Mostrar mensagens com a etiqueta desemprego. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta desemprego. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

312 - CRISE, SEPARAÇÃO, DIVÓRCIO.....................


Naturalmente não posso deixar de ser critico de palhaçadas quer à direita quer à esquerda, parece até sermos dois países num, ou três em um, quatro em um, existe um Portugal Dos Pequeninos e existe um Portugal pequenino por cada partido de merda dos que há quarenta anos se sentam na Assembleia da República e que, por acção ou omissão nos meteram neste buraco.

E que fique desde já esclarecido, se critico aqui ou nas minhas páginas nas redes sociais o meu partido, é por me sentir com direito a isso, se ele me mente e engana há quarenta anos e é um dos grandes culpados da pilhéria em que vivemos, também eu tenho direito ao meu desabafo, até por não ser do meu feitio mudar de partido, não sou eu quem está errado, é ele, logo é ele quem tem que mudar, e não eu.

Quem perde votos e eleitores há quarenta anos não sou eu, não sou eu quem perde eleições consecutivas, não sou eu quem protagoniza episódios oportunistas que envergonham, não sou eu quem se cala e consente no seu seio gente que apouca, que desprestigia, que envilece, não serei eu a visitar na prisão quem clama por uma justiça transparente sem que alguma vez tenha dado um passo na vida que não seja opaco, não sou eu quem segue a voz do dono num unanimismo maniqueísta falso e num seguidismo doentio, vereda directa apontada ao oposto do que apregoam, não sou eu quem há quarenta anos assume abstenções violentas ou vota “nim”, o tal nem sim nem não cujo resultado estamos a ver, que afugenta os veros socialistas e mantém no partido oportunistas ou beneficiários de subvenções vitalícias, vergonha das vergonhas.

Eu sou socialista e o meu partido algum dia o será, não tem sido, nunca foi. Portanto, se o crítico faço-o por ser o meu e querer o seu bem, faço-o nas minhas páginas, jamais o fiz nas páginas de outrem, como jamais critiquei outros partidos nas minhas páginas e muito menos nas de outros. Haja decoro.

E já que estamos em maré de avisos deixo um para as senhoras, por favor, lá porque eu deixo um like ou um bonequinho amarelinho daqueles emojis com um sorriso, tal não quer dizer que vos esteja a cortejar, por favor deixem de me telefonar e de me enviar mensagens e e-mails. Até porque já estou comprometido pelo menos até 2050.

Neste país a crítica interpartidária soez e a baixeza têm adquirido foros impensáveis, e os partidos não expurgam das suas fileiras os mais cretinos de entre eles, parecendo mesmo estar a classe dos idiotas apoderando-se de direcções e presidências. Assim nunca iremos lá, nem com o Pedro nem com o Costa nem com nenhum que se perfile, todos eles sem uma ideia do que seja um país ou de como deve conduzir-se uma nação. 

Morto Salazar por ter caído da cadeira, não foi apeado, julgo até que se tivesse tido saúde o teriam deixado ficar mais uns trinta anos, deposto Marcelo Caetano e assassinado Sá Carneiro (o mistério da sua morte dura há quarenta anos, tanto tempo quanto a decisão final sobre o aborto, o saber a escola que queremos ou se deveremos enveredar pela regionalização, o caso dos submarinos é matéria para durar muito mais tempo a esclarecer, cito estes casos somente a titulo de exemplo, há muitas mais indecisões no cardápio), a verdade é que depois destas três mortes nunca mais tivemos entre nós alguém com um pensamento profundo, com conhecimento, cultura e discernimento suficientes para nos colocar nos carris do bom senso. Mário Soares, que dentro de poucos meses choraremos, tem da democracia e do socialismo uma concepção dinástica que o faz imaginar-se um rei entre plebeus, e trouxe com ele uma praxis da intriga e da chicana politica, mesquinha e vingativa cujo vírus inoculou no partido, o qual demorará décadas a combater, Soares nem é muito diferente de Cavaco e Silva, o grunho que tanto detesta. Bem sei que lhe bati palmas muitas vezes mas julgo ter ele  imprimido na democracia um estilo tal que hoje me interrogo quão prejudicial terá sido, bem podem portanto chamar-lhe o “Pai da Democracia” que o problema é a filha, uma magana que não interessa a ninguém. E para terminar este parágrafo, é olhar à nossa volta e ver onde como país conseguimos chegar…

Após 1945 uma Europa arrasada logrou levantar-se de novo em poucos anos, nós definhamos desde 74 e continuamos sem um objectivo, sem um rumo, sem um desígnio,. Termos empobrecido não foi uma fatalidade, foi uma consequência das mentes esclarecidas que nos têm governado e onde, pelo menos metade da culpa cabe, para meu grande desgosto, ao meu partido, culpa de que nunca se penitenciou nem desceu até nós para nos pedir desculpa.

A partir de 1945 essa Europa que vos falei levantou-se erguendo um sistema bancário e financeiro de confiança, e confiando nas pessoas, por cá, à excepção de Armando Vara, que confiou e emprestou milhões aos amigos sem cobrar quaisquer garantias, a nossa democrática banca só serve para nos esmifrar, enriquecendo ela na razão directa em que nos empobrece.

Portugal precisa de um plano ou orçamento de “economia de guerra”, tal como a Europa fez para se levantar das ruínas, e não estes orçamentos de caca que não levam a lado nenhum, nem a nada, nem à esperança. Não estamos condenados, estamos é rodeados de políticos inúteis, incompetentes, irresponsáveis e ignorantes.

Talvez agora percebam porque há dias afirmei ironicamente, referindo-me a Salazar e Caetano;  Por favor voltem ! Estão perdoados !

Esses sim, esses saberiam avaliar a situação e sobretudo o que fazer, não estes pintarroxos pintados de democratas, com estes jamais iremos a lado algum, sejam eles socialistas sejam social-democratas ou quaisquer outros, e que levam a vida como se nada do que aconteceu fosse com eles. Poderemos nós alguma vez acreditar naqueles que, prometendo-nos uma vida melhor, comecem por assegurá-la primeiramente para si próprios ?

O meu partido tem sido um dos mais prejudicados nesta democracia da treta que tem ajudado a erguer, portanto nem se pode queixar, felizmente para ele não somos como a Grécia, ou a Espanha, quando não já teria desaparecido do mapa, nesta democracia ele é o grande perdedor, considero-o um grande falhanço, falhado ele e por tabela nós…

E já agora tomem os meus leitores nota, acabei de dar ordens para que se construa o novo Hospital Central de Évora, vão ver que será construído, não sei é se daqui a trinta se a quarenta anos, mas nessa altura por favor lembrem-se de mim e do quanto eu lutei para que esse sonho se concretizasse… 

quarta-feira, 29 de julho de 2015

260 - ALL THE ALLENTEJO .......................................

               
              No momento em que, sem hesitações lhe espetaram o facalhão na garganta eu arrepiei-me, e, ainda que a faca não tenha sido enfiada até ao cabo o sangue jorrava em golfadas, e arrepiei-me de novo ao sentir rodarem a faca, como se fosse em mim que a forçavam, arrepiei-me uma terceira vez quando a faca, digo o facalhão, foi retirado e atrás dele mais sangue jorrou ainda, esguichava-lhe e escorria-lhe pelo pescoço quando o meu pai lhe procurou o buraco da primeira facada com os dedos aí introduzindo outro facalhão, de lâmina brilhante e muito mais larga que a primeira, havia que alargar o golpe e sangrá-la depressa.

A tudo isto eu assistia encostado à parede, melhor, colado à parede, enquanto ela gemia, já só gemia, estrebuchara imenso, mas dois homens fortes tinham-lhe colocado os joelhos na barriga para se firmarem e agarraram-lhe com denodo os membros bem atados. O pior tinha sido a atrapalhação do meu pai, mangas arregaçadas, o suor ensopando-lhe a testa, fácies tenso deixando antever os dentes, pequeninos, as mãos pingando sangue, escorrendo sangue, gritando aos homens, ordens curtas, precisas, um último grunhido, minha mãe aparando o sangue num alguidar de barro, a avó Inácia doseando o sal para que não coagulasse, coalhasse ou a rechina não sairia boa, a tia Aia picando a salsa e os alhos para a parte destinada a coalhar e a ser cortada em cubos miudinhos e transformada num petisco.

Homens acudiram à forquilha e aos tojos que, ardendo musgariam a marrã a fim de, com raspadeiras improvisadas lhe retirarem as cerdas, o lume foi chegado às patas e os cascos arrancados fumegantes, eu e outros miúdos lutámos por eles para lhes roermos o sabugo, a marrã inteiriçada, depois lavada até ficar luzidia, dependurada em dois postes atados em X e aberta, os intestinos caindo no chão, as miudezas aventadas para outro alguidar e
repentinamente perdem-se-me as recordações, por que raio não sou capaz de lembrar quem eram os outros gaiatos se era com eles que eu brincava, e tanto que eu brinquei, sumiram-se-me as lembranças, só as recupero em casa, a salgadeira aberta, mantas de toucinho, a perna para presunto pintada com pimentão e colorau, punhados de sal, cheiro a pimentão, muito pimentão na carne, e lá vou eu com a tia Aia p’ra casa da avó Inácia pois em dias assim só atrapalharia e nem vagar havia, nem vagar nem ninguém para tomar conta de mim.

Um dia seria destemido como o meu pai, destemido e convencido, o melhor e mais rápido a matar e abrir porcos no Alentejo, onde por enquanto somente brincava mas a cuja magia me estava habituando, descobrindo e deslumbrando, até com os mimos que me prodigalizavam todos quantos me rodeavam, especialmente a avó Inácia e a tia Aia.

Tantas vezes me disseram ser o Alentejo impar que acabei acreditando, os pais, os avós, tias e tios, até a avó Inácia, com quem em miúdo passava longos períodos de férias na aldeia. A tia Aia também me fizera acreditar em tal, e seria injusto esquecê-la.

Sou extrovertido, e confiante, diria que demasiado confiante (até há quem diga que sou um convencido), talvez por ter nascido aqui, nesta terra de xisto e fragas lascadas, de espaços abertos e campos extraordinariamente iluminados, amplos, resplandecentes, melhor dizer reverberantes se quiser ser fiel à memória da tia Aia, ela chamava-lhe a marca da terra.

A tia Aia colocava marcas em tudo, desconhecia a gramática, nunca ouvira falar de adjectivos, tinha contudo um modo muito próprio de catalogar o mundo, eu, por exemplo, nunca fui só Berto, eu era o Bertinho querido umas vezes e o Bertinho lindo outras, tal como as flores das giestas no campo não eram somente bonitas, eram celestialmente bonitas pois Deus decerto as quisera diferentes de todas as outras, e para melhor.

Já provaram vocês o mel alentejano de abelhas que sobretudo se alimentem destas flores de giesta e esteva ? E já repararam como em relação aos demais o gosto é desigual, para melhor ? Repararam como nem coalha no inverno ? O único que não coalha ? A tia Aia tinha razão, Deus colocou uma marca no Alentejo, aliás várias marcas, até o perfume dessa flor não se limitava a ser agradável, ele era, na tabela da tia Aia, indelevelmente agradável e inesquecivelmente inolvidável.

Custa-nos crer como neste cenário de horizontes largos o homem se deixou aprisionar durante séculos, custa-me aceitar que não tenham partido daqui todas as revoluções, não aceito que a submissão, que o cante alentejano tão bem exprime seja ainda hoje uma das nossas marcas, porque aqui, nestes campos lindos e que, como adjectivaria a tia Aia, luxuriantes, onde a ausência de solidariedade campeia, a única coisa que, mau grado o paredão de Alqueva parece não se deixar submeter é a natureza, que, alheia à luta dos homens se renova em cada primavera e, ao contrário de nós, gente, humanos, prima por manter ainda a diferenciação do carácter das suas estações bem marcado, ao invés do indígena, que aos poucos e em quarenta anos se transformou num camaleão gelatinoso, ou, como diria a tia Aia, em lindíssimos e gelatinosos camaleões, inda que sendo bichinhos que ela, que jamais saíra daqui, vez alguma tivesse visto.

Visto ou ouvido, estas vastas terras aplanam a alma e injectam nos seres vírus de bonomia, estado anímico que a tia Aia, sempre mexendo, adjectivaria de letargia, no que pacificamente lhe concedo toda a razão. Aqui o tempo não anda para a frente, não avança, regride, olhemos as nossas vilas aldeias e cidades e comprovemo-lo, um paraíso perdido, um vazio no tempo que nem Einstein previra mas que agora, mentes brilhantes, vendem aos turistas em pacotinhos de fins de semana, disso se encarregarão os operadores turísticos e para tal a GenuineLand preparou os nativos alentejanos cujo céu, livre de poeiras e fumos, vendemos em pastilhas  de noites de breu com um sabor estrelado através da Dark Sky Alqueva.

A novidade aqui passa só e somente por essas adjectivadas e exageradas promoções, os publicitários sempre foram excessivos, e não o foram ou são somente com este Alentejo, lugar onde procuram, ou alguém força, estabelecer novas tradições com mais rapidez que aquela com que enterram as velhas. Pôr em pé o misticismo Endovélico no Alandroal, obrigar-nos a todos a olhar o balão como pategos no Dark Sky, ou tentar tapar o buraco que a desertificação abriu na peneira com o projecto GenuineLand, embasbacando perante as centenas de empregos, milhares de empregos que estas coisas geram, tá-se mesmo vendo, é andar brincando com o Alentejo.

Brinca-se no Alentejo e no país, agora até promovem e homenageiam quem mais brinca.

Brincalhões …

Foto 1 – A arma usada na matança.
Foto 2 – Monsaraz no horizonte.
Foto 3 - O horizonte visto de Monsaraz.
Foto 3 – Afloramentos de xisto perto da ribeira de Lucefecit.







                      

domingo, 26 de julho de 2015

259 - ARRANJA-SE EMPREGO * Parte 5 …….......…

              
Parte 5 e última O CONTRATO SOCIAL

Entremos de cabeça na quinta e última explanação sobre a área de formação que temos vindo abordando nos textos anteriores com um pedido de desculpas meu. Este verão, o calor e as temperaturas, que não se faziam sentir tão ásperas desde há 85 anos atrás, especialmente aqui no Alentejo, ou a cerveja, com muita saída e provavelmente sujeita a menos tempo de fermentação podem estar na origem do meu esquecimento e consequente descuido.

Seja como for ainda vamos a tempo de acudir à coisa, até por não se tratar de nenhuma desgraça irrevogável, ao indicar-vos a bibliografia esqueci-me citar e recomendar-vos como leitura deveras imprescindível (aliás, como a primeira), um livrinho já com uns anos mas que toda a gente parece ter esquecido, esquecido o livrinho e o assunto, desde governantes a deputados, ex-governantes e ex-deputados de vários quadrantes, políticos em geral, jotas e jotinhas em particular. Logo um livrinho que para eles deveria funcionar como uma Bíblia, trata-se da obra ímpar de Jean-Jacques Rousseau, “O Contrato Social”, no fim do texto deixo um link de um ficheiro em PDF e poderás colher a obra para leitura sem gastares um tusta.

Sim, porque há que ter em conta que o Contrato Social, um direito natural, funciona como um direito adquirido, e não pode ser sobrecarregado com obrigações que este povo tem cumprido sem contrapartidas. Respeitar compromissos não pode ser uma via de sentido único, só de cá para lá, de lá p’ra cá exige-se no mínimo reciprocidade. Até porque só chegámos onde chegámos por também tu seres um camelo, tu e a cáfila de dez milhões que anda por aí pavoneando a ignorância, quer sejam da situação quer sejam da oposição. Admito que por estar resguardado de ti no conforto deste mundo virtual posso arriar-te a valer não é meu artolas ? E já agora dou igualmente razões à tal recalcitrante de merda, que as aproveita todas para me tratar abaixo de besta, tratar e lá no íntimo chamar…

Deves lê-lo com atenção porque, se não sabes deverias saber que há muito tempo todos falham em relação a ti, o que te autorizará (não sou eu quem concede nem tem que conceder autorizações), a que possas tomar, confiada e justamente, com perfeito conhecimento de causa as opções que entenderes. Por mim torná-lo-ia leitura obrigatória nas fantochadas das universidades de verão que os partidos promovem, ao menos sempre aproveitariam alguma coisita. Colocada que está a questão, e as desculpas, importa não deixarmos arrefecer a vaca…

Para hoje ficáramos de abordar a questão crucial das relações sociais e humanas, portanto limitemo-nos à matéria de reflexão, ás amizades, e para despachar o assunto e arrumar de vez a questão terás que saber distinguir as amizades umas das outras e, concomitantemente (mais uma palavra cara ó Xarabaneka, por vezes tenho que te dar razões para teres razão nas tuas cóleras né ?) as suas subtis implicações e articulações, já que neste particular a subtileza conta, e muito. Vamos, para facilitar, dividir as humanas relações em quatro items, não esqueças estarmos a fazê-lo de um ponto de vista profissional e tendo em atenção sobretudo os resultados e os rendimentos, faço questão que comeces por aqui a pôr à prova o teu sangue frio. Deste modo teremos:

Amizades pessoais,
Amizades por interesse,
Amizades que são contactos,
Amizades profissionais,
E as amizades que não interessam a ninguém…

Pois comecemos precisamente por estas já que só passados alguns anos maioritariamente as reconhecemos, convindo estar atento desde já. Claro que existem sempre aquelas que, de tão evidentes podemos logo evitar de início, ou colocar à parte, à margem, logo à partida. Contudo é geralmente somente após alguns anos que bem as conhecemos, classificamos e arrumamos na prateleira das desinteressantes, das inconvenientes, das prejudiciais ou das incómodas ou até mesmo perigosas. Deves agir em conformidade mas sem dar cavaco, isto é sem fazeres alarde da atitude tomada para com tal pessoa (s), não esqueças que quanto menos souberem a teu respeito melhor para ti, “o segredo sempre foi a alma do negócio”. E quem sabe se não será vantajoso fazer-lhes uma visitinha anónima e secreta ? Quem sabe se não nos poderão ser úteis mais tarde ? Infelizmente haverá sempre quem apesar de tudo para nada disso interesse, ou compense…

As amizades por interesse podem ser piores que uma lapa e não te largarem. Confio que saberás lidar com elas, porque eu queria referir-me às outras, àquelas que, por teu interesse deves manter ou fazer, entre essas não faças distinções, em especial no campo politico, mantém-te neutro (a) e aproveita todos os convites e festas e tudo que te permita entrar, observar alvos potenciais a fim de ponderares se poderão um dia valer a pena… Esses amigos podem apresentar-te a outros amigos e assim ingenuamente manter-te num circuito interessante do ponto de vista profissional e da rentabilidade. Apenas uma nota breve, amigos à direita têm tendência a habitar casas mais recheadas e mais ricas, ainda que também melhor protegidas. Amigos à esquerda acumulam mais tralha e livros e menos valores, mas atenção, entre esses alguns há a quem a vida permitiu ser tão nababos quanto os anteriores e, por vezes, até acumulam mais que os primeiros, mais valor e mais exibicionismo, e por norma descuram muitíssimo a segurança, é gente que faz parte de uma certa elite caviar, de uma determinada nomenclatura, e que vale muitíssimo a pena visitar…

Quanto às amizades que são contactos, são um tipo de amizades que devem ser cultivadas, procuradas e mantidas por razões profissionais. (razões profissionais serão amizades profissionais). São das mais difíceis de obter e como tal devem ser tratadas com lealdade e jamais lhes deves dar a mínima razão para pensarem o contrário. Neste mundo confiança e lealdade são valores inestimáveis, insubstituíveis, terás isso sempre em conta. Nunca procures saber pormenores sobre essas amizades, contenta-te com o que te disserem ou que que souberes, jamais faças perguntas desnecessárias, inconvenientes ou impertinentes, jamais as confrontes com o que quer que seja. Se não confias não lhes apareças, não as solicites. De igual modo mantem, tanto quanto possível ante elas a tua privacidade e os teus segredos. São necessárias e úteis estas amizades, mas também podem ser denunciantes ou bufos, informadores, o “seguro morreu de velho”, fala pouco e ouve muito, cinge-te ao assunto que a elas te levar e mostra-te sempre agradecido. Se o resultado desse contacto for de louvar, se for bem sucedido, demonstra quanto ficas agradecido, faz-lhe uma oferta surpresa, um ramo de flores, ou um perfume (as mulheres adoram), uma garrafa de bom vinho, ou de bom uísque, são lembranças que têm muito significado para quem as recebe.

O grande problema deste tipo de amizades é arranjá-las, serve-te de todos os meios e de toda a gente, simula se necessário seres voluntário de uma qualquer organização de paz e visita-as nas cadeias, leva-lhes cigarros, ganha a confiança dessas amizades, oferece-te para porta-voz delas para a família e amigos que estejam “cá fora”, desse modo ganharás a sua amizade e confiança, o novelo desenrolar-se-á a partir daí, e tu tens necessidade de contactos, de receptadores, de informadores do meio, quem para os quadros ? Para o ouro, a prata, o estanho, as porcelanas, os automóveis ? Existe uma economia paralela e um mundo subterrâneo que vale a pena explorar, fica atento aos jornais, aos programas de Tv, às reportagens, e concluirás que, ao contrário do que dizem o crime compensa, nem precisarás licenciatura, nem licença, nem subsídios de desemprego, nem esmolas, nem cunhas, nem padrinhos, só precisarás ser esperto, inteligente, diligente, observador, calmo, paciente, cuidadoso, simpático, popular q.b. e comprar uma pata de coelho para porta-chaves… Muita sorte meu amigo, e não esqueças que a sorte protege os audazes…

Aproveitarei este parágrafo para te falar das amizades profissionais ou cúmplices. É verdade que podem projectar e potenciar os negócios, multiplicá-los imenso, por dez, por cem, ou por mil, poderão ajudar bastante, mas também podem ceder num momento de fraqueza e fazerem com que te atirem cinco, dez ou quinze anos para fora de circulação… Tudo tem um preço, pondera bem antes… Idem para namoradas ou até esposas, que considerarei amizades pessoais e quanto menos souberem de ti mais vantagens acumularás. O seguro morreu de velho não esqueças. Alega fazeres parte de uma brigada de agentes descaracterizados das forças paramilitares ou da nossa secreta, e habitua-te a fazer cair na conta dela, ou na comum, mensalmente, uma importância certa, à guisa de salário, tens que construir e manter uma fachada, fá-lo de modo profissional e convincente… Mantém as amizades pessoais tanto quanto possível a leste da tua vida, é um favor que lhes farás, a elas e a ti mesmo… 

Boa sorte.





terça-feira, 21 de julho de 2015

257 - ARRANJA-SE EMPREGO * Parte 4…............…


                Agora, que já te vais familiarizando com a coisa, é chegada a altura de dar um avanço na dita e o momento p'ra fazermos um suponhamos. Supõe que tens a formação efectuada e que, mau grado o 9º, ou o 12º ano, ou alguma licenciatura que tenhas não te servem para nada. Ainda tentaste um mestrado, de seguida um doutoramento, igualmente para nada. Neste pais não tens a mínima hipótese de saída profissional, ainda por cima teimas não aderir a um partido… E emigrar não queres… Serás como eu, que sou teimoso e entendo esta terra minha, dos portugueses, e não acho justo que justamente os outros, os estrangeiros, sejam quem nela tem maiores oportunidades e nível de vida… Eles compram tudo e não nos deixam nada…

Olhamos para os Salgados, para os Oliveira e Costa, para os Rendeiro, para os Dias Loureiro, para os Lima e tantos outros e perdemos a fé na justiça. Há muito conclui que nesta terra vale a pena ser sério, sobretudo se esperarmos um lugarzinho no céu. Por isso deduzo que farás as tuas contas, como eu fiz as minhas, cujo resultado foi ainda acreditar nesta democracia. Ela terá também uma oportunidade p'ra mim, assim eu queira, assim eu saiba, assim eu resolva os problemas de consciência que, desgraçadamente me afligem a moleirinha. Toda essa gente que atrás citei, ou não tem problemas ou não tem consciência, ou nenhuma das duas. No tempo de Salazar era tudo mais fácil, nem essa tal gente teria ousado, seriam chamados à pedra de manhã e atirados para o Aljube ou Caxias à tarde, e antes que piscassem um olho os bens estariam confiscados. Agora é diferente, temos democracia e temos justiça, e leis, e buracos, e virgulas, e legalismos processuais que permitem a quem tenha dinheiro eternizar os processos até à prescrição, ou até que os netos morram de velhos…

Subtil, disfarçada, camuflada, a luta de classes aí está para te tornar servo da gleba de novo.  A escolha é tua, sim ou sopas ?

Meio mundo a foder o outro meio mundo, desejas ficar por cima ou por baixo ? Faz como o Catroga que soube escolher bem … Ele e tantos, desde a 1ª República que não se via nada assim…

Continuando o nosso suponhamos, fizeste as tuas contas, fizeste a tua opção, fizeste a tua revisãozinha moral e constitucional, e supondo teres concluído que a democracia jamais se ajustará a ti, irás tu ajustar-te a esta democracia. Muito bem, ou muito mal, já que se há alguém que não deve meter prego nem estopa sou eu, que me devo manter a leste, não influenciar, não meter o bedelho, nada de intromissões, serás tu, terás que ser tu sozinho (a) quem terá que ultrapassar pruridos, se inda os houver.

Pois bem, vamos supor que os ultrapassaste, que leste com atenção o primeiro, segundo e terceiro textos desta série, alegadamente estarás disposto (a) a ir em frente, então entremos noutros campos, o do equipamento pessoal de auto-ajuda e o das relações pessoais e humanas, qualquer deles como verás, igual e extremamente importante para o teu desempenho e futuro, para o teu sucesso, para o aproveitamento de todas as tuas potencialidades. Vamos debruçar-nos sobre o equipamento primeiro por ser atar e pendurar, como no fumeiro, num instante despacharemos esta parte, a outra exigirá mais tempo e atenção.

Começarei pelo primordial, óculos de sol que te permitam ver sem que ninguém se aperceba para que lado ou para onde estás olhando, para disfarçadamente poderes olhar de viés… Bloco-notas, tomar nota é essencial, em muitos casos pode ser a pedra angular de um resultado, deverás observar qualquer situação muito bem antes de agires, não o faças sempre às mesmas horas nem a partir dos mesmo locais, já há dois séculos Darwin se referia e explicava a coisa aludindo à riqueza infinita da variedade, portanto varia, varia para que ninguém te estranhe e ou te denuncie, varia o local, as roupas, as horas e se possível o carro ou a mota, mas varia muito.

Vivenda, apartamento, condomínio, escritório, fábrica ? Aponta tudo muito bem, quantas pessoas, a que horas partem, a que horas voltam, quantos carros, marca, cor, modelo, se estacionam sempre no mesmo local, se frente à casa ou na garagem, voltam ao almoço, um, os dois moradores, nenhum ? Como são as portas, as janelas, existe quintal, portas e janelas nas traseiras, quem são os vizinhos, quais os seus hábitos, a que horas o carteiro costuma aparecer, existem cães ? Este questionário, que pode e deve ser constantemente melhorado e tão extenso quanto possível e as circunstâncias o permitirem e aconselharem nem é o primeiro passo, mas dar-te-á milhares de informações e poderá permitir-te laborar às claras, sem pressas, sem stress, portanto com menos risco e maior proveito. Disse o segundo passo porque o primeiro deverá abranger o “quem” ? Quem observar, quem eleger para fulcro da tua atenção ?

Se tiveres veia voyeurista escolhe gajas boas, ou machos musculosos, eu não tenho que discriminar, se tiveres outros motivos ou intenções então os teus alvos terão naturalmente que ser outros, deduzo eu. Eu que somente uma vez, e há muitos anos espreitei uma vizinha no banho, mas calma, fazia-o porque ela sabia, ela deixava, ela incentivava, e até abria a janela da casa de banho e afastava os cortinados mal acabava de me acenar e dar os bons dias. Eu fui seduzido é verdade, mas não posso dizer que tenha sido enganado, primeiro porque o produto era de primeira, e em segundo lugar porque quem acabou por casar com ela e manter-lhe os gastos caros foi o capitão Evaristo, meu vizinho, que avançou apesar dos seus sessenta e muitos, e que ainda ontem vi, aliás vi os dois (ela amparava-o carinhosamente), saindo do escritório de advogados de Honório & Otário, ali à travessa da Mangalaça.

Mas enfim, sê justo (a) e democrata, nem tudo servirá nem será eticamente indicado para alvo da nossa atenção, ainda que haja mulheres que pela sua beleza a suscitem, ou gajos bem apresentados e que a mereçam, montados em Ferraris mas com salários em dívida a centenas de trabalhadores. Nunca esqueças quão efémera é a beleza, até porque gajas boas haverá sempre, centra-te na justiça, essencialmente na justiça redistributiva, como o Robin os Bosques, ou o Zé do Telhado, para que não digam que excluo a nossa literatura.

Após esta fase de observação e selecção de alvos, sobre a qual muito mais poderás aprender em manuais de treino militares, passemos ao equipamento de uma forma rápida e geral, superficial, pois a prática e as necessidades que sentires em cada ocasião te aconselharão a ir melhorando esse arsenal, até por não haver muitas situações iguais, como concluirás. Já tens óculos de sol, bloco-notas, pois arranja também binóculos bons, anti reflexo, e se possível uns que te permitam tirar distancias e tirar fotos, já estão no mercado uns digitais, ainda caros, mas um must !  Gravam e fotografam tudo, até fazem pequenos vídeos como os telemóveis e gravam as observações verbais que lhes queiras adicionar ! Depois e genericamente, luvas finas de algodão, há baratas em qualquer hipermercado, atenção, nunca as uses mais que numa ocasião e tem cuidado a desfazer-te delas, como aliás do bloco-notas etc etc etc… Todo o cuidado é pouco, assegura-te que essas provas sejam mesmo destruídas.  

Continuando, uma dúzia de ténis discretos e baratos cuja sola seja sempre desigual, também não devem ser utilizados mais que uma vez, destrói-os sem complacência depois de utilizados, se usares sempre os mesmos qualquer perícia e observação atenta será capaz de provar em quantos e quais os lugares onde passaste ou estiveste…. Um aparte, usa o cabelo curto, (caem menos) e os bolsos tanto quanto possível vazios, tal reduzirá as hipóteses de, inadvertidamente deixar pistas nos locais visitados. Nunca abandones ou atires fora um lenço onde cuspiste, te assoaste ou limpaste, temos tendência a atirá-los fora, quer para o lixo quer para a sanita, e mesmo nessas, nunca urines ou defeques quando estiveres a trabalhar, nem que puxes dez vezes o autoclismo, o ADN agarra-se a tudo, e nunca o vemos…

E finalmente o estojo, deverás compor um com várias ferramentas, um canivete suíço e um apalpa folga adaptados, um busca polos daqueles com fio entre o ânodo e o cátodo (normalmente trazem um fio de 20 a 30 cm), fio que substituirás por outro de 2, 3 ou 5 metros de alcance. Uma ventosa e um bom corta vidro de diamante, digo bom porque os baratos acabam por sair caros… e nunca cortes o vidro do mesmo modo pois isso acabará como sendo uma “assinatura” que te identificará. O modus operandi já tem mandado a baixo resultados muito bons…Habitua-te a usar e a levar roupas justas e discretas, roupas que não prendam os movimentos nem se prendam deixando comprometedores bocados… até um fio nos codilha… as coisas falam... Podes até ter fardas, dos serviços de gás, de electricidade, dos telefones, das águas, não esqueças o boné, cuja pala deve recair sobre o rosto, como não deves esquecer os emblemas dessas entidades e o uso de uma ficha/questionário elaborada por ti e para recolha de informação.

Tais adereços permitir-te-ão entrar nas residências em quaisquer altura em que os ocupantes lá se encontrem, e assim poderás “ver” os equipamentos e, claro, aproveitares para observares outros pormenores, tranca-portas, alarmes, outros familiares que também habitem a casa, gatos, quadros, castiçais, bibelots, porcelanas, pratas, guarda-jóias, estanhos, terás que treinar o olhar até se tornar fotográfico, tens bons argumentos para seguir canalizações, torneiras, tomadas e fios eléctricos, de telefones e cabo, chuveiros e esquentadores, desculpas que te permitirão deambular por toda a casa e, mal saias, registar as peculiaridades no bloco-notas antes que te esqueças do que viste. Atenção a esse bloco, dar-te-á muito, mas também te pode dar uns bons anos de arrelias, o bloco ou imagens que fiquem nos binóculos, telemóveis, máquinas fotográficas ou pc’s. Aprende a limpar tudo, mas a limpar mesmo e não só apagar.

O resto são trivialidades, um alicate, uma chave de fendas forte, ou várias, uma gazua não pois daria muito nas vistas, em vez dela um desmonta pneus preferencialmente usado fará melhor, passará despercebido, e sempre podes alegar ter sido esquecido dentro do carro por alguma oficina onde tenhas estado, uma pequena lanterna de foco fraco e concentrado também será de muita utilidade e não chamará a atenção a partir do exterior, o que para já completará o nosso estojo, a vida e a prática te aconselharão melhor que eu a torná-lo mais e mais completo e bem apetrechado. Ah ! Uma marreta de mão e um punção serão muito uteis para sacar canhões de fechaduras…

Por hoje é tudo, já estou a adivinhar a tal gaja a espumar pelos cantos da boca, na nossa próxima e última aula abordaremos a complexa questão das relações sociais e humanas sob variadíssimas perspectivas, é a parte que geralmente toda a gente adora. Incluindo eu.

* http://mentcapto.blogspot.pt/2015/07/256-arranja-se-emprego-parte-3.html


segunda-feira, 20 de julho de 2015

256 - ARRANJA-SE EMPREGO * Parte 3 ……......…


Parte 3
Ainda a loja não abriu e já começaram a chover criticas, que sou arrogante, que sou convencido, que armo aos cágados, que intimido, que não me despacho com o assunto. O pessoal pode ser do piorinho, nunca comentam em público, fazem-no pelas costas, pela calada, ora se se tratasse de engates e negócios de cama eu ainda perceberia o secretismo, até o recomendaria, mas não sendo o caso só entendo a coisa como cobardia, cobardia de fazerem como eu faço, exponho-me, e qual o problema ? Meia dúzia de ignorantes chamarem-me convencido ? Ok ta bem, eu aguento, com isso eu posso, com isso e com muito mais !

Mas voltemos à vaca fria que esta malta do secretismo é como aqueles tais que toda a gente conhece, empata fodas, nem fodem nem deixam foder… Antes desta polémica estava eu meditando ter aprendido tarde ser a vida curta. Não fosse já ter ultrapassados os cinquenta, daqui a meia dúzia de anos serão já sessenta, enveredaria por esta carreira sem a menor dúvida ou hesitação. Agora é tarde, uma fístula num joelho não me deixa correr, e uma hérnia inguinal obriga-me a usar funda p’ra segurar um tomate, ou andaria sempre pendente, a badalar, a incomodar, a atrapalhar. Sinceramente não me estou vendo um profissional de sucesso e elevado potencial com os tomates pendurados, o que seria pior que pendurado pelos ditos. 

               A formação e carreira que recomendo destina-se inequivocamente a malta nova, coisa que aposto já toda a gente terá percebido. Quando muito transmitir-lhes-ei a minha experiência de cinquentenário bastante vivido, mas isso é coisa à parte, não será pága e nem consta no curriculo.

Tenho que me concentrar no que interessa porra, hoje estou a afastar-me demasiado, tudo por causa daquela gaja maluca que está sempre a recalcitrar, sempre do contra, tomara que o marido a emprenhe outra vez, ou o marido ou alguém com tomates já que estávamos falando disso, com três filhos restar-lhe-á decerto muito pouco tempo para me azucrinar a cabeça, ou ainda me verei a participar dela às autoridades por assédio moral, ou moralista.

Claro que as conversas são como as cerejas que se comem umas atrás das outras, falou-se em autoridade, autoridade leis, leis códigos, e claro enquadramentos legais, mecanismos legais, formalismos legais, acusação, defesa, prova, contraprova, contraditório, todo um mundo onde quem não se saiba mover ou que o não entenda sairá sempre a perder. Também constitui preocupação minha a cobertura legal da tua actividade. Estudarás alguns elementos do nosso Código Penal, Cível e Criminal, o que só te dará mais bagagem, mais conhecimentos, mais à vontade, mais auto controle, mais segurança, mais confiança e sobretudo tolerância, paciência e sangue frio no exercício da profissão, outros códigos, como o Comercial, por exemplo, não interessam de todo nesta formação.

Esta minha preocupação prende-se com o facto singular de te querer preparado para reagir a toda e qualquer situação, se fores apanhado (a) numa situação inesperada como vais reagir ? Debaixo da razão ou da emoção ? E vais disparar, como fez o cabo Hugo Ernano contra um bandido desarmado ? (a quem por infelicidade matou o filho). Também tu puxarás de uma carabina contra uma mosca ? Também tu irás arranjar-te problemas a ti mesmo (a) desnecessariamente ? E optarás por andar armado (a) ou desarmado (a) ? Há todo um conjunto de normas, regulamentos, leis e medidas que estipulam quem, como e quando, ou em que casos é lícito usar uma arma, e como foi ela usada ? Como defesa ? Como meio de ataque ? O portador tinha licença de uso e porte de arma ou não ? De múltiplos factores dependerá a condenação e a pena, geralmente nestes casos pesa muitíssimo em desfavor a nossa ignorância. Bem, a ignorância pesa sempre, mas nalguns casos pode fazer a diferença entre pena nenhuma, pena suspensa, liberdade condicional ou uma pena dura. Giro não é ? O cabo Hugo Ernano que o diga que não deve achar agora graça nenhuma ao facto de ter infringido levianamente o regulamento de uso e porte de arma por um militar, no caso paramilitar… Eu diria que foi vitima de uma má formação, talvez até péssima, e, é notório que a cabeça também não o ajudou.

Aposto que irás achar graça ao eclectismo das matérias a abordar, aposto que aos poucos te sentirás mais completo (a), mais seguro (a) de ti, mais informado sobre e acerca do mundo em que te movias, moves e moverás. Aposto que passarás a ver com outros olhos muitas coisas que não te suscitavam o menor interesse, e outras que pura e simplesmente nem entenderias e das quais por isso te alhearias, na vida somos como as policias, que só sabem o que lhes contam, a frase não deve ser entendida literalmente mas tem muito de verdade, sendo um aspecto sobre o qual na formação nos debruçaremos detalhadamente, pois quem, ou o que poderá contar imensas coisas à policia abrange um vasto leque de situações, atitudes e comportamentos, já para não falar em provas materiais, as quais, submetidas a uma qualquer perícia, falam pelos cotovelos, contam coisas, e podem ser determinantes no resultado de uma investigação. 

A vida não é como a vês nos filmes, os filmes que vês é que são como a vida, é preciso não confundir as coisas, e sobretudo estar atento. O sucesso ou insucesso de quaisquer acções pode ser decidido por uma beata deixada no local, uma mijadela dada ou uma escarreta atirada com desdém. Uma pegada, uma dedada num copo ou numa garrafa, numa maçaneta de porta, numa torneira, num vidro, são coisas que contam e falam muito. As coisas são como são, e quem procura acha, tal como quem espera sempre alcança. As coisas não são aleatórias, aleatório pode ser sim o pensamento que te passa pela cabeça, e uma cabeça distraída, ou ignorante, ou mal formada, terá razão de queixa de tudo e tenderá a afirmar que tudo e todos estão contra ela, quando na generalidade dos casos, somente de si se poderá queixar.

Prevenir, precaver, terá que, a par do seguimento das normas de higiene e segurança no trabalho, ser uma constante a transformar em modo de ser e de agir. Capice ? Espero que aos poucos te estejas embrenhando no espirito da coisa, porque a coisa não se articula bem com paternalismos ou moralismos serôdios, antes pelo contrário, exigirá de ti uma atitude fundamental, sólida, estruturada, atrever-me-ia a dizer que eticamente irrepreensível. Tudo se resume a uma questão moral, e terás que estar preparado (a) para quando necessário te substituíres neste capitulo ao próprio Estado, que fala, fala, fala, mas não faz nada, não cumpre. Basta olhar em redor e observar como o Estado redistribui a pouca riqueza que o país produz.

Deixo essa avaliação e apreciação a cada um de vocês. A cada um e até àqueles que nunca tiveram trabalho nem nunca terão, nem tiveram RSI nem nunca terão, que já tenham tido, ou não tido subsidio de desemprego mas que nem isso voltarão a ter, e àqueles que nunca conheceram outra situação que não o desemprego, os contractos a prazo de quinhentos euros ou a precaridade. Deixo esse julgamento aos jovens, às mães e pais que nunca o serão e que jamais constituirão família, ou um lar, a menos que fujam daqui …

Deixo isso a vomecês que eu detesto imiscuir-me na política, hoje é domingo, a cerveja ta da cor do sol e o sol queima como estes grelhados que já fumegam na brasa, venha mais uma dúzia para a mesa, loirinhas, fresquinhas, e a espumar c’a malta já se está a babar….

(continuará num próximo texto)  

P.S. – E para a tal personagem recalcitrante de que vos falei ao principio, saia um balde de merda bem, provido, e com gelo !






domingo, 19 de julho de 2015

254 - ARRANJA-SE EMPREGO * Parte 2 ……..….


Parte 2
As linhas apresentadas no texto anterior* são, modo geral, as directrizes que balizam e possibilitam a formação de um profissional independente, de resto, a vontade de adquirir um talento, e ser senhor de si mesmo, ou senhora de si mesma, dependerá de ti, é uma especialização destinada a altos voos, largamente remunerada e garantida, pelo que abraçar ou não uma carreira free lancer de elevado potencial como os publicitários costumam dizer e exagerando até, pois tantas vezes se referem a um qualquer lugar de caixeiro-viajante, o que nem é o nosso caso. Caixeiros-viajantes aqui, só se for “A Morte de Um Caixeiro Viajante”, de Arthur Miller, que aliás te aconselho vivamente a ler, como distracção.

Por falar em ler, terás que ler algumas coisinhas, não te assustes que não te recomendarei o Eça de Queirós, até por pressupor que já o tenhas lido. A bibliografia recomendada ser-te-à a seu tempo indicada, não é muita, nem fácil de obter ou arranjar. Alguém anda evitando que de um qualquer modo adquiras formação nesta área, penso já te ter confessado ser o segredo a alma do negócio. A lista andará à volta de dez obras essenciais (estou a puxar pela cabeça), sendo que o primeiro que poderás adquirir e encetar já, é de Pierre Joseph Proudhon, “O Que É a Propriedade”, e te abrirá imenso os olhos, a Editorial Estampa editou em tempos um livrinho que nem chega aos dez euros e encontrarás facilmente na WOOK, na FNAC ou em qualquer alfarrabista. É um livro rico, cheio de conteúdo e estimulará os teus princípios morais, detesto gente mal formada ou inculta, banal, e já agora deixa-me avisar-te, nunca me venhas com citações de Paulo Coelho, Rui Zink, Miguel Esteves Cardoso ou Pedro Chagas Freitas por favor. Há mais alguns como o Walter Hugo Mãe o Tordo, o Lucas Pires ou o Peixoto, mas a seu tempo saberás quais abomino.

O Capital, de Marx, e leituras de David Ricardo, Keynes e Adam Smith também farão parte da bibliografia recomendada para as matérias teóricas, se te digo tudo isto é para que avalies já um pouco as coisas e faças as tuas contas, este aviso tem-me poupado dissabores e a aturar gente que nem aprecia ler e aprecia ainda menos o saber, enfim, gente sem estofo para uma formação desta envergadura e que acabou por reclamar de mim avenças já pagas, o que naturalmente gerou atritos, me fez perder tempo e paciência, e só por não haver cheques passados nem recibos não me fez perder dinheiro. Nos tempos que correm todo o cuidado é pouco, quando aldrabões chegam a ministros já podemos fazer uma pequena ideia de como se “estará cá fora na selva”…

Nunca será demais insistir na ideia de que todo o valor que me seja pago será investimento a recuperar 10, 20, 50, ou mil vezes, tanto mais que se trata de um sector dinâmico e dos que, na nossa economia têm registado um crescimento exponencial, ainda que haja gente já instalada há espaço para gente melhor, ou bem preparada para fazer face à concorrência. No nosso mercado o que abunda é sobretudo a iniciativa desorganizada, baseada no improviso, muito à maneira portuguesa e que nem precisamos abater, funcionam noutra escala, num patamar muito abaixo daquele em que pretendo introduzir-te, pelo que se te esforçares e aplicares, guindar-te-ás a uma altura onde pura e simplesmente a concorrência nem sequer existe, ou conseguiu chegar.

De vez em quando é-me confidenciado por este ou por aquela já ter enviado, 100, 200, 500 currículos, e penso que uma até enviou mil ! Estará tudo doido ? Pensem ! Desistam de mendigar, criem a vossa própria oportunidade e tornem-se independentes de sucesso, atirem o desemprego para trás das costas. Libertem-se de salários mínimos ou de 500 euros, libertem-se de contratos, tornem-se empreendedores e inovadores de elevado potencial. Em vez de semearem currículos disfrutem dum mercado de trabalho amplo e à espera dos melhores, giram a vossa própria carreira, concentrdem-se em experiencias relevantes para a função, tornem-se profissionais qualificados (as) de low profile. Prestem contas somente a vocês mesmos. (garantido que nem ao fisco as prestarão).

Mas por falar em potencial, potencia, força, capacidade, agilidade, como vai a tua forma física ? “Mente sã em corpo são”, nunca ouviste dizer ? Fumas ? Chutas na veia ? Cheiras cola ? É bom que não, porque tudo isso, por junto ou separado, te impedirá de passares do meio da tabela adiante e sem isso não há diploma p’ra ninguém. Não é disciplina da minha lavra, mas é-o a apreciação e classificação, que não descuro. Toma nota e providencia se necessário.

Várias vezes aludi aqui ao cultivo de um low profile, pois não será despiciendo que a par da tua formação adquiras o bom hábito, repito bom hábito, de não dar nas vistas e passares despercebido (a). Isto não é um casting nem uma passagem de modelos, neste caso concreto passar anónimo (a) na multidão será uma mais-valia considerável. Deverás apresentar um ar limpo, nem demasiado asséptico nem enxovalhado, usar cores discretas, que não chamem a atenção nem pela cor nem pela forma. Um dia ajuizarás da vantagem de não ser visto nem lembrado. Idem para algum carro que tenhas, porque uma mota que não nos envergonhe dará sempre nas vistas. Pergunta-me, ou pergunta ao Varoufakis… 

A parte da formação que me cabe é, naturalmente, toda a área teórica, e já nem é pouco, porém não te assustes, corre a par uma parte prática cuja responsabilidade, não sendo minha, eu não tenho condições para leccionar, nem a nível de conhecimentos práticos nem de equipamento ou de materiais, todavia em momento algum descurarei o teu acompanhamento e progressão, até porque uma parte, sem a outra, nem faria sentido.

Penso já ter abordado a bibliografia, fi-lo de um modo geral, e, para sermos mais explícitos, adiantarei que terás que te debruçar, estudar, os rudimentos da Psicologia, da Sociologia, da Economia, o estudo da arte e dos materiais nobres, seria uma pena que, por ignorância, um dia te visses com muito dinheiro e alguém te aldrabasse com uma filigrana de pechisbeque ou te vendesse gato por lebre, uma qualquer falsificação por um Picasso. Mas não desesperes, nessa área sou entendido e fá-lo-emos com facilidade e como distracção. 

                Todo este trabalho te dou porque se não passares de um grunho (a) por muito bonito (a) que sejas, nunca facturarás nada de jeito, e até por haver necessidade de entenderes o mundo em que te moves e que, ao contrário do que pensas, concluirás nunca ter visto. Diria que se adapta perfeitamente às circunstâncias aquele velho aforismo popular “vícios privados, públicas virtudes”, terás que ser exemplar, sem dar nas vistas ou chamar a atenção sobre ti, um camaleão.

(continuará num próximo texto)