sábado, 19 de fevereiro de 2011

21 - PALESTRANDO COM INTENSIDEZ...................



Caríssimos amigos, desejo em primo testemunho expressar quanto me é grato encontrar-me esta noite entre vós, e o prazer que me é concedido pelo facto de no vosso seio ter sido acolhido.

É evidente que a minha presença aqui tem que ver exclusivamente convosco, sois vós o motivo dela, é para vós que me dirijo, humildemente, em atitude de gratidão, de reconhecimento pelo que hoje sou, pelo homem em que me tornei, pelo ser humano em que me haveis transformado, pela felicidade que me haveis trazido.

Recordo, quando ainda pequeno, o deslumbramento que em mim haveis provocado, primeiro com as imagens, posteriormente com a lúdica abstracção da criação delas, partindo de linhas simples que aprendera a decifrar.

É grande como podeis constatar o conforto que sempre, ou desde cedo me haveis prodigalizado, as aventuras proporcionadas, os desafios em que me haveis estimulado a participar, as metas que a cada dia haveis colocado à minha frente para atingir, o saudável e pausado crescimento dessa forma obtido, a maturidade calma e segura cuja culpa a todos vós atribuo e agradeço.

De vós me alimentei a vida inteira, em vós encontrei a fonte da eterna juventude e o pote recheado de ouro da sabedoria. Foi através do arco-íris nele enraizado que, saciado de vós, ousei imitar-vos, pois já me não bastava nutrir-me do que sois, uma vez a necessidade satisfeita exigia que me transformasse, que fosse mais um entre vós, que sempre me haveis rodeado do melhor que sinceridade, amor e amizade podem facultar e, em cujo seio me acolhi, cresci e debutei ainda bem jovem.

Parte de mim está hoje aqui convosco, a outra parte sou.

Muito de mim cresceu à vossa imagem e semelhança, o resto de mim tornou-se naturalmente ou metamorfoseou-se sacramente no que sois, no que somos.

É portanto chegada a hora de reconhecer quão grato me sinto e sou, porque entre vós, porque como vós, partilhando uma avidez, uma ânsia de, a vosso exemplo, outros contaminar ou influenciar, como comigo haveis diligenciado, e único modo de vos compensar ou perante vós quitar tamanha divida e gratidão.

Modesto, tento imitar-vos, singelo, ouso timidamente entre vós estar e permanecer. E nem me conheço mais grata ou maior ambição que esta de me elevar pelo valor e mérito que convosco aprendi a cultivar, a par da humildade e da simplicidade que somente o saber ensina e a luz aponta. 

Convosco em mim as trevas viraram fulgor, as incógnitas soluções, as variáveis certezas, as dúvidas fundamentos, as consequências causas, a insegurança probidade, a hesitação um rumo. Inimaginável se tornaria sem este meu testemunho quanto vos devo e quanto de benéfico em mim resultou de vós.

Jamais renegarei ou esquecerei tudo quanto a vós devo, da meninice ao homem em que me tornei ou me haveis tornado.

E, num tempo em que as amizades leais escasseiam, nunca vós haveis regateado o altíssimo valor que em minha feição sempre experimentei e do qual me servi, numa dádiva que sempre pressenti desinteressada mas cujo merecimento nunca deixarei de reconhecer ou serei capaz de amortizar por muitos anos que viva.

Hoje sinto-me orgulhoso, entre os meus, e, ao sentir-me rodeado por vós, um conforto inexprimível me envolve, e, como que num abraço, vos confesso o reconhecimento de que a minha vida tem sentido, tem causa e consequência, tem motivo validade e razão, porque hoje tenho por adquirida a certeza de ter que ser perante mim e para mim que esta satisfação, esta avaliação de como sou e quem sou tem forma, conteúdo, substância e importância.

Obrigado.