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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

310 - CRISE OU OPORTUNIDADE, 危机或机会 .......

                         Genghis Khan montado no seu cavalo e olhando o futuro...

Bento Espinoza, nascido em 1632 na cidade de Amsterdão, filho de Miguel Espinosa, natural da Vidigueira, Alentejo, e descendente dos judeus expulsos daqui em 1497 por El-Rei D. Manuel, era leitor frequente da Biblioteca da sinagoga de Amesterdão, que funciona ininterruptamente desde 1616, é a mais antiga biblioteca judaica em actividade, e na qual, procurando bem entre os banquinhos corridos, com gavetas para guardar uma espécie de cachecóis e os chapelinhos do culto, encontraremos numa placa o nome dos homens que ergueram o templo de que vos falo. O homem pensa, Deus quer, e a obra nasce, esta nasceu pelas mãos e contributos de Moisés Curiel, Daniel Pinto, Moisés Ismael Pereira, Isaac Pinto, José Israel Nunes, Samuel Vaz, David Salom de Azevedo, Abraão da Veiga, Jacob Aboab Osório, Jacob Israel Pereira, Isaac Henriques Coutinho, Isaac Aboab da Fonseca.*

Bento Espinosa era quadrilingue, esse homem ilustre que hoje tão bem conhecemos era descendente de gentes que Portugal não quis, mais tarde o Marquês de Pombal (1699-1782) viria a perdoar-lhes as acusações de que tinham sido alvo desde o tempo de D. Manuel e da posterior Inquisição, a quem nem os cristãos novos escaparam, perdão que já o Padre Jesuíta António Vieira (1608-1697) exigira, padre que se bateu inclusive e muito antes do tempo pela abolição da escravatura, a qual viria a acabar precisamente às mãos de Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, corria o ano de 1761.

Recordo tudo isto pois Bento Espinosa, a quem devemos a “Ética” (em latim: Ethica, ordine geometrico demonstrata), a obra-prima do filósofo holandês de origem portuguesa Bento Espinosa, "Baruch de Espinosa " Benedictus Espinoza, mais conhecido como Benedito Espinoza, obra que está Dividida em cinco partes, a metafísica, tratando do ser, a ética que trata do homem, a terceira que aborda os afectos, a quarta que nos fala da servidão humana, e a quinta, fazendo a apologia da liberdade, obra que foi publicada pela primeira vez em 1677 e que nem por ser antiga, famosa e de leitura altamente recomendável parece ser conhecida dos nossos políticos. Contudo devia ser.

A ignorância da história, da filosofia da ética e da moralidade leva a que façamos figuras de urso, como foi o tristemente caso de Neville Chamberlain, 1869-1940 (que vá lá saber-se porquê confundo sempre com Konrad Adenauer, 1876-1967), e se escrevo tudo isto hoje é por me parecer estar de novo a Europa pejada de Nevilles Chamberlains em tudo que seja lugar decisivo, e o pior é que 80% dos europeus, e talvez 90% dos portugueses nem saibam quem foi esse tal Neville nem em que trabalhos se viu metido ou a figura de parvo que protagonizou e que o remeteram para as notas de rodapé da história. A história devia ser para nós como uma mãe, porém fazemos dela madrasta, esquecemo-la, ignoramo-la, e quanto mais o fazemos mais ela se vinga e se ri de nós a bom rir.

Mas também eu neste momento rio a bom rir, porque a Micas levou demasiado a sério os dois dias seguidos de sol que nos alegraram as manhãs desta semana, e apareceu com umas leggings que lhe moldam até o tutano do escafóide o que, se por um lado a tornam radiante, por outro atestam que ainda vale a pena comprar-lhe os jornais, as revistas, e as flores, mesmo sendo de plástico, pois o resto não é…
O amarelo desmaiado dos leggins da Micas

Quem também se deve estar rindo são os fantasmas daqueles que marcaram a história com um cunho bem vincado, D. Afonso Henriques, Infante D. Henrique, Vasco da Gama, Fernão de Magalhães, Pedro Alvares Cabral, Fontes Pereira de Melo, Pombal, Mouzinho da Silveira, Salazar, Franco, De Gaulle, Churchill, Hitler, Mussolini, Tito, Estaline, Lenine, Mao, Putin, Alexandre Magno, Gengis Cão (Genghis Khan), Leif Erikson, e concluo que estes sim, para o bem e para o mal foram líderes que se souberam impor, marcar posição, fazer história, fazer andar o mundo, as coisas, as suas cidades, os seus países, e se me estou rindo é apenas por mentalmente os estar passando em revista e comparando com os pintarroxos que há quarenta anos nos governam e nem merecem uma morte honrosa…

Se PPC era um garoto aldrabão e trapalhão A. Costa não passa de mais um trapalhão aldrabão, quer um quer outro haviam jurado subir o que desceram e descer o que afinal subiram, um e outro navegaram e navegam ao acaso, à bolina, ao sabor do vento, sem rumo e ao sabor das circunstâncias. Nunca iremos longe com caramelos deste jaez, o primeiro ajoelhou ante uma Europa de Nevilles, ela própria, como o FMI, tendo assumido e retractado já quanto aos clamorosos erros cometidos contra nós, agora, e perante Costa, Pedro critica o que devia ter contestado, e Costa enfrenta-a com um programa pouco menos que decalcado do de Pedro, um voltando a dobrar a cerviz e o joelho, outro não sabendo nem ousando sair de um austeritarismo balofo, parvo, inconsequente e inútil.

Para governar é preciso ter visão, não basta ter lata, onde teriam ido os homens que atrás citei sem essa visão ? Esses homens não avançaram em tempos de vacas magras, todos pegaram o touro pelos cornos quando os seus países ou povos atravessavam crises, fizeram dessas crises oportunidades, oportunidade que quer com um quer com outro nós já perdemos e continuamos a perder, sem que nunca reformemos devidamente Portugal. Arte é isso, começar no fundo de um buraco e erguermo-nos aos céus, nada tem de artístico fazer floreados com uma mão e aumentar os impostos com a outra…

Desta vez a Troika traz essencialmente 3 grandes dúvidas, a primeira quanto ao orçamento, já o sabemos eleitoralista e com mais do mesmo, uma estratégia vergonhosa onde para alimentar a voracidade dos trabalhadores vanguardistas do sector público se esmagam com impostos os eternos escravos do sector privado, a segunda abordando o investimento, que seja público ou privado se resume praticamente a zero há bué de anos e a fiscalidade que nos sufoca e não deixa dar um peido. Não ter reformado o estado está a custar-nos os olhos da cara, finalmente o terceiro ponto de interrogação dos homens de negro, a economia, para a qual há muitos anos há resposta, podemos afirmar que quer anteriores governos quer o actual dedicam à economia uma especial atenção e a encaram e sempre encararam com muita fé, muita esperança, e sobretudo com uma gigantesca e esfuziante confiança na sorte.

De PPC nunca esperei nada, não tem conhecimentos nem cultura para o que quer que seja, mas de A. Costa esperava mais, e esperava sobretudo capacidade para dar um murro na mesa e colocar todos em sentido;

- Quem manda aqui sou eu, e quem não se sentir bem que se mude…

e devia ter começado por Maria de Belém, que não só fragilizou como ridicularizou o secretário geral, o partido e o primeiro ministro, Nóvoa não pontuou mas também não envergonhou. Tal como PPC se deveria calar ele mesmo ou mandar calar Marco António Costa, pois peroram exigindo credibilidade moral aos outros, precisamente aquilo que de modo gritante lhes falta.

Os partidos têm que deixar de ser muletas incondicionais de todos os coxos, cegos e outros deficientes e aleijadinhos que lhes cabem em sorte como presidentes, deputados ou ministros, com gente que só os desprestigia e diminui. Parasitas e inúteis não podem continuar a acoitar-se nos partidos e a viver e sobreviver à custa de gente séria, todos os dias temos exemplos desses, desde o 44 ao 99… De tachistas e comissionistas a ou corta-relvas…

Um PM tem que ser o cavaleiro andante dos interesses do país, de todos, e não do partido ou de facções, não de classes, freguesias ou cidades, tem que saber o que quer e para aonde vai, tem que ter visão e não somente o desejo de se sentar na cadeira do poder por mais enganador que ele seja. Portugal tem que deixar de ser guiado pela UE e pela Troika que parecem saber melhor que  nós, e sabem, não o duvido, os caminhos correctos que deveremos trilhar, começando por produzir, produzir, produzir... O mal deste governo foi começar a distribuir o que custa a arranjar, o que não temos, e ainda por cima de forma grotescamente iníqua... Repondo a meia dúzia de bem aventurados o que nunca suaram para conseguir... Infelizmente caminhamos para uma situação em que já só já falta que as finanças nos assaltem à beira da estrada, como fazia o celebérrimo bandoleiro José do Telhado.
                      Posição a partir da qual se pode imaginar o escafóide da Micas

Ainda é cedo para alças e mangas cava, as tardes ainda refrescam por muito soalheiras que as manhãs sejam. A minha amiga Micas arrisca-se a apanhar uma pneumonia de que nem a fé em Deus a livrará, por enquanto e pelo que vejo é só mostrar saúde e provar ter ainda algo que se veja…

- Olá senhor Baião, por aqui hoje, então o que vai ser ?

Repentinamente fiquei sem fala, não ia dizer-lhe que o conjunto vermelho lhe assenta melhor que o azulão, que por sua vez está longe de igualar a sensualidade do fúxia, ou que aquele corte de cabelo lhe fica a matar e a torna super super sensual, meto a mão ao bolso e agito as massas, isto é faço tilintar as moedas, uma brincadeira para ganhar tempo pois fui apanhado de surpresa e nem sei que responder-lhe.

- Como disse senhor Baião, a Exame, a National Geographic, a Visão Júnior para a netinha, Corte & Costura para se entreter ?

Mas eu não a ouvia, pensava na Carmo que me atirara um “Rezemos Para que esta corja caia rápido, Estes ainda São piores que o outro, Promessas e benesses de quem sempre teve o cu lavado com agua das malvas e ainda assim se queixa, Bardamerda para isto tudo, Na próxima voto MURP”… Enquanto eu lhe concedia razão e me lembrava de quantos e quantos Espinosas não obrigamos, por falta de condições, a fugir de cá…. 

       Não é de partidos da treta, de coligações ou de parlamentares vendidos nem de grupos parlamentares dominados e dóceis que precisamos, é de homens com visão e que saibam ver o futuro.... 

            Decididamente só cá ficou o refugo….

* Pedro Mexia – Os Judeus de Portugal, Revista E 2257, 30-01-2016


                                   A Micas e as amigas dançando em leggins

domingo, 15 de janeiro de 2012

103 - CEGOCENTRISMO.......................


Gosto de falar com o Paulo P. e com o Baptista, além de revelarem maturidade, revelam também, coisa rara nos dias de hoje, uma preocupação e visão do futuro não desfocada da realidade.

 Numa dessas nossas conversas, e a propósito de uma peça que o primeiro viu no “VILLARET”, consagrada aos usos e costumes nacionais, em vez de nos ficarmos pela rama, derivámos mesmo para uma apreciação mais objectiva, racional e baseada em factos concretos, tal como aconteceu após o experimentalismo português, com o nascimento do racionalismo, do positivismo, dos enciclopedistas, da ciência em geral, assuntos que vínhamos discutindo há dias.

 Sendo uma questão que por norma eu não tenderia a abordar aqui, já que pode ser considerada melindrosa por alguns leitores, mas sem querer deixar sem resposta os meus amigos, abordarei o assunto de forma isenta, e de cujas observações não me excluo.

Assente portanto a ideia que sou pecador, mortal e falível quanto qualquer de vós, vamos ao que interessa.

 Consultado o tira teimas de um Dicionário, logo concluímos, sem dúvida, metódica ou não, o seguinte: “ Egocentrismo; Ego; “eu”, o nosso eu “. Tendência para referir tudo a si mesmo, atitude normal para a infância, ausência de distinção entre realidade pessoal e realidade objectiva, ou seja ver as coisas como nos convém, não como são, e geralmente com uma análise muito infantil e nada profunda.

 “ Etnocentrismo; atitude baseada na convicção de que o povo a que se pertence, com suas crenças, tradições e valores é um modelo a que tudo deve referir-se, Etno; povo, nação, raça “. Que é o mesmo que dizer que quem não for como nós é contra nós, e não é perfeito.

“ Narcisismo; amor excessivo e doentio à própria pessoa, caso em que o objecto do amor é a personalidade própria, homem enamorado de si próprio, vaidoso, adamado “. Aquele que se revê na sua beleza ou nos seus méritos pessoais, méritos que normalmente nega ver nos demais.

 Ora estas qualidades, ou a falta delas, são infelizmente comuns a muitos de nós. Ainda muito recentemente a imprensa se referia a um inquérito efectuado junto de gestores estrangeiros em Portugal, incidindo sobre a sua visão do gestor português. O resultado, divulgado junto do público, mostrou-se arrasador para os nossos homens, cuja única nota positiva apareceu no item do “improviso”, o que não abona nada em seu favor nem conduz a proveito palpável ou duradouro.

 Acontece que o nosso planeta é hoje um vasto reservatório de saber, e nos países mais evoluídos, a palavra-chave tem sido, na última década, a descoberta de competências, nos outros, e que se possam misturar com as nossas, empatia na acção.

 As competências individuais, ou nucleares já não chegam, (nunca chegaram), hoje impõe-se o trabalho em parceria, a recombinação de competências, (as nossas e as dos outros) e de capacidades para atingir objectivos comuns e mais elevados.

 A inovação, área em que somos pobres, só de mãos dadas se consegue, longe vão os tempos das descobertas e invenções isoladas, hoje tudo se complicou, no sentido de maior complexidade, e globalizou. A modernidade, a concorrência, a produtividade, não se compadecem com amadorismos ou improvisos.

 Há que estabelecer estratégias de intervenção que forçosamente contem com as capacidades dos outros, aquilo a que chamamos trabalho de equipa. O português dá-se mal com o trabalho de equipa, e as razões podem ser variadas, tais como a fuga de cérebros ou a ausência deles no momento e no lugar, ou baseadas na justificada falta de confiança e capacidade nos que nos rodeiam por muitos que sejam.

 Uma outra faceta que ao português tolhe a capacidade é o facto, muitas vezes assumido, de se ver ele como o único capaz, com razão, conhecedor dos factos, e sem o qual nada é possível fazer-se, ou fazer-se bem feito, são, no caso, tarefeiros e individualistas assumidos.

 Temos por um lado o improvisador nato, e no extremo oposto o perfeccionista empedernido.

 Entre um e outro encontraremos a razão, talvez não a virtude, nem sempre necessária, mas pelo menos o motivo para que em conjunto consigamos transpor obstáculos que pela sua natureza serão impossíveis de galgar sozinhos, esse sim, o nosso calcanhar de Aquiles.

 Por estas e por outras, uma vezes nada fazemos, outras fazemos menos do que seria útil ou possível, outras ainda, fazemos alguma coisa que, posteriormente e para que lhe não percamos o controle, não deixamos crescer, ou seja, limitamos-lhe o crescimento.

 Tal qual como os pais que, não reconhecendo capacidades aos filhos, os tratam sempre como se fossem crianças, incapacitando-os de se tornarem homens autónomos, confiantes, capazes e empreendedores.

 Muitos acomodam-se a esta situação e viverão sempre à sombra sem que nada criem, outros sentir-se-ão limitados, desmotivados e logicamente acabarão por produzir tanto quanto os primeiros.

 Entre uma atitude e outra, e apesar da aparente complexidade da coisa, entre um extremo e outro diria, venha o diabo e escolha ...