FORMATADO
*
Ajusta-te
à fatiota,
com
um sorriso idiota,
e
olhas, rindo, o futuro à tua frente,
parecendo-te fluir alegremente,
dinâmico,
compelindo-te ao atrevimento,
atreve-te
! manda-te !
Mas
já no ar sentes um certo constrangimento,
reparas
então que o movimento que visionaras,
não
é em crescendo,
nem em comprimento,
e te
deparas com o chão fugindo-te debaixo dos pés,
em
regressão dás-te então conta estares noutra dimensão.
Primeiro
curtes um susto, medo, apreensão e aos poucos,
vais
desvendando a trela curta,
a
liberdade parca,
o
horário cheio,
o
contrato a prazo,
o
recibo verde,
o escravo da gleba
o escravo da gleba
um precário,
ordinário,
com emprego ao candeio,
a
jorna encolhendo,
o
soalho regredindo,
já
te vês pedindo,
entrando
em pânico,
concorrendo
à panrico,
e a
um milhão idêntico,
nem
respostas levas...
Ficas
invisível no seio das trevas,
e já
não és jovem,
nem
sequer assertivo, ou optimista,
ou
dinâmico, ou surrealista,
nem materialista, nem consumista,
és
excedente,
poluente,
um
problema incongruente,
já
nem és gente, já nem és nada,
és
merda formatada *
por
esta sociedade demente e tão excelente !