Não é segredo para
ninguém quanto os professores se esforçam por desencantar variadas estratégias
e mnemónicas que motivem os alunos a conceder-lhes alguns minutos de atenção.
Uma vez, há muitos anos,
ainda inexperiente, caí na asneira de abrir uma aula com a frase que dá o
titulo a esta crónica, (habitualmente começava a aula com uma frase polémica
mas marcante), claro que tive uma imensa dificuldade para os levar onde queria,
precisamente à história e vida de Napoleão Bonaparte.
A história de
Josefina é verídica, Napoleão, que após as campanhas guerreiras que o afastavam
de casa por longos períodos chegava sempre carregado de saudades, quando se
encontrava a somente dois a três dias de distancia de Paris, enviava um
estafeta da sua confiança com o polémico recado a Josefina.
Enfim, gostos e aromas
não se discutem, o que discuto sim é uma notícia inserida numa edição do
Expresso que não recordo, na qual, falando sobre comunicação social, nos dizia
J.M. Nobre Correia; “ Há um exercício que os portugueses adoram, dizer mal do
país e dos seus compatriotas. / Num colóquio internacional... um dos
participantes evocou modestamente a questão do analfabetismo, da iliteracia e
do nosso baixo nível cultural geral...”.
Nobre Correia falava de
portugueses e da comunicação social portuguesa, por quem repartia as culpas.
Reparemos então que,
enquanto na estranja evoluída das chefias aos profissionais e quadros superiores
dos mais variados se formam nas chamadas Escolas Superiores, algumas mesmo
Escolas Superiores de Administração, por cá é vulgar terem obtido um curriculum
oferecido pelos lugares que o partido vai disponibilizando, quando não, terem
estudado no Chapitô. Isto na pior das hipóteses, pois na melhor pode acontecer
ser-lhes proporcionado um exame num fim de semana, por fax ou, aconteceu
recentemente, ser castigado com nota dez….
Há quem boline na Europa
das Luzes e a quem muito provavelmente tenham oferecido o canudo nos idos de
setenta e na esteira da espuma do PREC ...
Como diria eu num dia de
boa disposição, o que mais custa é pagar-lhes as actuações, e tanto mais nos
custa quanto bem caríssimo vamos ter que pagar, durante bastos anos o riso que
nos roubaram…
Que responderiam se lhes
perguntassem porque não se fez em mais de trinta anos o que nunca fizeram e agora se propõem
fazer em escassas dezenas de meses?
Passariam por
mentirosos ? Por idealistas ?
Não seria uma pergunta,
seria uma paródia, paródia que faz diariamente delirar um pagode delirante,
perdoem-me a redundância, delírio que deixa todos os nossos dirigentes, do
político ao chefe e ao patrão, enxovalhados e chamuscados.
Acho que nunca houve o
bom senso de alinhar em programas que poderiam ter contribuído positivamente
para a elevação do que agora, felizmente e por enquanto ainda consideramos uma
paródia, tempo virá em que nem a água do banho seremos capazes de pagar…
Napoleão tinha as suas
razões, nós as nossas, não podemos é esquecer o contexto ou o cenário em que se
desenrolarão as cenas dos próximos capítulos, aí chegados até a vontade de rir
esqueceremos, e o delírio passará a alucinação e demência.
… Texto de Maria Luisa Baião, publicado no Diário do Sul em 2003