acabar com
os expedientes dilatórios os quais permitem todo o tipo de tropelias absurdas e
os atropelos e injustiças que todos conhecemos.
Vivemos
como todos sentimos, uma situação excepcionalmente negativa da nossa
história, precisamos de um líder excepcional e de soluções excepcionais. Alguém
por sua vontade e imposição deverá, terá que se erguer e tomar em mãos as
rédeas desta nação e voltar a fazer dela uma nação. “O fraco rei faz fraca a forte gente” ensinou-nos Camões, é hora de
todos trabalharmos pela nação, é hora de tudo fazer pela nação. É de novo tempo
de erguer as mãos, pegar em armas e lutar por Deus, Pátria, Família, autoridade, um
corpo só, um por todos, todos por um, um pé no pescoço dos recalcitrantes, uma
polícia que modere excessos e capaz de morigerar tentações. Eça tinha razão, a
democracia fica-nos curta nas mangas, não foi feita para nós.
Voltamos
ao eterno dilema, que fazer ? Sair da UE sem ruido para não se perder esse enorme mercado mas podermos tomar as rédeas da governação da nação.
Pirueta difícil mas não impossível. E não sair do Euro, não sair do Euro por
nada, se a Inglaterra pôde fazer parte da Comunidade Europeia sem fazer parte
dos países do Euro, talvez nos fosse possível continuar no Euro sem estar oficialmente
na comunidade, talvez a UE respirasse de alívio com a nossa saída, de qualquer
modo é uma ginástica a ser tentada. Manobra a ser tentada em simultâneo com a
garantia da continuidade pelo respeito e cumprimento do acordado com empresários,
actividade empresarial, investidores e credores, tentando que as Agências de
Rating não passassem de nós uma imagem assustadora para os mercados.
É
evidente que uma manobra destas só acontece em sonhos, mas também ninguém esperava
o bambúrrio do 25 de Abril e ele aconteceu. Mais a mais poderá sempre aparecer
um personagem patriótico estilo Jaime Neves e colocar o orgulho do país na frente
de tudo o resto. A época é propícia, os militares do Exército furtam-se a falar
na comissão de inquérito parlamentar ao caso das armas roubadas em Tancos, os
da Força Aérea estão a braços com um processo de desvio de milhões nas verbas
para aprovisionamento das cantinas, a Marinha encolhe-se sempre que ouve a
palavra submarinos. Havendo razões de sobra para alguém tentar pôr esta merda
novamente de pé reconquistando o prestigio das Forças Armadas e repondo a sua
honra.
E
quem sabe se não poderia acontecer tudo de novo ? De novo e igualmente no
encantador Monte do Sobral, na estrada que liga a vila de Alcáçovas a Viana do
Alentejo, bem no coração do Alentejo, um típico monte alentejano que em tempos esteve
ligado à história recente de Portugal, pois ali se realizou, em 9 de Setembro
de 1973, a 1ª reunião do movimento de capitães que viria a dar origem ao 25 de
Abril de 1974. Nada é impossível, não dizem constantemente que a história se
repete ?
A
manobra nem seria muito diferente do que foi em 74, garantir a fidelidade de
uns quantos fiéis militares, avançar direito a Lisboa, tomar de assalto pela
calada os pontos estratégicos essenciais, firmar posições, afirmar-se no
terreno e declarar sem alarme o estado de emergência, pois seria de uma
emergência que efectivamente se trataria, apelar à compreensão nacional e
internacional pela luta da nação, pela sua sobrevivência e independência, pela
recuperação da sua economia e soberania…
…………………
continua …………………….
“SONHO DE UMA NOITE DE
VERÃO, UMA GOLPADA FICCIONADA” …
*
“Sonho de uma Noite de Verão” original: A Midsummer Night's Dream, é uma famosa peça teatral da autoria de William
Shakespeare, comédia escrita em meados da década de 1590.