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CIGANOS - ÉVORA “
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TEXTOS POLITICOS 4 #
Muito
frequentemente a questão dos nómadas, a questão de gente diferente, dos
ciganos, vem à baila em Évora, em especial nas redes sociais.
Hoje
mesmo, um desses elementos, um desses perfis lançava a seguinte questão e
desafio:
- “
Será que os candidatos às autarquias da região de Évora terão força e não medo
de acabarem com os benefícios que a câmara dá aos ciganos ? “
Convenhamos
que a pergunta enferma de vários óbices, para não lhe chamar erros e não
ofender o articulista. Mas lá iremos, primeiro há que responder a homem tão curioso e
a quem ou p’ra quem os ciganos serão o maior problema desta cidade, ou o maior
problema que enfrenta. Homem feliz portanto, só tem um problema, deduzo eu.
Apresentei-me,
sou um dos candidatos em Évora, podia ignorar comodamente a sua pergunta mas
não o farei, nunca deixei quem quer que fosse sem resposta. Aliás a resposta a essa questão já a dei numa entrevista de
âmbito nacional, consulte-se o semanário Expresso do dia 11 do corrente.
Mas
a esse caro amigo, ou caro perfil, não veio à memória ou não lhe ocorreu o
facto da pergunta envolver uma série de óbices ou erros, começando por estar
mal dirigida. Não será aos autarcas mas sim aos deputados municipais, aos
membros do Parlamento Municipal, vulgo Assembleia Municipal (onde por inerência
todos os presidentes de juntas de freguesia estão representados, ocupam um
lugar) quem terá e tem capacidade legal para se debruçar sobre tão candente
assunto e dizer de sua autoria o que o Presidente deverá fazer.
É
que o tal Presidente a quem ele se dirige apenas preside, a Assembléia Municipal é que é o órgão executivo, o Presidente executa o que a A.M. lhe ordena ou autoriza, sanciona, e é a esta A. M. que cabe não só a responsabilidade
como a resposta à questão, ao problema ou à solução do problema que os ciganos eventualmente represemtem e que tanto o
preocupam.
Naturalmente
quaisquer presidentes terão a sua opinião acerca do tema, opinião que para o
caso nada vale, a não ser que seja atirada para o debate numa reunião, numa
assembleia da AM e esta a apoie, a adopte e a aprove, isto é que a assuma, que
se responsabilize por ela.
Logicamente
essa comunhão de interesses, competências e responsabilidades seria a situação
ideal, mas como sabemos muitas vezes o ideal é inimigo do excelente, ou o
suficiente do bom, ou o bom do óptimo... Infelizmente na grande maioria das vezes é o Presidente quem manda na Assembleia Municipal e lhe dá ordens (o que está completamente em desacordo com o consignado na lei) subvertendo a lógica do regimento da mesma e da própria democracia. E por falar em democracia adiantarei que não chegaremos a lado nenhum com ela a funcionar nestes moldes...
No que concerne aos ciganos sei
que a CEE reconhece o seu estatuto apátrida e respeita-o, respeita-os.
Atendendo a esse facto envia-nos anualmente milhões para os integrar e os
socializar caso eles aceitem aceitar a integração. Esse bolo, esse montante de milhões
que lhes é destinado e por eles deveria ser distribuído como subsídios alimenta
contudo centenas de académicos cuja vida tem sido dedicada ao estudo dos ciganos, da pobreza, etc etc etc ... Estudos que os têm enriquecido...
Tão
admirável bolo alimenta ONG’s diversas, uma miríade de organizações
governamentais ou não, departamentos universitários, instituições insuspeitas,
associações que grassam como cogumelos, milhares de técnicos das mais diversas
naturezas, dando emprego a milhares de portugueses de norte a sul, etc etc etc
… Digamos que quem mais beneficia com os valores ou verbas destinadas aos
ciganos, curiosamente somos nós…
Talvez dez por cento do bolo chegue às mãos dos ciganos, às mãos daqueles a quem se destinam, e mesmo esses dez por cento desejaríamos para nós se pudéssemos deitar-lhe a mão…
Haja
calma bom senso e um travão à cupidez, é provável que se tanta narda lhes
chegasse às mãos os ciganos nos deixassem os ténis em paz, e as calças e camisas deixadas
esquecidas continuando corando no arame…
Mais
a mais imaginemos que de repente lhes chegava a todos, todos os ciganos, uma
vontade de trabalhar indomável… Quem ? Qual de nós lhes daria emprego ?
E já
agora por falar em emprego, em empregos, onde estão eles, mesmo aqueles que
deveriam ser p'ra nós ? Onde estão esses empregos ? Onde está o desenvolvimento que há décadas apregoam à boca cheia ?
É caso para meditarmos e nos darmos regularmente ao cuidado duma introspecção, há-de valer a pena, talvez até aprendamos algo. Ganharemos no mínimo uma oportunidade para olhar para nós mesmos, coisa que deveríamos fazer mais vezes.
Um
abraço