quarta-feira, 21 de abril de 2021

688 - "CIGANOS ÉVORA" #TEXTOS POLITICOS 4#

 

“ CIGANOS - ÉVORA “

# TEXTOS POLITICOS 4 #


Muito frequentemente a questão dos nómadas, a questão de gente diferente, dos ciganos, vem à baila em Évora, em especial nas redes sociais.


Hoje mesmo, um desses elementos, um desses perfis lançava a seguinte questão e desafio:


- “ Será que os candidatos às autarquias da região de Évora terão força e não medo de acabarem com os benefícios que a câmara dá aos ciganos ? “


Convenhamos que a pergunta enferma de vários óbices, para não lhe chamar erros e não ofender o articulista. Mas lá iremos, primeiro há que responder a homem tão curioso e a quem ou p’ra quem os ciganos serão o maior problema desta cidade, ou o maior problema que enfrenta. Homem feliz portanto, só tem um problema, deduzo eu.


Apresentei-me, sou um dos candidatos em Évora, podia ignorar comodamente a sua pergunta mas não o farei, nunca deixei quem quer que fosse sem resposta. Aliás a resposta a essa questão já a dei numa entrevista de âmbito nacional, consulte-se o semanário Expresso do dia 11 do corrente.


Mas a esse caro amigo, ou caro perfil, não veio à memória ou não lhe ocorreu o facto da pergunta envolver uma série de óbices ou erros, começando por estar mal dirigida. Não será aos autarcas mas sim aos deputados municipais, aos membros do Parlamento Municipal, vulgo Assembleia Municipal (onde por inerência todos os presidentes de juntas de freguesia estão representados, ocupam um lugar) quem terá e tem capacidade legal para se debruçar sobre tão candente assunto e dizer de sua autoria o que o Presidente deverá fazer.


É que o tal Presidente a quem ele se dirige apenas preside, a Assembléia Municipal é que é o órgão executivo, o Presidente executa o que a A.M. lhe ordena ou autoriza, sanciona, e é a esta A. M. que cabe não só a responsabilidade como a resposta à questão, ao problema ou à solução do problema que os ciganos eventualmente represemtem e que tanto o preocupam.


Naturalmente quaisquer presidentes terão a sua opinião acerca do tema, opinião que para o caso nada vale, a não ser que seja atirada para o debate numa reunião, numa assembleia da AM e esta a apoie, a adopte e a aprove, isto é que a assuma, que se responsabilize por ela.


Logicamente essa comunhão de interesses, competências e responsabilidades seria a situação ideal, mas como sabemos muitas vezes o ideal é inimigo do excelente, ou o suficiente do bom, ou o bom do óptimo... Infelizmente na grande maioria das vezes é o Presidente quem manda na Assembleia Municipal e lhe dá ordens (o que está completamente em desacordo com o consignado na lei) subvertendo a lógica do regimento da mesma e da própria democracia. E por falar em democracia adiantarei que não chegaremos a lado nenhum com ela a funcionar nestes moldes...  


No que concerne aos ciganos sei que a CEE reconhece o seu estatuto apátrida e respeita-o, respeita-os. Atendendo a esse facto envia-nos anualmente milhões para os integrar e os socializar caso eles aceitem aceitar a integração. Esse bolo, esse montante de milhões que lhes é destinado e por eles deveria ser distribuído como subsídios alimenta contudo centenas de académicos cuja vida tem sido dedicada ao estudo dos ciganos, da pobreza, etc etc etc ... Estudos que os têm enriquecido...


Tão admirável bolo alimenta ONG’s diversas, uma miríade de organizações governamentais ou não, departamentos universitários, instituições insuspeitas, associações que grassam como cogumelos, milhares de técnicos das mais diversas naturezas, dando emprego a milhares de portugueses de norte a sul, etc etc etc … Digamos que quem mais beneficia com os valores ou verbas destinadas aos ciganos, curiosamente somos nós… 


Talvez dez por cento do bolo chegue às mãos dos ciganos, às mãos daqueles a quem se destinam, e mesmo esses dez por cento desejaríamos para nós se pudéssemos deitar-lhe a mão… 


Haja calma bom senso e um travão à cupidez, é provável que se tanta narda lhes chegasse às mãos os ciganos nos deixassem os ténis em paz, e as calças e camisas deixadas esquecidas continuando corando no arame…


Mais a mais imaginemos que de repente lhes chegava a todos, todos os ciganos, uma vontade de trabalhar indomável… Quem ? Qual de nós lhes daria emprego ?


E já agora por falar em emprego, em empregos, onde estão eles, mesmo aqueles que deveriam ser p'ra nós ? Onde estão esses empregos ? Onde está o desenvolvimento que há décadas apregoam à boca cheia ?


É caso para meditarmos e nos darmos regularmente ao cuidado duma introspecção, há-de valer a pena, talvez até aprendamos algo. Ganharemos no mínimo uma oportunidade para olhar para nós mesmos, coisa que deveríamos fazer mais vezes.


Um abraço