sábado, 24 de janeiro de 2015

224 - 12.000 DOZE MIL PRÓ MANETA ….........……

Velho adágio doutrina que quanto mais nos baixamos mais o cú nos aparece, eu acrescento ser sempre nas horas em que a porca torce o rabo que nada nem ninguém nos dá ou empresta um braço ou um ombro amigo.

O banco central europeu BCE, vem agora com um plano excelso para salvar a economia europeia que, pasme-se, os europeus meteram nos trilhos do desastre. Em 2010 os Estados Unidos e o reino Unido enveredaram por políticas contrárias às da UE com resultados muito positivos, por isso é justo dizer-se que o BCE vai fazer agora o que devia ter feito na altura. Jamais o Banco de Portugal admitirá tal mas, quer ele quer Passos Coelho ou Victor Gaspar ou Maria Luís, ou mesmo todo o governo agiram mal, estiveram e estão errados, o povo português sofre a paga cara toda esta austeridade inútil que muitos males agravou sem que tenha resolvido algum, é triste mas é a realidade, é o nosso fado, triste fado. 

         Esta austeridade nunca foi contestada, por nenhuma destas personagens, Passos Coelho diz agora nunca se ter oposto ao BCE, mas nunca o contrariou, e vejamos a reportagem cujo link está abaixo (*)  « em Junho de 2012, no Parlamento, em resposta ao então líder do PS António José Seguro, Passos Coelho opôs-se à compra de dívida por parte do BCE e explicava porquê,

“Se o senhor deputado entende que o BCE deve actuar em mercado secundário com programas mais intensos de compra de títulos de dívida soberana dos diversos países; se é isto que o senhor deputado entende deixe-me dizer-lhe: não concordo e não preciso de pedir licença a ninguém - nem em Portugal, nem na Europa – para lhe dizer aquilo que penso. Não aceito essa visão porque em primeiro lugar não cabe ao BCE em circunstância nenhuma exercer um papel de monetização dos défices europeus”. »

Do exposto fácilmente se depreende que neste momento Passos Coelho faz simplesmente por não perder a face. Todavia os do governo nem são mais tolinhos que os outros, e a malta sabe. Contudo para ser honesto, a António Costa, link (**) também não fica bem cavalgar a onda, pois ela simplesmente surgiu, é uma vaga de fundo que a situação impõe, não foi induzida por ele nem parcialmente, pelo que o seu aproveitamento é oportunista. Porém Costa está a perder-se porque o pessoal já abriu o olho, e nada adiantará fazer-se de morto, desce nas sondagens porque nada garante que faça muito diferente, (nem como) porque não cortou com o passado, nem se demarcou dele, de que foi ministro, e nem ele nem o seu partido nos pediram desculpa pelos erros cometidos e que estamos a pagar caros.

É dos livros que a economia capitalista assenta no consumo, sem essa matriz primeva da sua génese não há nada, pelo que pasmei quando, há quatro anos vi recomendada primeiro e imposta depois uma cura pela austeridade.

Parcimónia, bom senso, comedimento, sensatez, faltaram-nos nos últimos 40 anos, impõe-se esclarecer e afirmar que os portugueses têm sido enganados, os partidos têm-nos mentido, todos eles sem excepção, uns mais que outros, uns por omissão outros por premeditação, foram todos eles sem que tal assumam quem nos trouxe até esta miséria em que nos encontramos.

E a nossa desgraça é tão grande que ninguém foi capaz de contestar a cura radical de austeridade que nos prescreveram e que, conforme já vimos volvidos quatro anos, nada curou e está a matar-nos.

E ninguém contestou essa cura porque não temos estadistas, nem sequer gente competente. Quanto mais falham mais sobem, viu-se com todos em especial com Victor Constâncio e Victor Gaspar. (Que ao menos admitiu o falhanço na carta de despedida e aconselhava a fazer o contrário do que ele mesmo fizera) Os últimos estadistas competentes que nos governaram estão enterrados, Salazar e Marcelo Caetano, que ainda não tiveram quem lhes fizesse frente ou sequer chegado aos calcanhares, e esse é o nosso drama.

Evidentemente não podemos esbanjar os dinheiros públicos como vínhamos fazendo e em projectos megalómanos e inviáveis, como o Aeroporto de Beja, ou o de Rio Frio, que quase estivemos para construir, ou o TGV, ou a terceira auto-estrada Lisboa Porto, e tantos outros projectos extravagantes por este país fora, como não podemos alimentar empresas publicas continuamente deficitárias, há que gerir bem, exigir responsabilidades, e poupar o dinheiro dos contribuintes para que não necessitemos pedi-lo emprestado lá fora com as consequências que todos agora conhecem.

Naturalmente teremos que evitar o risco de voltar a deixar que os bancos façam as habituais negociatas financeiras e deixem a economia à espera de investidores que criem emprego, porque eles não o fazem, teremos que desenvolver atempadamente as reformas estruturais e conjunturais necessárias e não andar a reboque de pressões pontuais, sim, porque se o não fizermos não haverá investimento… ninguém virá meter aqui uma béka.. e o desemprego continuará em alta... Enfim, teremos que nos obrigar a repensar e a ter em conta um vasto leque ou conjunto de factores  de modo urgente...  O porreiro Pá tudo bem, tem que acabar. Não pode continuar a ser o nosso mal…

O caricato da situação surge quando nem de dentro nem de fora, FMI, BCE Comissão Europeia, vislumbraram o vírus que inocularam nas economias viradas para o consumo e produção. O que o BCE vem fazer agora, tarde e a más horas, é o que devia ter feito em 2010, ou até antes. Sem asfixiar devia ter controlado, evitado a sangria, e o despesismo. Ao invés deitou-se fora o bebé fora com a água do banho, fomos obrigados a beber um remédio que nos está a matar, a deflação que tanto temem foi criada por quem só via na austeridade virtudes, esquecendo ter que haver quem consuma pra que a produção se escoe…

No nosso país o problema em concreto é agravado, pois nem consumimos nem produzimos e se a economia dá uma aberta vamos a correr criar postos de trabalho na Alemanha ou na França, vamos a correr comprar Mercedes ou BMWs, queijos de Brie, Camembert e vinhos de Bordéus…

É aqui que eu chego à parte da reflexão em que o raciocínio me força, por muito que não goste do despesista e gastador Sócrates, a ter que lhe reconhecer razão, foi ele quem disse numa entrevista, por volta de 2010 ou 2011 quanto às dívidas dos estados:

- As dívidas dos estados não são para pagar, são para gerir ...

Nada mais verdadeiro, embora na altura toda a gente o tenha trucidado e levado a expressão para o lado de quem não pensava pagar as exageradas, sumptuosas e desnecessárias despesas por si feitas, contudo Portugal e a UE, bloco económico de que fazemos parte, bloco do euro, deviam ter acordado prazos, modalidades juros carências e contenções, ao invés de nos ter sido imposta esta austeridade assassina que ameaça destruir toda a Europa do sul onde a receita foi aplicada. A nossa economia já foi de pantanas, por termos a governar-nos gente incapaz e mais papista que o papa …

É que para além de nos terem faltado na hora certa as reformas, contudo todavia mas porém, se se achavam capazes de governar teriam que saber cantar e assobiar ao mesmo tempo, fizessem as reformas sobre o que existia e funcionava, tal qual um engenheiro faz uma via novíssima sobre outra que continua funcionando e somente no fim desvia o transito para a nova faixa ou nova via, ou como um cirurgião que opera o doente sem lhe parar o coração, esse é o primordial busílis da questão, se não sabem como fazer as coisas não as façam, deixem a oportunidade a quem saiba. E assim para tentar fazer de novo se matou o que existia. Calcula-se que metade dos empregos perdidos nestes quatro anos se devam a inexperiência governativa…

Mas regressemos à vaca fria, a inflação baixa e controlada é benéfica e actua como um estímulo, vou dar-vos um exemplo exagerado até ao limite:
Imaginemos que a inflação anual se mantinha durante uma década na ordem dos 40 a 50% (eu disse exemplo no limite) que aconteceria á nossa divida findo esse prazo ?

Eu digo-vos, estaria comida pela inflação e como ameaça quase nada representaria, enquanto agora representa uns puxados 130% do PIB… Mas, com a baixa inflação ou a deflação que tanto se teme, o seu tamanho monstruoso irá manter-se  ampliar-se !! Daí que a deflação para além de todos os aspectos negativos que arrasta, devido ao ciclo quebra da produção quebra do consumo que a quebra de expectativas e de preços cada vez mais baixos acarreta, assusta sobretudo por amplificar os males e monstros existentes. Como iremos pagar uma divida que se avoluma com uma economia definhando a cada dia que passa ? E definhará cada vez mais até por efeito das características que a deflação nela induz.

A senhora Merkel começou o problema, é que a deflação em que a Europa seriamente incorre foi "plantada" por esta senhora e pelas suas teorias macroeconómicas absurdas, pois se o capitalismo vive do consumo era óbvio que a austeridade nunca seria a receita indicada, o problema dela é falta de autoridade moral para falar pela Europa, porque parece que lá pela sua terra bem prega e melhor milagra e quanto a isso não a podemos condenar...

Ora o pensamento alemão ou finlandês, permanentemente contra as nossas políticas de despesa com investimento público (o que em parte se compreende) erra por incluir a tao famigerada critica ao consumo. Está visto e provado que a austeridade nos países do sul, que pouco ou nada produzem e tudo lhes compram não leva a nada, porque são eles quem neste momento chia e se queixa pelo abrandamento do consumo, onde a produção baixa, onde a procura abranda, e os preços ameaçam entrar em queda livre arrastando toda a Europa para um enorme buraco negro de desemprego e miséria.

É que a economia também se manifesta através de estímulos psicológicos (é ou não é amigo Pacheco?), é verdade que a deflação (na oferta) aumenta o poder de compra (da procura), mas é uma verdade envenenada. O problema é que a queda dos preços, (que beneficia os salários baixos, que desse modo podem adquirir mais bens), o problema é que a queda dos preços não induz á venda porque ficamos esperando que amanhã baixem ainda mais e não compramos hoje, na esperança de comprar amanhã mais barato, e assim sucessivamente levando a oferta a baixar ainda mais o preço... e gerando uma situação que arrasta consigo vendas abaixo do preços de produção, inevitáveis falências, queda do investimento, queda do emprego e outras desgraças análogas...

Ah ! Já me esquecia !!

E quanto aos 12.000 funcionários (***)  para "reciclar" estamos conversados, fugiu à ministra a boca para a verdade, mas, verdade seja dita que não a abriu toda porque não o pode fazer, na realidade este país como está não recomeçará a mexer-se sem que aproximadamente uns 150 mil sejam arrumados… ou no limite todos os funcionários públicos, basta que a economia continue na senda do êxito que tem sido anunciado entendem ? De qualquer modo admitir dispensar 12.000 já é um bom começo de assumpção do que está mal neste país e da discussão da sua resolução, só não me pronuncio mais detalhadamente por não ser sindicalista…

Não se pode falar verdade, os portugueses não aguentam, e os políticos socorrem-se de subterfúgios da linguagem, (ver texto 217, 


Por isso se fala tanto em “racionalização dos recursos na administração pública”, que contará com “vários instrumentos - aposentação, rescisão por mútuo acordo e ou situações de requalificação", mas "os objectivos não são estanques"… O que significa que tanto podem ir para o maneta ainda este ano ou no próximo, ou no seguinte, depende da narda disponível… ($ narda) Segundo a ministra das finanças, "há um objectivo de reduzir nos casos onde há mais recursos do que o necessário", garantindo no entanto que "não há um número, uma meta a cumprir por cada ministério"…(sic).

Amanhã é domingo, estarei na missa das matinas rezando por todos os felizes beneficiários da racionalização e seus variados instrumentos e por Mário Draghi, o resto são peanuts …

Fikem bem :D Um dia falaremos sobre os óbices ao empréstimo do BCE a Portugal e das piedosas mentiras que a propósito os nossos governantes nos enfiarão…






P.S. esta última foto é só pa despistar e atrair os bacocos à leitura do manifesto :D