quarta-feira, 1 de abril de 2015

232 - EUROPA QUERIDA EUROPA * ........................


     O continente europeu e em especial os europeus ocidentais têm assistido ultimamente a um confinamento geoestratégico que, se ainda não os submeteu nem os pressiona, no mínimo lhes tira o dormir.

No seu interior o crescimento da extrema-direita, a leste a Crimeia primeiro e a Ucrânia depois, a sul o avanço do estado islâmico, são realidades, não somente aparências e constituem factos e presenças amplificadoras da ameaça terrorista que lhe morde os calos. É isto que a actual Europa tem hoje para nos oferecer, para além do espaço Schengen claro, e de uma moeda e política comum que cada vez mais são fontes de dissensões e dissabores. Não há uma estratégia comum, nem um exército comum, e quando chegar a altura e a necessidade também não haverá táctica comum que lhes valha… Nem gentes comuns dispostas a fazê-lo….

Nem vale a pena carpir mágoas, nem tudo será negativo ainda que ecluda o pior cenário. Apesar de tudo a Europa ainda é o continente com a mais favorável distribuição de riqueza, (existe porém enorme disparidade entre os países da UE) quer no que concerne à riqueza oriunda dos rendimentos do trabalho ou de rendimentos de capital ou de propriedade, digo apesar de tudo pois igualdade nunca houve e está mesmo a crescer de novo entre nós, lenta mas inexoravelmente, a desigualdade.

Causa maior desta apesar de tudo tao benfazeja, ou proclamada igualdade que a Europa actual goza, foi o período que englobou as duas grandes guerras. Havia, antes da destruição de nível mundial que elas provocaram, uma desigualdade muito maior no mundo, e entre nós. Benditas guerras que, mau grado os inconvenientes que induziram e o caos a que nos arrastaram, também nos legaram méritos que fruímos longo tempo mas estamos a esquecer, tais como liberdade, fraternidade, igualdade e solidariedade, pormenores não de somenos importância e reflectidos em coisas simples como o emprego, o crescimento, o bem-estar e a comodidade. Todavia com o passar do tempo todas estas “facilities” que 60 milhões de mortos nos legaram só nos tornaram mais cínicos, mais egoístas e mais individualistas.

Dantes era um por todos, todos por um, agora é cada um por si.

E não pensem que ironizo ou brinco, basta olhar para os estudos sobre o “Capital” que Thomas Piketty ** desenvolveu e felizmmente para nós muito fácilmente acessíveis na net em http://piketty.pse.ens.fr/fr/ e muito simpática e especialmente em http://piketty.pse.ens.fr/files/capital21c/en/Piketty2014FiguresTablesLinks.pdf para confirmarem a verdade das asserções que atrás fiz.

Cresce a desigualdade, cresce o desemprego, cresce a falta de solidariedade, cresce a pobreza, são variáveis muito perigosas de manipular se as não levarmos a sério, contudo não levamos, andamos a brincar com o fogo. **

Mas como ia dizendo, não desesperemos. Outra guerra só nos iria fazer bem, em primeiro lugar alguém, finalmente, criaria uma verdadeira politica virada para a juventude e de um dia para o outro, ao invés de agora que andam há meses, senão anos, para parirem politicas como o VEM, para os mais jovens, no caso emigrantes. No aperto seria o VEM E VEM JÁ !

... e ai de quem não viesse, portanto não é falta de atenção à juventude, é falta de motivação para perder tempo com ela. Imagino que todos os destinos do Erasmus passariam em exclusivo para as fronteiras nos Urais ou no Mediterrâneo e o recrutamento seria mais que certo ….

Uma das iminentes vantagens seria que se perderia nos jovens a atracção pela aventura e a sua partida incógnita para a Síria e para o Iraque. Um mundo de oportunidades se lhes abriria a leste, ali, de certeza haveria campo para demonstrarem e aplicarem a sua coragem, a sua heroicidade, a sua entrega a uma causa, o seu desprendimento das coisas terrenas e ou mundanas. Com a vantagem de se escoarem stocks e abrilhantarem o uso e comprovado sucesso das armas em armazém e em estudo ou desenvolvimento, sem que tal representasse para eles, jovens, um custo acrescido.

Muitos deles e delas encontrariam no seio das forças armadas e pela primeira vez uma família funcional, um lugar seu, uma cama, lençóis banho, aquecimento, roupa lavada e quiçá refeições quentes todos os dias, não esqueçamos que se trata de três ramos diferenciados portanto diversificados, e cabalmente capazes de acolherem as mais variadas vocações, atentem que vos falo de ramos sem aperto orçamental. Não duvido que todos esses e essas jovens saberiam gerir e prolongar a guerra, fazer-se ou tornar-se necessários, incontornáveis mesmo. Um bom planeador ou programador e já agora mobilizador, líder, mandaria fazer atempadamente centenas e centenas de condecorações e cruzes de guerra apropriadas.

O problema da ligação das linhas de caminho-de-ferro entre nós e a Europa seria solucionado em três tempos, mais rápido que de imediato, e aposto que o óbice da bitola nem sequer se colocaria.

O desemprego jovem baixaria como que por magia e a juventude encontraria finalmente uma razão de vida, uma ocupação digna, nobre mesmo, sendo que os mais empenhados saberiam começar a construir logo ali uma carreira profissional, um futuro, dando corpo a uma vocação, o que pela primeira vez em quarenta anos seria um desígnio vero, levado a sério e prosseguido com coerência neste país. Relembro os tais três ramos sem controle orçamental… absorvem muita coisa…

Meia dúzia de bombas a sério em meia dúzia de cidades mudariam de imediato a Europa. Então, e só então, seria vê-la a fazer em cima do joelho tudo o que não fez com tempo, a mobilizar-se mobilizando tudo e todos no interesse comum, a entregar / distribuir tarefas e planos definindo prazos e objectivos a cada país, navios de guerra na Lisnave e submarinos em Viana do Castelo, tanques de guerra na Krupp AG alemã e aviões aos franceses da Dassault-Breguet, destróieres aos estaleiros italianos Fincantieri, armas químicas na Unidade Experimental de Defesa Química em Porton Down, Wiltshire, Inglaterra e aos holandeses, belgas e luxemburgueses, espoletas.

Leis refinadas, justas e calibradas cairiam em cima de quem iludisse o fisco, e toda a organização europeia seria canalizada, à vez, para o esforço de guerra: Finalmente veríamos em três meses a tomada de medidas conjuntas que a CEE ou EU nunca bolsou em vinte anos e o futuro sorriria a todos nós por muito tempo, calcula-se que dada a capacidade técnica actual a reconstrução de uma Europa arrasada nos garantisse, a todos, (de novo a todos) a todos os que sobrassem vivos claro que dos mortos não reza a história, bons empregos por mais de cinquenta anos, além que aos mortos poderíamos ficar com as heranças, as namoradas, os empregos, as contas bancárias, as casas, (as que tivessem ficado de pé) as jóias, os PPR, os certificados de aforro, as acções e participações….

Enfim, uma indeterminada e extensa amálgama de facilidades, proventos e oportunidades que esta paz podre nunca saberá proporcionar-nos nem que dure cem ou duzentos anos. Estará, em especial nas mãos de Putin, resolver os seus problemas e os nossos, os seus de coesão da grande mãe Rússia, os nossos, mais comezinhos e somente uma catrefa de contradições e estrangulamentos em que o excesso de democracia e o politicamente correcto nos enredaram. Estamos enleados em necessidades que urgem e falta de coragem para as suprir, nunca se tornou tão difícil levar reformas adiante, todos querem tudo mudado desde que tudo fique na mesma, uma guerra aplanava o terreno para a aceitação de reformas que de outro modo jamais alguém se atreverá a efectuar, quem contesta mudanças ou o que quer seja depois de um país arrasado pelo destino ?

Uma guerra pode ser uma bênção, pode ser o princípio da redenção, uma boa calamidade tudo permite e tudo fundamenta, autoriza, aprova, já há trezentos anos Thomas Malthus,*** o pai da demografia, ao debruçar-se sobre os factores que nos iam equilibrando a fomeca meteu as guerras ao lado de medidas automáticas de harmonização deste mundo, ao lado do que ele chamou medidas higiénicas, que permitiriam garantir que os bens alimentares chegariam sempre para aguentar a população deste planeta, tais como febres, cóleras, pestes, há portanto males que vêm por bem…

 Benditas guerras repito, e se Thomas Malthus *** não as recomendou ou aceitou, pelo menos no-las explicou convenientemente, e de facto elas são motores de evolução, na tecnologia, na medicina, na biologia, na finança, ou vocês não sabem quanto elas mudaram o mundo ?

E pra melhor….