TEXTOS POLÍTICOS - A OPORTUNA QUESTÃO DO CUBO MÁGICO
Nenhuma
outra figura representa tão bem quanto um cubo de Rubik todo desengonçado a
situação política deste país, Um país com todos os quadrados que o compõem fora do
lugar, os quadrados as matizes, os tons, as cores, um espectro espectral é o
que nos é dado ver.
Deixando
de parte os partidos do sistema, únicos e grandes causadores da situação a que
se chegou, resta-nos por exclusão de partes, a iniciativa liberal, IL, e o recém-chegado
Chega.
A
primeira não cai mas balança, algumas vezes hesitando nas medidas a tomar, não
obstante prime pelo bom senso, mantendo a agenda actualizada, estudando e agindo
sobre problemas concretos do país, propondo soluções fáceis, viáveis e lógicas.
Mas a IL actua sem garra, sem ênfase, como se ela mesma não acreditasse nas
verdades insofismáveis que apregoa.
Ter
um só deputado penaliza a Iniciativa Liberal, ter lançado candidato a PR que
foi um erro de casting deve ter-lhe saído caro, aposta na verdade, coisa em que
bate e rebate como ferreiro malhando em ferro frio, o pessoal não quer verdades,
quer felicidades e alegrias.
O
outro, o Chega, é o oposto da IL e tem garra a mais, aproveita todos os temas fracturantes
para facturar e granjear simpatias, ladra mas não morde, fala muito mas não diz nada, faz muito barulho mas fica-se por aí, não liga peta à economia, tema que nem no III
Congresso teve lugar quanto mais a primazia, atiça os cães a tudo e todos, é um
clube de amigos onde reina a endogamia, o seguidismo, a ignorância, o culambismo
e uma partidarite cega que o levará a esbarrar contra a parede. Prova disso é
que se multiplicam as dissensões dentro do partido e por todo o país, e as
listas são um malabarismo de trapézio e amadorismo de principiante que arrepia,
e atadas com arames, amizades ou laços familiares. Nem a economia nem outros assuntos
sérios e prementes que não pretos e ciganos são levados a sério pelo Chega, e André
Ventura, o partido é ele e ele é o partido, se morre um morrerá o outro,
corre-corre sem saber para onde, sem nunca olhar para trás a fim de ver e
ajuizar os estragos que vão ficando na sua esteira… O
arauto da transparência o Chega alberga interesses muito próprios e demasiado
obscuros.
O
Chega cairá tão depressa quanto subir, e todos sabemos que, quanto mais alto se
sobe maior será a queda. Tudo que nos outros partidos o Chega critica agora tomou
foros de habituação e virtude, e tornou-se não um partido diferente, como
publicitava até á exaustão, mas igual aos partidos que negava. Não durará mais
que dez anos o fenómeno Chega, é o tempo suficiente para que todos percebam
tratar-se unicamente de um pavão emplumado sem nada no interior. O peru de
Natal ainda leva recheio, o Chega nem isso.
O espectro político partidário português está deste modo novamente carente de um
partido novo, um partido novo democrático, guiando-se pela cartilha da direita, dando corpo a uma democracia musculada, corporativista, cooperativista e popular, não elitista, antes um partido com o juízo e o saber da Iniciativa Liberal e a garra
do Chega, mas um partido onde todos se revejam, um partido onde os quadros tenham
um lugar a ocupar e uma palavra a dizer, um partido onde as bases, educadas e
domesticadas, formem um corpo coeso, solidário, que fortaleça a estrutura do
partido, que lhe seja uma sólida base de apoio porque o principal serão sempre
a base, os princípios, a ética, a moral, as convicções, as pessoas, e naturalmente
o país, este pobre país tão carenciado de quem olhe para ele com olhos de ver e
vontade de fazer.
Há
pois mais que lugar uma necessidade premente de um novo partido ou de um
partido novo, cuja iconografia se baseie no tal cubo de Rubik e o oriente, isto
é que ponha cada quadradinho e cada cor no respectivo lugar, que o organize com
lógica e acabe com esta República das Bananas que está acabando de connosco.
Um partido
novo, um partido liberal, católico, patriótico, um partido que saiba guiar a
direita, uma nova direita, democrática, tolerante, onde o mérito tenha lugar e se
actue sem o chauvinismo nem o revanchismo que enfermam o Chega, nem as febres
sezões que imperam na Iniciativa Liberal e a adormecem, anestesiam, aquietam.
É
tempo de urgências não tempo de nos aquietarmos ou quedarmos, é tempo de
frontalmente fazer frente a esta doença do esquerdismo que nos caiu em cima
como uma praga ou estigma e devolver o orgulho aos portugueses, recuperar a
economia da nação, colocar o país nos eixos, reconstruir Portugal para os portugueses,
dar a todos oportunidades cá dentro, estancar a hemorragia demográfica, reformar
a justiça, o ensino, a saúde, reformar mentalidades, dizer à CEE que sim mas aqui
quem manda somos nós e este país é de todos, e deverá ser para todos, e todos
deverão ter nele um lugar, tal qual na década de quinhentos tivemos um lugar no
mundo.
É
hora de fazer exigências, em primeiro lugar a nós mesmos, depois a nós de novo
e finalmente a nós próprios. Ninguém virá pescar para nós nem ensinarmos a pescar,
teremos que arregaçar as mangas e pegar na cana, na redes, trabalhar no duro,
acabar com tenças e mesuras, privilégios e usuras, é tempo de darmos as mãos,
de fazer e refazer, de denunciar abusos e abusadores, de construir e
reconstruir, de reformar a Constituição, torná-la uma portagem aberta ao
progresso e ao futuro.
Assim
Deus nos dê clarividência.
NOTA. SE GOSTASTE PARTILHA ESTE TEXTO COM AS TUAS AMIZADES, AJUDA-AS NA ANÁLISE CRÍTICA, A ESCLARECER POSIÇÕES E CLARIFICAR ASSUNTOS.