Primeiro: a crónica não é um
género jornalístico; a crónica é um género literário.
Segundo:
a crónica pode partir da realidade, mas não raras vezes a crónica cria a sua
própria realidade.
Terceiro: a crónica não é
análise nem comentário; a crónica é confissão e hipérbole.
Quarto: a crónica não
pretende formar ou influenciar; a crónica deve entreter e se possível opinar.
Quinto: a crónica não vive
da especialização; a crónica vive da diversidade.
Sexto: a crónica vale pelo
estilo e pela substância; em caso de conflito sacrifique-se a substancia.
Sétimo: a crónica não
pondera opiniões contrárias à sua; a crónica pondera apenas uma opinião que
seja contrária ás outras.
Oitavo: a crónica não está
certa ou errada; a crónica, como diria Wilde, está apenas bem escrita ou mal
escrita.
Nono: a crónica é pessoal; a
crónica é um prolongamento do ego.
Décimo:
a crónica deve ser tão fácil de ler como de esquecer.