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segunda-feira, 10 de setembro de 2018

531 - ADEUS LUÍS RAINHA, ADEUS 23 VEZES …


Em primeiro lugar pretendo deixar nítido que esta não é uma crítica oficial, nem oficiosa, nem sequer profissional, é uma mera opinião pessoal, é um desabafo de um leitor que se sentiu ultrajado, enganado, eu, tanto pela obra como pelas tentativas vãs de conquistar o interesse do eu leitor, desiderato que julgo só poder ser conseguido se este, o leitor, eu, for um anormal.

Não encontrei lacunas antes mérito nos alinhamentos onde caberá a gramática, a sintaxe, ambas irrepreensíveis, pena que um livro seja mais que uma sucessão de símbolos semióticos e de regras gramaticais e linguísticas. Isto, isto “ADEUS” de Luís Rainha, é no meu vernáculo inusual uma boa merda. Mais valia ter gasto os quinze ou dezasseis euros num bom almoço, aqui na terra, Évora, temos bué de lugares onde o fazer bem por pouco dinheiro, é preciso contudo fugir-se dos guias e roteiros turísticos...

Isto, “ADEUS” de Luís Rainha, é uma colectânea de absurdos atrás de absurdos, numa sequência em que a história seguinte chateia e aborrece mais que a anterior, sendo caso para dizer que mais vale cair em graça que ser engraçado e claramente Luís Rainha não conseguiu de mim nem uma coisa nem outra. Claramente fui embarrilado. Confesso ter lido ainda somente as duas primeiras das vinte e três histórias, mas a cada parágrafo diminui o interesse, de tal modo que o parágrafo anterior é ofuscado, o qual por sua vez eu depressa faço por esquecer desejoso de despachar essa corrente de historietas e parágrafos absurdos, inverosímeis, temas aleatoriamente arrebanhados e completamente desinteressantes, em cada parágrafo um tema que não interessam a ninguém, e desenrolando cada uma delas, histórias, um pseudo mistério oco de vazio.

Como disse, ainda só lidas duas das vinte e três historietas e já estou pelos cabelos, farto, Luís Rainha usa e abusa das descrições, noventa por cento delas não têm tão pouco interesse algum para a historieta em curso, é palha, juntem a essa palha uma miríade de adjectivações que cansam e está explicada a exasperação que este livro me provoca, conheço-me, no máximo lerei mais uma ou duas historietas e arrumarei o livro, a primeira impressão é a que fica e deste autor nem mais uma obra lerei, nem com molho de tomate, fiquei vacinado, este tipo está confessado. O livro é tão chato que quando finalmente e no meio dos excessos começamos a entender a historieta já estamos entediados, fartos até aos cabelos e apenas desejando chegar ao fim dela para largarmos um suspiro que é tudo quanto nos interessa, pois a historieta essa há muito se tornara desinteressante mercê dos seus não naturais antes incongruentes condimentos, cujo picante exacerba a nossa aversão e nos convoca a irritação até à medula.

Para além de historietas banais a que tenta dar alguma virtude embelezando-as de adereços de todo inúteis, são historietas sem pés nem cabeça, e quem publicamente aconselhou e criticou esta obra, este livro, também só terá pés ignorando eu onde teria a cabeça. Talvez no cachet pago pela editora a troco do frete, digo do encómio, do elogio. Li a crítica algures já não recordo onde e fui atrás dessa conversa da treta, nem recordo agora quem devo culpar, em primeira mão a mim que fui crédulo. Este mundo está perdido, está vendido, há muito que o mundo editorial se transformou num pântano. E eu que tanto confiava na Guerra & Paz, vou ter que rever os meus critérios de idoneidade promocional e editorial quando das escolhas para leitura.

Luís Rainha poderá ter querido imitar, no caso mal e porcamente, o género dum outro livro cuja leitura há um mês atrás se me tornou imparável e quase li de seguida, refiro-me a O CENTRO DO MUNDO * obra duma artista das artes e das letras que essa sim, adjectiva, descreve e conta enquanto encanta, tornando sedutora a leitura duma inverosímil história na qual contudo acabamos acreditando, história contada através de uma escrita fluida e fluente, sem recurso a rococós nem rodriguinhos.

ADEUS, de Luís Rainha, ao dilatar a expectativa do leitor, não por uma vez ou duas, o que até seria empolgante, estranha e pecaminosamente faz desse estratagema hábito, um hábito saturante e impossível de aturar. Acabei agora a terceira historieta, menos absurda, diria que aceitável, mas a primeira e negativa impressão ficou gravada, o pé está colocado atrás, partirei para a quarta constrangido, quase coagido, qual detective, a confirmar a minha teoria, a de que falta imenso a este sujeito para se guindar à fama que lhe é atribuída. A obra ou cada historieta é excessivamente descritiva, e ao abusar do excesso de descrições impacienta-me, a cada parágrafo mais descritivo que o anterior vai aos poucos tornando a leitura chata, aborrecida, não deixando a acção desenrolar-se, prendendo-a, aprisionando-a, e com ela a paciência do leitor, a minha santa paciência. Luís Rainha é um chato, um enorme chatarrão, devia continuar a dedicar-se ao lobo ibérico. Está aqui a minha paga, a minha vingança. 

Bebam uns copos, comam uns almoços ou uns jantares com os amigos, poupem o vosso dinheirinho, esta obra nem sequer mereceria o trabalho que me está a dar, porém desabafei, sinto-me absolutamente liberto da pressão que em mim se acumulara e evitarei dar uns tabefes nos gaiatos ou na mulher por dá cá aquela palha, e é o único mérito que nela vejo, nela obra, não nela a Nela, a minha Nelinha


NOTA UM: - E passei ao quarto texto, intitulado “IBIDEM” e caracterizado sobretudo por um constante e repetitivo apelo, irritante e cansativo a uma imaginem, umas insólitas notas de rodapé, que quanto a mim teriam sido facilmente introduzidas, dissimuladas ou desenvolvidas no próprio texto, algumas delas de todo autênticas e inúteis explicações por vezes inacessíveis, digo incompreensíveis ao leitor menos preparado.

Ao todo vinte e sete notas de rodapé numas meras oito páginas, da 51 à 58, sem dúvida que tal exagero pode resultar duma escolha ou duma estratégia do autor mas neste caso eu diria ter-lhe a jogada saído furada, o tiro saiu-lhe pela culatra, estou mesmo farto do homem, ele não desarma e eu esganá-lo-ia de boa vontade, se pudesse. Conclui, na ultima nota de rodapé, a 27ª ou 28ª ter andado mesmo brincando aos textos, nada contra, mas que tenho eu que ver com isso ? E por que tenho que ser envolvido ?  

O quinto texto, apelidado de “VERNISSAGE” pretende explorar da intimidade à blasfémia os limites da tecnologia através duma visita virtual 3D efectuada por meio de uns óculos especiais, mais precisamente a uma pintura do renascimento exposta numa qualquer galeria italiana, história e arte, voyeurismo artístico. Ora quanto a mim, voyeurismo por voyeurismo teria preferido uma visita “guiada” à Kim Kardashian, à Sara Sampaio ou à Georgina do CR7, mas não, o autor teima em desiludir-me teimando na arte, como aquelas excursões turísticas de grupo e guiadas que nos conduzem à pressa de um local a outro sem que tenhamos tempo de deglutir e ruminar ou digerir o que vimos e ouvimos.

Concluindo, Luís Rainha um erudito, derramando sobre nós a sua sapiência, abençoa o leitor com sua excelsa erudição pelo que devemos ficar-lhe agradecidos, ou fazer figura de burgessos e contestar a sapiência e a arte que nos quer enfiar à força goela abaixo ? Naturalmente eu, um leitor assíduo da MetArt sinto-me constrangido e diminuído ante a colossal sabedoria de Luís Rainha e depois querem que goste dele ? Eu pelo menos não ando por aí passeando nem mostrando a minha ignorância como ele a sua vasta e erudita cultura. Mais um texto que nem vou acabar, trinta e duas páginas de enjoo permanente, não vou conseguir passar desta, e uma dúzia chega e sobra, são até demais.

NOTA DOIS: Sexta historieta, “FAQ”.

Este caramelo não é capaz de começar uma história pelo princípio, os preconceitos sobre erudição tomaram definitivamente conta dele. Neste caso, como aliás noutros, nem começa pelo fim nem pelo princípio, começa pelo meio.

Primeiro fui levado a pensar num sismo, num terramoto, depois num golpe de estado, numa revolução, posteriormente numa invasão, e até num desastre. Este cabrão, com as suas técnicas literatas velhas como o cagar exaspera-me, eu não o topo, não posso com ele e um merdas destes continua abusando da minha paciência, mas há limites. Agora vem-me com a teoria do surto epidémico e eu, só para me vingar e quando ele menos esperar irei mijar-lhe na canalização, então logo ficará sabendo se é inócuo ou sabe a salgado, se não passa de um acontecimento funesto ou se apesar disso será estritamente uma mera fantasia como o próprio sacana apostrofara.

Quer dizer, este tipo não passa de um cagãozinho que vem para aqui alçar a perna, digo alardear a sua sapiência e mijar-me nas hortênsias. Este texto mais parece uma enciclopédia, ou um dicionário de sociologia onde o cabrão debita a sua sabedoria, senão vejamos alguns temas abordados como quem borda o perímetro de um guardanapo;

- Douglas e Sutton, Teorias da Conspiração.
- Naomi Klein e Doutrina de Nova Orleães ou do Choque.
- Bimber, Atitudes e Crenças Extremas, Mobilização na Internet.
- O Efeito Werther e as Ondas de Suicídios.
- Sonneck, Etzersdorfer e Nagel-Kues, nomes impressionantes.
- Sunstein Vermeule e As Operações de Infiltração Cognitiva.

Mas também aprendi algumas palavras novas que só um tolo e para se evidenciar usará como o querido Luís Rainha usou, tais como Nigredo (escuro), Albedo (brancura, reflexão), e Assímptota (ou assíntota, o que não cabe, que não coincide, que não se toca).

Estou cada vez mais convencido de que algo ou alguma coisa o deve ter afectado em criança, ou na juventude, este tipo tem literalmente uma tara, uma pancada muito pronunciada, esta necessidade de mostrar eloquência, de ser admirado, quiçá aplaudido, é coisa que não surgiu agora…

Quanto ao texto já disse o que havia a dizer e mais não digo, um texto assim, inserido num contexto a que ganhei aversão, debitado por um autor que desde o inicio intui como um cagão vaidoso, assim dizia eu não passa de mais um texto auto elogioso, para impressionar os papalvos, porém duvido que quaisquer papalvos comprem um livro destes, ou sequer consigam chegar onde eu já cheguei, embora com cortes, à página 96.

Tivesse o texto aparecido isolado numa Visão, ou numa Sábado e até lhe teria achado alguma piada, piada técnico cientifica entenda-se, e já agora entendam também quanto me foi difícil dizer isto, admitir o que acabei de dizer, um momento de fraqueza terei que ser justo comigo, e momentos de fraqueza quem os não tem ?

Até eu.


NOTA TRÊS: 


Texto Nº 7 “ADENDA PUDENDA” (páginas 97 a 100)

“ A meio da noite, ele acordou sabendo que a Rita abocanhara a sua picha” (página 97, 1ª linha)

“ A meio da noite, ele acordou com a impressão de ter o pénis na boca da Rita” … “a Rita não apreciava nem sabia fazer sexo oral a um homem”…

E foi esta última a versão final escolhida, pelo autor, Luís Rainha, e certamente pela editora, para abrirem a primeira página da primeira historieta, página 9 de “PALIMPSESTO”. Um arrazoado mal alinhavado que nem é sensual, nem sexy, nem erótico e que de imediato me fez chegar ao nariz um certo odor de ordinarice e vulgaridade de que a todo o custo e a toda a hora procuro fugir. Falo por mim, cada um de vós falará por si, já que depois de um complexo debate interior sobre que palavras haveria de usar e como se escreveria uma delas, picha ou pixa, ou, como ficou na versão final, pénis. Portanto uma historieta de elevado valor moral e que decerto arrebatará facilmente o prémio TOMATOPRIZER às “CINQUENTA SOMBRAS DE GRAY”.

A personagem na historieta, a Rita, a julgar pelo que o autor diz é sua esposa, a qual, segundo as suas próprias palavras, palavras dele Luís Rainha, “não apreciava nem sabia fazer sexo oral a um homem”, cousa em que, por diversas razões, me permito discordar completamente do autor, pois essa é matéria a exigir ensino e aprendizagem como outra qualquer, aprendizagem a que ele não faz alusão absolutamente nenhuma.
Por se tratar da sua própria mulher ? Ele assim nos faz crer, a Rita, a personagem Rita é a sua esposa, curiosa, fiscalizadora, cusca, intrometida, com muitos defeitos portanto mas que nem um broche saberá fazer ainda que, pelo desenrolar da história Luís Rainha nos diga que sim que gosta que lhos façam a ele. Saberá Deus se a Rita os gostaria de fazer a alguém que não o marido, mas isto sou eu a especular. O autor projectou uma cena, preencheu-a com personagens, falando verdade ou ficcionando especulou, e se ele o fez por que não terei eu o mesmo direito ?

Ele sonhou com uma outra Rita que não a esposa, uma outra Rita que essa sim sabia fazer sexo oral e bem, sabia fazer e bem um bom broche a um homem. Pelo menos Luís Rainha diz-nos ter gostado. Julgo-me portanto em igual direito de dar largas à minha imaginação, à minha fantasia, a um meu devaneio, uma minha ilusão, como ele busco a felicidade, e inda que um broche dure pouco tempo acalento esperanças de que seria a Rita, a dele, a fazer-mo, pode ser uma ideia vã, não passar duma quimera mas adoraria contradizê-lo:

- Estás bem enganado Luís, a Rita faz uns bons broches.

E desta forma onírica, ou sonial, para fazer também eu uso de expressões caras, que lhe são tão caras, abre a obra do autor, ora digam lá se é ou não é uma abertura de merda ?
Sobre a Rita, a mulher, nada mais diz, e era assunto que me prenderia a atenção à leitura, será baixa ? Será alta ? Magra ? Média ? Rechonchuda ? É que faz muita diferença. E de peitos, como estará servida ? Depilará ? Terá a púbis farta, e proeminente ou sumida ? O rabo do tamanho certo, redondinho e cheio ou exagerado ? Será uma mulher bem proporcionada ou será daquelas que têm o cu debaixo dos braços ?  Ou pelo contrário o cu descaído como acontece vulgarmente com as que têm rodinhas baixas ? 

Se Luís Rainha nos quer conquistar terá que se abrir, abrir o leque de ofertas à nossa disposição, quiçá incluir uma ou vários fotos da mulher, em vários ângulos, e já que foi ele quem trouxe à baila o sexo oral, uma ou duas fotos da boca dela, pormenorizadas umas e em grande plano outras podendo ser.

Afinal ele até nem será assim um escritor tão mau como o tenho pintado, mau grado a desgraça deste texto com que abre a sua obra deixou-me pensando, pensando na Rita, não na Rita boa no broche com que ele sonhou mas com a Rita mulher dele que nem um broche sabe fazer segundo nos disse. É o não sabes, quanto a mim ele é que tem descurado a sua função de macho romântico e se tem limitado a fazer de missionário, a Rita que venha passar três semanas comigo a ver se não chega de regresso a casa mais feliz, mais confiante, mais segura e mais sabedora …   

Há, sempre houve e sempre haverá assuntos tabu proibidos a cada autor, não lembra a ninguém, nem ao diabo, meter a mulher num enleio destes, em indo a Lisboa não deixarei de passar à rua onde mora, tenho cá para mim uma vaga esperança de lobrigar a Rita, contentar-me-ia só de a ver, e talvez perdoasse ao meu amigo Luís a merda que tem vindo a fazer.

Texto Nº 8 “ESQUECE”

O homem é um egotista focado no seu umbigo, imagina-se a ele mesmo em várias situações das quais, claro, é o centro, o tema, o foco e o fulcro. Sempre detestei os tipos que exclusivamente vêem o mundo a partir de si mesmos e que unicamente consigo próprios o comparam, visões paroquiais diria eu, assim está este Luís Rainha, na sua paróquia, na qual reina.

Reina ele e o seu passado, a sua memória, os seus ritmos, a sua cartografia, o seu id, o seu ego, as suas viagens, os seus sucessos e fracassos, a sua infância e juventude, a sua mãe, a sua orfandade, o seu caixote de fotografias, os seus filhos, a sua felicidade, o seu choro, o seu diagnóstico, e não há meio de morrer este caralho, texto das paginas 101 a 110, vou na 105, é mais que altura de saltar fora, passar em claro, pular para o texto seguinte, não há pachorra para aturar este onanista.

Texto Nº 9 “ARS BREVIS”

Um grafito, um grafitista, uma prisão, digo um aprisionamento feito no momento, uma parede pintalgada, violada com sprays, tintas apreendidas, autoridade, lei, cumprimento, crime aos costumes, divergências, conjecturas…

E não, absurda e inacreditavelmente Luís Rainha, que se julga O CENTRO DO MUNDO não se encontra como personagem prima, factual, deste texto. Esquisito e estranho ou não ?

Texto Nº 10 “QUERIDO DIÁRIO”

Nem alinho, nem perco tempo. Nem sei quem pretende o autor chocar. Isto não são “adeuses”, “despedidas”, são silícios, sevicias… E eu um masoquista pois ainda não peguei fogo a esta merda de livro.



Texto Nº 11 “MALADIA” (a sair em breve)

* https://mentcapto.blogspot.com/2018/07/518-ja-ha-poucas-mulheres-bonitas-1.html