domingo, 31 de março de 2019

588 - CONCENÇO HORTOGRÁFIQU, by M L Baião*


Qrida Matilde, desta vez sou a respondere com preça antes que a opurtnidade pace. Noz por cá vamos indo umas vezes, outras vindo, como o trabalho, que uma veses tem avondo outras não, emfim, é o que Deus quere, mais amais, do modo que alguns trabalham, mais valia pagar-lhes pra nada fazerem.

Mal por mal, talvez o çaldo fosse positivo, agora já nem estragam nem empatam, maior perjuíso portanto nam darãm, pelo que foi a corage de dar a certa gente um grito, que todos houviram, assim mais para uma orde para que, por favor, nam trabalhem mais !

Foi um favor que nos fizerom, entretenhamsse com brinquedos que vem ai o Natal, e eu sempre dice que o nosso quintal estava cheio de gaiatos. Mal de quem nam quis querer, agora aturem-nos que é pra doer. Mas a cosa ia mesmo do piorinho, já nam vai durar felismente.

E nesta maré que acaben cum a nuvela da Casa Pia, cum a tristesa e as consequensias e resultados da sida, co primero prémio em númbero e desgrassada dimenção da toxicopêndencia, ca eterna briga entre istriónicos e renovadores, felizmente já em fim de cena, nam se ouvirá falar deles dentro de um ou dois anos.

E ca parvoisse de na acetarmos a clunagem e isto quando nem pintos sabemos crear. O nosso pequenino univerço tornou-se cafquiano, como dice o senhor cura, já se afirma à boca fechada que a moeda má expulsou a boa porque à boca pequena os zuns zuns tinham á muito dado duas voltas ao mundo, por este andar é que nam se via adonde isto ia parar filha.

Os culegas de escola zangaram-se entre si, onte por cauza de um peão, amanhã seria mor dos berlindes, o prefeçor é que teve razão, de tudo lavou as mãos, um dos catraios, pensava ter celado um alazão branco e partido á desgarrada, disia-se alvo de preseguição, houge teme que o prendam numa sela imunda, de balde a sua proveta origem.

Talvez fouce a sua sorte, pois avia para aí quem, pudendo, o cosia em banho maria, mais que visto está que o gaiato nam éra bemvindo. Nada averia a temer nam fosse darsse o cazu do homem ser por certo filho de um parto dificil, salvo decerto numa incunbadora, mas chamar-lhe abroto eu não xamo pois como sabes em Portugal o abroto é proibido.

De fato nam gostei eu e porvavelmente muito mais gente, têlo visto na Tv, com ar de vitima e uma aspersão de incredulo, chatiado com todo o mundo, em especial com os seus, os mesmos que ainda nam à muitos dias, de modo assás concençual coletivamente o aviam aplaudido. Esta situassão era de perver, ou nam conhecê-se a gente o mesmo homem que, em cede própria tanto se ilodiria o que groço modo me leva a querer que ele nam conhesse nem a circuncizão eleitoral em que se mechia.

Acredito que aonde quer que seja e qualqueres que sejam os interrogados já estiveram provas da sua desmedida ambissão e purpensão a pour em prática nada mais que a sua desmedida disperção do realmente, coisa que, se lhe preguntarem, jurará abuminar. Mas, pirlimpimpim, na minha terra é assim, apezar de muitas de nós nam terem eça persecção, a verdade é que tudo muda com abnegassão de uns quantos, mas ochalá nam fique tudo na mesma ou piore sem que a nossa pacividade incomode quem mais nam faz que, num paço de magia, limpare o pó da estrada com uma camurssa.

Nam estou muito de acordo é com essa história de 'haver que ser çulidários nesta caminhada", e sobretudo "saber pradonde vamos", do modo como a couza foi colocada, dá para pençar se nam terá avido momentos em que o nam fomos e momentos em que nam soubemos para onde ir, mas consedo o beneficio da dúvida a esta questão, já que alguma cosa terá falhado para que estejamos pior agora que á década e meia atráz.

Pençativos e cossando as cabeças deviam andar os que o pormuveram ao lugar em que se encontra, estiveram bastante tempo para pençar e muito quem os aconcelhace a nam se meter no inbróglio mas, errar é umano, talvez cressem que o homem trazeria o paraiso. Mas dói, tanto que agora, até o conssenso hortográfiquo está sem acordo, os palopes e o Brazil nos paçaram a perna, entretidos que andamos com os desvairios de ânus e ânus de erros políticos que, dis quem sabe, se pagão caros.

Esta carta já vai longe, vês que eu tinha rasão, prá semana falamos, adeus e até se vermos. 
* By Maria Luísa Baião, escrito terça-feira, ‎30‎ de ‎Novembro‎ de ‎2004 pelas ‏‎19:41h