sexta-feira, 15 de outubro de 2021

734 - NÃ T’ACHO, MAS ACABEI POR ACHAR …





735 - NÃ T’ACHO, NÃ T’ACHO, MAS ACABEI POR ACHAR …

 

Não te acho, não te acho, mas acabei por achar e admirar-me de quão cabeça no ar sou, ou palerma, ou pateta alegre, mas ia lá eu adivinhar ser ali a Casa Soure.

 Tantas dúvidas, tantas interrogações, e afinal entrava ali no mínimo duas vezes por ano, quando ia pagar a assinatura, e quando da publicação das convocatórias de uma instituição de que faço parte.

 Ali mesmo, nos baixos da Casa Soure eram escritórios de “A Defesa”, pegados à Papelaria Livraria Gráfica, falida há bem poucos meses.

 É o caos por esta cidade, está tudo a falir e a fechar, mas o caos é também oportunidade, para mudanças, alterações, bons negócios, renovações, restauros, criações, criatividade, criação, diz a bíblia que se fez Luz e do caos nasceu a vida. E assim foi ali, depois da morte do padre Salvador renasceu o edifício, de cara lavada, restaurado, pintado, caiado, adaptado a restaurante, ocupando toda a Casa Soure e os pátios, que deram óptimas esplanadas, com gente atenciosa e simpática, boa comida e melhor ambiente.

Foi o Big Bang da casa Soure.

Tinha aberto terça-feira, hoje é sexta, por isso lhe desculpei algumas falhas, como não terem Super Bock a minha preferida e uma cerveja que adoro, e tão nacional, tão nossa como a Sagres, que têm mas detesto, é muito áspera. Ou a falta de cerveja à pressão, coisas que só o facto de terem aberto há três dias desculpa pois por outro lado têm uma garrafeira com um portfólio invejável, vi decerto mais de duzentas marcas de vinhos, e só vi nacionais e alentejanos. Idem para as cervejas, marcas de toda a Europa e do mundo inda que incompreensivelmente falhem com a Super Bock e nos lixem com os finalmentes, não havia poejo, o meu digestivo de eleição e tipicamente alentejano.

Esqueçamos as falhas, nasceram há três dias, não admira, tenho a certeza que nem eles sabem onde ficam todos os interruptores da luz, e por falar em luz faça-se luz, que o ambiente era lindo, nem reconheci o pátio onde tantas vezes passei, agora cheio de mesas e arranjado, de mesas cheias de gentes. A mesa que mandara reservar estava linda, com uma rosa numa jarra, num canto discreto, sítio sossegado, sombra e frescura, bons queijos do Cachopas, bom peixe, boa carne, não gostei da conta, mas para ser franco é coisa de que nunca gosto.

 Bem localizado o Nã T’acho,  bem em frente à Pastelaria Académica onde eu adorava ir comer ou banquetear-me com os bolos do Seabra, pasteleiro por baixo da casa onde mora ou morava o Naia, ali ás portas de Moura, a três passinhos, e o Seabra que tantos e tão grandes e bons passos deu na vida já lá vão cinquenta anos.

  Bom pasteleiro, com a entrada na CEE abriu uma fábrica de bolos e uma pastelaria na rua de Alconchel, sucesso. Depois outra nas Coronheiras, sucesso, depois foi tirar direito p’ra não ficar estúpido, cinco anos de viagens e noites perdidas ou mal dormidas, mas sucesso. Mas de sucesso em sucesso o Seabra acabou apanhando Alzheimer ou Parkinson e hoje a esposa ampara-lhe a sombra com devoção e carinho.


                (A mesa que nos reservaram) 


Eu, cada vez que lembro o Seabra sinto um aperto no coração porque:

- Ambrósio e se alargares o cinto antes de rebentares ?

era a Fatinha a reinar comigo, mal sabendo que somou no meu cérebro 2+2, o Seabra este e o Seabra um outro que:

- Deixem-me aqui, deixem-me morrer, não quero viver assim !

 E não viveu, desapertou os dois cintos que lhe garroteavam as coxas para não se esvair em sangue antes da chegada do héli e esvaiu-se mesmo. Não queria viver só com o torso ou só meio homem, e não viveu, teve a coragem dos desesperados e mal nos descuidámos uns minutos aliviou os garrotes e deixou que a mina que pisara cumprisse o seu destino.

Já lá vão quase cinquenta anos e ainda choro a morte do Soares, o jovem mais timorato e corajoso que conheci. Lembrei-o hoje ao almoço e chorei, baixei a cabeça para não ser visto mas vieram-me as lágrimas aos olhos, a felicidade tem um preço, oh se tem, e hoje é dia de festa e felicidade, Deus cobrou-me o excesso e recordou-me também o Grou e o Teigão, que teriam exactamente a minha idade se não tivessem deixado a alma lá longe naquelas guerras de há quase cinquenta anos.

 Lembro-os exactamente como eram, ainda estão vivos na minha memória hoje como então.

 Brindámos depois dos doces conventuais, outra maravilha do Nã T’acho que em boa-hora achámos.

Daqui a uns tempos voltaremos, e esperamos que o chão de granito e a calçada do pátio estejam já livres daquela sujidade própria das obras e complete o belíssimo restauro e restaurante que ali temos. Parabéns aos corajosos invetidores, e a todos os colaboradores, é de gente assim que Évora precisa, com cabeça tronco e membros, e bom gosto. 



segunda-feira, 4 de outubro de 2021

733 - SOLSTÍCIOS .......... E EQUINÓCIOS * ............


734 - SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS * 


O combinado era não haver despedidas e, fossem elas pequenas ou grandes, voltasse eu no dia seguinte, semana, mês, ou ano, as despedidas deveriam ser como se o meu voltar tivesse lugar ainda nessa mesma tarde.

E assim era, ou assim foi durante muito tempo, não sem que, ao princípio somente uma vez por outra e antes de alcançar o passadiço eu conseguisse evitar um último olhar e gritar-lhe:

- Hei miúda ! Isto não é maneira de dizer adeus !

Era assim antes de pisar o convés, ou de entrar no comboio, metro, autocarro ou toda e quaisquer que fosse a coisa que me levasse dali, me levasse para longe dela, nos separasse.

Ou eu ou ela, dependendo de quem partisse ou ficasse, o combinado era o combinado. O não dar azo a despedidas evitava uma despedida maior, maiores dores, choro ou choque emocional que só a paulatina assumpção da realidade se encarregaria de esbater.

As dores das despedidas eram compensadas pelas alegrias das chegadas, das vindas, saber dumas antecipadamente minorava as dores de outras ou lhes triplicava as alegrias.

Ir e vir, ir e voltar tornara-se hábito assim driblado, até um dia vir para ficar, sim, voltei e fiquei, ficámos, por largos tempos.

Mas uma outra despedida houve que nos levou anos, a última e, embora nunca o combinado tivesse sido esquecido ambos fizemos por jamais o lembrar e, esquecer partidas e despedidas ocupou-nos permanentemente a ideia delas empurrando-nos para uma dedicação dedicada, apaixonada, para uma entrega inusual por talvez excessiva, talvez derradeira, pioneira para nós escoteiros um do outro e sempre juntos, quer na fortuna quer no infortúnio.

Desta vez não consigo despedir-me, tenho agora mais razões que nunca para te gritar.

- Hey, That's No Way to Say Goodbye !  **

- Ei miúda ! Isso não é maneira de dizer adeus !


- Ei miúda ! Isso não foi maneira de dizer adeus !

É permanente o meu protesto, sobe de tom à medida que se instala o dezasseis de Outubro, data marcada a ferro em brasa no meu cérebro e que por esta altura do ano vira chaga purulenta atormentando-me minuto a minuto. Nem a consigo debelar e muito menos curar de vez pois pelo que tu não vês mas eu percepciono, olho e na minha frente vejo somente um deserto árido, a visão toldando-se-me como se mergulhado numa tempestade de areia e isso é tudo quanto vejo e sinto, areia nos olhos, areias movediças roubando-me o chão debaixo dos pés.

Mas, quando tu aqui tudo eram certezas, rocha sólida, os dias claros, claros como a água mais pura, cristalina, como cristalinos eram os teus olhos, o teu olhar, porque o meu agora nada, o horizonte nada, uma linha recta e plana como quando os televisores antigos se avariavam ou no hospital, na maquineta à tua cabeceira da qual não fui capaz de desviar o olhar, ela surda muda, calada, uma linha plana movendo-se sem fim tal qual a linha ténue deste caderno sobre a qual alinhavo sentimentos dispares, emoções aleatórias, incontroláveis, irreprimíveis, terríveis.

Só me apetece gritar-te:

Ei miúda ! Isso não foi maneira de dizer adeus.

 

Não foi não, essa não valeu, hei-de contestar-te a vida inteira, isso não são modos nem maneiras e, por muito que eu queira perdoar-te, como fazê-lo se nem sei como amar-te agora que te foste embora para não mais voltar e eu aqui lembrando-te, quando lembrar é o verbo que mais me custa conjugar e esquecer não ouso, nem consigo, perdido que estou nesta tempestade que me açoita e cega, a vida uma cega-rega em que a falta de vontade tomou lugar, forma e conteúdo, urdindo um desânimo bem-vindo sob o qual me escondo e me desculpo de culpas que nem sei.

E sem saber a quem culpar culpo os astros e a astronomia, o Solstício de verão, por ser sempre desde ele até à tua efeméride que, quer os dias quer as noites mais me fustigam e, tal como os marinheiros de antanho, me sinto atirado de um lado para outro por vagas alterosas ora soterrando-me de areia ora enterrando-me nela, ora a sentindo abrasando-me as faces ora faltando-me debaixo dos pés e eu, balançando como apanhado num furacão, aspirando ao improvável impossível, ao dias em que te erguias forte e direita como um vulcão e, dando-me a mão, me imprimias segurança, certezas certas, uma vida e um mundo sem declinações, nem solstícios nem equinócios, apenas certezas infalíveis até nas horas mortas.

E agora tu um relógio de pêndulo, parado, o mundo parado, o tempo parado, a vida parada, como se tudo aguardasse a tua ressurreição e o Equinócio da Primavera para que os mecanismos do universo entrassem de novo na ordem, em funcionamento, idem para os astros, idem para mim que me quedo apático, eu sim, eu por norma tão simpático e agora uma chávena do mais azedo veneno, já sei, é fazer tal qual Sócrates com a cicuta, bebê-la vagarosamente e aguardar que a vida deixe de me ser um fardo, se estabilize, se defina, qual linha recta e plana, sem bip bip que a escravize, sem o sobressalto que a garante, finalmente plana, finalmente em paz, finalmente uma recta plana, deitada, soterrada, enterrada, 

eu. 


 

* https://mentcapto.blogspot.com/2018/10/535-uma-mui-querida-estrela-nasceu.html

** https://www.youtube.com/watch?v=BzgUs3c9QHY       







O CHEGA ACABOU, IMPLODIU, PIM PAM PUM !

             

  

      732 -   O CHEGA ACABOU, IMPLODIU, PIM PAM PUM ! 


Depois do grande trambolhão nas eleições autárquicas o Chega abriu a boca de espanto, bocejou, estendeu os braços e coçou o cocuruto. Num gesto muito seu levou quase uma semana nesta manobra, tudo ali se mexe muito devagar, tão devagar que nem há, nunca houve tempo para pensar. AV também não pensa e, por onde passa passa correndo, sem olhar, e sem ver.

 Há que fazer qualquer coisa lembraram-se então os experts de núcleos e núcleozinhos depois dos lagartos engolidos e de cuspirem as espinhas atravessadas na garganta. Muito antes, e olhando para aquele exército de maltrapilhos de espirito, já eu vaticinara o trambolhão. É ver os textos anteriores a este, cujos links para vossa satisfação e meu gáudio colocarei no final deste texto.

 Com a pressa de chegar alto o Chega caiu mesmo lá de cima mas não caiu em si, pau que nasce torto tarde ou nunca se endireita diz o bom povo, e com razão. Labregos de todo o tipo e lugar sem saber ler nem escrever, sem saber estar, estiveram há bem pouco no III Congresso e saíram de lá armados cavaleiros, perdão, cavalheiros, bolas, de novo perdão, nomeados conselheiros !  Com tropa daquela a gritar conselhos por todos os concelhos  a coisa vai mesmo dar para o torto.

 Estive por dentro do Chega, vi ouvi e li, pasmei como um partido, aliás o único de todos os nossos partidos que não cuidou do seu crescimento, aliás não cuidou do que quer que fosse. Bajular o mestre da seita, demonstrar a toda a hora e em qualquer lugar um seguidismo militante tornou-se a norma, e agora veio a ver-se que a norma não cabe no padrão. Um caso bicudo de estupidez voluntária nunca antes visto neste reino à beira mar plantado.




Surpreendentemente o Dr. AV veio agora demonstrar-nos e comprovar-nos ser um homem inexperiente e certamente um homem, se não cheio de insegurança, pelo menos cheíssimo de contradições. Em politica há que respeitar pelo menos os adversários (internos ainda por cima) pois este nunca será um pormenor de somenos importância mas do qual se esqueceu. É dos livros que ao diminuir esses adversários está a diminuir-se a si mesmo e à sua provavel vitória na disputa para a presidência do partido e à qual ele parece escusar submeter-se caso haja outros candidatos disputando o que parece pertencer-lhe por direito… Direito divino ?

Com a ameaça final de expulsão dos vencidos AV diz-nos claramente não ser somente um mau perdedor mas igualmente um politico intolerante, estando com esta sua atitude diminuindo tudo e todos no Chega. Para além da crítica/oposição interna ser saudável, quaisquer partidos devem fomentá-la e permitir que outras figuras se preparem, se qualifiquem e emirjam quando necessário p’ra dar continuidade ao projecto e o projecto é o partido, os seus estatutos, o seu objecto/objectivo, o povo, a nação. 

  Se AV fosse inteligente, ele e todos os que o assessoram, nesta fase conturbada de que ele e só ele é o culpado visível, deveriam resguardar a sua figura, pois gente com bom senso nunca acreditará que o culpado do estado a que chegou o CHEGA seja capaz de ser o seu redentor. Mais, deveria deixar a outrem a dura tarefa de “endireitar” o partido, de o reorganizar, livrando-se das dores que tal reforma sempre acarretará. Se fosse inteligente apareceria depois, nas próximas eleições, redimido, e não duvido que após a travessia do deserto apareceria impoluto aos olhos de muitos e eleito de novo o chefe vitorioso, clarividente e mobilizador que já foi em tempos…. Já foi, mas algo o cegou … já foi mas não é neste momento.

Se alguém espera que o Chega recupere do espalhanço o melhor é ir tirando o cavalinho da chuva. Já vimos como o chefe, intolerante e assoberbado pela dimensão que o descontrole atingiu, reagiu emocional e negativamente ao período que atravessa. Nestas ocasiões é que a razão e o cérebro, nosso, quero dizer dele, e dos assessores e conselheiros deveriam impor-se. Tristemente razão e cérebro parece ser coisa que ninguém por lá tem, ou tem mas muito atrofiado.


O grande problema do Chega é que se rodeou de tal modo de inúteis, incompetentes e incapazes que agora não há uma alminha que lhe possa deitar a mão … O primeiro link que vos deixo é respeitante ao arrebatador discurso do Dr. Rodrigo Alves Taxa, assessor do Chega nem sei para o quê, penso ser o Presidente do Conselho Nacional de Jurisdição e naturalmente membro que acima de tudo se deveria manter isento, pautando a sua acção e intervenção pela cordialidade, pelo consenso. imparcialidade e isenção, porém ao invés, e sobretudo sendo jurista, é de bradar aos céus pelo modo como descarrila…

Li o seu discurso e não pude deixar de pensar estar perante um perfeito idiota, ouvindo, digo lendo o discurso de um homem vil, mesquinho, seguidista, tachista, culambista, com medo de perder o lugar e, quem melhor o conheça não deixará de concordar, a julgar pelas suas atitudes e práticas, tratar-se de una persona falsa que nem uma cobra... 

Observem bem o discurso e as suas contradições, diz que não diz mas diz, diz que não faz mas faz, diz que sim, mas não... Fala em democracia mas todo o discurso é de intolerância... Com gente desta o CHEGA a ir a algum lado só irá para o fundo... Todo o capital politico e o carisma que AV trouxe para o Chega foi e está sendo delapidado pelas próprias estruturas, pelos próprios membros e militantes. AV só tem que se queixar de si mesmo, como diria António Variações foi um “Gelado de Verão” durou enquanto durou, até acabar lambido …

Desengane-se quem ainda esperar alguma coisa do Chega, o partido abrigou no seu seio gente de tal modo mal formada que não vejo por onde se lhe possa pegar para o resgatar do trambolhão que deu nas autárquicas, partiu as duas pernas, teima caminhar de joelhos, mas não irá longe, aliás quer-me parecer que nunca mais irá a lado algum, o seu ponto alto foi nas presidenciais, doravante e por culpa sua será sempre a descer…

R. I. P. 

                                                                         



domingo, 3 de outubro de 2021

731 PORTUGAL, PARADIGMA PARADIGMÁTICO

                 732 - PORTUGAL, UM PARADIGMA PARADIGMÁTICO *  


Caros amigos, pessoalmente, em nome do grupo de Évora e penso não me enganar se falar por todos, é meu desejo cumprimentar os presentes e em especial os responsáveis pela nossa presença hoje, aqui convosco, pois de todos vocês releva uma confiança de que sempre ficaremos devedores.

 

Não estamos aqui por acaso, estamos aqui porque vivemos, o país vive, tempos paradigmáticos, volúveis, inseguros, tempos onde a ética, a confiança, a moral e o respeito são quotidianamente pisados e enxovalhados.

 

Prova disso é o fenómeno negativo, ainda que crescente e estável, do número de absentistas, reflexo de gentes que perderam a esperança neste longevo e respeitável país em virtude de uma democracia que o não é e fruto de políticos novos, vazios de ideias e de ideais, inexperientes, oportunistas, sem respeito pela nação e sem respeito por este povo.

 

Os portugueses sentem cada vez mais o chão fugindo-lhes debaixo dos pés, sentem-se cada vez mais confusos e mais inseguros, antevêem o futuro como uma incógnita, e percebem perfeitamente que o presente assenta na instabilidade, sendo a precariedade a única certeza que têm como certa.

 

É cada vez mais visível e notória a desintegração institucional, social e moral da nação. Nunca governantes mentiram tanto como agora, nunca os baluartes que sustentam o poder tremeram tanto ante tanta demagogia, nunca tão ambiciosa sede de poder descarrilou numa via em que os fins justificam os meios, toda a crítica e todos os críticos são afastados, a censura disfarçada é instaurada e os mídia comprados com subsídios e favores.

 

Por um breve instante o aparecimento do Chega pareceu preencher essa esperança desesperada que envolve absentistas e insatisfeitos, mas foi esperança de curta duração, essa esperança foi traída, e essa traição fez com que nem a insatisfação nem a desilusão tivessem desaparecido da vida dos portugueses. Bem pelo contrário, ela avolumou-se tanto quão o desespero que corrói essa metade do digno povo português.

 

A nação esmorece e definha quotidianamente e a olhos vistos sem que ninguém dê um passo sequer para fazer frente a esta calamidade. Mas nós estamos atentos, atentos porque é hora, é agora a hora de agir, poderá não haver mais oportunidades. Talvez estejamos reunidos aqui hoje fazendo história, talvez nos possamos comparar aos que almoçaram há 47 anos no Monte do Sobral, talvez agora sejamos a última linha de defesa antes do caos.

 

Cabe-nos a nós, cabe a todos aqui presentes erguer o estandarte, tomar a liderança, ser a vanguarda que evite o atoleiro da nação no lodo da perfídia em que a lançaram, em que a enredaram, cabe-nos a nós ser corajosos, clarividentes, responsáveis e competentes, cabe-nos a nós o papel dos últimos combatentes.

 

Viva o partido Novo Viva Portugal !!!


* NOTA - Imagens do Restaurante Adega do Monte –– Estoril, Cascais, onde decorreu o jantar comemorativo dos fundadores do “PARTIDO NOVO - Direita Popular” - Monte Estoril 01 de Outubro de 2021. Em algumas fotos, eu enquanto coordenador para o Distrito de Évora, em pé e improvisando o pequeno discurso de encerramento e agradecimento postado acima.

















* NOTA - Imagens do Restaurante Adega do Monte –– Estoril, Cascais, onde decorreu o jantar comemorativo dos fundadores do “PARTIDO NOVO - Direita Popular” - Monte Estoril 01 de Outubro de 2021. Em algumas fotos, eu enquanto coordenador para o Distrito de Évora, em pé e improvisando o pequeno discurso de encerramento e agradecimento postado acima.




segunda-feira, 27 de setembro de 2021

OBVIAMENTE, ANTE A DERROTA, DEMITAM-SE



730 - OBVIAMENTE ANTE A DERROTA, DEMITAM-SE ….

 

Miguel Torga deixou-nos escrito no seu Diário XIV qualquer coisa que, coisa menos coisa andará por estas palavras;

“É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão. Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados”.

 Palavras que se adaptam perfeitamente à análise das eleições de ontem, eleições, em que não participei mas de que me não alheei embora todos saibamos haver cães que não se podem levar a caçar. Contudo não deixei de ir votar, tal como não me coibirei de mandar aqui umas postas de pescada sobre as ditas.

 Em primeiro lugar uma veemente crítica aos abstencionistas, uma democracia não se constrói com um povo sentado à lareira e de pantufas, razão tinha ou teve Martin Luther King quando afirmou, preto no branco, era preto mas o recado era igualmente para os branquelas;

“O que me preocupa deveras não é tanto a gritaria dos maus, mas sim o silêncio cobarde dos bons”.



A minha indignação continua com o Chega, de onde saí batendo com a porta, e bem antes de me ter conspurcado, partido onde nem deveria ter entrado, e que, tal como vaticinei num qualquer texto anterior, averbou uma derrota que ficará para a história da cidade e do anedotário nacional. Não se impõe quem quer, impõe-se quem sabe e tenha qualidades e pergaminhos, coisas que aquela gente nem sonha o que sejam.

 A inexperiência politica, a falta de visão, de ética, de cultura e de inteligência quer da Distrital quer da Concelhia, e nesta observação envolvo de igual modo todos os elementos dos ditos órgãos, ditou a sua sorte, não ontem, 26 de Setembro, mas mais de dois meses antes, a 5 de Julho, o dia em que bati com a porta e me retirei, avisando-os da asneira em que incorriam. Felizmente saí a tempo de toda aquela palhaçada.

 Esses elementos, quer da Distrital quer da Concelhia do Chega – Évora, falharam redonda e vergonhosamente os seus objectivos e, como tal, até para serem coerentes com o que foi o beco sem saída a que o seu QI os conduziu, e por respeito a todos os militantes, os que estão e os que saíram, deveriam demitir-se de imediato e em bloco, não sem antes convocarem eleições onde, democraticamente e de modo transparente os melhores fossem eleitos, e não nomeados, uma entre tantas palhaçadas que A. V. consentiu e apadrinhou quando impôs a razia das eleições, substituindo-as por nomeações. Outras distritais deveriam peoceder de ighual modo e colocar os lugares à disposição. 



Infelizmente da abstenção e da cegueira resultou que nem o comunismo foi afastado apesar d’hoje só perfilhado por ignorantes, invejosos, incultos, complexados, praticantes do servilismo, tarados e todo o tipo de atrasados mentais e outros que tais. Nem eles nem os seus “primos dilectos” os socialistas que, tal como os primeiros têm a mania de distribuírem antes de produzirem para agradarem a ociosos e outros de igual jaez, endividando-se depois por nós, a fim de comprarem votos com o nosso dinheiro, acumulando uma divida asfixiante que nem daqui a duzentos anos daremos por paga.

 Assim se vê a força do PC, e ontem foi dia de milagres, até coxos e marrecos foram votar. Não há maior exemplo de união que os comunistas, uma ordem de Estaline e darão o peito às balas e a vida pela mãe pátria. Na segunda guerra mundial o metralhador na torre dos tanques tinha ordem para abater todo o soldado de infantaria que se atrasasse ou se negasse a avançar, não é por acaso que nessas reportagens os vemos avançando a correr p'los campos fora contra o inimigo. Mas não de entusiasmo, era medo, medo puro. Espero que todos tenham reparado igualmente no poder tentacular do polvo socialista...

Aquilo eram eleições a sério que muitos levaram na brincadeira. Tanto brincaram que se foderam, e pior, foderam igualmente os outros.


Sobre Florbela Fernandes já disse o que tinha a dizer, honras portanto para essa mulher com M grande e com um grande par de tomates. Ousou enfrentar o quadrunvirato e apostou que lhes roubaria a eleição do Calixto, pescou e pescará votos nas mesmas águas que o PS por isso não me admirou que, embora não tivesse vencido, tenha impedido a eleição do candidato socialista e, nesse item não me esquecerei nem de lhe agradecer nem de a encorajar pois estamos perante uma mulher de coragem, com um futuro político nitidamente aberto à sua frente e que, ou se tornará a mulher que passará a contar em Évora ou morrerá, porque o quadrunvirato é Implacável. 

Não lhe resta outro caminho que não seja a fuga em frente, tem que vencer, o que nem será difícil, já demonstrou ter ideias, sabê-las alinhavar, saber falar, saber dizer o que pretende, saber discursar, saber discernir e nem precisa que lhe escrevam os discursos, como decerto acontece com a outra senhora… Uma incógnita, irá no futuro pender para a esquerda ou para a direita se essa dicotomia até já está ultrapassada ?


O meu amigo Henrique obteve o melhor score de todos os tempos para o PSD e, se não têm sido alguns dos seus camaradas de partido terem-lhe negado o voto por se julgarem melhores que ele e terem uma espinha atravessada na garganta, por não serem candidatos, nem terem sido capazes de engolir um sapo ou a espinha e, votarem no camarada Henrique gostassem ou não gostassem dele. Não era momento para traições, as quais como acabámos de ver, beneficiariam quem estava e está ou continua estando, no fundo quem anda fazendo merda há demasiado tempo.

 Aquela cena do Rui Rio também não ajudou nada, a propósito, ele ainda aí está ? Ainda não o correram a pontapé ? Desde Sá Carneiro que o PSD ficou órfão, nunca mais teve um presidente que se aproveitasse e o bom do Henrique levou com todo esse cataclismo histórico em cima da cabeça… 


Quero eu dizer com estas críticas e esta arenga que nenhum candidato era efectivamente bom ou serviria ? Não, não quis nem quero dizer isso, eu queria dizer é que havia uns melhores que outros e teríamos que ver qual o objectivo principal a atingir e qual deles teria melhores condições de o conseguir e, nesse item o Henrique era o indicado, porém não foi o mais votado e todos perdemos.

 Como sabem a humildade e a modéstia nunca foram o meu forte, são coisas para mariquinhas, coisas de gente fraca, atitudes de gente que não se conhece a si mesma nem em si própria confia, uma desculpa para aqueles a quem sobra ignorância e falta sabedoria…. Bem sei que o melhor candidato teria sido eu, que o melhor programa teria sido o meu, que quem melhor trocaria as voltas aos comunistas seria eu, que o candidato que eles mais temeriam seria eu.

E àqueles que estão na tentação de me chamar Xico esperto, pois que chamem, por Xico não respondo, por esperto ou Humberto sim. 

Mas como sabeis e infelizmente o destino não me quis nestas eleições, a cretinice e cegueira política dos membros da Concelhia e da Distrital do Chega – Évora aliadas a um apego ao poder a todo o custo e a uma ambição cega e desmedida só os conduziram a nada. No entretanto tinham tornado impossível a minha continuidade nesse partido que se dizia puro e afinal é tão sujo como os outros ou pior que eles.

 E não esqueçam o meu prognóstico, está estampado num dos textos atrás, que sem mim o Chega averbaria uma derrota que ficaria para a história da cidade e da imbecilidade. Quando eu era rapaz contava-se uma anedota engraçada que dizia mais ou menos que, a quem não soubesse fuckar até os tim-tins atrapalhariam… Foi o que se viu.

 Quanto ao resto tudo como dantes, quartel-general em Abrantes, lá ficámos livres do Bloco, vou jantar a preceito para comemorar isso, foi o que se aproveitou do dia de ontem…  



NOTA – Ver também

https://mentcapto.blogspot.com/2021/09/730-prognose-uns-dias-das-eleicoes.html

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