sábado, 12 de fevereiro de 2022

756 - ROMANCE DE AMOR EM MATALASCAÑAS.




E assim a saudade o desejo e a tua ausência em simultâneo evoluem num sonho lindo que alimento, mais acordado que dormindo, estendido a teu lado em Matalascañas, recordações que me trazem encantado há tanto tempo, esquecido de tudo e de todos, e de mim, que me não penso, já que somente nesse sonho vertido em esperanças inverosímeis me é possível acalentar-te e ter-te.

 

Tu na janela olhando o mar, a lua, tu empinando, eu por trás de ti, abraçando-te, desvairando com o calor do momento, o odor do momento, tu entreabrindo as coxas, eu aspirando sôfrego a fragrância que trouxeste do banho, colando-me a ti, sentindo-te o desejo sem que consiga segurar o meu, colo-me mais, abraço-te e tomo nas mãos o teu peito, o coração batendo-te descompassadamente, os mamilos endurecendo, o peito inchando, sinto-te separar os pés, ouço as pulseiras tinindo, tu abrindo as carnes, o mesmo cheiro de novo, inebriando-me, puxando de mim a força do romance, tomo-te de assalto, tu suspiras, gemes, a lua parece maior e mais brilhante, sou teu, e tu minha, estou em ti, todo, não já colados mas pegados umbilicalmente, sinto-te contrair e relaxar enquanto eu pulso dentro de ti, o teu calor me queima e me espremes a vontade delirando mais, mais, mais, eu empurrando-te contra o parapeito da janela procurando ir cada vez mais fundo.

 

Aspiro o ar do mar, afogo-me em ti, sinto o fluir das ondas, a espuma delas escorrendo-te coxas abaixo e tu, não pares não pares agora e eu não paro, antes aperto o abraço empurrando-me p’ra dentro de ti, todo dentro de ti, pulsando e golfando, jorrando amor enquanto cravas as unhas nas minhas coxas e me puxas mais e mais, eu fechando os olhos, cegando, sussurrando minha querida não pares aperta tudo,

 

agoraaaaaaaaaaa,

agoraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa,

vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv,

 

e assim ficámos, abraçados e tão inverosímeis quanto o futuro que nos aguarda, quais castelos de nuvens engalanados de boas intenções e suspiros, e ais, e tu, e eu, em posições tais que o melhor é esquecer, não lembrar mas esquecer simplesmente que não podemos sequer augurar, sorrir, sorrir desta ironia que nos juntou sem juntar e contudo durante tanto tempo logrou enganar estas mentes ávidas, carentes, iludidas, sofridas, alienadas de si por vontade própria, agora cônscias de que contudo, todavia, valeu a pena esta impossibilidade tornada agora uma realidade eterna, inesquecível, perene…

tornada uma paixão, um amor eterno, uma promessa.