Em
volta da mesa comentávamos uma entrevista dada por alguém sob o tema “O
Alqueva corre o sério risco de não ser utilizável já a partir de 2019” * em
que o empresário José Roquette acusava os partidos de estarem como sempre
estiveram em relação a tudo, num estado de negação sobre a seca em Portugal. “E
nem falam da única solução: ir buscar água ao mar” acrescentava ele.
O
amigo Marmita, sempre mui sério e distinto, cofiou a barbicha afirmando tratar-se
esta entrevista dum alerta bem atento, lúcido e a ter em conta pelas
implicações que no Alentejo terá o agravar da situação, com reflexos negativos
no abastecimento público, na viabilidade dos investimentos e na atracção
turística, agricultura em geral com destaques para a vitivinicultura e pecuária.
O homem sabe da enxertia, exclamei para o Marmita.
O homem sabe da enxertia, exclamei para o Marmita.
Eu,
como sabem farto de os aturar a todos, contrapus terem sido os ceguetas dos
presidentes das câmaras da zona do perímetro da barragem quem, por mais que uma
vez tornou a legislação reguladora da zona ribeirinha somente acessível a
milagreiros ou a amigos. Alguns desses ignorantes e incompetentes foram
promovidos a deputados, como o de Portel. Quando a comunicação social não
cumpre o seu papel a tempo e horas é o que acontece... Ninguém fez perguntas,
ninguém levantou questões, tudo se agachou ante os barões... Agora chupem...
Naturalmente a piada era para o Marmita, ele é que se arroga de jornalista. Mas
o amigo Marmita acusando a cotovelada respondeu-me, manhoso:
- Amigo
tu que és uma pessoa inteligente e sem compromissos partidários, percebes que isto
é uma manobra que interessa a muitos, para dividir o Alentejo, colocando Beja
contra Évora. O Alqueva foi a salvação do Alentejo e estas teorias
catastróficas só ajudam ao descrédito do nosso território e das nossas gentes. Tu
sabes bem como é difícil conseguir realizar qualquer projecto aqui no Alentejo.
Infelizmente há sempre alguém disposto a fazer falhar ou desistir. Por vezes há
que fechar os olhos a pequenas tricas locais em nome do bem maior que é o
Alentejo.
Eu naturalmente retorqui, até porque quem não sente nem é filho de boa gente;
- Primeiro
toma nota desta ó Marmita, antes de mais nada o Alqueva foi a salvação do PS, foi
feito por haver uma necessidade enorme de ganhar votos para o PS e depois o que
não ajuda nada é um povo amorfo, e menos ainda que alguma comunicação social o mantenha
ignorante das realidades da terra, eu gosto de jogar aos dados e às cartas, mas
com dados de seis faces, ou baralhos com as cartas todas. É difícil fazer
qualquer coisa aqui porque em vez de derrubarmos barreiras as erguemos, e por serem
os partidos e os seus interesses pessoais e mesquinhos quem cria as
dificuldades... No Alentejo ou no país, e quando não vamos a jeito somos acusados
de bota abaixo... De não estarmos a contribuir para o bem maior, pois isso ...
E digo-te mais ó Marmita, alguém que não eu tem o dever de saber quais os responsáveis
pela legislação reguladora da zona ribeirinha do grande lago e conhecer o modo
como essa legislação foi criada, modificada, recriada e as razões pelas quais
continua sem surtir efeitos práticos...
Disse-o,
disse isto numa clara alusão ao papel do Marmita, o jornalista e quem deveria
conhecer e mostrar todo o baralho ao invés de o esconder, como ele dizia em nome
dum bem maior… Foi o suficiente para se pôr nas putas que é como quem diz dar
de frosques, abalar, tanto melhor, eu e o Olavo daríamos conta do almoço.
O
bem maior, o que é o bem maior ? Achei graça a essa de ser confrontado com tal
teoria, empírica, esdrúxula, ilógica, pragmática, estúpida, do bem maior. O
melhor é eu contar como acabou a coisa.
Quem
não achou graça a nada do que se passou foi o meu amigo Joaquim pois deve ter
ficando a pensar qual e quando será que um destes caramelos, ou os dois adianto
eu, lhe aparecerá porta dentro pagando os almoços já que não tendo havido
unanimidade quanto ao livre arbítrio ou arbitragem do bem maior eu e o Olavo,
de Bensafrim, é lá de xima não pode ser bom, nos levantámos de rompante tendo
abalado, um para cada lado e deixado a conta por pagar. Da última vez, e já la
vão uma boa dúzia de anos, voltámos passadas duas semanas, dessa ficou o senhor
Joaquim a ganhar, pagámos dois almoços cada um, ele servira dois, mas mais
tarde alegou juros de mora e prejuízo na expectativa de rendimento, logo justo
motivo para indemnização, e fechou-se em copas, aquilo não era a A.R.
resmungou, nem ele era a S.S. alvitrou …
Engolimos
em seco e calámo-nos, afinal a atenção e os mimos com que nos serve valem muito
mais do que estava em causa. Adiante, ou em frente que atrás vem gente como
costuma dizer uma amiga minha, por acaso igualmente galega.
A
discussão começara logo na definição do que seja o bem maior, teria que ser uma
coisa de força, de peso, eu puxara da artilharia que me acudira ao espírito, as
lições da Dr.ª Escária Santos, ou da Rosa Silva, já não lembro qual delas, são
coisas com quarenta anos, mais, eram assuntos que, tirando Ferrel, a Tv ou a
imprensa, nunca ninguém abordava nem aborda, mas lembro-me bem das lições do peso,
da densidade, do peso específico, do quilograma padrão, do peso atómico e da
massa atómica, a qual ela fazia questão de nos frisar serem coisas bem
diferentes, e depois avançava por aí não havendo quem quisesse perder uma aula
sua, sua dela, nem quando comecei namoriscando a Luisinha perdia uma aula dela,
ou delas, Einstein, E=mc2, a fórmula que mais vezes verão e ouvirão na vida, toda
ela ligada ao peso específico, ou atómico, E, energia, é igual ao produto,
produto enquanto resultado produzido, da massa ou matéria utilizada
multiplicada pela velocidade da luz, qualquer coisa como trezentos mil
quilómetros por segundo, portanto meus meninos, se pegarem num berlinde e o
atirarem a essa velocidade ao chão deste laboratório originarão uma explosão da
qual resultará uma libertação de energia suficiente para rebentar com toda a
escola,
-
Férias! Eram férias pa todos sôtora !
se ficasse alguém vivo
volvia ela, e continuava, agora imaginem que em vez de um berlinde de vidro o
seria de algodão, puf, um fiasco, o mesmo não diríamos de um berlinde de
urânio, mais “pesado” que o chumbo, pois mandaria Évora e todo o distrito desta
para melhor,
-
Ohhhhhhhhhhhhhhh, exclamámos todos à vez.
só quero que entendam o
valor do peso atómico, as diferenças de peso específico, massa atómica, que
entendam que o petróleo, a gasolina, o gasóleo são leves, o produto da sua
combustão faz muito mas seriam precisos dois milhões de camiões cisterna
explodindo em simultâneo para libertarem a mesma energia libertada em Hiroxima,
-
Professora tome esta rosa, é a Rosa de Hiroshima **
-
Caluda, não estamos brincando, estou vendo se vocês não ficam estúpidos, estou
cuidando se aprendem alguma coisa.
- E
a ver se não ficamos como o Relvas ou o PPC sussurrei eu ao Olavo, meu colega
de carteira que almoçava ali a meu lado sob o olhar cuidado e atento do senhor
Joaquim.
atenção, todos atentos, portanto e recapitulando, é
importante o peso, a massa, o peso atómico quando se trata de obter resultados
do produto pela velocidade daí que, olhem ali naquele quadro a Tábua dos
Elementos, o maior produto se obtenha dos elementos mais pesados como o urânio,
o qual tem um potencial de força enorme e cujos segredos estamos agora
começando a dominar como se viu em Nagasaki, Olavo guarda a tua rosa, e como se
vê pela proliferação de centrais nucleares por todo o mundo as quais, se não
bem controladas, pum, ou pim, ou como diria a Sandra plim plim acabou-se chegou
ao fim, kabummmm !
-
Tás a ver Olavo, A tal teoria do bem maior é uma cagada como foi Chernobil pá,
e foi mais ou menos isso que
nos incompatibilizou, ele não gostou da palavra, ou do exemplo escolhido, foi o
primeiro a levantar-se, agarrou no telemóvel e abalou, eu segui-lhe o exemplo,
o senhor Joaquim ficou ardendo e olhando, feito cara de parvo, pensando de si
para si, soubemo-lo mais tarde, estes cabrões deviam ter ido para Fukushima ou
para a puta que os pariu.
A
verdade é que o Olavo foi sempre um esquerdista pouco democrata, ou por outra,
democrata desde que todos fizessem o que ele desejava no que não era muito
diferente do bochechas, tudo bem desde que façam o que ele manda, e eu não lhe
estava a ir ao jeito pois a teoria está enferma de inúmeras incongruências;
O que poderemos considerar
ser o bem maior ?
Quem decide o que é o bem
maior ?
Decidem os eleitos ? Um
eleito em especial ?
Porquê esse eleito ?
Que tem ele a mais que
outros ?
Quem lhe outorgou autoridade
para tal ?
E o povo ? E os representantes na AR, toda a AR ?
Porquê esconder / ignorar
algo em nome do bem maior ?
O escondido ou ignorado não poderá ser um bem maior ?
E a democracia ?
E a transparência ?
Será
que não temos direito à verdade ? Porque é então o Alentejo a região mais
atrasada do país mais atrasado da Europa ? Será isto o bem maior a que temos direito ? Teremos nós os piores políticos ? A
julgar pelo estado do país e do Alentejo é justo que assim pensemos mas o Olavo
já se pirara, e o Marmita muito antes dele, e muito antes porque arrasta um
peso enorme na consciência, como se arrastasse umas grilhetas de bola de ferro, um problema de incompatibilidades, logo de transparência,
é que o nosso amigo Marmita, dito, referido e conhecido como "jornalista",
mantinha na sua página duma rede social alusões a uma sua ligação a determinada
instituição, alusões que em 8 de Setembro tinham sido retiradas, contudo, uma
análise actual à secção "sobre" deixa ainda ver essa alusão, agora
referida como uma ligação "anterior" todavia, anterior ou não, existiu, portanto ele pecou.
Digo-vos
isto para que saibam que eu não minto, nem tão pouco brinco em serviço, conto-vos
para que também se riam, se riam e vejam até que ponto estamos necessitados de
coerência, os que a devem praticar e os que a devem exigir, porque ambos
parecem ter esquecido o seu papel, o papel de cada um. Ainda não vivemos no
reino da Dinamarca e até um velho jornal, tem que ser respeitável e renegar a
desfaçatez. Um jornal deve respeitar o público leitor a que se destina e
albergar gente respeitável. Mas não senhor, um dia destes dei com a pérola que
vos acabei de contar, um dos subdirectores ou vice-directores, é, em simultâneo
e sem que isso o incomode minimamente, vogal de uma instituição privada,
propriedade de figura pública cuja filiação partidária é sobejamente conhecida
de todos e que, comummente surge reportada (por tudo e por nada) nas páginas do
dito diário.
Que
tal desrespeito não incomode os leitores é o que me incomoda a mim, a mim que
sou uma besta, até embirrante, isto para não vos dar conta de ápodos piores.
São 17:37h de quarta-feira 14 de Março, acabei de confirmar a pagina pessoal do
amigo Marmita, “jornalista”, onde ainda persiste essa alusão à entidade a que o
liguei e à qual por dever de isenção e de ofício nunca se devia ter submetido.
Que dirá acerca disto a lei de imprensa que tanto gostam ele e o seu jornal de invocar
?
Coerência
e integridade precisam-se...
Coloquem
anúncio… Encontrem-na…
Já
no que concerne à tal entidade, não percam tempo, nem um nome lá aparece apesar
dos mui vastos e certamente “mui dignos” corpos sociais daquilo tudo tresandarem
a transparência…
É
preciso coerência, é preciso que não haja contradições entre as palavras e os actos,
até eu levo isso a sério neste blogue onde, por princípio brinco, mas com
respeito, respeitando-vos até quando mando alguém à merda, o respeito acima de
tudo.
Reclamar
?
Que
reclamem, mas não é a mim que devem apresentar ou fazer as vossas exigências.
ROSA DE HIROSHIMA
Canta Ney Matogrosso, compositor: Vinícius de
Moraes
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexactas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioactiva
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atómica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada.