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quarta-feira, 23 de março de 2016

324 - SOU ALENTEJANO, KEEP KALM ....................


Mau grado as comemorações diárias de sucesso no Alentejo, logo rematadas com uma sessão onde o cante alentejano* nunca falta, as Cassandras da realidade teimam de modo regular repetitivo e invariável brindar-nos com estudos a que depressa fechamos os olhos pois não aceitamos que venham beliscar-nos a condição de alentejanos, que como todos sabemos é sinónimo de perfeição. Até eu, não sou perfeito mas sou alentejano, o que é quase a mesma coisa.
  
Desta vez foi um tal Zaask em conúbio com a Universidade Católica, que nem alentejanos são, gabando-se terem produzido um estudo (links no fim do texto), estudo esse envolvendo todo o território nacional e que, uma vez mais e como sempre coloca o Alentejo no fim da tabela, como se não nos bastasse o Henrique Raposo e o seu rol de idiotices que ninguém levou a sério. Para com esta parceria Zaask/Católica, a nossa atitude bem poderá ser a mesmíssima, repúdio total.
  
Pois o estudo dessa tal Zaask / Católica avaliou a competitividade regional a nível nacional e como se tivesse descoberto a pólvora, colocou Évora na cauda dos distritos onde é mais difícil abrir um novo negócio, uma nova actividade económica, Évora e o Alentejo, todo ele, no fim da dita tabela territorial. Como se houvesse aí novidade ou nós próprios não sentíssemos ou não soubéssemos, há bué de décadas que assim é. Não veio portanto dar-nos novidade nenhuma, outros antes dela o tentaram e levaram igualmente com o nosso desprezo, alheamento e indiferença. A calma nasceu aqui, tem aqui pais e avós, tem aqui o seu lugar e o seu futuro e não será um artolas qualquer a ensinar-nos o que é a vida e o que é viver.
  
Naturalmente as coisas não vão bem mas a culpa não é nossa, e mais, duvido bastante de quem sistematicamente nos coloca no fim de estudos e tabelas, e da desconfiança passei ao creio firmemente existir uma animosidade lactente e fáctica contra o Alentejo e os alentejanos, uma ou muitas se considerarmos duas ou três décadas, ou quatro. Muitas conspirações se ergueram e erguem contra nós, o Alentejo, uma região que tem tudo para ser rica e não a deixam. O poder central, o capitalismo, o liberalismo, tudo e todos se têm unido para que ao poder local democrático não seja permitido realizar as aspirações e a felicidade deste povo, trabalhador, lutador, sofredor, genuíno, honesto, e crente nas enormes potencialidades do seu destino.
  
Esta conspiração contra o Alentejo e os alentejanos não é de hoje, nem de ontem, podemos mesmo situar o seu começo no dia em que a Reforma Veiga Simão foi posta de lado. É que nem se dignaram fazer com essa reforma o que fizeram com a ponte Salazar, que mantiveram a funcionar mas lhe mudaram o nome para Ponte 25 de Abril. No caso do ensino foi um verdadeiro regabofe, abriram-se universidades para todos, abertas, fechadas, particulares, estatais, boas, más, a carvão, a gás, com turbo, ou super turbo, e turbulentas, a maioria fechou, o número de estudantes com a crise minguou, e as antevistas potencialidades da produção de doutores, engenheiros, escritores, artistas e etc. para exportação ou para consumo interno voltaram a ser quimeras, tornaram a ser de novo potencialidades abertas, futuros em perspectiva, em aberto, perspectivas, potencialidades, essas coisas que, como toda a gente sabe os alentejanos ambicionam e em que o Alentejo é riquíssimo. Num ápice foi-se todo um mundo de potenciais oportunidades em perspectiva que há séculos se nos abrem e que assim continuarão pelos séculos dos séculos, ámen.
  
Tal como fizemos com Henrique Raposo, que abalou daqui com o rabinho entre as pernas depois de uma valente coça, para aprender a não se meter connosco, também os municípios alentejanos deviam de imediato contestar os resultados do tal estudo que a Zaask aponta, apresentando publicamente argumentos convincentes, credíveis, válidos e validados, que rebatessem as aleivosias que o tal estudo citado apresentou. Quem não se sente não é filho de boa gente…
  
Na impossibilidade de o fazerem, isto é de se demarcarem de tão vergonhosos resultados, então deveriam os municípios visados despoletar eles mesmos um estudo isento, imparcial, que identificasse as causas dos estrangulamentos e dos obstáculos a que a actividade económica, industrial e mercantil está negativa e efectivamente sujeita no respectivo concelho e tornassem esses resultados natural e igualmente públicos, já que a Zaask, ou antes o seu estudo, aponta como uma das causas o pequeno ou completamente inexistente apoio à actividade empresarial por parte das administrações centrais e locais.
O mencionado estudo, de que também o Diário do Sul fez capa (enganadora) no dia 21, alude a um alegado ou denominado pessimismo dos empresários e eu direi que a ser assim será feito à boca pequena, pois desde sempre aqui vivi e nunca os vi ou ouvi reclamar, recalcitrar, admoestar ou ameaçar quem quer que seja, o que me leva a crer que a economia local estará mal mas para os outros, não para eles, para os outros sim, para os que fazem fila ou já perderam a fé nos Centros de Emprego, como se coubesse a estes fazer mais que afixar nos seus placards os anúncios de emprego que com desvelo recortam das páginas desse mesmo Diário do Sul.

O empobrecimento que o estudo menciona é culpa nossa e só nossa, com CEE ou sem CEE, com euro ou sem euro, o país, a região, as regiões, nunca produziram ou produzirão o suficiente. Um fraco rei fará fracas as fortes gentes diz o refrão e com razão. É o nosso velho e eterno problema de chefias, de vanguardas, de patrões, de empresários, de elites, é um problema velho e que se tornará velhíssimo, um problema que sempre se agarrará a muletas para deitar acima dos outros as culpas da sua inabilidade, de que são exemplos os apelos de saída da CEE, ou da moeda única, como é o apelo à Regionalização. Nada resultará, o nosso problema é só um, é um problema de produção, produção, produção, o resto é areia deitada para os nossos olhos. Só a produção gera empregos e riqueza, e o aumento da produção nada tem que ver com CEE, com o euro ou com a Regionalização, tem a ver com atitudes, mentalidades e estruturas de produção.  

Claro que com o Alentejo a despovoar-se, os salários em queda livre, os municípios quase sem excepção atolados em dívidas ou pessoal, ou nas duas coisas, a verdade é que nem há gentes nem dinheiro que possam valer a qualquer economia, a menos que façamos como Malta e Chipre, vendamos isto aos russos ricos, aos chineses ou aos árabes, ou aos indianos ou paquistaneses. A não ser assim isto, o Alentejo, não terá solução. Teria tido se o caminho trilhado há vinte ou trinta anos tivesse sido outro, agora é tarde, nem com vistos gold lá iremos. Emigrem… 

          Há que reconhecer todavia alguma coisa positiva ter vindo a ser feita pelo Alentejo, aqui, ali, acolá, de vez em quando surgem ideias e obras, porém são acontecimentos pontuais e de tímido volume, e nada de dimensão que nos leve a pensar e a reconhecer tratar-se de um movimento de fundo, mobilizador da execução de um grande plano ou estratégia, infelizmente termos que os classificar como iniciativas meritórias, sem duvida, mas claramente insuficientes. Para qualquer lado que nos viremos falta-nos massa crítica, e disso se encarregou ao longo de décadas a autofagia política vigente, acabou com o que havia e impediu novas afirmações ou poersonalidades de encontrarem o seu lugar... 

Uma breve nota, apesar de ter tentado há pequenos grandes problemas que os links não mostram, caso do universo em que assenta a amostra ou amostragem do estudo, que publicamente a não apresenta, o que não significa que não exista, estará junto da documentação original. Observando as variáveis e condicionantes que nos são apresentadas e se atendermos ao facto de quer a Zaask quer a Universidade Católica deterem um historial de verdade nos seus estudos pelo qual poderemos balizar a nossa apreciação, fácil se torna concluir que se compararmos o que observamos com a realidade diariamente confrontada, depressa faremos um juízo sobre o que é dito e forçosamente concluiremos não andar o referido estudo longe da realidade, antes bem perto dela aliás, e infelizmente.