sábado, 19 de junho de 2021

... ESPELHO, HÁ OUTRA MAIS BONITA QUE EU ?

                         



713 ESPELHO MEU, HÁ OUTRA MAIS BONITA QUE EU ?

    # TEXTOS POLÍTICOS 22 #


Na actual situação de focos problemáticos distritais e concelhios que fustigam o Chega um pouco por todo o país, e devido à existência em muitos deles de um deficit de democracia, de imparcialidade, de isenção e de experiência politica, fácil se torna concluir que a fasquia deveria ter sido colocada muito mais alta, ou o CHEGA não passará da breve colheita de um flash. Nas próximas eleições autárquicas preconizo-lhe uma ascensão fulgurante que contudo e pelo que disse não passará dum breve flash, dum breve benefício e ainda mais curto momento.

 

Ocupando assembleias municipais e presidências de câmaras de norte a sul com gente impreparada, irão surgir forçosamente centenas senão milhares de impugnações dos precipitados, impulsivos, irreflectidos e transviados actos das administrações Chega, as quais encherão tribunais mas sobretudo inviabilizarão o normal funcionamento de quaisquer autarquias, resultando dessa vitória a apreensão pelos eleitores de que os quadros do Chega não estão preparados para a função e a sua acção será mais perniciosa que benéfica para o concelho. Os mesmos eleitores que lhe deram a vitória ir-lhe-ão  gradualmente retirando os votos que tinham impulsionado essa ascensão, e a vitoriosa curva ascendente do Chega virará uma outra curva de natureza diferente, descendente, e acusando a diluição dos votos, da confiança perdida, e do declinar do poder do Chega.   

 

Muito dificilmente o Chega recuperará duma queda assim, nenhum populismo lhe valerá nem poderá continuar sendo o partido de um homem só. Só então AV verá com pesar de nada lhe ter servido andar a correr para assim se estampar, terá que redobrar de esforços para voltar a convencer, não aliciar mas convencer intelectuais, artistas, académicos, cientistas, investigadores, professores, enfermeiros, carpinteiros, serralheiros, empresários, quadros médios e superiores, e a todos aqueles de que não se soube rodear.

 

O problema é de justiça, o pessoal anda sedento de justiça, e o Chega aproveitou para montar essa sede e transformar-se no cavaleiro justiceiro, num rolo compressor, num cilindro justicialista. Vai daí soltou todos os demónios da sua tropa fandanga esquecendo-se de que lhe será muito difícil ou mesmo impossível voltar a encerrá-los na lamparina. O país vai estar uns anos não diria desgovernado mas reformando-se aos encontrões e tropeções, o país será alvo não de um Tsunami reformista originado pelo Chega mas por um verdadeiro arrastão que tudo levará cegamente na frente.

 

A culpa desta passagem cronológica do que será a nossa história futura ? Os mesmos de sempre, os partidos do sistema que, travando reformas que há muito deveriam ter sido tomadas criaram as condições pra que agora o sejam sem quaisquer travões. Vai haver justiça, vai haver reformas em catadupa, o país vai mudar, o país vai sofrer mas as reformas vão fazer-se. Atabalhoadamente, mas far-se-ão, vamos ter pelo menos uma década de revolução e reformas, vai ser a nossa Revolução Cultural à moda da China, vinganças, mesquinhices, ajustes de contas, delações, falsas ou não, disse que disse e bufaria irão ser o pão nosso de cada dia. É darem a chave de um palheiro a um pobre se o querem ver arrogante, presunçoso e mais papista que o Papa.

 

Não é o facto do Chega ser de direita ou extrema direita que nos deve preocupar, essa terminologia caducou há muito, deve preocupar-nos o Chega ter feito da ética letra morta e seguido as pegadas de Teresa Guilherme, que afirmou não me lembro já onde nem quando “ não dar a ética de comer a ninguém” … Pois não, mas também não lhe tira a comida da boca… Avizinham-se tempos conturbados. O recuo na disciplina de filosofia no ensino secundário, efectuado há uns bons anos iremos pagá-lo agora, às mãos de gente sem princípios, sem valores, enfim, às mãos de uns amores…

 

Não se ter dedicado A.V. e o partido a causas e problemas estruturais, a problemas globais, dando de si uma imagem sólida, eficiente, capaz, responsável, íntegra, e que gerasse confiança no eleitorado e no futuro dos portugueses, nem que para isso tivesse sido necessário distribuir bastonadas à direita e à esquerda, fosse sobre pretos fosse sobre brancos mas vincando a garantindo a autoridade e a justiça, a igualdade e uma democracia musculada, vai sair-lhe caro.  Como diria Shakespeare se fosse vivo, assim não passou de, “Tanto barulho para nada” …

 

Tanta correria para nada digo eu.


NOTA: - Este texto foi extraído da Moção - " PORTUGAL A ECONOMIA A ESPERANÇA O FUTURO " * a moção que não foi ao III CONGRESSO e deveria ter sido apresentada por Humberto Ventura Palma Baião – Évora – Militante Nº 6085  *

*  https://mentcapto.blogspot.com/2021/05/700-carta-aberta-ao-senhor-manuel.html

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