quarta-feira, 23 de março de 2016

324 - SOU ALENTEJANO, KEEP KALM ....................


Mau grado as comemorações diárias de sucesso no Alentejo, logo rematadas com uma sessão onde o cante alentejano* nunca falta, as Cassandras da realidade teimam de modo regular repetitivo e invariável brindar-nos com estudos a que depressa fechamos os olhos pois não aceitamos que venham beliscar-nos a condição de alentejanos, que como todos sabemos é sinónimo de perfeição. Até eu, não sou perfeito mas sou alentejano, o que é quase a mesma coisa.
  
Desta vez foi um tal Zaask em conúbio com a Universidade Católica, que nem alentejanos são, gabando-se terem produzido um estudo (links no fim do texto), estudo esse envolvendo todo o território nacional e que, uma vez mais e como sempre coloca o Alentejo no fim da tabela, como se não nos bastasse o Henrique Raposo e o seu rol de idiotices que ninguém levou a sério. Para com esta parceria Zaask/Católica, a nossa atitude bem poderá ser a mesmíssima, repúdio total.
  
Pois o estudo dessa tal Zaask / Católica avaliou a competitividade regional a nível nacional e como se tivesse descoberto a pólvora, colocou Évora na cauda dos distritos onde é mais difícil abrir um novo negócio, uma nova actividade económica, Évora e o Alentejo, todo ele, no fim da dita tabela territorial. Como se houvesse aí novidade ou nós próprios não sentíssemos ou não soubéssemos, há bué de décadas que assim é. Não veio portanto dar-nos novidade nenhuma, outros antes dela o tentaram e levaram igualmente com o nosso desprezo, alheamento e indiferença. A calma nasceu aqui, tem aqui pais e avós, tem aqui o seu lugar e o seu futuro e não será um artolas qualquer a ensinar-nos o que é a vida e o que é viver.
  
Naturalmente as coisas não vão bem mas a culpa não é nossa, e mais, duvido bastante de quem sistematicamente nos coloca no fim de estudos e tabelas, e da desconfiança passei ao creio firmemente existir uma animosidade lactente e fáctica contra o Alentejo e os alentejanos, uma ou muitas se considerarmos duas ou três décadas, ou quatro. Muitas conspirações se ergueram e erguem contra nós, o Alentejo, uma região que tem tudo para ser rica e não a deixam. O poder central, o capitalismo, o liberalismo, tudo e todos se têm unido para que ao poder local democrático não seja permitido realizar as aspirações e a felicidade deste povo, trabalhador, lutador, sofredor, genuíno, honesto, e crente nas enormes potencialidades do seu destino.
  
Esta conspiração contra o Alentejo e os alentejanos não é de hoje, nem de ontem, podemos mesmo situar o seu começo no dia em que a Reforma Veiga Simão foi posta de lado. É que nem se dignaram fazer com essa reforma o que fizeram com a ponte Salazar, que mantiveram a funcionar mas lhe mudaram o nome para Ponte 25 de Abril. No caso do ensino foi um verdadeiro regabofe, abriram-se universidades para todos, abertas, fechadas, particulares, estatais, boas, más, a carvão, a gás, com turbo, ou super turbo, e turbulentas, a maioria fechou, o número de estudantes com a crise minguou, e as antevistas potencialidades da produção de doutores, engenheiros, escritores, artistas e etc. para exportação ou para consumo interno voltaram a ser quimeras, tornaram a ser de novo potencialidades abertas, futuros em perspectiva, em aberto, perspectivas, potencialidades, essas coisas que, como toda a gente sabe os alentejanos ambicionam e em que o Alentejo é riquíssimo. Num ápice foi-se todo um mundo de potenciais oportunidades em perspectiva que há séculos se nos abrem e que assim continuarão pelos séculos dos séculos, ámen.
  
Tal como fizemos com Henrique Raposo, que abalou daqui com o rabinho entre as pernas depois de uma valente coça, para aprender a não se meter connosco, também os municípios alentejanos deviam de imediato contestar os resultados do tal estudo que a Zaask aponta, apresentando publicamente argumentos convincentes, credíveis, válidos e validados, que rebatessem as aleivosias que o tal estudo citado apresentou. Quem não se sente não é filho de boa gente…
  
Na impossibilidade de o fazerem, isto é de se demarcarem de tão vergonhosos resultados, então deveriam os municípios visados despoletar eles mesmos um estudo isento, imparcial, que identificasse as causas dos estrangulamentos e dos obstáculos a que a actividade económica, industrial e mercantil está negativa e efectivamente sujeita no respectivo concelho e tornassem esses resultados natural e igualmente públicos, já que a Zaask, ou antes o seu estudo, aponta como uma das causas o pequeno ou completamente inexistente apoio à actividade empresarial por parte das administrações centrais e locais.
O mencionado estudo, de que também o Diário do Sul fez capa (enganadora) no dia 21, alude a um alegado ou denominado pessimismo dos empresários e eu direi que a ser assim será feito à boca pequena, pois desde sempre aqui vivi e nunca os vi ou ouvi reclamar, recalcitrar, admoestar ou ameaçar quem quer que seja, o que me leva a crer que a economia local estará mal mas para os outros, não para eles, para os outros sim, para os que fazem fila ou já perderam a fé nos Centros de Emprego, como se coubesse a estes fazer mais que afixar nos seus placards os anúncios de emprego que com desvelo recortam das páginas desse mesmo Diário do Sul.

O empobrecimento que o estudo menciona é culpa nossa e só nossa, com CEE ou sem CEE, com euro ou sem euro, o país, a região, as regiões, nunca produziram ou produzirão o suficiente. Um fraco rei fará fracas as fortes gentes diz o refrão e com razão. É o nosso velho e eterno problema de chefias, de vanguardas, de patrões, de empresários, de elites, é um problema velho e que se tornará velhíssimo, um problema que sempre se agarrará a muletas para deitar acima dos outros as culpas da sua inabilidade, de que são exemplos os apelos de saída da CEE, ou da moeda única, como é o apelo à Regionalização. Nada resultará, o nosso problema é só um, é um problema de produção, produção, produção, o resto é areia deitada para os nossos olhos. Só a produção gera empregos e riqueza, e o aumento da produção nada tem que ver com CEE, com o euro ou com a Regionalização, tem a ver com atitudes, mentalidades e estruturas de produção.  

Claro que com o Alentejo a despovoar-se, os salários em queda livre, os municípios quase sem excepção atolados em dívidas ou pessoal, ou nas duas coisas, a verdade é que nem há gentes nem dinheiro que possam valer a qualquer economia, a menos que façamos como Malta e Chipre, vendamos isto aos russos ricos, aos chineses ou aos árabes, ou aos indianos ou paquistaneses. A não ser assim isto, o Alentejo, não terá solução. Teria tido se o caminho trilhado há vinte ou trinta anos tivesse sido outro, agora é tarde, nem com vistos gold lá iremos. Emigrem… 

          Há que reconhecer todavia alguma coisa positiva ter vindo a ser feita pelo Alentejo, aqui, ali, acolá, de vez em quando surgem ideias e obras, porém são acontecimentos pontuais e de tímido volume, e nada de dimensão que nos leve a pensar e a reconhecer tratar-se de um movimento de fundo, mobilizador da execução de um grande plano ou estratégia, infelizmente termos que os classificar como iniciativas meritórias, sem duvida, mas claramente insuficientes. Para qualquer lado que nos viremos falta-nos massa crítica, e disso se encarregou ao longo de décadas a autofagia política vigente, acabou com o que havia e impediu novas afirmações ou poersonalidades de encontrarem o seu lugar... 

Uma breve nota, apesar de ter tentado há pequenos grandes problemas que os links não mostram, caso do universo em que assenta a amostra ou amostragem do estudo, que publicamente a não apresenta, o que não significa que não exista, estará junto da documentação original. Observando as variáveis e condicionantes que nos são apresentadas e se atendermos ao facto de quer a Zaask quer a Universidade Católica deterem um historial de verdade nos seus estudos pelo qual poderemos balizar a nossa apreciação, fácil se torna concluir que se compararmos o que observamos com a realidade diariamente confrontada, depressa faremos um juízo sobre o que é dito e forçosamente concluiremos não andar o referido estudo longe da realidade, antes bem perto dela aliás, e infelizmente. 




domingo, 20 de março de 2016

323 - CARTA ABERTA AO EXPRESSO ......................


Não tenho Francisco Pinto Balsemão* por parvo, aliás tenho-o por pessoa de bem, ao contrário de Durão Barroso e de Guterres, que fugiram, ou de Passos Coelho, que amouxou subserviente. Ele e outros, não foi só o Pedrito. Ao contrário deles como ia dizendo, Francisco Pinto Balsemão provou em 1983 ser um grande homem, com H grande. Então como hoje, e ante as exigências parvas e desmesuradas do FMI, perante as quais todos se agacharam, ele mandou-os dar uma volta. Deve ter-lhes dito que ficassem com isto, ou que tomassem conta desta piolheira, e certamente os mandou à fava ou.... mais não digo que isto é público … Demitiu-se de PM, mostrou ter alguma dignidade, alguma vergonha e algum patriotismo, coisa que não se viu em mais lado nenhum ou em alguém…

Em pouco mais de quarenta anos Francisco Pinto Balsemão conseguiu erguer um império da comunicação e um semanário de referência, número um a nível nacional, premiado varias vezes internacionalmente. Mas envelheceu, Francisco Pinto Balsemão não o jornal, o Expresso envileceu. Bem sei que o Expresso não era ele, eram os seus jornalistas, mas a Francisco Pinto Balsemão gabo a capacidade de o ter mantido um órgão independente, ao invés de se meter, ou intrometer, teve a lucidez e a inteligência de deixar os seus jornalistas fazerem o trabalho bem feito, competia-lhe a ele proporcionar, e proporcionou-lhes condições para isso, e talvez ou quando muito ter-lhes-á exigido padrões de qualidade.

Ora é precisamente essa qualidade que o Expresso tem vindo a perder. Em primeiro lugar façamos um desenho geral da coisa, do grupo, grupo que infelizmente se vai bastando a si mesmo e não só aproveita as sinergias criadas mas as leva mesmo ao extremo, suga-as. Ignoro quantos trabalhadores tem o grupo, mas qualquer dia bastam-se a eles mesmos, produzem as noticias e os conteúdos televisivos, consomem-nos e compram os seus próprios jornais ou revistas, lançam os foguetes e correm a apanhar as canas.

Estou ficando saturado de apanhar sempre com as mesmas caras, na SIC os comentadores convidados são geralmente prata da casa, jornalistas da Visão, da Exame, do Expresso, e neste as reportagens ou noticias quando saem no sábado já tinham tido abordagem ou tratamento na quinta-feira no exemplar semanal da Visão, é de supor que em relação às restantes revistas se verifique ou suceda a mesma promiscuidade noticiosa.

O Expresso ganhou vários prémios, em especial virados para o arranjo gráfico, bonito, com florinhas e floreados, o que enquanto leitor menos me interessa num semanário não dedicado à flora, mas tirarem das suas páginas a poesia quando neste mesmo sábado 19 de Março do ano da desgraça de 2016 a página de Nicolau Santos desapareceu é demais ! Sem o Nicolau passo, mal mas passo, mas a poesia Senhor ?

Parece envilecer entregue a yuppies o Expresso, vergado às teorias da rendibilidade económica, mas cuidado, o diário económico morreu precisamente este fim-de-semana apesar de nele pulularem economistas… Há algum tempo que eu vinha condescendendo com Francisco Pinto Balsemão, ele diminuiu o tamanho dos caracteres na Visão por duas ou três vezes e da última eu fiz uma conta, consultei o algoritmo resultante, elaborei algumas projecções, ponderei custos e proveitos e desisti da assinatura. Lia-a desde quando se chamava Opção, 1977. Estou seriamente pensando proceder do mesmo modo em relação ao Expresso agora que a net me dá tudo o que eu possa querer, e por vezes nem quero tudo pois temo que Deus me faça a vontade.

Francisco Pinto Balsemão substituiu jornalistas e eu calei-me, aguentei, Cáceres Monteiro morreu, coitado, o outro parvalhão o Saraiva foi para o Sol e ainda bem, Fernando Madrinha com pena minha reformou-se, João Pereira Coutinho desapareceu ou abrasileirou-se, enfim, nomes que tinham moldado personalidades e caracteres foram levando sumiço ou substituídos por gente nova, geralmente gente parva, gente demasiado focada ou pretensamente entendida nos temas que aborda, esquecendo que eu, leitor, pagante, quando abro o jornal não sou o Baião professor nem o Baião historiador, nem o Baião economista, nem o Baião sociólogo, ou geógrafo, ou capitalista, adventista, baptista, sou o Baião plural, esse molho de brócolos de pluralismo que ao primeiro olhar deu com a ausência da poesia na pagina do jornal do Nicolau, precisamente a poesia, essa coisa que tornava humano a nossos olhos o Expresso e que o diferenciava do alfa e ómega de noticias que podemos colher em qualquer lado.

Desta vez Francisco Pinto Balsemão e a sua ganância e perseguição do lucro a qualquer preço passaram das marcas, e se já andava farto de o ver abusar da prata da casa desta vez digam-lhe que partiu a cantareira, eu gosto do humano, da diversidade riqueza variedade e pluralidade porque sou humano e uno, porque sou sobretudo uno no meu pluralismo, eu encerro em mim um país, uma cidade, uma língua, todo um mundo.

A Visão já era, ou já foi, mais precisamente no dia em que a qualidade do papel ficou abaixo de papel higiénico, e o Expresso põe-se a jeito, será no dia que correrem com a enciclopédia ambulante que é a Ana Cristina Leonardo, ou a cosmopolita Clara Ferreira Alves, ou com o super - coerente Miguel Sousa Tavares… 

A civilização desmorona-se, decididamente, não bastava o novel AO, já agora experimentem meter um robot…



sexta-feira, 18 de março de 2016

322 - THE BLONDE AND BEAUTIFUL CECILE ......


À primeira vista não passava de um inocente convite, nem era o primeiro que ela me enviava, tentei recordá-la mas quase quarenta anos fazem diferença. Estará mais velha, tal qual eu, mas tenho que reconhecer ser o seu sentido de oportunidade tão agudo quanto dantes o era.

O velho Zé Eduardo está de pés para a cova, ela sabe-o bem, como sabe que a herança os irá colocar todos em pé de guerra e que a Isabelinha não terá pulso na família. Nem na família nem nos amigos mais próximos nem nos aparentados, para efeitos de interesses instalados vai ser uma revolução.

O convite é informal, curto mas claro, a rubrica dela a mesma, só o posto é agora mais alto, e se assim é por quê ela a convidar-me ultrapassando o protocolo ? Por nos conhecermos já ? Devido à confiança que se gerou entre nós ? À amizade cultivada e ganha por nós dois ? Há quarenta anos ou perto disso que a não vejo mas lembro como era bela, bela e alta.

Parco de informação o convite, em boa verdade mal o olhei mas de imediato vi à minha frente a geografia de África nos próximos dez a quinze anos, quero dizer a sua geopolítica,. Muito dinheiro eu ganhei por aqueles anos. Não fui somente eu, o Madeira também, mas esse é infatigável, montou logo um restaurante, Deus me livre, só o trabalho, eu preferi amealhar, amealhei e curti, quero dizer chapa ganha chapa gasta, foi-se mas casei as gémeas, o pé-de-meia serviu para ajudar no começo de vida delas e não estou arrependido, quer uma quer outra levaram um bom dote, um super dote, se bem que a Valentina tenha casado melhor que a Ermelinda. A minha Luisinha não acha, mas acho eu e isso basta-me.

No dia 11 de Novembro de 1975, o Dr. Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola, em nome do povo Angolano proclamou a independência às 23:00 horas transferindo a soberania de Portugal, para o Povo Angolano, Holden Roberto, líder da FNLA, proclamou a Independência da República Popular e Democrática de Angola à meia-noite desse mesmo dia 11 de Novembro, independência que foi também proclamada nesse mesmíssimo dia em Nova Lisboa (Huambo), por Jonas Savimbi, líder da UNITA. Agostinho Neto, que morreria num hospital em Moscovo durante uma operação, foi substituído na presidência de Angola e do MPLA por José Eduardo dos Santos. Ao falecer em Moscovo, a 10 de Setembro de 1979, Agostinho Neto deixou atrás de si um país totalmente em chamas.

Foi o dinheiro mais bem ganho da minha vida, depois de recuperar daqueles ferimentos que eu pensava terem-me arrumado na prateleira cai-me ela no colo, no colo é modo de dizer, sofri em Xangongo (1) mas dei-lhes água pela barba, demos-lhes, não passaram, e isso é que interessa, isso bastou-me, afinal acabaram por pagar-nos para parar.

“                                            Quinta – feira 
Bar do Sheraton, vinte e trinta, poderemos jantar se confirmar a sua presença.
                                                  Cecile Sirleaf Botha                                              “
        
Nunca cheguei a saber se o seu nome era efectivamente aquele porque há uns dez ou doze anos tentei no Google, e já depois disso também, actualmente digamos, e nenhuma entrada me surge onde seja citada, mas basta-me o cartão e o seu nome, isso é que interessa. Da última vez visitou-me quando eu de convalescença nas Berlengas (2), e passadas duas semanas jantámos no Sheraton, aquele ali ao lado da velhinha Alfredo da Costa, mas nessa altura eu vivia em Lisboa e agora não me cheira, quero dizer não me agrada, cento e cinquenta quilómetros para lá, outros tantos para cá, não não, ela tem que ser mais concreta se quiser que eu me incomode. Mas adivinho-lhe os pensamentos, teme a desestabilização após a morte do velho Eduardo, teme pelas fronteiras de novo, mas não entendo por quê eu, há muito não sou operacional, será pelos meus conhecimentos, pelos meus contactos ?

Logo no início de 1975 fora desencadeada a Operação Carlota (Operación Carlota, em espanhol) o codinome da intervenção militar cubana em Angola. Grosso modo, esse nome apenas baptiza o nome da ponte aérea de emergência Cuba-Angola que o governo da Havana realizou para ajudar o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) a manter seu poder em Luanda e lá proclamar a independência, o que veio efectivamente a acontecer a 11 de Novembro desse ano de 75. No entanto, o que era para ser apenas uma intervenção de ajuda e aconselhamento militar ao MPLA para que este conseguisse expulsar do território angolano as tropas da UNITA apoiadas pela África do Sul e da FNLA, apoiadas pelo vizinho Zaire, transformou-se numa intervenção de larga escala que duraria dezasseis anos e envolveu não apenas soldados e conselheiros militares portugueses (estes em pequeníssima escala e funcionando em termos de contrato de avençados) mas especialmente cubanos, dada a quantidade de efectivos para ali deslocados e que além de militares incluíram médicos, engenheiros e professores. Cerca de 250 consultores cubanos chegaram a Angola em 1975. Até 1987, mais de 37 mil cubanos estavam em Angola e em 1988 chegaram a 50 mil.

O coronel morreu, o Abrantes também, a tal rede já nem existe e a haver alguma coisa será cada um por si. Ricos tempos, corremos mundo. Valeu a pena, eu estou bem, as gémeas estão bem, pena que cada uma para seu lado mas a vida é assim mesmo. Serão conselhos, será o meu conselho que ela quer ? Admira-me se não tiverem ninguém no terreno, têm, de certeza. Ou virá somente sondar, tirar nabos da púcara como dizemos por aqui. Não disparo uma arma vai para trinta anos, e curiosamente foi contra ela que a disparei ! Depois de acertarmos contas não, depois disso acabou-se, nunca mais. Desisto, vou esperar que ela se abra. Aquela guerra nem era minha.

A 14 de agosto 1975, uma mensagem “urgente e confidencial” do Alto - Comissário (interino) informa Lisboa de que foram dadas instruções sobre medidas de segurança ao consulado do Zaire por causa das informações públicas de que grandes quantidades de armamento estavam sendo fornecidas à FNLA, provindo de Kinshasa, capital do Congo ou Zaire.

Foram tempos duros, ganhava-se bom dinheiro mas eram tempos duros, e essa história de sermos só conselheiros era mesmo só história, era e é. E se os outros nos vencessem ? Se os deixássemos vencer ? Mandavam-nos para casa ou seríamos encostados ao mesmo muro que os demais ? Não os podíamos deixar ganhar, desse por onde desse. Além de que os pretos por esse tempo não valiam nada, chegavam tão depressa quão partiam, e não aprendiam nada, não sabiam nada, nem ficavam tempo suficiente para isso, eram um perigo até para eles mesmos. O que lhes valia era serem muitos, caíam uns apareciam logo outros, isso e os cubanos. Também lá ganharam bom dinheirinho esses com a história do internacionalismo libertário ou proletário. Pois. Até com os cardumes de peixe no mar acabaram.

No dia 21 de agosto 75 temendo o alastrar da influência comunista na zona e abrindo uma segunda frente a fim de enfraquecer o MPLA e deste modo ajudar a UNITA, as tropas sul-africanas desencadearam um ataque à cidade de Pereira D’Eça (actual Ondjiva), com focagem especial nos aquartelamentos militares do MPLA e cubanos. Na operação participaram helicópteros de combate excepcionalmente preparados, carros todo o terreno blindados e cerca de 600 homens brancos, incluindo alguns portugueses e negros. As forças do MPLA na altura controlavam essas áreas do sul de Angola e do deserto da Namíbia. O inimigo iniciou um ataque geral com a destruição das instalações e equipamentos da nação, referia a transmissão militar angolana captada pelos sul-africanos. 

Não faço a mínima ideia do que quererá desta vez a bela Cecile, quer dizer não imagino, mas o que quer que seja que ela queira desconfio já estar arrumado para isso, velho para isso, aposentado digamos. O problema é que esta gente nova não sabe nada de nada, nem dar dois tiros, quanto mais ensinar o que quer que seja, mas é que não sabem mesmo nada de nada, nem desarmar uma mina se fosse necessário. Coitado do Miranda, por causa de uma antipessoal de fragmentação é que ele se foi. Eram difíceis de detectar e mais difíceis ainda de desarmar aquelas. Foi a sorte grande para a viúva, mas os pretos demoraram mais de dez anos a cumprir o contrato. Pretos. Vão desestabilizar aquela merda toda outra vez. Aposto que vão, eu não me chame Humberto.

Em 1977, a África do Sul mudou a estratégia de defensiva para ofensiva, tentando caçar a SWAPO em Angola, movimento de libertação da Namíbia e que tinha apoio angolano, país com quem concertava posições e para onde se retirava para retemperar forças levando a mais um passo na escalada da guerra. Os Sul-africanos tinham percebido que não era possível proteger toda a sua fronteira contra a infiltração da SWAPO e que as tropas eram insuficientes. Desfeririam obedecendo à nova estratégia ataques preventivos contra as bases da SWAPO sendo a sua atenção concentrada nos resultados comparados do custo-benefício efectivo das operações lançadas. A Força Aérea Sul Africana deu muitas vezes cobertura aérea a estas operações de contra guerrilha. A sua intensidade aumentou em 1981 durante a operação Protea. A SWAPO foi varrida como ameaça séria entre 1983 a 1984, contudo e apesar da resistência dos sul-africanos viria a conseguir os seus objectivos e como partido político governa a jovem nação desde essa data, 1990.




quinta-feira, 17 de março de 2016

321 - UNHAS PARA TOCAR VIOLA ..........................



Olhar aquelas mãos tratadas, as unhas cuidadas de modo esmerado, compridas q.b., pintadas numa cor carregada e em mãos de dedos esguios, de pele branca, lisa, reflectindo os anos vividos e a viver, ou mais ou menos isso, suscita em mim, sempre, os pensamentos mais pecaminosos que imaginar nos seja permitido.

Natural ou inconscientemente fui-lhe complicando a satisfação dos meus pedidos, complicando nem será o termo, será mais correcto alegar sofisticação dos pedidos, o que a obrigava a manusear as mãos frente aos meus olhos durante muito mais tempo. Pegar na coisa, na coisa ou no coiso, no que quer que eu pedisse ou solicitasse, ou comprasse, e manuseá-la, ou manuseá-lo, buscar-lhe o jeito, medir-lhe mentalmente o tamanho, ajuizar das necessidades para o envolver, escolher um padrão condicente e cortar a folha correctamente, à medida, embrulhar com jeitinho, cuidadosamente, sem rugas no papel e, no final colocar-lhe um lacinho. Perfeito.

E, enquanto as mãos lhe buscam e apuram a perfeição, eu, deleitado, olho-as, a elas e, por cima dos óculos à dona dessas miraculosas mãos, reparo então como os cabelos lhe oscilam, ondulam como um pêndulo ao sabor dos movimentos das mãos, e os olhos, os olhos meu Deus, que quando pestanejam me fazem esquecer do que ali me levara e dou por mim pedindo o jornal na padaria, papo-secos na farmácia, aspirinas na florista ou pão na livraria. Distraído pego em tudo aquilo preparando-me para abalar sem pagar e logo um sorriso aberto, de dentes mais brancos que os de um teclado me recorda diplomática e docemente:

- Vai pagar em cheque ou em numerário senhor Baião, quer facturinha, com número de contribuinte ? Arrisca o carrinho ?

Então acordo da distracção brejeira a cuja cegueira sucumbira e fico preso do seu olhar pestanudo e linguajar profuso, o porta moedas aberto, a carteira aberta, esperando ouvi-la soletrar a importância da coisa, o valor da conta, desculpando-me da minha abstracção, rotineira já, e reparo então que susteve o riso, a risota, e ao suster-se o peito lhe arfa e o volume aumenta e me toca, corrijo, me sensibiliza, a mim, homem sensível, que nem deve enervar-se pois tenho um “stent” na aorta há coisa de meia dúzia de anos.

Tal como as conversas, ou como as cerejas que se comem umas atrás das outras, também os atributos, os pormenores ou as peculiaridades da beleza nos levam, nos conduzem, a que os observemos um após outro com particular atenção exigindo que nos detenhamos num ou noutro ponto ou aspecto mais do nosso agrado, reparo nesse instante como a calça de ganga se lhe ajusta à perna, se lhe cola e a molda como a uma alva e marmórea coluna dórica, contudo o cós, baixo, deixa antever-lhe ao baixar-se a pele morena e tisnada a qual, a exemplo dos eflúvios do café que me toldam as sensações mantendo-me sonhando acordado, faz com que ao invés de conferir trocos e compras me perca nessa maravilha que o feminino encerra há milhões de anos e nos faz permanecer e avançar seja ou não seja.

Esteja ou não esteja ante nós a mulher ideal, quer sonhada, quer imaginada, pois um pormenor nos basta, quantas vezes um simples pormenor nos basta para abastardar os sentidos, a razão e a emoção, relembro quantas vezes um mero sinalzinho na cara, no pezinho* ou uma peculiaridade em mais recatado e íntimo lugar, senão vejamos, desta foram suficientes as unhas, tratadas, cuidadas com esmero, nem curtas nem compridas mas jamais roídas, os dedos esguios, uma palma fina de pele branca onde deixo perder o olhar, divagar, como se por ali pudesse ser deduzida, admirada e amada a mulher ideal, e me subvertesse irracionalmente o desejo animal, carnal, tornado incapaz de raciocinar, de acordar, de guardar a compra feita e despedir-me, sair delicada e cortêsmente, ir à vida, tomar juízo e disfarçar o rubor que me tomara de assalto e me prostrara o cogito, a disposição, a emoção.


Saio sorridente, atravesso a rua, cumprimento o Pedro e brinco com ele porque a ele sim, à juventude sim, é lícito arvorar todas as armas e alimentar todos os sonhos e desejos que a um cinquentenário cuidariam de amesquinhar, como se a maturidade a sabedoria e a segurança e a plenitude da vida não fossem agora, e não quando a cegueira e a impetuosidade da inexperiência dão corpo e fruto, ditam as regras e o caminho que, pasme-se, tantas vezes é mal percorrido ou nem sequer é palmilhado e as vidas se perdem num labirinto de escuridão e ignorância, de preconceitos e juízos de valor à priori errados e aos quais só o olor de amores-perfeitos atenua a negritude do basalto das calçadas.

Agarro nas fotocópias e saio faustoso ante o sol da manhã que me alimenta a alma e o pensamento, nas calmas dirijo-me à clínica de podologia onde marcara vez. É tempo de tratar de mim com o mesmo cuidado, o mesmo esmero, talvez aplicar-lhes um verniz contra ou prevenindo a onicomicose, um verniz branco ou transparente, e as apare convenientemente, evitando que os cantos ou bicos se encravem no dedo e me tornem manco o andar, isto é me obriguem a coxear, para além do mau aspecto que provocam ao descalçar-me e invariavelmente o dedo do pé sair pelo buraco que elas mesmas cortaram e me poderá envergonhar, a mim que se há coisa que tenha pouca seja precisamente vergonha. A verdade é que não desejo arranhar as canelas ou rasgar as meias de licra a ninguém.

Estamos quase lá, boa Páscoa e tratai das unhas, das mãos e sobretudo dos pés. O bom amante é aquele que, sem a arranhar, em paz dorme com a Violante, adiantou o Pedro rindo com vontade, pois a realidade é que o Livro de Eclesiastes é desapiedado no que concerne às vaidades humanas, mas nada nos diz ou convida quanto à renúncia a essas vaidades ou quanto às tentações e fraquezas a que sucumbamos ou façamos frente, respondi-lhe eu. Mas essa, ou esta, é uma discussão teológica que eu mesmo alimento, a renúncia, a salvação, o desespero, o fascínio, sucumbir ou não sucumbir, discussão em que de modo afectuoso me coloco sempre a salvo de mim próprio, como se fosse um descarado, tumultuoso e ambivalente conivente dos pecados em que me enleio. 





segunda-feira, 7 de março de 2016

320 - BOAS INTENÇÕES...... INFERNO CHEIO ........


Em boa verdade teremos que admitir encerrar a preposição que titula este texto muita autenticidade e, exemplificando de modo claro quantos subterfúgios ou dissimulações, mais que boas intenções, podem acoitar-se ou albergar-se nela. Não a traria à colação não tivesse ela sido objecto de exaltação à mesa da nossa tertúlia de café, a qual desta vez terminou mal, com um desfecho que nos envergonhou a todos, pois nos sentimos vítimas dos réprobos olhares de quem não pôde deixar de dar-nos atenção, e especial atenção a pormenores que distraído nem acompanhei cabalmente mas que levaram a Mara a levantar-se de supetão e, estendendo a mão e o dedo do meio atirou a quem a quis ouvir:

- Ora tomem ! A mesma coisa é meter dois dedos no cu e cheirá-los ao mesmo tempo, isso sim é a mesma coisa  !

E abalou encalhando em tudo e todos, barafustando, não sem ter derrubado uma ou duas cadeiras na precipitação de nos voltar as costas e batido com as portas do café. A questão que tanto a azucrinou parece ter sido o móbil das coisas ou das pessoas, o que as faz moverem-se por uma causa, o altruísmo ou o interesse, defendendo ela que sem interesse na coisa, e interesseiros, o mundo jamais avançaria, enquanto outros de nós, mais condescendentes, conciliadores, contemporizadores ou tolerantes (e parvos, segundo ela) aceitavam que muito boa gente, muitas pessoas, agiriam de boa-fé, e não por interesse.

Mais tarde, em casa, e a propósito da tertúlia do café volto a deparar-me casualmente com a mesma questão, o que move as pessoas ? O altruísmo desinteressado, boa fé, boa vontade ou o interesse pessoal ou de grupo ? Desta vez suscitou-me verdadeira curiosidade o facto de os jornais e alguns folhetos na caixa do correio, numa simultaneidade premeditada e articulada com SMS e e-mails, me forçarem a dar conta de umas quaisquer eleições no meu partido, meu quer-se dizer-se, não pago quotas há bem mais de uma dúzia de anos, mas isso não foi obstáculo que tivesse obstado ao bombardeamento abusivo de que fui alvo, com intromissões forçadas na minha privacidade, talvez por me ter sido prometido despudoradamente um desconto de 90% no pagamento das cotas em falta (quotas ou cotas é a mesma coisa), ainda que eu seja mais do tipo ou tudo ou nada percebem ?  Melhor fazer rezet e recomeçar, como quando o PC pifa… mas enfim, “em frente que atrás vem gente”, como diria uma velha amiga minha que até era bastante nova…  era e é.

Altruísmo ou interesse material ou outro ? E não serão o altruísmo e a bondade movidos por interesse ? Tão pertinente questão, ou dilema, foi há muitos anos cientificamente provado por George Price, que tão bem o explicou através de uma fórmula matemática que nos deixou uma equação e cuja preposição (ou proposição, neste caso?) nunca falha e o tornou conhecido primeiro e famoso depois precisamente por isso, essa equação acabaria por levar ao teorema que tem o seu nome. Mas, alinhavava eu, foi o aparente desinteresse e o excesso de voluntarismo e a propaganda a essas eleições no meu partido que me deitaram para cima a levar-me à observação do muito interesse ou tanto desinteresse demonstrado ou camuflado nelas.

Nem sei bem para que eram as eleições, não aprofundei suficientemente o negócio, por mera falta de interesse fruto do desinteresse que o conhecimento antecipado destas habilidades provoca, ainda que desta vez os candidatos tivessem sido dois, dois dá um ar mais democrático à coisa e sempre disfarça o unanimismo vigente e doentio evitando resultados similares aos da Coreia do Norte. Uma boa jogada. Pena ficarmo-nos pelas percentagens, outra ilusão, que muito bem esconde quantas vezes só Deus sabe os vinte ou trinta que votaram… ou nem isso… mas enfim, sejam vinte sejam trinta perfazem sempre os 100% .
Êxito total portanto…

Depois de lidos com atenção os comunicados pelos quais sempre me desinteressei diria que andou ali o céu, o inferno e até o purgatório terá metido uma mãozinha. Uma alminha caída do céu, plena de virtudes e apoiada pela tutela, tutela que nunca aparece nem dá a cara mas toda a gente conhece e que tudo decide até antes de começar. Uma alminha do céu dizia eu, bateu-se contra uma outra alminha, ingénua e sentimental, destinada ingloriamente a morrer no inferno, mas a quem como habitualmente fora autorizado ou consentido satisfazer os interesses e as jogadas de quem pode tê-los e fazê-las.

Pois essa alminha ingénua a quem o inferno estava predestinado tentou, ainda que a inteligência não tivesse ajudado, tentou e melhor pregou mas, o gene recessivo estava lá e sem querer trouxe ao cimo a cadeia de ADN, perdão de interesses, sem tão pouco ter reparado que todo o discurso enfermava de vicio de forma imperdoável nos tempos que correm, o colocar à frente de tudo os interesses do partido, do aparelho, a nível local neste caso, aparecendo os interesses dos militantes dos alentejanos e dos portugueses no fim da lista de prioridades a satisfazer, inqualificável mas demonstrativo do amadorismo e ignorância de quem delineou a estratégia dessa lista na qual, a menos que fossemos militantes ferrenhos e crédulos jamais embarcaríamos. Enfim, cumpriu, cumpriu as ordens e os desígnios de alguém, satisfez os interesses de pessoa ou grupo indeterminado, não oficial e nunca oficializado mas que está lá, nos bastidores, sempre, e manobrando os cordelinhos dos bonecos que atira para a boca de cena, os bonecos uteis.

No outro extremo da oferta um digno representante da tutela e que se classificava a si mesmo como a personalidade mais bem preparada para ocupar o lugar, ao que eu sorri e pensei que, dado o lugar que as aldeias, vilas, cidades, o próprio Alentejo e Portugal ocupam no fim da lista de desenvolvimento da Europa essa seria precisamente a faceta a esconder, ao invés de a gabar, de que se gabará ? De um Alentejo em perda por todos os lados e domínios ? Um Alentejo que definha e morre em todos os aspectos há quarenta anos às mãos de incompetentes, inclusive das suas não deveria orgulhá-lo, contudo há que defender os interesses do grupo e cá estão uma vez mais os interesses disfarçados de altruísmo, porque não se trata já de um grupo ideológico mas de grupo de amigos ou se quiserem de um grupo de interesses ou de negócios e que tem feito o que se sabe ao longo de quarenta anos, tantas tem pintado que nem vê quanto a manta está curta e que se a puxa para tapar os ombros se lhe destapam os pés… 


George Price, que criticou construtivamente o célebre William Hamilton, e a quem todavia deve o apoio que teve e o elevou à fama, sabia do que falava. Também neste caso apareceu talvez vinda do purgatório uma outra alminha que, heresia das heresias, se atreveu e tentou demonstrar por A mais B, publicamente, nos jornais, o que estaria errado e o quanto haveria de injusto naquela justa, tentando que do mal o menos, mas foi tarde e sobretudo inútil o seu puro sacrilégio, palpita-me que dentro de algum tempo se irá sujeitar ao que quis evitar e afastar-se desiludido, é o que costuma surtir a coerência e a unanimidade se excessiva e cultivada, ou manipulada, é como a endogamia, onde os filhos começam a nascer cegos…

Estas coisas do desinteresse escondido pelo interesse disfarçado não são bem a mesma coisa e foi isso que perturbara tanto a amiga Mara, estas coisas não passam de gato escondido com rabo de fora é o que é, porém apresentam-se-nos tão subtis que nem George Price acreditou no teorema infalível que ele próprio criara. Morreu pobre tentando desmentir ser o puro interesse que nos torna ricos, e de agnóstico, ou ateu, passou a crente, talvez por crer (de acreditar) que só mesmo Deus consegue fazer com que o “homem”, nado e criado à Sua imagem, comungue de tanta perfídia, cultive supina ignorância e seja capaz de tanto oportunismo demonstrando tamanho desprezo à custa e pelos que diz defender, 
... os Seus desígnios são realmente insondáveis…

Quanto ao resto da querela ou justa nobre e cientifica entre os dois sábios citados, George R. Price e William D. Hamilton, deixo-vos todos os links possíveis no fim do texto para que possam inteirar-se, informar-se e cultivar-se, pois eu explicações somente com vez marcada e pagas à hora, e na hora que a vidinha ta difícil…