Sempre gostei desse tipo de mulheres,
sempre me atraíram, sempre me seduziram, e são cada vez mais raras, ou mais
subtis, mais camufladas, mais inacessíveis. Por mim que as topo à distância e de imediato,
posso jurar deparar-me cada vez com menos, por mim haverá menos, até pode ser
mal meu, que estou mais velho, mais bonito e mais interessante, assim me penso
e julgo, não garanto que assim seja. A massificação do ensino tem acabado com
elas, agora são só Samsungs, Galaxys, Apples, Iphone 7 And sisters &
brothers, pestanas de palmo e mamas, cus e pernas, tatuagens e piercings, sendo já muito raro
encontrar um bom livro, sim um livro porque uma mulher inteligente é como um
bom livro, até a gente fica com pena quando acaba de o ler.
E há cada livro, de leves, estreitos e
maneirinhos a grossos volumes, encadernações cuidadas, capas duras, títulos
gravados a ouro, lombada reforçada, páginas cosidas, há-as parecendo
enciclopédias, cartapácios lindos, põem-me em bicos dos pés e com cuidado, meto
e tiro ou tiro e meto, devagar, no espaço próprio da estante, respeitando o
alfabeto, a numeração, o IX entre o VIII e o X, cada um em seu sítio, cada
coisa no seu lugar, sou meticuloso.
Há mulheres que são livros, melhor
ainda, são livros abertos, a inteligência ali à mão de semear, à vista,
esbugalham-se-me os olhos, eu que de olhos gosto tanto, espelhos da alma,
janelas, gosto deles redondos, amendoados, achinesados, pequenos, grandes ou
pestanudos, grandes ou pequenos, sim pestanudos ou não. Tanto quão gosto de lábios, carnudos ou finos, dá gosto vê-los mexer, entreabrirem-se, adoro ouvi-los,
adoro confrontar-me com uma mulher falando, já vos disse que adoro qualquer
mulher inteligente, adoro ouvi-las falar, sempre e em quaisquer ocasião ou lugar. Antes ou depois de, ou enquanto
fumamos um cigarrinho, já não fumo mas ficou-me o gosto pela conversa, p’lo
prazer de conversar.
Esse prazer nunca me abandonou, eu
sim, gosto do abandono, de me abandonar, sentir-me levar pela língua pátria,
ouvi-la, sentir-lhe as vibrações, senti-la entrando-me no ouvido, ter o saber
na ponta da língua, o saber e o sabor, sentir a ponta de outra ponta, o toque,
o tocar, o sabor acre, ácido, álacre, o sabor das maçãs verdes, verdes como o
vinho. Numa jarra uma rosa, num candelabro duas velas, toalha e guardanapos em
pano cru, há mulheres que nos fazem esquecer o jantar, fica frio, a gente ouvindo-as
falar embevecidos, não há como jantar com uma mulher inteligente, ou almoçar,
ou cear, e beber, q.b. Não abusando porque também as mortalhas são de pano cru.
E os lençóis de linho de que serão
feitos, de linho claro, clarinho, branco, branquinho, até que tudo em
desalinho, depois o tal prazer de que vos falei há pouco, um cigarrinho, dois
dedinhos de conversa, dois dedinhos bastam, ou só um, a conversa é tudo ou não
é nada e é indiferente, um ou dois bastam p’ra contentar a gente. E pasma a
gente de ouvir uma mulher inteligente, e embalamos, e quando assim é, não é que
não nos calamos ? As conversas fluem,
são como as cerejas, a gente puxa uma e atrás vem um cento, atrás dumas vêm
outras, como as conversas sim, uma coisa lembra a outra e a sequência sem fim,
cerejas, morangos, mousse, chantilly ou chocolate, na hora da sobremesa que
diferença faz, nenhuma, faria não havendo escolha, ou uma cereja no bolo que é
como quem diz uma cereja na conversa, ou morango que nem caroço tem.
Adoro cuspir o caroço da cereja para
longe, desde que ninguém esteja a ver claro, a ver claro ou a ver escuro, que
diferença tem a luz em certas ocasiões, ou conversas, nenhuma, nem sou
fotógrafo e a inteligência basta-me, a inteligência é luz, e é sabido ser da
conversa que nasce a luz, a luz que alumia, o iluminismo nasceu de conversas,
nessa altura ainda nem cigarrinhos havia, e tabaco haveria de chegar à Europa
somente no séc. XVI, fui confirmar ao Google. Bem, não quer dizer que no resto
do mundo não se converse, mas o iluminismo começou aqui, um pé na Grécia
clássica, outro em Roma, depois Paris, e no séc. XVIII espalha-se pela França,
Espanha, Portugal, Descartes, Espinosa, Marquês de Pombal. José de Azeredo
Coutinho, José da Silva Lisboa, Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga,
Francis Bacon, John Locke, Baruch Spinoza, ou Bento Spinoza, Cesare Beccaria, Voltaire,
Denis Diderot, Jean-Jacques Rousseau, Montesquieu, David Hume, Adam Smith e
Immanuel Kant. O Iluminismo centra
ideias na razão como fonte de autoridade e legitimidade, defende ideais como
liberdade, progresso, tolerância, fraternidade, governo constitucional,
separação Igreja-Estado e liberdade individual.
Foi o séc. de Napoleão, que não sendo
propriamente um iluminista nem iluminado defendeu os seus valores, e claro, tinha
Josefina * e quem teriam tido todos os outros ? Uma boa conversa exige sempre
uma mulher, uma mulher inteligente, por detrás de cada homem que se aproveite
há sempre uma mulher inteligente, ou pela frente, diálogos francos, abertos,
frontalidade acima de tudo ou por cima de tudo e depois ? Depois os
enciclopedistas, eles e elas, na sombra escura claro que a mulher naqueles
tempos só santa ou na alcova, com destaque para algumas iluministas que se
furtaram ao esquecimento da história como Mary Wollstonecraft, Mary Astell, Catharine
Macaulay, Adília Maia Gaspar, Olympe Gouges e a Marquesa de Chatêlet, pois não
quero deixar esquecidas estas e estes iluminati, termo abrangente que tanto
abrange gente que tinha tudo ou tanto de real quanto de fictício, embora nobres
objectivos, opor-se à superstição, ao obscurantismo, à influência religiosa
sobre a vida pública e aos abusos por parte do poder do estado. Digamos que os
iluminati e os enciclopedistas eram a Wikipédia daqueles dias, a Google da
altura.
Mas o que conta é a conversa, o que
cada uma delas sabe, o que cada uma delas diz, é isso que delas faz as mulheres
inteligentes que são e não o puxarem do smartphone e buscarem no Google, digo
pesquisarem, já que não havendo a tal inteligência que seduz também não produz
efeito, não encontra a resposta, ou a deixa afogada no meio de milhares d’entradas
sem saber qual delas escolher, há muito disso. A massificação do ensino ora aí
está, foi no que deu, só valoriza mamas, cu, pernas, um palminho de cara, uma
tatuagem estratégica, um piercing excitante, depois dá nisto, uma cambada de
gajas boas que mal abrem a boca e a gente foge de ouvi-las, foge de aturá-las,
foge duma conversa séria ou menos séria, foge de fumar um cigarrinho, das
jarras e jarrinhas, de rosas e rosinhas, de velas e velinhas, de lençóis de
pano cru, ou de linho, nem que sejam de seda, a rota da seda é isso, uma
desculpa, e qualquer desculpa serve, é preciso é a gente pirar-se, mas uma
mulher inteligente ? Apanhá-la é uma sorte e uma felicidade.
É assim ou nã é Luisinha ?
Tou
falando bem ou nã tou kerida ? **
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