domingo, 15 de janeiro de 2012

103 - CEGOCENTRISMO.......................


Gosto de falar com o Paulo P. e com o Baptista, além de revelarem maturidade, revelam também, coisa rara nos dias de hoje, uma preocupação e visão do futuro não desfocada da realidade.

 Numa dessas nossas conversas, e a propósito de uma peça que o primeiro viu no “VILLARET”, consagrada aos usos e costumes nacionais, em vez de nos ficarmos pela rama, derivámos mesmo para uma apreciação mais objectiva, racional e baseada em factos concretos, tal como aconteceu após o experimentalismo português, com o nascimento do racionalismo, do positivismo, dos enciclopedistas, da ciência em geral, assuntos que vínhamos discutindo há dias.

 Sendo uma questão que por norma eu não tenderia a abordar aqui, já que pode ser considerada melindrosa por alguns leitores, mas sem querer deixar sem resposta os meus amigos, abordarei o assunto de forma isenta, e de cujas observações não me excluo.

Assente portanto a ideia que sou pecador, mortal e falível quanto qualquer de vós, vamos ao que interessa.

 Consultado o tira teimas de um Dicionário, logo concluímos, sem dúvida, metódica ou não, o seguinte: “ Egocentrismo; Ego; “eu”, o nosso eu “. Tendência para referir tudo a si mesmo, atitude normal para a infância, ausência de distinção entre realidade pessoal e realidade objectiva, ou seja ver as coisas como nos convém, não como são, e geralmente com uma análise muito infantil e nada profunda.

 “ Etnocentrismo; atitude baseada na convicção de que o povo a que se pertence, com suas crenças, tradições e valores é um modelo a que tudo deve referir-se, Etno; povo, nação, raça “. Que é o mesmo que dizer que quem não for como nós é contra nós, e não é perfeito.

“ Narcisismo; amor excessivo e doentio à própria pessoa, caso em que o objecto do amor é a personalidade própria, homem enamorado de si próprio, vaidoso, adamado “. Aquele que se revê na sua beleza ou nos seus méritos pessoais, méritos que normalmente nega ver nos demais.

 Ora estas qualidades, ou a falta delas, são infelizmente comuns a muitos de nós. Ainda muito recentemente a imprensa se referia a um inquérito efectuado junto de gestores estrangeiros em Portugal, incidindo sobre a sua visão do gestor português. O resultado, divulgado junto do público, mostrou-se arrasador para os nossos homens, cuja única nota positiva apareceu no item do “improviso”, o que não abona nada em seu favor nem conduz a proveito palpável ou duradouro.

 Acontece que o nosso planeta é hoje um vasto reservatório de saber, e nos países mais evoluídos, a palavra-chave tem sido, na última década, a descoberta de competências, nos outros, e que se possam misturar com as nossas, empatia na acção.

 As competências individuais, ou nucleares já não chegam, (nunca chegaram), hoje impõe-se o trabalho em parceria, a recombinação de competências, (as nossas e as dos outros) e de capacidades para atingir objectivos comuns e mais elevados.

 A inovação, área em que somos pobres, só de mãos dadas se consegue, longe vão os tempos das descobertas e invenções isoladas, hoje tudo se complicou, no sentido de maior complexidade, e globalizou. A modernidade, a concorrência, a produtividade, não se compadecem com amadorismos ou improvisos.

 Há que estabelecer estratégias de intervenção que forçosamente contem com as capacidades dos outros, aquilo a que chamamos trabalho de equipa. O português dá-se mal com o trabalho de equipa, e as razões podem ser variadas, tais como a fuga de cérebros ou a ausência deles no momento e no lugar, ou baseadas na justificada falta de confiança e capacidade nos que nos rodeiam por muitos que sejam.

 Uma outra faceta que ao português tolhe a capacidade é o facto, muitas vezes assumido, de se ver ele como o único capaz, com razão, conhecedor dos factos, e sem o qual nada é possível fazer-se, ou fazer-se bem feito, são, no caso, tarefeiros e individualistas assumidos.

 Temos por um lado o improvisador nato, e no extremo oposto o perfeccionista empedernido.

 Entre um e outro encontraremos a razão, talvez não a virtude, nem sempre necessária, mas pelo menos o motivo para que em conjunto consigamos transpor obstáculos que pela sua natureza serão impossíveis de galgar sozinhos, esse sim, o nosso calcanhar de Aquiles.

 Por estas e por outras, uma vezes nada fazemos, outras fazemos menos do que seria útil ou possível, outras ainda, fazemos alguma coisa que, posteriormente e para que lhe não percamos o controle, não deixamos crescer, ou seja, limitamos-lhe o crescimento.

 Tal qual como os pais que, não reconhecendo capacidades aos filhos, os tratam sempre como se fossem crianças, incapacitando-os de se tornarem homens autónomos, confiantes, capazes e empreendedores.

 Muitos acomodam-se a esta situação e viverão sempre à sombra sem que nada criem, outros sentir-se-ão limitados, desmotivados e logicamente acabarão por produzir tanto quanto os primeiros.

 Entre uma atitude e outra, e apesar da aparente complexidade da coisa, entre um extremo e outro diria, venha o diabo e escolha ...


sábado, 7 de janeiro de 2012

102 - SE ME DEIXASSEM…. SE ME AMASSEM ...



Sempre gostei de flores, gostará ela também ? E de quais ? Certo é não sermos excepção à regra. Não embarco nos pensamentos negativos que me assaltam, estou a ficar irritado, não costumo descontrolar-me, nem lembro já quando isso aconteceu a última vez, mas esta Gi dá-me cabo da paciência, precisará meter férias para escrever uma resposta ? Mandar uma mensagem por pequena que seja ? Que razão me assiste ? Talvez nenhuma ! Não é ela maior e vacinada ? Não é ela independente, inteligente ? Não defende ela o seu mundo com unhas e dentes ?

Não posso irritar-me, descontrolar-me, e logo pela manhã, o excesso de adrenalina, o excesso de gente e de carros, o excesso de restaurantes, sempre excessivos na falta de modos e profissionalismo, que a minha actual falta de paciência faz com que abomine, que os ache inexpressivos, exagerados, começando logo nos preços, desmedidos, na exigência de moedas e eu sem trocos, que se lixe o café, que se lixem todos !

Estou sem paciência, pachorra como por aqui se diz, hoje tudo é exagero, tenho que fugir daqui, dar um passeio pela costa, o que a costa ainda tem de bom que me seduz é todo o mar, por vezes a perder de vista, de impressionantes e caprichosas ondas, que para mim são uma delícia de mirar até onde logro espraiar o olhar, pois pois…

Logo eu, que fugi a uma bica em Setúbal, que me iludi, me enganei, não, não, não tenho que pensar para mim meu Deus o que eu fiz ! No que eu me meti ! Enchi-lhe a cabeça de sonhos, desassosseguei-a…

Eu nem sabia ter este poder !

Mas que culpa tenho ?  E será que tenho ? Não, não fui eu, digam-me que não fui eu, ela não é parva, eu não medi o alcance das palavras, que é que eu fiz ? Agora empato, não sei como sair desta, ela não é parva, o que eu disse não teve importância, ela não se deixa levar, porque não me acalmo ? Porquê esta sensação de culpa ?

Não é ela maior e vacinada ? Não é ela independente, inteligente ? Não, não fui eu, digam-me que não fui eu, ela não é parva, eu não medi o alcance das palavras, que é que eu fiz ? Agora embaraçado não sei como sair desta, nem como nela me meti, agora embico e alego falta de tempo, de disponibilidade e indeciso, tanto mais empato quanto mais vontade tenho de correr até lá e cobrar aquele abraço prometido, tenho é medo de a encarar, as mulheres inteligentes sempre me meteram medo, e se ela faz o mesmo ? Se espaçou as mensagens para me arrefecer ? Se as tornou mínimas para me afrouxar ? Para refrear estes ímpetos ilógicos de um amor serôdio ?

Passei ontem todo o dia tratando do jardim fronteiro à casa. Arranquei ervas, alguns arbustos em excesso, para quê ? Para arranjar espaço para as flores, que foram trazidas daquele viveiro/estufa ali aos Canaviais e irão alegrar solenemente as minhas chegadas a casa.

Tudo porque ela não escreve e me desespera, e cuidar das flores é ajudar-me a passar o tempo que a resposta tarda em chegar.

É isso ! É por isso que ela fala pouco ! É por isso que as mensagens são pequenas sabendo ela que tal detesto !

Está a colocar-me no meu lugar, está a colocar-me à distancia, ela sabe como lidar com estes desvarios, com parvos como eu, quem o não sabe sou eu, que não sei nada de mulheres, são para mim um cada vez maior mistério, serão sempre…

E as flores, que flores ? Flores alentejanas concerteza, daquelas que vimos a alegrar os nossos campos agora que a Primavera vai chegar mas se antecipa, tudo se antecipa, o tempo anda, como gosto de dizer, cambalhotando os nossos dias, só uma mensagem dela se não antecipa, flores amarelas, violetas, rosas, lilases e vermelhas, brancas e azuis, porque é assim com estas cores que pintamos quando meninos ou apaixonados o Arco-íris.

Um aroma salutar e alegre inebria, fará mesmo com que o carteiro se demore um pouco descansando da labuta, a minha amiga Gi não manda cartas, nem flores, flores que me vou habituando a tratar cada uma pelo nome próprio e de família, terei que estudar de novo a botânica das roseiras de todo o mundo, o que não consegui até aqui.

Talvez um dia traga do Algarve uma amendoeira, talvez venha a contribuir para preservar a espécie, talvez à sua volta falemos do que não devíamos fazer, talvez... mas que fiz ? Que estou a fazer ? Que nos estamos fazendo ?

Estou incapaz de imaginar a beleza do Algarve na Primavera, nada de excessos, de excessivo só mesmo aquele mar de pétalas branco-rosa, tornando exuberante a mesma paisagem que no verão se nos mostra árida, seca, agreste. Como estes dias, estas horas, crestadas pelo desespero de um sinal. Olho o céu na esperança, como se dali viesse, pelo éter, o fluxo virtual que aguardo ansiosamente, vejo aves, caminhando para sul, aves de arribação a quem solstícios e equinócios traçam os rumos.

Contristado, pela primeira vez na vida sem um rumo que me guie, voltarei com a alma por preencher mas desperta ao meu jardim, ao meu Eden.

Se me deixassem encheria toda a cidade de flores, flores e mais flores, de todas as cores e espécies, até que alguém notasse que aqui se teima pela vida e que não, não estou maluco.  






sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

101 - ESSA RECORDAÇÃO TRANCADA, ÚNICA ...



É domingo. A solenidade do dia e o frio quebram-me as rotinas. Uma vaga sensação de frustração anima-me, mas não me anima. O fiasco na reescrita e reenvio de uma simples mensagem vira-me contra estas novas tecnologias que nos virtualizam a vida mas não inculcam virtudes.

O que eu procurei no “Gifs Flash do ORKUT”, e no “Glimbo”, um ramo inimitável de rosas que a fizesse vibrar e lhe desse testemunho do meu querer e esta porcaria volta a colocar-me mal, volta a não funcionar, tudo parece virar-se contra esta tão surpreendente quanto aberrante e contra-natura amizade. 

Saio a pé para distrair, o sol que ela me lembra retraiu-se e tive por momentos de aconchegar luvas e cachecol. Enganou-nos a todos este astro tímido, brilha mas não aquece e o povinho, que nada parece esquecer, afirma há muitos anos tal coisa não se ver. Verdadinha que se não vê, pior, sente-se na pele e de tal modo que, tiritando mas gozando os luminosos raios em que me enleio, não evito, nem pelo frio nem por ser domingo, este meu passeio de meditação.

Já lá vão três bicas, bebidas como brasas com que procuro alimentar a fogueira ou a fornalha do meu viver. Vou desandando, abandonando as ruas e escolhendo os caminhos matizados por este sol que me refresca enquanto, delícia das delícias, do Céu o arco-íris me abençoa.

Flores numa amendoeira que em força floriu, única por aqui, flores como eu transidas, ou que se quedam como avezinhas inactivas nos canteiros que soalheiros ainda não foram este ano, ou, envergonhadas, fechando-se em copas, não desabrochando por represália o encanto das suas pétalas e cores.

E não consegui largar na página daquela mulher única, daquela mulher de força o ramo que escolhera, nem lergar nem esquecer as flores escolhidas, malditas de novo e duas vezes estas tecnologias.

Poucas são as flores que, quedas e mudas pelas geadas que as tolheram, se arrogam um ar de sua beleza. O tempo anda cambalhotando o planeta, qualquer dia, rotações transladam-se, cortam-nos as vazas numa mão para que não tenhamos naipe. Emissões e poluições irão traçar-nos ao arrepio os hábitos futuros e o virtual mas não virtuoso progresso corta-me as possibilidades, as opções. Por enquanto nada parece acontecer neste cantinho para além do frio sofrido. Enrolo-me em mim e continuo este passeio de passos perdidos.

Rumo além, onde, indiferente às cambalhotas que damos, outras lindas amendoeiras, alinhadas e garbosas como pavão há muito não visto por estas terras, exuberantes, mostram já os seus leques de ramos floridos. Há cores que acalmam, as amendoeiras sabem-no pois nos bafejam com seu hálito. Não estou só, muitas flores debaixo delas se acolhem, como que sorvendo o odor idílico que me aquece a alma mas gela o nariz. Bato os pés, esfrego as mãos e, de luvas, tento apanhar o ar expirado, nuvem dissipada no mesmo gesto que enreda pensamentos e une propósitos.

Ao abrigo desse halo celeste troco com elas pensamentos, como se nos conhecêssemos há muito. As amendoeiras, de ramagens de malha larga, envolvem e enquadram o meu espírito, não perco o astro-rei, nem o aroma desse turíbulo natural, qual incenso de rosa pintado que, enlevado, gabo. O ar, aromatizado mas frio, não me cresta contudo o imaginado diálogo.

Escuso admitir porquê mas sinto agora menos frustração, opressão, fico expectante, como se do abraço dessas amendoeiras fluíssem apaziguadores esteios que, hoje, agora, e nos dias que hão-de vir, sosseguem ânsias e crispações urdidas, crestadas pelo Inverno e pelo lamento da técnica, que como ele me trocou as voltas, me deixa em estase.   

Ensejo roubar ali mesmo um ramo florido, retraio-me, as árvore são nossas, de todos, em vez disso fecho os olhos, respiro fundo, trancando essa recordação uma vez mais e suspiro de alívio por o tempo estar a mudar, e, enquanto o faço, imagino um florido ramo de amendoeira, vogando no espaço, caindo suavemente no colo dessa mulher única que me prendeu o pensamento.


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

100 - COM TODO O DESPEITO...


Estamos mal como país, é um dado adquirido, porém caminhamos para pior… e uma certeza sempre é algo mais palpável, aceitável… Contudo, só néscios acreditariam numa melhoria, rápida ou não.

Sempre vivemos em crise, o período Salazarista foi uma época de crescimento, excepcional, mais por ter crescido, não por terem sido fenomenais os resultados conseguidos, ou os níveis de bem-estar obtidos. Todavia os de hoje sim !!! Envergonham-nos !!!

Le 25 avril était seulement un interrègne dans le crise endémique du pays ... Pensámos estar vivendo no melhor dos mundos, ou, pelo menos, num país de esperança, afinal nem uma coisa nem outra, e mesmo essa nos é retirada...

Vivemos do emprestado, como sempre vivemos, e para o efémero, como habitualmente… Mas, se as crises do fim da monarquia ou as dos primórdios da república demoraram cinco a seis décadas a ser debeladas, (60 anos para sacudir o jugo de Espanha em 1580-1640, lembram-se?), não sei qual a razão pela qual o pessoal acredita agora que em meia dúzia de anos ou em duas ou três legislaturas a coisa se recomporá.

Idiotas como sempre fomos e somos, é o que me ocorre dizer…

Enterrámos a Educação em dinheiro e temos gente mais estúpida, menos culta e educada. Afogámos a Saúde em dinheiro e temos a saúde mais cara que nunca, subsidiámos a agricultura as pescas e a economia até definharem por completo, encarniçámo-nos vivamente contra quem alguma coisa queria fazer e agora queixamo-nos de que o investimento caiu a pique…. Construímos estádios e engordámos oportunistas… agora ficaremos a ver navios e a lamber os dedos pelo menos mais uns bons cinquenta anos…

Mais de quarenta levou o “ Salas “ a endireitar esta merd@ e os erros que lhe couberam em sorte quando tomou posse. Agora a coisa está muito pior que em 1926-1928-1932, e nós muito mais mal habituados exigentes e intransigentes…

Ocupámos os anos de democracia a lutar parlamentarmente por salários dignos para gestores, deputados e ministros, para que não houvesse desculpa que justificasse a falta dos melhores, criámos as melhores condições para “eles”… e que fizeram “eles” ?

Deram-nos a maior banhada do mundo… pobreza, miséria, a ausência de futuro…

Foi isto o melhor que conseguiram ? Francamente, para gente tão bem paga é muito, muito pouco…

È suposto socorrer com os lucros de empresas públicas sectores por natureza forçosamente deficitários como transportes, saúde, justiça e educação por exemplo, mas onde as empresas públicas rentáveis ? Onde os lucros se se resumem praticamente á CGD ? E a TAP, EDP, GALP, PT e outras que tais que ou nem são nossas ou jamais deram ou darão lucro ? E por que tenho eu que assumir os prejuízos da TAP se quando preciso andar de avião a preços aceitáveis tenho que recorrer ás low coast e a Faro ?

E ainda me dizem que gestores e políticos não deviam ser julgados ?

Nos idos de 70 / 80 era o aqui D’el-rei !! O poder tem que passar dos militares para os políticos !! Ao que estes anuíram com o célebre contrato dos 3 D’s… a saber: Democratizar, Desenvolver, Distribuir… mas até hoje só vi distribuir parvoíces, exigências e sacrifícios. Onde estão os lucros ? E ainda acham que os nossos gestores e políticos não deviam ser julgados ?

Multiplicam-se casos sem fim na justiça, como o Freeport, Face Oculta, Portucalle, Submarinos, Isaltinos e quejandos tais que acabei de fazer uma consulta no Google e me aparecem cerca de novecentos em investigação…

Fico pensando que todo o bicho careta, familiares e amigos próximos se encheu como nunca.

Os poucos políticos avant le 25 April que conheço não escapam a ser alvo de acusações na praça pública e não só, de oportunistas, tachistas, untuosos e seguidistas, mas sobretudo de serem cegos para a ética, e tanto mais cegos quanto mais próximos dessa ética republicana e democrática que tanto alardeiam defender se encontrem. Ora a justiça precisa funcionar não somente para condenar os culpados, mas igualmente para subtrair a suspeitas os inocentes e que creio sejam a maioria !

Há dez anos Guterres foi um visionário, viu o pântano e abalou fugindo, correndo. Barroso veio acudir, mas só até nos descobrir de tanga e então ó pernas para que vos quero ! São hoje os dois mais significativos casos de emigração bem sucedida, porém ninguém mais viu o que eles viram, ou emendou os erros que tanto os assustaram.

De governos votados e legais saíram fornadas de lobystas, manigantes de influencias, a nata da nata dos bandidos de colarinho branco, tão bem à portuguesa, e assistimos impávidos à sua desfaçatez despudorada !

Parece governar-nos gente atrasada no tempo, que não viu, por não ter querido ver, a velocidade a que o mundo agora roda e o tamanho que o mesmo tem, menor e mais rápido, todavia mais importante que os seus comezinhos interesses se comparados com os de toda uma nação !

Nação em que só em jogadas de experts da finança, os mais experts ainda que o filho do Lima… tão novo e tão dotado e prendado… parecem saber mover-se…

Teresa Guilherme, essa personalidade que nos servem como exemplo, terá afirmado uma vez não dar a ética de comer a ninguém… Ora parece haver muita gente que se bem o pensa melhor o faz. Hoje são por demais as situações em que a moral é publicamente pisada e vilipendiada, patriotismo, nacionalismo e coesão não se forjam assim... Levando todos a pensar que se pudessem se desfaziam já desta merd@ de gente e de país.

Tenham calma.

O pior está para vir.

E com gente desta no leme, o fundo não é uma miragem, é uma certeza.


E ainda me dizem que gestores e políticos não deviam ser julgados ?



quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

99 - CHOREI, ACREDITEM..................



Portugal tá na merd@.
Quanto mais os personagens ou actores oficiais desautorizam, desacreditam, desmentem o que quer que seja, mais se sente que ou mentiram ou mentem.
Quando a UE, a OCDE ou o FMI auguram uma desaceleração da taxa de crescimento, uma subida da inflação, ou o BCE uma subida das taxas de juro, ou a Quercus uma variação climatérica negativa, e de imediato alguém vem contraditar, já está, não vou acreditar !
Se alguma coisa aprendi ao longo de trinta e tal anos de democracia que levamos é que todos nos mentem com quantos dentes têm na boca, que a crise anunciada já tinha começado em 1973 é uma despudorada mentira, não é a mesma crise, é nova, é nossa, é democrática… nem a combateram, nem a debelaram nem se acabou, e duvido que alguma vez venha a ser exterminada, nós talvez... se não nos cuidarmos...
Não porque seja invencível, mas sim por ser altamente improvável haver um sacan@ com vontade e sobretudo com bom senso e capacidade mínima para o fazer.
Bem sei não ser meu hábito arengar aqui sobre estes temas mas, tal como Nero, que num momento de tédio mandou incendiar Roma para se divertir e tendo sido tal o reconhecimento demonstrado que, para jamais ser esquecido, de vez em quando prantamos o seu nome num cão, igualmente o nome de mui boa gente sempre na boca dos telejornais devia animar as hostes caninas !
Mas estamos a desviar-nos do caminho da virtude, lá para o nordeste eclodiu uma associação que tomou em braços a defesa do gado asinino, do burro, sabem o que é ? De orelhas grandes, mais pequeno mas mui parecido com um cavalo ? Pois bem, o nome de muita gente hoje famosa devia ser prantado nos burricos em homenagem ao esforço e dedicação com que nos têm 7odido a vidinha vai para mais de trinta aninhos…
Que acham? Ponho um pedido de assinaturas de apoio a correr na net ? Há quem por menos o tenha feito.
E tanto me tenho lembrado disso…
A propósito, recordam o Hitler ? Esse foi tão bom que nem aos cães deram o nome ! Um bandido ! Verdade ! Ninguém duvida ! Pois esse monstro, há uns bons anos pôs-me a chorar sabem ?
Era eu estudante de história, quando me calhou ter que fazer um trabalhinho sobre a ascensão económica do III Reich.
Bem… ainda fui até à Faculdade de Letras da capital p’ra ver se comprava um barato, já feito, ás vezes encontravam-se, e os contínuos vendiam aquilo por tuta e meia, ou não estivéssemos em Portugal !
Se calhar pensavam que só os diplomas do engenheiro e do Relvas eram passíveis de mácula ? Quantos milhares o serão !
P’ra ser franco só aprendi história depois de me darem o diploma, tive professores claro, uma maioria que já nem lembro e que nunca o deviam ter sido, (nunca deveriam ter sido profs... e muito menos meus... ) muitos outros que por más razões não esquecerei nunca, e bem poucos por boas vivencias e que jamais olvidarei, mas esqueçamos demónios e deuses, oportunistas e incapazes que a estória de hoje é outra e não quero indispor-me com ninguém, bem chega o que passei nas mãos daquela cáfila que quero e me esforço por esquecer.
Concluindo, lá tive que ser eu a fazer o trabalho sobre a economia do III Reich, e não é que me vieram as lágrimas aos olhos ?
Vocês sabiam que Hitler gostava do seu povo ? Amava o seu povo ? Senão como justificar que tivesse encomendado num caderno de encargos com especificações rigorosas para ser construído, por pouco mais dinheiro que uma motorizada, um automóvel fiável, capaz de albergar uma família ! Não é comovente ? Digam lá se não é ?
Assim nasceu o Volkswagen carocha, fruto do amor de um tirano pelo seu povo, inacreditável ! 
Dói, eu sei, custa a aceitar, concordo, mas é verdade, a história por vezes conta-nos a verdade sabem ? E eu cheio de ciúmes pá !
Talvez não acreditem mas foi aí que começou a minha admiração por quem gosta de nós ! Fiquei tão sensibilizado ! Aquela prova de amor deixou-me completamente desarmado !
E depois, o tempo foi passando, eu sempre esperando ser amado, sempre esperando uma prova de amor e nada, cada vez mais frustrado, cada vez mais desiludido, e nem um democrata, nem ao menos um social democrata, até que desacreditei de todo, nem um democrata cristão, nada, nem um social fascista, nem sequer um fascista, e cada um lembrando-se apenas de si, aboletando-se, amanhando-se, prometendo, primeiro calma, depois tudo, e nada, e eu em desespero, até deixar de confiar, até deixar de acreditar, e nem uma prova de amor, mesmo pequena que fosse, eu nem pedia muito, por fim só já pedia que me ouvissem, e nada, chorei, já homem, chorei, calei fundo a vergonha mas chorei, e isso não perdoo ! 
Não posso perdoar a quem nos tem tramado, atraiçoado !
Não perdoo que não tenha havido de há trinta anos para cá, neste país de merd@, um socialista, um social democrata, um democrata cristão, um filho da put@ qualquer, um c@brão qualquer, um bandido qualquer, que tivesse resolvido um só dos problemas que desde então temos, na saúde, na justiça, na educação, na economia, na habitação, no emprego, cada qual entregue a uma classe privilegiada, a uma ordem profissional, a um grupo industrial ou financeiro, a gestores sem escrúpulos, burocratas acéfalos ou políticos t@chistas, enfim, um anormal qualquer que nos dê uma demonstração de amor, que nos defenda, que providencie pelos nossos mais comezinhos interesses, que por um minuto apenas se esqueça dele próprio, e só peço um minuto porra !
Por isso não se admirem que tenha com convicção revisto as minhas posições e preferências, que deseje hoje ardentemente um qualquer tirano que mostre a essa gente como se ama um povo, como se defende um povo, um tirano forte, ombros largos, tacão duro e de preferência fotogénico que lhe quero pendurar uma foto ampliada e colorida na sala porra ! Em todas as salas fonix !
E que seja mostrada e pendurada em todas as escolas, e os dias amanheçam radiosos e solarengos, e a gente aprenda e saiba mais que a escutar os problemas da Carolina Salgado ou a conhecer as plásticas da Elsa Raposo, ou da Casa dos Segredos, espero ansiosamente um homem providencial, amante da pátria, que reponha a glória da raça, restaure o patriotismo e nos mande prá cama à meia-noite por termos trabalho a fazer no dia seguinte e bem cedo !
Claro que essa coisa da imaginação ao poder que em 68 tanto brado deu em França terá que cá chegar um dia, quando nem faço a mínima ideia.
Viva Portugal !
Viva a raça portuguesa !
Por uma constituição defensora de um estado novo !
Tudo pela nação, nada contra a nação !
VIVA !!!!!!!
Viva o 1º de Dezembro !
Viva a nova Restauração !!!

Viva o IVA a 13 % e a bica a 50 centavos !!!

(Sobre o tema aconselho a leitura da Revista Visão, Nº 797, páginas 50 a 62, nada de sustos, têm muitas fotos)