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segunda-feira, 7 de março de 2016

320 - BOAS INTENÇÕES...... INFERNO CHEIO ........


Em boa verdade teremos que admitir encerrar a preposição que titula este texto muita autenticidade e, exemplificando de modo claro quantos subterfúgios ou dissimulações, mais que boas intenções, podem acoitar-se ou albergar-se nela. Não a traria à colação não tivesse ela sido objecto de exaltação à mesa da nossa tertúlia de café, a qual desta vez terminou mal, com um desfecho que nos envergonhou a todos, pois nos sentimos vítimas dos réprobos olhares de quem não pôde deixar de dar-nos atenção, e especial atenção a pormenores que distraído nem acompanhei cabalmente mas que levaram a Mara a levantar-se de supetão e, estendendo a mão e o dedo do meio atirou a quem a quis ouvir:

- Ora tomem ! A mesma coisa é meter dois dedos no cu e cheirá-los ao mesmo tempo, isso sim é a mesma coisa  !

E abalou encalhando em tudo e todos, barafustando, não sem ter derrubado uma ou duas cadeiras na precipitação de nos voltar as costas e batido com as portas do café. A questão que tanto a azucrinou parece ter sido o móbil das coisas ou das pessoas, o que as faz moverem-se por uma causa, o altruísmo ou o interesse, defendendo ela que sem interesse na coisa, e interesseiros, o mundo jamais avançaria, enquanto outros de nós, mais condescendentes, conciliadores, contemporizadores ou tolerantes (e parvos, segundo ela) aceitavam que muito boa gente, muitas pessoas, agiriam de boa-fé, e não por interesse.

Mais tarde, em casa, e a propósito da tertúlia do café volto a deparar-me casualmente com a mesma questão, o que move as pessoas ? O altruísmo desinteressado, boa fé, boa vontade ou o interesse pessoal ou de grupo ? Desta vez suscitou-me verdadeira curiosidade o facto de os jornais e alguns folhetos na caixa do correio, numa simultaneidade premeditada e articulada com SMS e e-mails, me forçarem a dar conta de umas quaisquer eleições no meu partido, meu quer-se dizer-se, não pago quotas há bem mais de uma dúzia de anos, mas isso não foi obstáculo que tivesse obstado ao bombardeamento abusivo de que fui alvo, com intromissões forçadas na minha privacidade, talvez por me ter sido prometido despudoradamente um desconto de 90% no pagamento das cotas em falta (quotas ou cotas é a mesma coisa), ainda que eu seja mais do tipo ou tudo ou nada percebem ?  Melhor fazer rezet e recomeçar, como quando o PC pifa… mas enfim, “em frente que atrás vem gente”, como diria uma velha amiga minha que até era bastante nova…  era e é.

Altruísmo ou interesse material ou outro ? E não serão o altruísmo e a bondade movidos por interesse ? Tão pertinente questão, ou dilema, foi há muitos anos cientificamente provado por George Price, que tão bem o explicou através de uma fórmula matemática que nos deixou uma equação e cuja preposição (ou proposição, neste caso?) nunca falha e o tornou conhecido primeiro e famoso depois precisamente por isso, essa equação acabaria por levar ao teorema que tem o seu nome. Mas, alinhavava eu, foi o aparente desinteresse e o excesso de voluntarismo e a propaganda a essas eleições no meu partido que me deitaram para cima a levar-me à observação do muito interesse ou tanto desinteresse demonstrado ou camuflado nelas.

Nem sei bem para que eram as eleições, não aprofundei suficientemente o negócio, por mera falta de interesse fruto do desinteresse que o conhecimento antecipado destas habilidades provoca, ainda que desta vez os candidatos tivessem sido dois, dois dá um ar mais democrático à coisa e sempre disfarça o unanimismo vigente e doentio evitando resultados similares aos da Coreia do Norte. Uma boa jogada. Pena ficarmo-nos pelas percentagens, outra ilusão, que muito bem esconde quantas vezes só Deus sabe os vinte ou trinta que votaram… ou nem isso… mas enfim, sejam vinte sejam trinta perfazem sempre os 100% .
Êxito total portanto…

Depois de lidos com atenção os comunicados pelos quais sempre me desinteressei diria que andou ali o céu, o inferno e até o purgatório terá metido uma mãozinha. Uma alminha caída do céu, plena de virtudes e apoiada pela tutela, tutela que nunca aparece nem dá a cara mas toda a gente conhece e que tudo decide até antes de começar. Uma alminha do céu dizia eu, bateu-se contra uma outra alminha, ingénua e sentimental, destinada ingloriamente a morrer no inferno, mas a quem como habitualmente fora autorizado ou consentido satisfazer os interesses e as jogadas de quem pode tê-los e fazê-las.

Pois essa alminha ingénua a quem o inferno estava predestinado tentou, ainda que a inteligência não tivesse ajudado, tentou e melhor pregou mas, o gene recessivo estava lá e sem querer trouxe ao cimo a cadeia de ADN, perdão de interesses, sem tão pouco ter reparado que todo o discurso enfermava de vicio de forma imperdoável nos tempos que correm, o colocar à frente de tudo os interesses do partido, do aparelho, a nível local neste caso, aparecendo os interesses dos militantes dos alentejanos e dos portugueses no fim da lista de prioridades a satisfazer, inqualificável mas demonstrativo do amadorismo e ignorância de quem delineou a estratégia dessa lista na qual, a menos que fossemos militantes ferrenhos e crédulos jamais embarcaríamos. Enfim, cumpriu, cumpriu as ordens e os desígnios de alguém, satisfez os interesses de pessoa ou grupo indeterminado, não oficial e nunca oficializado mas que está lá, nos bastidores, sempre, e manobrando os cordelinhos dos bonecos que atira para a boca de cena, os bonecos uteis.

No outro extremo da oferta um digno representante da tutela e que se classificava a si mesmo como a personalidade mais bem preparada para ocupar o lugar, ao que eu sorri e pensei que, dado o lugar que as aldeias, vilas, cidades, o próprio Alentejo e Portugal ocupam no fim da lista de desenvolvimento da Europa essa seria precisamente a faceta a esconder, ao invés de a gabar, de que se gabará ? De um Alentejo em perda por todos os lados e domínios ? Um Alentejo que definha e morre em todos os aspectos há quarenta anos às mãos de incompetentes, inclusive das suas não deveria orgulhá-lo, contudo há que defender os interesses do grupo e cá estão uma vez mais os interesses disfarçados de altruísmo, porque não se trata já de um grupo ideológico mas de grupo de amigos ou se quiserem de um grupo de interesses ou de negócios e que tem feito o que se sabe ao longo de quarenta anos, tantas tem pintado que nem vê quanto a manta está curta e que se a puxa para tapar os ombros se lhe destapam os pés… 


George Price, que criticou construtivamente o célebre William Hamilton, e a quem todavia deve o apoio que teve e o elevou à fama, sabia do que falava. Também neste caso apareceu talvez vinda do purgatório uma outra alminha que, heresia das heresias, se atreveu e tentou demonstrar por A mais B, publicamente, nos jornais, o que estaria errado e o quanto haveria de injusto naquela justa, tentando que do mal o menos, mas foi tarde e sobretudo inútil o seu puro sacrilégio, palpita-me que dentro de algum tempo se irá sujeitar ao que quis evitar e afastar-se desiludido, é o que costuma surtir a coerência e a unanimidade se excessiva e cultivada, ou manipulada, é como a endogamia, onde os filhos começam a nascer cegos…

Estas coisas do desinteresse escondido pelo interesse disfarçado não são bem a mesma coisa e foi isso que perturbara tanto a amiga Mara, estas coisas não passam de gato escondido com rabo de fora é o que é, porém apresentam-se-nos tão subtis que nem George Price acreditou no teorema infalível que ele próprio criara. Morreu pobre tentando desmentir ser o puro interesse que nos torna ricos, e de agnóstico, ou ateu, passou a crente, talvez por crer (de acreditar) que só mesmo Deus consegue fazer com que o “homem”, nado e criado à Sua imagem, comungue de tanta perfídia, cultive supina ignorância e seja capaz de tanto oportunismo demonstrando tamanho desprezo à custa e pelos que diz defender, 
... os Seus desígnios são realmente insondáveis…

Quanto ao resto da querela ou justa nobre e cientifica entre os dois sábios citados, George R. Price e William D. Hamilton, deixo-vos todos os links possíveis no fim do texto para que possam inteirar-se, informar-se e cultivar-se, pois eu explicações somente com vez marcada e pagas à hora, e na hora que a vidinha ta difícil… 



















sexta-feira, 13 de novembro de 2015

288 - ERA UMA CORRIDA ?????????????? ...............


A prova já foi há um mês e uma semana mas a minha mana contínua na dela. Rejeita o corte a cor e o modelo afirmando não ser este o dela. Mas qual era o dela ? Nem eu nem ninguém parece entender, e os média continuam tratando-nos como sendo mentecaptos, os média, os mídia, e os actores em cena.

Primeiro era que se lixem as eleições, mas quando alguém lhas lixou o rapaz mudou de opiniões, fazem-lhe a vontade e agradece com uma montanha de ingratidões…

Mas, retomando o titulo, aquilo era uma corrida ou eram eleições ? Manda a Constituição que se proceda de acordo com o que a AR entender depois do PR cumprir a sua obrigação e dever. E assim foi, o PR cumpriu a sua, e a AR cumpriu a dela, de que se queixam ? Que querem ? Outra Constituição ? Só pode ser isso, e até PPC por isso a exige, por isso e por ser tolinho mas essa é outra história.

Ninguém até agora transgrediu a Constituição, apesar de muita demagogia e parvoíce que se houve e vê durante todo o dia. Ela, a Constituição, foi elaborada por todos e salvo erro aprovada por quase todos. (penso que com excepção do CDS). Em relação a ela, Constituição, alguns podem ter sido menos delicados, como Cavaco e Silva ou PPC, ou oportunistas como A. Costa, mas ainda não foi transgredida. Era isso que o povo devia saber, ao povo ser ensinado, e não embalado em cantigas parvas pela esquerda e pela direita. Quanto à tradição é muito bonita mas não tem força de lei, a menos que se trate de um caso de direito consuetudinário*, ou usocapião**, casos que ao contrário do que possam pensar a lei (e a jurisprudência) deveras regulamentam.

Costa foi oportunista porque a votação por si obtida está longe do poucochinho que A.J. Seguro apesar de tudo ia conseguindo. Se Costa tivesse brio, honra, vergonha, caracter e tomates ter-se-ia demitido na hora. Mas a política é isto, é um jogo de vontades, equilíbrios, manipulações, consensos, mobilizações, ligações, compromissos, acordos e desacordos, o que se segue é a guerra, a continuação da política opor outros meios… O que A. Costa está a tentar fazer é absolutamente licito, legal, constitucional. 

Podemos não gostar, poderá não nos agradar, mas está funcionando a legalidade pois a politica também é contorcionismo, malabarismo, e engolir sapos. Desconheço se Costa age assim unicamente para safar o pescoço da guilhotina, é justo que tal pensemos, mas há mais aproveitadores da situação. Comecemos pelo PCP, porque não cresceu desmesuradamente apesar da crise, e não só não cresceu como a esquerda cresce sem ele, e essa esquerda que cresce é para ele uma heresia. O casual e pontualmente sortudo Bloco de Esquerda porque não deseja desaproveitar o descontentamento geral da esquerda que contabilizou excepcionalmente (nos dois sentidos do termo) e nos deseja mostrar estar à altura da situação, que não está, nem nunca esteve.

Finalmente o PS, que está a descobrir de uma forma ou de outra que terá que lutar para reconquistar o eleitorado que julgava seu, que ao longo de quarenta anos em vez de consolidar perdeu, um caso insólito que o devia obrigar a profunda auto critica e em que não deixarei de dar razão ao eleitorado. Afinal que nos tem dado o PS ? Porque havemos de votar PS ? Que nos garante o PS além de NINS, uns nem sim nem não como é seu apanágio ? O meu problema não está na coligação de esquerda que já vem com quarenta anos de atraso, que não apoio nem aprovo, e na qual não creio. As minhas dúvidas não se colocam em relação ao BE ou ao PCP, as minhas reticências prendem-se com o PS, é este o partido parasita e oportunista em relação aos outros dois. É este que precisa mais daqueles que aqueles dele, do PS, que joga o seu futuro e Costa a sua cabeça, ou o pescoço, nesta coligação original. Havendo razões para duvidar da credibilidade de algum destes partidos por mim o maior perigo virá precisamente do volúvel PS.

Acresce a estes contorcionismos o facto de quer o BE quer o PPC terem muito provavelmente grandes problemas de consciência por terem derrubado o PEC4 e o PS abrindo caminho à direita que, pasme-se, governou mal mas que apesar de tudo nestas eleições em que a sua queda era perspectivada até devido ao cansaço natural do exercício do poder, surpreendentemente cativou mais votos que qualquer outro partido isoladamente. Este partido, este PS tem que me demonstrar na prática que merece o meu voto. Há muito que assim procedo, concretamente desde que Guterres fugiu com o rabo entre as pernas em vez de se ter dedicado a endireitar a vara torta ou a drenar o pântano que afirmou ter visto. Um partido, qualquer partido, tem que demonstrar merecer o meu voto, não lho dou incondicionalmente nem ele é garantido. Não são favas contadas, não contem com ele como com o ovo no cu da galinha, não o venham buscar, antes o mereçam. Aos meus Juventude e Lusitano é que amo apaixonadamente e tudo perdoo. Não aos partidos, ou estaria a ser parvo e a jogar contra mim mesmo.

PPC merece esta coligação que contra ele legalmente se forja, PPC merece a derrota, teve oportunidade e tempo de governar para vencer e agradar apesar de tudo e não foi capaz. Foi a sua insensibilidade e inabilidade, a sua trapalhice, o seu jogo de cintura mal enjorcado quem o perdeu. Foi o ter sido mais papista que o Papa, por ter ido mais longe que a Troika, o ter falhado praticamente todos os objectivos a que se propusera, mas sobretudo o não ter nada mais para nos oferecer que o definhar no marasmo habitual, nem programa ter, nem esperança com que nos acalentar… Nitidamente governou mal, se o tivesse feito bem teria vencido, ou ganho inequivocamente. Toda a gente vira o buraco que o PS e o despesismo tinham cavado, toda a gente estava disposta a aceitar austeridade q.b., austeridade ou bom senso na condução do orçamento do país, tivessem entregado as finanças a uma dona de casa nos últimos quarenta ambos e decerto estaríamos melhor, o que se passou foi simplesmente vergonhoso. Teve na mão uma oportunidade única para ficar na história como o regenerador, vai ficar nela como o primeiro e único PM que não conseguiu fazer dois mandatos seguidos… então porque quase ganhou PPC ? É muito simples. As pessoas não são tão parvas como as julgam. As pessoas viram em PPC um malabarista de ocasião sem respaldo cultural nenhum nem estrutura moral para erguer um país, porém também não esqueceram quanto mal o seu principal opositor, o PS, tinha causado a Portugal.

Este PS não tem de igual modo autoridade moral para condenar PPC. Um não fez ou fez mal, o outro não tinha nem teria feito melhor. As largas centenas de milhar de emigrantes, que se não tivessem saído fariam disparar as taxas de desemprego para 30% ou 40% ou até mais não se devem exclusivamente a PPC. Metade desses emigrantes pode atirar com a culpa do seu azar ao PS, a Sócrates, que já ensaiava uma fuga para a frente, a promessa anedótica da criação dos 150.000 empregos foi já sintoma disso, e bastaria ver a evolução das taxas de desemprego desde 2000 para se concluir que subia sem apelo nem agravo sem que ninguém falasse nisso nem se preocupasse ou tomasse quaisquer medidas.

Ora foi dessa culpa, dessa e da do despesismo excessivo que o PS nunca se livrou. Meteu-nos no buraco e nem desculpa nos pediu, para além da corrupção que nunca combateu e cujo paleio alimentou com os casos do Fax de Macau e do aeroporto e das respectivas luvas, tudo má língua da populaça que nunca se provou nem foi esclarecida, ou a polémica em torno das acusações das autoridades Angolanas a Mário Soares e a seu filho João que contrabandeariam diamantes de sangue, coisa em que eu de todo também não acredito, ou dos negócios e comissões milionárias de Sócrates, uma mentira velada que vai ser tão provada como o foi a mentira dos submarinos. Já PPC por seu lado nunca fez a menor ideia de como sair desse buraco aberto pela crise e sem saber, ou por não saber, ainda o cavou mais fundo. Quer o PS que o PSD vão ter que mudar muito. E vão ter que lutar contra a corrupção, fenómeno transversal aos partidos do arco do poder.

É portanto pelas culpas sempre escamoteadas pelo PS que eu temo, um dia, se lhe convier, o PS vai sacudir dos ombros os parceiros ocasionais de coligação, o PS é um náufrago agarrado a tudo que puder para não se afogar, um dia poderá ser um ingrato e “bater na mulher”… Não acredito neste PS, acho que necessita urgentemente de uma salutar travessia do deserto para retornar aos seus princípios e puros valores iniciais, tenho dezenas de razões para não acreditar nele, vai ter que suar muito para voltar a recolher o meu voto, e eu até sou socialista, imaginem se o não fosse…

Mas voltando ao bife que já está frio. O acordo à esquerda apesar de tão contestado de forma demagógica ou imoral, para não dizer pior, é contudo legal, e é bem vindo, PPC já demonstrou à saciedade ser como aqueles tipos que nem foder sabem e a quem até os tomates atrapalham, não tem nada de novo nem de interessante para oferecer, a menos que sejamos masoquistas, todavia mesmo assim lhe estou grato, foi ele, ou é ele o homem que vai obrigar todos os políticos e partidos políticos portugueses a mudar, para melhor, até o dele.

Resta esperar pela reacção do PR, e que não seja ele o primeiro a transgredir demagógica, desrespeitosa e desavergonhadamente a Constituição, espero sinceramente que não.

Nota: Surpreendem-me pela negativa as reacções a este tema vindas de pessoas que julgava minimamente cultas e instruídas. Fala por elas a emoção em vez da razão, é triste e poderá conduzir a coisas tão feias como a continuação da política por outros meios…





domingo, 26 de julho de 2015

259 - ARRANJA-SE EMPREGO * Parte 5 …….......…

              
Parte 5 e última O CONTRATO SOCIAL

Entremos de cabeça na quinta e última explanação sobre a área de formação que temos vindo abordando nos textos anteriores com um pedido de desculpas meu. Este verão, o calor e as temperaturas, que não se faziam sentir tão ásperas desde há 85 anos atrás, especialmente aqui no Alentejo, ou a cerveja, com muita saída e provavelmente sujeita a menos tempo de fermentação podem estar na origem do meu esquecimento e consequente descuido.

Seja como for ainda vamos a tempo de acudir à coisa, até por não se tratar de nenhuma desgraça irrevogável, ao indicar-vos a bibliografia esqueci-me citar e recomendar-vos como leitura deveras imprescindível (aliás, como a primeira), um livrinho já com uns anos mas que toda a gente parece ter esquecido, esquecido o livrinho e o assunto, desde governantes a deputados, ex-governantes e ex-deputados de vários quadrantes, políticos em geral, jotas e jotinhas em particular. Logo um livrinho que para eles deveria funcionar como uma Bíblia, trata-se da obra ímpar de Jean-Jacques Rousseau, “O Contrato Social”, no fim do texto deixo um link de um ficheiro em PDF e poderás colher a obra para leitura sem gastares um tusta.

Sim, porque há que ter em conta que o Contrato Social, um direito natural, funciona como um direito adquirido, e não pode ser sobrecarregado com obrigações que este povo tem cumprido sem contrapartidas. Respeitar compromissos não pode ser uma via de sentido único, só de cá para lá, de lá p’ra cá exige-se no mínimo reciprocidade. Até porque só chegámos onde chegámos por também tu seres um camelo, tu e a cáfila de dez milhões que anda por aí pavoneando a ignorância, quer sejam da situação quer sejam da oposição. Admito que por estar resguardado de ti no conforto deste mundo virtual posso arriar-te a valer não é meu artolas ? E já agora dou igualmente razões à tal recalcitrante de merda, que as aproveita todas para me tratar abaixo de besta, tratar e lá no íntimo chamar…

Deves lê-lo com atenção porque, se não sabes deverias saber que há muito tempo todos falham em relação a ti, o que te autorizará (não sou eu quem concede nem tem que conceder autorizações), a que possas tomar, confiada e justamente, com perfeito conhecimento de causa as opções que entenderes. Por mim torná-lo-ia leitura obrigatória nas fantochadas das universidades de verão que os partidos promovem, ao menos sempre aproveitariam alguma coisita. Colocada que está a questão, e as desculpas, importa não deixarmos arrefecer a vaca…

Para hoje ficáramos de abordar a questão crucial das relações sociais e humanas, portanto limitemo-nos à matéria de reflexão, ás amizades, e para despachar o assunto e arrumar de vez a questão terás que saber distinguir as amizades umas das outras e, concomitantemente (mais uma palavra cara ó Xarabaneka, por vezes tenho que te dar razões para teres razão nas tuas cóleras né ?) as suas subtis implicações e articulações, já que neste particular a subtileza conta, e muito. Vamos, para facilitar, dividir as humanas relações em quatro items, não esqueças estarmos a fazê-lo de um ponto de vista profissional e tendo em atenção sobretudo os resultados e os rendimentos, faço questão que comeces por aqui a pôr à prova o teu sangue frio. Deste modo teremos:

Amizades pessoais,
Amizades por interesse,
Amizades que são contactos,
Amizades profissionais,
E as amizades que não interessam a ninguém…

Pois comecemos precisamente por estas já que só passados alguns anos maioritariamente as reconhecemos, convindo estar atento desde já. Claro que existem sempre aquelas que, de tão evidentes podemos logo evitar de início, ou colocar à parte, à margem, logo à partida. Contudo é geralmente somente após alguns anos que bem as conhecemos, classificamos e arrumamos na prateleira das desinteressantes, das inconvenientes, das prejudiciais ou das incómodas ou até mesmo perigosas. Deves agir em conformidade mas sem dar cavaco, isto é sem fazeres alarde da atitude tomada para com tal pessoa (s), não esqueças que quanto menos souberem a teu respeito melhor para ti, “o segredo sempre foi a alma do negócio”. E quem sabe se não será vantajoso fazer-lhes uma visitinha anónima e secreta ? Quem sabe se não nos poderão ser úteis mais tarde ? Infelizmente haverá sempre quem apesar de tudo para nada disso interesse, ou compense…

As amizades por interesse podem ser piores que uma lapa e não te largarem. Confio que saberás lidar com elas, porque eu queria referir-me às outras, àquelas que, por teu interesse deves manter ou fazer, entre essas não faças distinções, em especial no campo politico, mantém-te neutro (a) e aproveita todos os convites e festas e tudo que te permita entrar, observar alvos potenciais a fim de ponderares se poderão um dia valer a pena… Esses amigos podem apresentar-te a outros amigos e assim ingenuamente manter-te num circuito interessante do ponto de vista profissional e da rentabilidade. Apenas uma nota breve, amigos à direita têm tendência a habitar casas mais recheadas e mais ricas, ainda que também melhor protegidas. Amigos à esquerda acumulam mais tralha e livros e menos valores, mas atenção, entre esses alguns há a quem a vida permitiu ser tão nababos quanto os anteriores e, por vezes, até acumulam mais que os primeiros, mais valor e mais exibicionismo, e por norma descuram muitíssimo a segurança, é gente que faz parte de uma certa elite caviar, de uma determinada nomenclatura, e que vale muitíssimo a pena visitar…

Quanto às amizades que são contactos, são um tipo de amizades que devem ser cultivadas, procuradas e mantidas por razões profissionais. (razões profissionais serão amizades profissionais). São das mais difíceis de obter e como tal devem ser tratadas com lealdade e jamais lhes deves dar a mínima razão para pensarem o contrário. Neste mundo confiança e lealdade são valores inestimáveis, insubstituíveis, terás isso sempre em conta. Nunca procures saber pormenores sobre essas amizades, contenta-te com o que te disserem ou que que souberes, jamais faças perguntas desnecessárias, inconvenientes ou impertinentes, jamais as confrontes com o que quer que seja. Se não confias não lhes apareças, não as solicites. De igual modo mantem, tanto quanto possível ante elas a tua privacidade e os teus segredos. São necessárias e úteis estas amizades, mas também podem ser denunciantes ou bufos, informadores, o “seguro morreu de velho”, fala pouco e ouve muito, cinge-te ao assunto que a elas te levar e mostra-te sempre agradecido. Se o resultado desse contacto for de louvar, se for bem sucedido, demonstra quanto ficas agradecido, faz-lhe uma oferta surpresa, um ramo de flores, ou um perfume (as mulheres adoram), uma garrafa de bom vinho, ou de bom uísque, são lembranças que têm muito significado para quem as recebe.

O grande problema deste tipo de amizades é arranjá-las, serve-te de todos os meios e de toda a gente, simula se necessário seres voluntário de uma qualquer organização de paz e visita-as nas cadeias, leva-lhes cigarros, ganha a confiança dessas amizades, oferece-te para porta-voz delas para a família e amigos que estejam “cá fora”, desse modo ganharás a sua amizade e confiança, o novelo desenrolar-se-á a partir daí, e tu tens necessidade de contactos, de receptadores, de informadores do meio, quem para os quadros ? Para o ouro, a prata, o estanho, as porcelanas, os automóveis ? Existe uma economia paralela e um mundo subterrâneo que vale a pena explorar, fica atento aos jornais, aos programas de Tv, às reportagens, e concluirás que, ao contrário do que dizem o crime compensa, nem precisarás licenciatura, nem licença, nem subsídios de desemprego, nem esmolas, nem cunhas, nem padrinhos, só precisarás ser esperto, inteligente, diligente, observador, calmo, paciente, cuidadoso, simpático, popular q.b. e comprar uma pata de coelho para porta-chaves… Muita sorte meu amigo, e não esqueças que a sorte protege os audazes…

Aproveitarei este parágrafo para te falar das amizades profissionais ou cúmplices. É verdade que podem projectar e potenciar os negócios, multiplicá-los imenso, por dez, por cem, ou por mil, poderão ajudar bastante, mas também podem ceder num momento de fraqueza e fazerem com que te atirem cinco, dez ou quinze anos para fora de circulação… Tudo tem um preço, pondera bem antes… Idem para namoradas ou até esposas, que considerarei amizades pessoais e quanto menos souberem de ti mais vantagens acumularás. O seguro morreu de velho não esqueças. Alega fazeres parte de uma brigada de agentes descaracterizados das forças paramilitares ou da nossa secreta, e habitua-te a fazer cair na conta dela, ou na comum, mensalmente, uma importância certa, à guisa de salário, tens que construir e manter uma fachada, fá-lo de modo profissional e convincente… Mantém as amizades pessoais tanto quanto possível a leste da tua vida, é um favor que lhes farás, a elas e a ti mesmo… 

Boa sorte.





terça-feira, 21 de julho de 2015

257 - ARRANJA-SE EMPREGO * Parte 4…............…


                Agora, que já te vais familiarizando com a coisa, é chegada a altura de dar um avanço na dita e o momento p'ra fazermos um suponhamos. Supõe que tens a formação efectuada e que, mau grado o 9º, ou o 12º ano, ou alguma licenciatura que tenhas não te servem para nada. Ainda tentaste um mestrado, de seguida um doutoramento, igualmente para nada. Neste pais não tens a mínima hipótese de saída profissional, ainda por cima teimas não aderir a um partido… E emigrar não queres… Serás como eu, que sou teimoso e entendo esta terra minha, dos portugueses, e não acho justo que justamente os outros, os estrangeiros, sejam quem nela tem maiores oportunidades e nível de vida… Eles compram tudo e não nos deixam nada…

Olhamos para os Salgados, para os Oliveira e Costa, para os Rendeiro, para os Dias Loureiro, para os Lima e tantos outros e perdemos a fé na justiça. Há muito conclui que nesta terra vale a pena ser sério, sobretudo se esperarmos um lugarzinho no céu. Por isso deduzo que farás as tuas contas, como eu fiz as minhas, cujo resultado foi ainda acreditar nesta democracia. Ela terá também uma oportunidade p'ra mim, assim eu queira, assim eu saiba, assim eu resolva os problemas de consciência que, desgraçadamente me afligem a moleirinha. Toda essa gente que atrás citei, ou não tem problemas ou não tem consciência, ou nenhuma das duas. No tempo de Salazar era tudo mais fácil, nem essa tal gente teria ousado, seriam chamados à pedra de manhã e atirados para o Aljube ou Caxias à tarde, e antes que piscassem um olho os bens estariam confiscados. Agora é diferente, temos democracia e temos justiça, e leis, e buracos, e virgulas, e legalismos processuais que permitem a quem tenha dinheiro eternizar os processos até à prescrição, ou até que os netos morram de velhos…

Subtil, disfarçada, camuflada, a luta de classes aí está para te tornar servo da gleba de novo.  A escolha é tua, sim ou sopas ?

Meio mundo a foder o outro meio mundo, desejas ficar por cima ou por baixo ? Faz como o Catroga que soube escolher bem … Ele e tantos, desde a 1ª República que não se via nada assim…

Continuando o nosso suponhamos, fizeste as tuas contas, fizeste a tua opção, fizeste a tua revisãozinha moral e constitucional, e supondo teres concluído que a democracia jamais se ajustará a ti, irás tu ajustar-te a esta democracia. Muito bem, ou muito mal, já que se há alguém que não deve meter prego nem estopa sou eu, que me devo manter a leste, não influenciar, não meter o bedelho, nada de intromissões, serás tu, terás que ser tu sozinho (a) quem terá que ultrapassar pruridos, se inda os houver.

Pois bem, vamos supor que os ultrapassaste, que leste com atenção o primeiro, segundo e terceiro textos desta série, alegadamente estarás disposto (a) a ir em frente, então entremos noutros campos, o do equipamento pessoal de auto-ajuda e o das relações pessoais e humanas, qualquer deles como verás, igual e extremamente importante para o teu desempenho e futuro, para o teu sucesso, para o aproveitamento de todas as tuas potencialidades. Vamos debruçar-nos sobre o equipamento primeiro por ser atar e pendurar, como no fumeiro, num instante despacharemos esta parte, a outra exigirá mais tempo e atenção.

Começarei pelo primordial, óculos de sol que te permitam ver sem que ninguém se aperceba para que lado ou para onde estás olhando, para disfarçadamente poderes olhar de viés… Bloco-notas, tomar nota é essencial, em muitos casos pode ser a pedra angular de um resultado, deverás observar qualquer situação muito bem antes de agires, não o faças sempre às mesmas horas nem a partir dos mesmo locais, já há dois séculos Darwin se referia e explicava a coisa aludindo à riqueza infinita da variedade, portanto varia, varia para que ninguém te estranhe e ou te denuncie, varia o local, as roupas, as horas e se possível o carro ou a mota, mas varia muito.

Vivenda, apartamento, condomínio, escritório, fábrica ? Aponta tudo muito bem, quantas pessoas, a que horas partem, a que horas voltam, quantos carros, marca, cor, modelo, se estacionam sempre no mesmo local, se frente à casa ou na garagem, voltam ao almoço, um, os dois moradores, nenhum ? Como são as portas, as janelas, existe quintal, portas e janelas nas traseiras, quem são os vizinhos, quais os seus hábitos, a que horas o carteiro costuma aparecer, existem cães ? Este questionário, que pode e deve ser constantemente melhorado e tão extenso quanto possível e as circunstâncias o permitirem e aconselharem nem é o primeiro passo, mas dar-te-á milhares de informações e poderá permitir-te laborar às claras, sem pressas, sem stress, portanto com menos risco e maior proveito. Disse o segundo passo porque o primeiro deverá abranger o “quem” ? Quem observar, quem eleger para fulcro da tua atenção ?

Se tiveres veia voyeurista escolhe gajas boas, ou machos musculosos, eu não tenho que discriminar, se tiveres outros motivos ou intenções então os teus alvos terão naturalmente que ser outros, deduzo eu. Eu que somente uma vez, e há muitos anos espreitei uma vizinha no banho, mas calma, fazia-o porque ela sabia, ela deixava, ela incentivava, e até abria a janela da casa de banho e afastava os cortinados mal acabava de me acenar e dar os bons dias. Eu fui seduzido é verdade, mas não posso dizer que tenha sido enganado, primeiro porque o produto era de primeira, e em segundo lugar porque quem acabou por casar com ela e manter-lhe os gastos caros foi o capitão Evaristo, meu vizinho, que avançou apesar dos seus sessenta e muitos, e que ainda ontem vi, aliás vi os dois (ela amparava-o carinhosamente), saindo do escritório de advogados de Honório & Otário, ali à travessa da Mangalaça.

Mas enfim, sê justo (a) e democrata, nem tudo servirá nem será eticamente indicado para alvo da nossa atenção, ainda que haja mulheres que pela sua beleza a suscitem, ou gajos bem apresentados e que a mereçam, montados em Ferraris mas com salários em dívida a centenas de trabalhadores. Nunca esqueças quão efémera é a beleza, até porque gajas boas haverá sempre, centra-te na justiça, essencialmente na justiça redistributiva, como o Robin os Bosques, ou o Zé do Telhado, para que não digam que excluo a nossa literatura.

Após esta fase de observação e selecção de alvos, sobre a qual muito mais poderás aprender em manuais de treino militares, passemos ao equipamento de uma forma rápida e geral, superficial, pois a prática e as necessidades que sentires em cada ocasião te aconselharão a ir melhorando esse arsenal, até por não haver muitas situações iguais, como concluirás. Já tens óculos de sol, bloco-notas, pois arranja também binóculos bons, anti reflexo, e se possível uns que te permitam tirar distancias e tirar fotos, já estão no mercado uns digitais, ainda caros, mas um must !  Gravam e fotografam tudo, até fazem pequenos vídeos como os telemóveis e gravam as observações verbais que lhes queiras adicionar ! Depois e genericamente, luvas finas de algodão, há baratas em qualquer hipermercado, atenção, nunca as uses mais que numa ocasião e tem cuidado a desfazer-te delas, como aliás do bloco-notas etc etc etc… Todo o cuidado é pouco, assegura-te que essas provas sejam mesmo destruídas.  

Continuando, uma dúzia de ténis discretos e baratos cuja sola seja sempre desigual, também não devem ser utilizados mais que uma vez, destrói-os sem complacência depois de utilizados, se usares sempre os mesmos qualquer perícia e observação atenta será capaz de provar em quantos e quais os lugares onde passaste ou estiveste…. Um aparte, usa o cabelo curto, (caem menos) e os bolsos tanto quanto possível vazios, tal reduzirá as hipóteses de, inadvertidamente deixar pistas nos locais visitados. Nunca abandones ou atires fora um lenço onde cuspiste, te assoaste ou limpaste, temos tendência a atirá-los fora, quer para o lixo quer para a sanita, e mesmo nessas, nunca urines ou defeques quando estiveres a trabalhar, nem que puxes dez vezes o autoclismo, o ADN agarra-se a tudo, e nunca o vemos…

E finalmente o estojo, deverás compor um com várias ferramentas, um canivete suíço e um apalpa folga adaptados, um busca polos daqueles com fio entre o ânodo e o cátodo (normalmente trazem um fio de 20 a 30 cm), fio que substituirás por outro de 2, 3 ou 5 metros de alcance. Uma ventosa e um bom corta vidro de diamante, digo bom porque os baratos acabam por sair caros… e nunca cortes o vidro do mesmo modo pois isso acabará como sendo uma “assinatura” que te identificará. O modus operandi já tem mandado a baixo resultados muito bons…Habitua-te a usar e a levar roupas justas e discretas, roupas que não prendam os movimentos nem se prendam deixando comprometedores bocados… até um fio nos codilha… as coisas falam... Podes até ter fardas, dos serviços de gás, de electricidade, dos telefones, das águas, não esqueças o boné, cuja pala deve recair sobre o rosto, como não deves esquecer os emblemas dessas entidades e o uso de uma ficha/questionário elaborada por ti e para recolha de informação.

Tais adereços permitir-te-ão entrar nas residências em quaisquer altura em que os ocupantes lá se encontrem, e assim poderás “ver” os equipamentos e, claro, aproveitares para observares outros pormenores, tranca-portas, alarmes, outros familiares que também habitem a casa, gatos, quadros, castiçais, bibelots, porcelanas, pratas, guarda-jóias, estanhos, terás que treinar o olhar até se tornar fotográfico, tens bons argumentos para seguir canalizações, torneiras, tomadas e fios eléctricos, de telefones e cabo, chuveiros e esquentadores, desculpas que te permitirão deambular por toda a casa e, mal saias, registar as peculiaridades no bloco-notas antes que te esqueças do que viste. Atenção a esse bloco, dar-te-á muito, mas também te pode dar uns bons anos de arrelias, o bloco ou imagens que fiquem nos binóculos, telemóveis, máquinas fotográficas ou pc’s. Aprende a limpar tudo, mas a limpar mesmo e não só apagar.

O resto são trivialidades, um alicate, uma chave de fendas forte, ou várias, uma gazua não pois daria muito nas vistas, em vez dela um desmonta pneus preferencialmente usado fará melhor, passará despercebido, e sempre podes alegar ter sido esquecido dentro do carro por alguma oficina onde tenhas estado, uma pequena lanterna de foco fraco e concentrado também será de muita utilidade e não chamará a atenção a partir do exterior, o que para já completará o nosso estojo, a vida e a prática te aconselharão melhor que eu a torná-lo mais e mais completo e bem apetrechado. Ah ! Uma marreta de mão e um punção serão muito uteis para sacar canhões de fechaduras…

Por hoje é tudo, já estou a adivinhar a tal gaja a espumar pelos cantos da boca, na nossa próxima e última aula abordaremos a complexa questão das relações sociais e humanas sob variadíssimas perspectivas, é a parte que geralmente toda a gente adora. Incluindo eu.

* http://mentcapto.blogspot.pt/2015/07/256-arranja-se-emprego-parte-3.html


segunda-feira, 20 de julho de 2015

256 - ARRANJA-SE EMPREGO * Parte 3 ……......…


Parte 3
Ainda a loja não abriu e já começaram a chover criticas, que sou arrogante, que sou convencido, que armo aos cágados, que intimido, que não me despacho com o assunto. O pessoal pode ser do piorinho, nunca comentam em público, fazem-no pelas costas, pela calada, ora se se tratasse de engates e negócios de cama eu ainda perceberia o secretismo, até o recomendaria, mas não sendo o caso só entendo a coisa como cobardia, cobardia de fazerem como eu faço, exponho-me, e qual o problema ? Meia dúzia de ignorantes chamarem-me convencido ? Ok ta bem, eu aguento, com isso eu posso, com isso e com muito mais !

Mas voltemos à vaca fria que esta malta do secretismo é como aqueles tais que toda a gente conhece, empata fodas, nem fodem nem deixam foder… Antes desta polémica estava eu meditando ter aprendido tarde ser a vida curta. Não fosse já ter ultrapassados os cinquenta, daqui a meia dúzia de anos serão já sessenta, enveredaria por esta carreira sem a menor dúvida ou hesitação. Agora é tarde, uma fístula num joelho não me deixa correr, e uma hérnia inguinal obriga-me a usar funda p’ra segurar um tomate, ou andaria sempre pendente, a badalar, a incomodar, a atrapalhar. Sinceramente não me estou vendo um profissional de sucesso e elevado potencial com os tomates pendurados, o que seria pior que pendurado pelos ditos. 

               A formação e carreira que recomendo destina-se inequivocamente a malta nova, coisa que aposto já toda a gente terá percebido. Quando muito transmitir-lhes-ei a minha experiência de cinquentenário bastante vivido, mas isso é coisa à parte, não será pága e nem consta no curriculo.

Tenho que me concentrar no que interessa porra, hoje estou a afastar-me demasiado, tudo por causa daquela gaja maluca que está sempre a recalcitrar, sempre do contra, tomara que o marido a emprenhe outra vez, ou o marido ou alguém com tomates já que estávamos falando disso, com três filhos restar-lhe-á decerto muito pouco tempo para me azucrinar a cabeça, ou ainda me verei a participar dela às autoridades por assédio moral, ou moralista.

Claro que as conversas são como as cerejas que se comem umas atrás das outras, falou-se em autoridade, autoridade leis, leis códigos, e claro enquadramentos legais, mecanismos legais, formalismos legais, acusação, defesa, prova, contraprova, contraditório, todo um mundo onde quem não se saiba mover ou que o não entenda sairá sempre a perder. Também constitui preocupação minha a cobertura legal da tua actividade. Estudarás alguns elementos do nosso Código Penal, Cível e Criminal, o que só te dará mais bagagem, mais conhecimentos, mais à vontade, mais auto controle, mais segurança, mais confiança e sobretudo tolerância, paciência e sangue frio no exercício da profissão, outros códigos, como o Comercial, por exemplo, não interessam de todo nesta formação.

Esta minha preocupação prende-se com o facto singular de te querer preparado para reagir a toda e qualquer situação, se fores apanhado (a) numa situação inesperada como vais reagir ? Debaixo da razão ou da emoção ? E vais disparar, como fez o cabo Hugo Ernano contra um bandido desarmado ? (a quem por infelicidade matou o filho). Também tu puxarás de uma carabina contra uma mosca ? Também tu irás arranjar-te problemas a ti mesmo (a) desnecessariamente ? E optarás por andar armado (a) ou desarmado (a) ? Há todo um conjunto de normas, regulamentos, leis e medidas que estipulam quem, como e quando, ou em que casos é lícito usar uma arma, e como foi ela usada ? Como defesa ? Como meio de ataque ? O portador tinha licença de uso e porte de arma ou não ? De múltiplos factores dependerá a condenação e a pena, geralmente nestes casos pesa muitíssimo em desfavor a nossa ignorância. Bem, a ignorância pesa sempre, mas nalguns casos pode fazer a diferença entre pena nenhuma, pena suspensa, liberdade condicional ou uma pena dura. Giro não é ? O cabo Hugo Ernano que o diga que não deve achar agora graça nenhuma ao facto de ter infringido levianamente o regulamento de uso e porte de arma por um militar, no caso paramilitar… Eu diria que foi vitima de uma má formação, talvez até péssima, e, é notório que a cabeça também não o ajudou.

Aposto que irás achar graça ao eclectismo das matérias a abordar, aposto que aos poucos te sentirás mais completo (a), mais seguro (a) de ti, mais informado sobre e acerca do mundo em que te movias, moves e moverás. Aposto que passarás a ver com outros olhos muitas coisas que não te suscitavam o menor interesse, e outras que pura e simplesmente nem entenderias e das quais por isso te alhearias, na vida somos como as policias, que só sabem o que lhes contam, a frase não deve ser entendida literalmente mas tem muito de verdade, sendo um aspecto sobre o qual na formação nos debruçaremos detalhadamente, pois quem, ou o que poderá contar imensas coisas à policia abrange um vasto leque de situações, atitudes e comportamentos, já para não falar em provas materiais, as quais, submetidas a uma qualquer perícia, falam pelos cotovelos, contam coisas, e podem ser determinantes no resultado de uma investigação. 

A vida não é como a vês nos filmes, os filmes que vês é que são como a vida, é preciso não confundir as coisas, e sobretudo estar atento. O sucesso ou insucesso de quaisquer acções pode ser decidido por uma beata deixada no local, uma mijadela dada ou uma escarreta atirada com desdém. Uma pegada, uma dedada num copo ou numa garrafa, numa maçaneta de porta, numa torneira, num vidro, são coisas que contam e falam muito. As coisas são como são, e quem procura acha, tal como quem espera sempre alcança. As coisas não são aleatórias, aleatório pode ser sim o pensamento que te passa pela cabeça, e uma cabeça distraída, ou ignorante, ou mal formada, terá razão de queixa de tudo e tenderá a afirmar que tudo e todos estão contra ela, quando na generalidade dos casos, somente de si se poderá queixar.

Prevenir, precaver, terá que, a par do seguimento das normas de higiene e segurança no trabalho, ser uma constante a transformar em modo de ser e de agir. Capice ? Espero que aos poucos te estejas embrenhando no espirito da coisa, porque a coisa não se articula bem com paternalismos ou moralismos serôdios, antes pelo contrário, exigirá de ti uma atitude fundamental, sólida, estruturada, atrever-me-ia a dizer que eticamente irrepreensível. Tudo se resume a uma questão moral, e terás que estar preparado (a) para quando necessário te substituíres neste capitulo ao próprio Estado, que fala, fala, fala, mas não faz nada, não cumpre. Basta olhar em redor e observar como o Estado redistribui a pouca riqueza que o país produz.

Deixo essa avaliação e apreciação a cada um de vocês. A cada um e até àqueles que nunca tiveram trabalho nem nunca terão, nem tiveram RSI nem nunca terão, que já tenham tido, ou não tido subsidio de desemprego mas que nem isso voltarão a ter, e àqueles que nunca conheceram outra situação que não o desemprego, os contractos a prazo de quinhentos euros ou a precaridade. Deixo esse julgamento aos jovens, às mães e pais que nunca o serão e que jamais constituirão família, ou um lar, a menos que fujam daqui …

Deixo isso a vomecês que eu detesto imiscuir-me na política, hoje é domingo, a cerveja ta da cor do sol e o sol queima como estes grelhados que já fumegam na brasa, venha mais uma dúzia para a mesa, loirinhas, fresquinhas, e a espumar c’a malta já se está a babar….

(continuará num próximo texto)  

P.S. – E para a tal personagem recalcitrante de que vos falei ao principio, saia um balde de merda bem, provido, e com gelo !






domingo, 19 de julho de 2015

254 - ARRANJA-SE EMPREGO * Parte 2 ……..….


Parte 2
As linhas apresentadas no texto anterior* são, modo geral, as directrizes que balizam e possibilitam a formação de um profissional independente, de resto, a vontade de adquirir um talento, e ser senhor de si mesmo, ou senhora de si mesma, dependerá de ti, é uma especialização destinada a altos voos, largamente remunerada e garantida, pelo que abraçar ou não uma carreira free lancer de elevado potencial como os publicitários costumam dizer e exagerando até, pois tantas vezes se referem a um qualquer lugar de caixeiro-viajante, o que nem é o nosso caso. Caixeiros-viajantes aqui, só se for “A Morte de Um Caixeiro Viajante”, de Arthur Miller, que aliás te aconselho vivamente a ler, como distracção.

Por falar em ler, terás que ler algumas coisinhas, não te assustes que não te recomendarei o Eça de Queirós, até por pressupor que já o tenhas lido. A bibliografia recomendada ser-te-à a seu tempo indicada, não é muita, nem fácil de obter ou arranjar. Alguém anda evitando que de um qualquer modo adquiras formação nesta área, penso já te ter confessado ser o segredo a alma do negócio. A lista andará à volta de dez obras essenciais (estou a puxar pela cabeça), sendo que o primeiro que poderás adquirir e encetar já, é de Pierre Joseph Proudhon, “O Que É a Propriedade”, e te abrirá imenso os olhos, a Editorial Estampa editou em tempos um livrinho que nem chega aos dez euros e encontrarás facilmente na WOOK, na FNAC ou em qualquer alfarrabista. É um livro rico, cheio de conteúdo e estimulará os teus princípios morais, detesto gente mal formada ou inculta, banal, e já agora deixa-me avisar-te, nunca me venhas com citações de Paulo Coelho, Rui Zink, Miguel Esteves Cardoso ou Pedro Chagas Freitas por favor. Há mais alguns como o Walter Hugo Mãe o Tordo, o Lucas Pires ou o Peixoto, mas a seu tempo saberás quais abomino.

O Capital, de Marx, e leituras de David Ricardo, Keynes e Adam Smith também farão parte da bibliografia recomendada para as matérias teóricas, se te digo tudo isto é para que avalies já um pouco as coisas e faças as tuas contas, este aviso tem-me poupado dissabores e a aturar gente que nem aprecia ler e aprecia ainda menos o saber, enfim, gente sem estofo para uma formação desta envergadura e que acabou por reclamar de mim avenças já pagas, o que naturalmente gerou atritos, me fez perder tempo e paciência, e só por não haver cheques passados nem recibos não me fez perder dinheiro. Nos tempos que correm todo o cuidado é pouco, quando aldrabões chegam a ministros já podemos fazer uma pequena ideia de como se “estará cá fora na selva”…

Nunca será demais insistir na ideia de que todo o valor que me seja pago será investimento a recuperar 10, 20, 50, ou mil vezes, tanto mais que se trata de um sector dinâmico e dos que, na nossa economia têm registado um crescimento exponencial, ainda que haja gente já instalada há espaço para gente melhor, ou bem preparada para fazer face à concorrência. No nosso mercado o que abunda é sobretudo a iniciativa desorganizada, baseada no improviso, muito à maneira portuguesa e que nem precisamos abater, funcionam noutra escala, num patamar muito abaixo daquele em que pretendo introduzir-te, pelo que se te esforçares e aplicares, guindar-te-ás a uma altura onde pura e simplesmente a concorrência nem sequer existe, ou conseguiu chegar.

De vez em quando é-me confidenciado por este ou por aquela já ter enviado, 100, 200, 500 currículos, e penso que uma até enviou mil ! Estará tudo doido ? Pensem ! Desistam de mendigar, criem a vossa própria oportunidade e tornem-se independentes de sucesso, atirem o desemprego para trás das costas. Libertem-se de salários mínimos ou de 500 euros, libertem-se de contratos, tornem-se empreendedores e inovadores de elevado potencial. Em vez de semearem currículos disfrutem dum mercado de trabalho amplo e à espera dos melhores, giram a vossa própria carreira, concentrdem-se em experiencias relevantes para a função, tornem-se profissionais qualificados (as) de low profile. Prestem contas somente a vocês mesmos. (garantido que nem ao fisco as prestarão).

Mas por falar em potencial, potencia, força, capacidade, agilidade, como vai a tua forma física ? “Mente sã em corpo são”, nunca ouviste dizer ? Fumas ? Chutas na veia ? Cheiras cola ? É bom que não, porque tudo isso, por junto ou separado, te impedirá de passares do meio da tabela adiante e sem isso não há diploma p’ra ninguém. Não é disciplina da minha lavra, mas é-o a apreciação e classificação, que não descuro. Toma nota e providencia se necessário.

Várias vezes aludi aqui ao cultivo de um low profile, pois não será despiciendo que a par da tua formação adquiras o bom hábito, repito bom hábito, de não dar nas vistas e passares despercebido (a). Isto não é um casting nem uma passagem de modelos, neste caso concreto passar anónimo (a) na multidão será uma mais-valia considerável. Deverás apresentar um ar limpo, nem demasiado asséptico nem enxovalhado, usar cores discretas, que não chamem a atenção nem pela cor nem pela forma. Um dia ajuizarás da vantagem de não ser visto nem lembrado. Idem para algum carro que tenhas, porque uma mota que não nos envergonhe dará sempre nas vistas. Pergunta-me, ou pergunta ao Varoufakis… 

A parte da formação que me cabe é, naturalmente, toda a área teórica, e já nem é pouco, porém não te assustes, corre a par uma parte prática cuja responsabilidade, não sendo minha, eu não tenho condições para leccionar, nem a nível de conhecimentos práticos nem de equipamento ou de materiais, todavia em momento algum descurarei o teu acompanhamento e progressão, até porque uma parte, sem a outra, nem faria sentido.

Penso já ter abordado a bibliografia, fi-lo de um modo geral, e, para sermos mais explícitos, adiantarei que terás que te debruçar, estudar, os rudimentos da Psicologia, da Sociologia, da Economia, o estudo da arte e dos materiais nobres, seria uma pena que, por ignorância, um dia te visses com muito dinheiro e alguém te aldrabasse com uma filigrana de pechisbeque ou te vendesse gato por lebre, uma qualquer falsificação por um Picasso. Mas não desesperes, nessa área sou entendido e fá-lo-emos com facilidade e como distracção. 

                Todo este trabalho te dou porque se não passares de um grunho (a) por muito bonito (a) que sejas, nunca facturarás nada de jeito, e até por haver necessidade de entenderes o mundo em que te moves e que, ao contrário do que pensas, concluirás nunca ter visto. Diria que se adapta perfeitamente às circunstâncias aquele velho aforismo popular “vícios privados, públicas virtudes”, terás que ser exemplar, sem dar nas vistas ou chamar a atenção sobre ti, um camaleão.

(continuará num próximo texto)