Recapitulando,
… “A arrastada e vergonhosa saga do Brexit e os populismos insurgentes e
emergentes um pouco por todo o espaço da União Europeia atestam quanto a sua
ineficácia e incompetência nos foi a todos extremamente penosa e prejudicial “ ...
5 - Prejudicial
porque era suposto a Comunidade Europeia combater e colmatar os deficits nos
países da União que os apresentassem, penalizando-os e forçando-os a corrigir a
situação, mas também os ajudando, amparando-os, como ?
Com
o excesso, com o superavit de outros, sendo aqui que surge o busílis, com a egoísta
Alemanha à cabeça, acumulando superavit atrás de superavit sem a mínima
contemplação pelos parceiros de união e sem que Bruxelas tenha tomates para a
penalizar, como aliás está previsto. Bruxelas tão ligeira se mostra na
penalização dos incumpridores que apresentem deficits quanto fecha os olhos à
insensibilidade alemã.
Fique
claro que ninguém pretende tirar ou retirar nada à Alemanha, nem mérito pelos
seus superavits, nem dinheiro nem admiração ou consideração, tudo o que a
Alemanha consegue ´fruto do esforço e inteligência do seu povo e dos seus políticos,
só lhe queria poder tirar a cegueira e a soberba.
O
dinheiro do superavit alemão (está suposto nos tratados) seria utilizado/aplicado
em países com deficit através de investimento alemão, o qual daí retiraria
dividendos. Só teria a ganhar e nada a perder, os países pobres ficariam menos
pobres e a Alemanha rica, rica continuaria. Talvez até comprassem mais produtos
à Alemanha, todos pobres ou alguns pobres é que nem é remédio nem solução, mas
foi o que aconteceu e continua acontecendo. Esta Europa não me serve, não nos
serve, não serve a demasiada agente, daí os reveses que a política europeia tem
encontrado pela frente nos últimos tempos. França, Polónia, Hungria, Áustria e
Itália e Grécia, para não mencionar o caso mais paradigmático do Brexit são
pedras no sapato da União.
Tudo
leva a crer que a desgraça não ficará por aqui, populismos estão em confronto
directo com esta União, o futuro dirá quem teve mais bom senso, se é possível algum
bom senso na política europeia ou no populismo, razões e justificações que
expliquem este último há, estão vistas e revistas, identificadas, mas a burrice
é coisa forte, doença asinina.
6 –
É neste cenário multifacetado que nos movemos. Por culpa nossa, asneiras
nossas, não temos fundos para investir, nem o estado tem um tostão nem os
privados nadam em dinheiro, para além de serem confrontados com uma burocracia e
asfixia fiscal que os desmotiva. Há quase cinquenta anos que o investimento
público e privado não apresentava valores tão baixos. O maravilhoso Simplex não
é ainda suficiente, não mexeu com mentalidades e o fisco arrebanha todos os
tostões, que vai gastar improdutivamente na manutenção de classes e direitos questionáveis
numa caça ao voto que já se tornou obscena. Deste modo nos empenha a todos sem
glória nem proveito. O país atravessa a fase do salve-se quem puder ao invés do
“um por todos, todos por um”.
Voltemos
à vitela, Euro sim ou Euro não ?
Independentemente
do caos ou do tsunami que a saída do Euro nos faria cair em cima, e o exemplo
do Brexit é testemunho disso embora no nosso caso, sem dinheiro para mandar
cantar um cego, tudo se complicasse e piorasse a nossa posição negocial na hora
da saída. Esqueçamos portanto esse triste pensamento ou devaneio.
Que
ficaria então ? Novamente o Escudo, e que Escudo ? Com que valor monetário ? Com
que valor face às outras moedas ou divisas ? Há quem aponte no caso uma quebra
entre 30 e 50% face ao valor actual, (200,482 PTE = 1 lembram-se?) Eu que sou
optimista e já vi muita coisa, adianto convicto de que se assistiria sim
a uma depreciação imediata da nossa moeda entre 50 e 100%, senão mais, e a
médio e longo prazo muito mais ainda, mas como disse sou optimista recuso-me a
entrar nos caminhos do pessimismo e da especulação.
Significaria
tal depreciação monetária que passaríamos a comprar tudo que venha da estranja,
mais caro na mesma proporção ou percentagem, e quase tudo ou tudo que tem
importância vem da estranja. Então com que dinheiro iríamos importar o que
importa, agora que teríamos menos, ou o mesmo mas com menor valor, depreciado,
o que significaria termos que entregar mais carcanhol em troca do que adquiríssemos
ao estrangeiro.
Para
além deste nada pequeno inconveniente aconteceria paralelamente termos que
continuar pedindo dinheiro emprestado, agora a que taxa de juro ? E a que
prazos ? E a divida ? E o deficit ? E a nossa credibilidade nos mercados ? É
que estas merdas são como os vasos comunicantes, não és capaz de mexer ou
dominar cada uma delas isoladamente, há sempre reflexos noutra, ou nas outras,
é como o palhaço malabarista no circo ao ter que jogar e equilibrar em simultâneo
meia dúzia de bolas ou de pinos sem deixar cair nenhum no chão. Digamos que o
problema do palhaço é muito menos candente que o do Escudo.
Sem
a facilidade da moeda única, do euro, válido e aceite por todo o mundo, seja durante
um segundo, um minuto, uma hora, um dia, uma semana, um mês, ou um ano a
quantidade de transacções financeiras efectuadas, de troca de moeda, o acto de cambiar
moeda, seria colossal, e em cada uma dessas operações o câmbio, o custo da
conversão havia de somar milhões em nosso prejuízo. Férias nunca mais faríamos
sem uma carteira onde guardássemos pesetas, libras, marcos, francos, liras and
so on… E sobraria sempre uma irritante mão cheia de moedinhas as quais ficariam
anos e anos pelas gavetas e gavetinhas esperando um dia ser reutilizadas. Um
suplicio, é ou não é assim ó Simplício ? Era e será.
Sem
o respaldo da EU e do Euro toda a gente se aproveitaria da nossa debilidade, sozinhos
somos uma merda, no meio dos vinte e oito sempre podemos encher o peito e cagar
de alto, fazer frente a este ou àquele. Estão vendo o filme não estão ? Ou não
estão mesmo ? Há uns anos, no tempo do Escudo, os bancos não cambiavam a cada
casal, ou por passaporte, ou por pessoa, não me lembro bem mas não importa para
o caso, uma importância superior ao valor X, isto é, terias que limitar as
férias, fazê-las poupadinhas, ou não as fazer na estranja sendo precisamente a isso
que o banco/ governo te queria obrigar. Como sempre à rasca e sem divisas, o
país sem dinheiro inventou um slogan turístico e lançou a campanha publicitária
do “Faça Férias Cá Dentro”
Em
Sing Sing também era assim, era ou não era ó Quim ?
Então
? Sair do Euro ou não ? Os carrinhos, uma coisa de que o tuga tanto gosta,
sejam Fiats ou Mercedes, passariam repentinamente para o dobro ou triplo do
preço, as motas idem, e tudo que viesse de fora, com as alcavalas de impostos
destinadas a manter este estado gordo, cada vez mais gordo e naturalmente para
te desmotivar a comprar fora, motivar ao consumo interno, travar a saída de
divisas, obrigar à poupança, ao comedimento, nada de viveres acima das tuas possibilidades
e sobretudo elaborar e lançar campanhas para o parvo do tuga na diáspora
continuar a mandar a bagalhoça, apelar-lhe ao sentido pátrio, ao sentimento, ao
coração, fazê-lo esquecer que muitos ficaram sem o pé de meia de uma vida no
turbilhão do BES e dos outros bancos. Mas parvos haverá sempre, por aí não virá
perigo nenhum, quanto mais se aldraba por cá mais crescem as remessas dos
emigrantes. São parvos ou não são ? São, e são sobretudo patriotas, o Marcelo
que os abrace e condecore, já.
Como
se isto, este panorama não bastasse, vamos ver o que aconteceria com a
importação de matérias primas, maquinaria e bens de equipamento…
…………………… continua …………………….