713 ESPELHO MEU, HÁ OUTRA MAIS BONITA QUE EU ?
# TEXTOS POLÍTICOS 22 #
Na
actual situação de focos problemáticos distritais e concelhios que fustigam o Chega um pouco por todo o
país, e devido à existência em muitos deles de um deficit de democracia, de imparcialidade, de isenção e de experiência
politica, fácil se torna concluir que a fasquia deveria ter sido colocada muito mais alta, ou o CHEGA não
passará da breve colheita de um flash. Nas próximas eleições autárquicas
preconizo-lhe uma ascensão fulgurante que contudo e pelo que disse não passará
dum breve flash, dum breve benefício e ainda mais curto momento.
Ocupando
assembleias municipais e presidências de câmaras de norte a sul com gente
impreparada, irão surgir forçosamente centenas senão milhares de impugnações
dos precipitados, impulsivos, irreflectidos e transviados actos das
administrações Chega, as quais encherão tribunais mas sobretudo inviabilizarão
o normal funcionamento de quaisquer autarquias, resultando dessa vitória a
apreensão pelos eleitores de que os quadros do Chega não estão preparados para
a função e a sua acção será mais perniciosa que benéfica para o concelho. Os
mesmos eleitores que lhe deram a vitória ir-lhe-ão gradualmente retirando os votos que tinham
impulsionado essa ascensão, e a vitoriosa curva ascendente do Chega virará uma
outra curva de natureza diferente, descendente, e acusando a diluição dos
votos, da confiança perdida, e do declinar do poder do Chega.
Muito
dificilmente o Chega recuperará duma queda assim, nenhum populismo lhe valerá
nem poderá continuar sendo o partido de um homem só. Só então AV verá com pesar
de nada lhe ter servido andar a correr para assim se estampar, terá que
redobrar de esforços para voltar a convencer, não aliciar mas convencer
intelectuais, artistas, académicos, cientistas, investigadores, professores,
enfermeiros, carpinteiros, serralheiros, empresários, quadros médios e
superiores, e a todos aqueles de que não se soube rodear.
O
problema é de justiça, o pessoal anda sedento de justiça, e o Chega aproveitou
para montar essa sede e transformar-se no cavaleiro justiceiro, num rolo
compressor, num cilindro justicialista. Vai daí soltou todos os demónios da sua
tropa fandanga esquecendo-se de que lhe será muito difícil ou mesmo impossível
voltar a encerrá-los na lamparina. O país vai estar uns anos não diria
desgovernado mas reformando-se aos encontrões e tropeções, o país será alvo não
de um Tsunami reformista originado pelo Chega mas por um verdadeiro arrastão
que tudo levará cegamente na frente.
A culpa desta passagem cronológica do que será a nossa história futura ? Os
mesmos de sempre, os partidos do sistema que, travando reformas que há muito
deveriam ter sido tomadas criaram as condições pra que agora o sejam sem
quaisquer travões. Vai haver justiça, vai haver reformas em catadupa, o país
vai mudar, o país vai sofrer mas as reformas vão fazer-se. Atabalhoadamente,
mas far-se-ão, vamos ter pelo menos uma década de revolução e reformas, vai ser
a nossa Revolução Cultural à moda da China, vinganças, mesquinhices, ajustes de
contas, delações, falsas ou não, disse que disse e bufaria irão ser o pão nosso
de cada dia. É darem a chave de um palheiro a um pobre se o querem ver arrogante, presunçoso e mais papista que o Papa.
Não
é o facto do Chega ser de direita ou extrema direita que nos deve preocupar, essa
terminologia caducou há muito, deve preocupar-nos o Chega ter feito da ética
letra morta e seguido as pegadas de Teresa Guilherme, que afirmou não me lembro
já onde nem quando “ não dar a ética de comer a ninguém” … Pois não, mas também
não lhe tira a comida da boca… Avizinham-se tempos conturbados. O recuo na
disciplina de filosofia no ensino secundário, efectuado há uns bons anos iremos
pagá-lo agora, às mãos de gente sem princípios, sem valores, enfim, às mãos de
uns amores…
Não
se ter dedicado A.V. e o partido a causas e problemas estruturais, a problemas globais, dando de
si uma imagem sólida, eficiente, capaz, responsável, íntegra, e que gerasse
confiança no eleitorado e no futuro dos portugueses, nem que para isso tivesse
sido necessário distribuir bastonadas à direita e à esquerda, fosse sobre
pretos fosse sobre brancos mas vincando a garantindo a autoridade e a justiça,
a igualdade e uma democracia musculada, vai sair-lhe caro. Como diria Shakespeare se fosse vivo, assim não passou de, “Tanto
barulho para nada” …
Tanta
correria para nada digo eu.
NOTA:
- Este texto foi extraído da Moção - " PORTUGAL A ECONOMIA A ESPERANÇA O FUTURO " * a
moção que não foi ao III CONGRESSO e deveria ter sido apresentada por Humberto
Ventura Palma Baião – Évora – Militante Nº 6085 *
* https://mentcapto.blogspot.com/2021/05/700-carta-aberta-ao-senhor-manuel.html
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