quarta-feira, 30 de junho de 2021

716 - DESPESA BOA, OU DESPESA MÁ ???????????



716 - DESPESA BOA OU DESPESA MÁ ...

# TEXTOS POLÍTICOS 23 #


Devia ir um reboliço na AR por causa da dívida, mas tal parece nem apoquentar os nossos deputados. Só me admira que quer as premissas quer as projecções para o nosso crescimento não sejam mais altas, mais optimistas, com tantos idiotas quantos ignorantes por lá, admira-me que não nos prometam o céu e a terra. Este governo tem sido sobretudo hábil, e lábil, em adoçar a pílula e fingir que faz, não fazendo. Para ajudar à festa o Covid tem costas largas e serve para tapar toda a incompetência do Costa, o pior nos quarenta e sete anos que esta trapalhada já leva….

 

Mas que devia ele fazer que tanto receio tem em fazê-lo ?

 

Despesa. Cortar na despesa, nos gastos da república.

 

Toda a gente clama haver necessidade de cortar na despesa, nas gorduras, e certamente haverá muito por onde cortar, mas onde ? Quem ?

 

E é aqui que a porca torce o rabo.

 

Cortar despesa implica em grande parte dos casos despedir pessoal, à bruta ou com indemnizações, (geralmente a coberto de um qualquer programa de nome pomposo e virtuoso) qualquer das opções conduz a mais despesas, em rescisões, subsídios, etc. etc. etc. para além de arrastar à colecta de menos receita, menos contribuições para a SS, menos impostos, IRS, IVA etc. etc. etc. Quem não recebe não gasta, e quem não gasta não paga impostos, nem directos nem indirectos, ou passa a pagar muitos menos, enquanto por outro lado pode vir a ser beneficiário de isenções ou subsídios diversos.

 

Por aqui se vê que reformar implicará desgraçar ainda mais o país, o que o partido no governo não quer, o país já está exangue que baste e reformar a parte que não obrigue a despedimentos exige inteligência, precisamente o que este governo não tem. E seja dito em abono da verdade que reformas exigidas pela realidade há anos, ninguém as promoveu.

 

E então ? Não há soluções ? Não há reformas ? Verdade verdadinha é que este governo não tem desenvolvido nenhumas, ao contrário do que apregoa. Tem-se limitado a medidas pontuais e esporádicas, em especial na área do confinamento sanitário e das machadadas na economia, ainda por cima mais das vezes com pior resultado que o pretendido.

 

Há soluções. Mas tb há que ter em conta padecermos de muitos outros males e, quem quer que pegue nisto terá que conjugar economia, moral e ética, e um mix de educação, motivação e saúde que nos ajude a sair do buraco. Rezar a Nossa Senhora pode convir mas não é condição sine qua non.

 

Tão simples assim ?

Não.

Complicadíssimo até.

 

Porque o país está moribundo. Carente de reformas há mais de quarenta anos. Descapitalizado. Vendemos os anéis mas as dívidas continuam, os dedos estão seriamente ameaçados e é inegável a necessidade de diluir a dívida no tempo. Dívidas assumidas no fim da monarquia, princípio da 1ª república, foram final e totalmente pagas somente e já neste milénio, há não mais que uma dúzia de anos, sem que aparentemente nada tenhamos aprendido com isso.

 

Há que forçar o crescimento. Só o crescimento do PIB, da economia, nos pode salvar e tirar do buraco. Para isso é urgente começar a premiar o mérito e a assumpção de responsabilidade, apoiar as empresas, e em especial as PME que garantem emprego a 98% da nossa população, apoiar os empresários com medidas fiscais e financeiras, indexar os salários, o seu crescimento e a redistribuição de riqueza aos ganhos de produtividade e ao crescimento do PIB, tudo clarinho e preto no branco num contrato social envolvendo e assinado entre as partes, para que todos ganhem e todos saibam quanto têm a ganhar se o país evoluir. Mobilizando-os…

 

Há que dignificar o trabalho e a inovação, tal desiderato passa por permitir que sejam melhor remunerados os ganhos do trabalho que os ganhos financeiros, o que não acontece actualmente, em que o rendimento obtido pelas aplicações de capital estão claramente acima das obtidas com trabalho mental ou suado, o que é um mau sinal.

 

Temos que premiar o empreendedorismo, penalizar a inércia e a inacção, oferecer aos empresários condições que lhes permitam capitalizar-se, ou recapitalizar-se, a fim de que actuem antes que os chineses comprem isto tudo e encham o país de chinocas trabalhando 18 horas por dia por meia dúzia de patacas, yuans ou renmimbis.

 

Haverá que taxar fortemente o financiamento ao crédito e consumo de bens supérfluos e de luxo desmotivando-o, incutir razoabilidade moralidade e educação neste povo, promover uma profunda reforma politica e social, (social, de mentalidade civil, cívica) definir regular e reformar o sector empresarial estatal e a respectiva gestão, estabelecer objectivos, prazos e metas responsabilizando as pessoas e exigindo o seu cumprimento não se permitindo jamais que a culpa morra solteira, estabelecer criteriosamente as áreas de actuação do sector público empresarial estatal e do sector privado, a fim de evitar promiscuidades e tentações pecaminosas.

 

Há no horizonte tantas soluções possíveis como cabeças pensantes, mas teremos que estabelecer um despique saudável entre distritos, incluindo nele responsabilidades sociais assumidamente um dever de todos, particulares e empresas. É inaceitável que não cuidemos dos velhos, ou que deixemos abalar os mais novos, ou que chantageemos jovens mães para que não engravidem, tem que ser estabelecido um contrato social abrangente, onde todos se sintam incluídos.

 

Exigir-se-á moralidade e bom senso a todos, para que sejam desbloqueados milhentos processos parados, boicotados ou travados em ministérios e municípios, por burocratas e técnicos incompetentes e excedendo ou exorbitando funções, querendo impor uma visão e agenda pessoal aos contribuintes e munícipes sem que para tal tenham sido eleitos, o que terá que ser feito quer desburocratizando quer simplificando procedimentos e castigando os comportamentos negativos e reincidentes.

 

Poderiam ser estabelecidos rácios para orçamentos camarários e para os quadros de pessoal do funcionalismo publico, enfim, moralizar-se o viver neste país, por agora todo ele enleado em enganos em que metade de nós sobrevive de esquemas precários ou parasitando o aparelho de estado e em que a outra metade simplesmente não aceita pagar os excessos inúteis. As gorduras…

 

É dos livros, temos que crescer, ou crescemos todos ou morremos todos, estamos ligados umbilicalmente. Como estamos só nos resta sobrecarregar cada vez mais de impostos os poucos que ainda trabalham ou desenvolvem uma área de negócio, e no dia em que forem só dois ? É notório que só o crescimento permite obter valor e riqueza para fazer face ás despesas que temos, e que temos que controlar e valorizar.

 

A título de exemplo, o Ensino Público ou o SNS não podem ser buracos onde simplesmente se despeja dinheiro, é dinheiro nosso, de todos, que custa a arranjar e faz suar, o seu consumo tem que ser moderado, fiscalizado, mas sobretudo valorizado, rentabilizado. São valores inestimáveis e sagrados.

 

É forçoso remunerar bem as poupanças, e permitir que as aplicações de capital obtenham mais valias não especulativas, incentivando estes mecanismos através de isenções ao reinvestimento de capital e penalizando proporcionalmente a distribuição de dividendos.

 

Todos temos que ser mobilizados, que fazer parte da solução, e todos temos o direito (cumpridos que estejam os deveres) de esperar ser justamente beneficiados quer pelo esforço quer pela mudança. Qualquer português que se negue a este esforço repartido não merecerá a consideração dos demais. Um burocrata ou um técnico que boicotem um processo estão a contribuir para a eliminação do seu emprego e dos demais. Se o processo não andar não criará riqueza nem emprego, não se pagarão impostos, os tais impostos que no fim do mês lhe pagarão o ordenado ou vencimento, e que, quando todos pagarmos, calhará pagar menor parte a cada um, enquanto por outro lado deixaremos de exaurir subsídios, de desemprego e outros que tais, permitindo o seu uso em áreas mais reprodutivas.

 

E por falar em reprodutivos, lembremos o termo “dívida virtuosa” porque tb existe tal, dívida virtuosa é aquela que permite multiplicar por 2 ou 3 ou 4 ou 5 ou 10 cada unidade aplicada, o que decididamente não tem preocupado os nossos decisores nos últimos 40 anos, em que não se fez um único negócio rentável. É hora de acabar com as PPP e lançar as O.C.F. simplesmente “Obras de Compromisso com o Futuro” …

 

Parece ser já pacífico para os portugueses que os diversos governos e a generalidade dos deputados, desde o 25 de Abril, se preocuparam excessivamente com os respectivos partidos, ou as respectivas pessoas, deixando para as calendas gregas o governo da nação e o bem estar e futuro dos portugueses. Agora que a dívida nos aperta apercebemo-nos terem sido demasiado bem pagos para a pouca produtividade alcançada, tudo está por fazer, e em “N” aspectos nada se avançou de então para cá e casos há em que regredimos mesmo.

 

Não temos uma fiscalidade atractiva para o investimento, temos uma justiça digna da idade da pedra, o ensino teima em não proporcionar as condições de formação nem as especialidades ideais, e fico-me por aqui. Isto parece o oeste selvagem, é o salve-se quem puder, sendo que padrinhos e cunhas se substituíram ao justo fruir da igualdade que a AR deveria ter acautelado para todos.

 

Em Portugal o Poder Local parece sofrer na generalidade do mesmo mal, partidarismo, clientelismo, e um rácio de funcionários muito superior ao que seria natural e ideal, disso nos deu conta a divulgação de uma completa e meticulosa infografia. (link para consulta no final do texto).

 

De uma média ideal de funcionários por cada mil habitantes exorbita-se para números carentes de toda a lógica. (Évora 21,1 por 1.000 habitantes, aconselho a que veja o gráfico cujo link se encontra no fim do texto).

 

E nem são mais eficientes nem menos custosas para os munícipes estas equipes de gestão da coisa pública, demasiadas mantêm um grau de despesismo elevado, muitas câmaras estão endividadas, e raras se distinguiram na criação de condições para o desenvolvimento de uma actividade económica salutar e geradora de emprego. Ao invés e enganadoramente tornaram-se o principal empregador da sua área. Com o inerente peso burocrático e financeiro. Um município não gera riqueza ainda que para ela contribua criando, quando cria, condições para que tal ocorra...


Sendo em simultâneo um foco de despesa, há que gerir muito bem os orçamentos municipais para que não se tornem um peso excessivo. Estrangulador. Todas as câmaras intervencionadas foram obrigadas a aumentar, para o escalão máximo, taxas e derramas, o que decididamente não é da simpatia do investimento ou da criação de emprego. Nem dos munícipes. No entretanto que fizeram as Assembleias Municipais para evitar este descalabro ? Eu digo-vos, nada, calaram-se e não fizeram nada, pactuaram com os resultados, são cumplices na desgraça que vivemos.

 

Do exposto resulta que os municípios podem ter uma importância transcendental na captação de investimento, na criação de condições para que o desenvolvimento económico aconteça, e para que o desemprego se mantenha baixo. Podem, mas o que os números nos indicam é que não conseguem. Porquê deixo à consideração de cada leitor pois cada um certamente conhecerá o seu concelho melhor que eu. Contudo arrisco avançar que nem todas as responsabilidades caberão ao presidente ou aos vereadores, a existência de boas equipas técnicas é fundamental. Sem elas o resultado obtido é igual ao obtido por um bom primeiro-ministro rodeado de ministros bananas, incapazes.

 

Parece ser já demasiado evidente para todos nós que estamos no mesmo barco e que só sairemos daqui produzindo, produzindo muito, produzindo bem e depressa, não há outro modo de se obter criação de riqueza e de emprego para todos. Claro que a par disso muita coisa mudará, mas o essencial assenta na organização colaboração e produção. Cada um que faça o melhor no seu posto. A bem ou a mal, alegres ou contrariados só nos resta produzir urgentemente, de modo que os ganhos supram os custos, de modo que não haja necessidade de despedimentos nem de encerramento de serviços empresas ou fábricas.

 

É tudo por hoje. Obrigado pela seca.

 

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/infografia_saiba_quantos_funcionaacuterios_trabalham_na_sua_autarquia.html