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terça-feira, 5 de março de 2019

582 - TIR@PICOS by Maria Luísa Baião * ...................



Quomodo vales? Scribit ad narrandum, non ad probandum, sine ira et studio. Que nação o meu coração abraçou ? Que razão o meu coração abraçou ? Serão vãos focos, luzes, aplausos, ritmo.

Que nação que não esta tem um sol assim pela manhã ? Vida é babilónia, viver uma insónia. Estás a ver a cena ? Pela rua abaixo, pela rua acima, sempre o mesmo ardina. Por onde entra o sol na peneira ? Como entra o sol na peneira ?

O sistema é um dilema, não será problema quando o dilema é sistema ? Sempre a mesma barulheira ! Sempre a mesma bandalheira ! Nunca haverá caminho se o caminho não for a direito ! Atention ! danger ! Adiante ! Suerte amico cuida-te ! Será culpa minha ? Será culpa tua ? Quem é que ordena ? Quem mais condena ? Quero encontrar a esperança, quando voltará ela ? Quero parar na próxima estação ! Quero mudar na próxima estação !

Quero fugir a esta mão negra, quero correr o meu destino, quero parar apenas e só numa praia, no mar…! Ver perdido o coração, olhar embevecida e gritar;

- Bem-vinda a manhã !
- Não me gritem !
- Cuidado c’o mundo !
- Não me gritem !
- Próxima estação ! Esperança !

Quanto falta para ela? A sangue e fogo a vida será sempre má façamos o que façamos. Qual será a última hora, a nossa última hora, o tempo escoa-se. Carroceiro faz a hora mudar, quero soltar o coração, quero caminhar altiva e segura, segura e altiva que por este solo caminha uma raça.

 Cuidado com a noite, ela ameaça, cuidado com a morte, cuidado com a sorte. A morte vem a sorte vai, já não há que estranhar. Já não espero, é meu destino, já não me enganam. Cresci, amadureci. Vi. Encontro certos dias o demónio, caio sempre na trampa de confiar, não na trampa de amizar, mas na trampa de o encontrar.

Esse negócio me sai mal. Tem cuidado, num país do sul me mato a trabalhar, num país do norte me mato a inspirar. Uma tristeza, longa, que mereci por me agarrar à esperança ? Agora danço assim, já não me engano, vira vira vira vira vira vira vira vira vira.

Que oração cantar ao coração ? A estrela Vega nos guie nesta serenata de ardilas em fantasmática cidade onde, por vezes, dou por mim distanciada, outras esquecida do que sou. Já estou virada ? Já estou curada ? Cá me vou, sempre só com minhas penas, tecendo vivas ao amor que lhe tenho.

Ninguém rouba a Primavera. Não passarão, não, não passarão se não vierem por bem.

- Bem-vinda a minha sorte. Crente, não creio na morte,

- Bem-vindo o amor

sussurrou-me uma cigana, bem-vinda tequilla, macieira e a Maria Joana ! Rádio Bemba… que se passou ? Que passou ? A polícia chegou ! Vai ouvir a Rádio Bemba, presente ! pim ! pam ! Pum !

Cuidado com o barco, não entornes o caldo, como alma perdida neste século, todo mundo nos condena, só desejo correr o meu destino, é desatino ? Que se passou ? Que passou ? O vento sopra pela rua ensaiando uma vaga serenata de amor. Cuidado, ensaiando nos vão dobrando.

Que cidade esta, tem avenidas de amor ! De dor, passemos pela rua, não passemos, não, a mim nada me pára, nada me obriga a mirar, a acreditar.

 Adiante ! Agora danço assim - tira tira tira tira - não quero a morte como futuro, bem-vinda a sorte, o amor, a manhã, para a direita ou para a esquerda, para a esquerda ou para a direita, deixem-me, vou só com as minhas penas.

Corro pela luz, pela esperança, p’la dignidade, paz, saúde, trabalho, independência, liberdade, democracia, educação.

Que nação tem um sol assim p'la manhã ? Vida é babilónia ! Viver uma insónia. Estás a ver a cena ?

P'la rua abaixo, p'la rua acima. O sistema é um dilema, não será problema se o dilema é um sistema. Estás vendo a cena ? Estás a ver a cena ?

Vai ouvir a Rádio Bemba ! **

Será culpa minha ? Será culpa tua ?

Bem-vindo o amor, bem vinda a cigana, bem-vinda a tequilla, a macieira e a Maria Joana !

It deciphers me. 

* Texto dedicado p'la Luísa ao seu querido e saudoso amigo Tirapicos, escrito ‎a ‎20‎ de ‎Fevereiro‎ de ‎2006, pelas ‏‎12:06h, paz à sua alma. Inédito, não existe certeza quanto a ter sido publicado.