Quando digo meter as mãos na massa não estou a insinuar que se abotoem, que dêem a palmada, se amanhem, nada disso, até por saber que todos o fazem, ou quase todos, e aí o problema será outro, muito diferente do que quero abordar, aí o problema é o facto de sermos um pequeno país e indubitavelmente pequeno demais para tanto ladrão. (palavras de Ferraz da Costa, ex-presidente da CIP em entrevista dada há alguns anos).
Mas
não, eu queria mesmo era referir-me a arregaçar as mangas e fazer, meter as
mãos na massa e amassá-la para depois e com ela construir, com a massa
fermentada, com massa de areia e cal, ou de cimento, trabalhar a massa que é a
mole humana e levá-la a ter atitudes mais construtivas, mais positivas, mais
responsáveis e mais lúcidas.
Toda
esta arenga vem a propósito do bulício que se vem levantando por mor das
eleições autárquicas, do tira teimas diria eu, e digo-o porque Évora vem
teimando há 50 anos em políticas e partidos que não a têm levado a lado nenhum,
ou por outra, a têm guindado ao nada invejável lugar de cidade mais pobre e
mais atrasada deste miserável Alentejo e retrógrado país.
Curiosamente retrogrado é sinonimo de reaccionário, quem diria, já que foi a esquerda a ter levado Évora e o país ao fundo do buraco em que se encontra, o que me deixa naturalmente espantado mas não admirado com o miolo de tanta cabecinha que por cá se passeia e pavoneia.
Mas além de reaccionário, retrogrado é também sinonimo de quadrado, o que tem pouca inteligência, que é um asno (diz o dicionário), o que nada ma surpreende, ou não estaria aqui a cascar nela, na esquerda, na população de esquerda que, com o seu voto e a sua proverbial cegueira tem conduzido a cidade e o país ao fundo.
Paralelamente, e passados 50 anos, muitas luas e eleições, Évora encontra-se de novo no dilema de escolher quem a governará. Poderia acrescentar que desta vez a escolha seria mais fácil e mais óbvia, mas também o poderia ter sido há 40, há 30, 20 ou 10 anos atrás e não foi, errámos repetidamente e o meu receio é que tal venha a suceder novamente mau grado os 50 anos de experiencias repetidas e apesar disso negativas.
O
sistema (e os partidos que o representam e sustentam) já nos provou à saciedade
não estar interessado que no país quer nesta cidade, não fosse assim e não
estaríamos a capitular, a andar para trás, a ficar parados no tempo vendo tudo
e todos passarem à nossa frente. Não, desta vez há uma pequena grande hipótese
de fugirmos à nossa triste sina de termos que votar sempre nos mesmos. Desta
vez o leque de opções é mais largo e dá-nos a oportunidade de votarmos em nós
mesmos, de votarmos por Évora, de votar nos eborenses !!
Ainda
que tarde, mal e a más horas, neste caso boas, o aparelho legislativo lá pariu,
ao fim de quase 5 décadas, a possibilidade dos cidadãos votarem neles mesmos,
em listas suas, de que façam parte, elaboradas por eles, e ainda que o
privilégio por enquanto se limite aos meios urbanos, concelhios, pelo caminho
que isto leva não demorará que sejam autorizados, preferivelmente com alguma
urgência, a elaborar listas de cidadãos, livres e descomprometidos de partidos,
que lhes permitam formar movimentos para concorrer às legislativas e tenham
como objectivo resgatar o país das unhas de quem o depreda há demasiado tempo.
Noutros
lugares não sei, mas por cá temos o MCE, Movimento Cuidar de Évora que já há
meia dúzia de anos nos vem sensibilizando para que tenhamos mais cuidado e
atenção com nós mesmos, eborenses e cidadãos, alertando-nos para que não deixemos
a nossa cidade, o nosso futuro em mãos alheias, já que ao longo dos últimos 50
anos ficou provado os amigos do alheio terem mais interesse em servir-se dela
que em servi-la, que é como quem diz em servir-nos a nós, habitantes e filhos
desta urbe sem presente nem futuro mas à qual têm sugado e continuam sugando um
passado que devemos a outros, quando deviam era deixar obra feita para os
vindouros, mas não, para esses têm acumulado e irão deixar sim uma enorme e
incompreensível dívida.
O
Movimento Cuidar de Évora, o MCE é a oportunidade de nos elegermos a nós mesmos
cidadãos desta sofrida terra, de segurar nas nossas mãos as rédeas do presente
e do futuro, de fazermos alguma coisa, ou muita, por nós próprios, de não
ficarmos dependentes e pendentes dos outros, da vontade dos partidos, é a
possibilidade de nos libertarmos, de dar o nosso grito de Ipiranga, de fazer o
nosso 1640, de derrubar a cortina de ferros e o muro da vergonha em que nos
encerraram !
Suportam
a estrutura deste movimento de cidadãos unicamente eborenses empenhados, a
liderança está, e bem, nas mãos de uma mulher que tenho vindo a observar, e a
avaliar ao longo dos últimos tempos, que reputo de pessoa de bem com uma mente
brilhante, inteligente, culta, bem formada, expedita, ponderada e informada que
por certo irá dar dores de cabeça a muitos homens e tirar o sono ainda a
mais.
Já é modo de dizer, já tirou, anda por cá há tempo suficiente para isso e para nos mostrar e demonstrar quanto vale e, como a maioria de nós, senão de todos nós, é originária de um partido do sistema que, tal como mui provavelmente aconteceu convosco, a desiludiu, a forçou a sair e arregaçar as mangas, a meter as mãos na massa se é que ela quer, se é que nós queremos que alguma coisa mude em Évora, alguma coisa que guinde esta cidade ao valor que já teve no passado o qual apenas têm usado, do qual apenas se têm servido ignorando estupidamente o dever que temos para com o presente e em especial com o futuro e os vindouros.
Claro
que entre as candidaturas conhecidas há mais gente capaz, tenho entre os
candidatos, alguns bons amigos, bons amigos, bons candidatos e boas pessoas,
mas também tenho entre esses candidatos maus amigos, alguns muito maus amigos,
todavia todos eles carregam um senão, estão presos a partidos e, sabemos bem
quanto esquecimento alguns desses partidos têm votado a esta linda cidade.
Há 50 anos que o futuro tem sido absurda e estupidamente ignorado no país e em Évora, não se criarem condições nem para quem estava nem para quem viria, há demasiado tempo que esta cidade e este país nos vêem demonstrando não terem futuro... Sinceramente temo que qualquer que seja a mezinha a aplicar a dita venha demasiado tarde...
Honestidade
? Capacidade ? Competência ? O mau trabalho desta câmara salta á vista nas
finanças, nos buracos, nas ervas, na habitação, nos engarrafamentos, mas sobretudo na falta
de oportunidades e no pesado encargo deixado a todos os eborenses, até àqueles
que ainda não nasceram…
Tem
havido uma gritante incapacidade de gerir, de pensara, de fazer, de satisfazer.
É hora de mudar, p’ra pior já basta assim !!