Mostrar mensagens com a etiqueta banha da cobra. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta banha da cobra. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

416 - VENDER BANHA DA COBRA ..........................


Casual e aleatoriamente veio parar à minha frente um conjunto de imagens curioso, uma qualquer festa ou celebração do meu partido, digo curioso porque só vi velhadas, velharia, um partido que se reclama de ideias jovens e que não se cansa de apregoar estar o futuro do país na mão dos jovens é afinal um partido de velhos, uns mais que outros, eles mais que elas ou vice-versa mas só velharia. Impressionou-me, quem gere os cordelinhos tá caquéctico, quem pretende oferecer-nos o paraíso metera-nos no inferno, e jovens ? Vi por lá alguns sim, bem poucos aliás, mais pareciam robertinhos, títeres, bonifrates, rindo e sorrindo para os mais velhos, desfazendo-se em mesuras, é que o respeitinho é muito bonitinho ou não é ?  Que se proporão vender-nos desta vez ? Mais do mesmo, mais banha da cobra ? Estamos bem arranjados …

Mas não era disto que vos queria falar hoje, hoje era minha expressa intenção desbobinar sobre o conhecimento, a sabedoria e o relacionamento, ou o relacionamento e a sabedoria, já que conheci uma, perdão, não uma mas duas senhoras que mais pareciam uma, e tão iguaizinhas elas eram que me confundiram, uma questão de percepção, ou de senilidade, quem sabe se também eu estarei a ficar velho. Tenho que comprar Calcitrin, verdade que sim, vou apontar não vá esta verdade dispersar. Falemos então das divindades que mais pareciam divinas deusas e que na realidade inda não sei se as imaginei se sonhei, a verdade é relativa, as verdades são muitas e a pós verdade ainda é pior. Mas vamos à verdade, a minha verdade que a vossa é coisa que nem me interessa.

Era uma vez uma pequena conhecida que em boa verdade não conhecera e que nem era contida nem excessiva, nem lenta nem apressada e sendo para aprofundar a verdade o melhor é confessar-vos que nem a conhecia de todo, nunca a vira, não conhecia mesmo. Aceitara a sua amizade desinteressada e aleatoriamente, como faço com tanta gente, já nem digo nada pois invariavelmente apresentam-se como minhas leitoras, ou seguidoras, motivo mais que suficiente para me encher o ego e nem fazer perguntas. Assim foi com estas, inda que vagamente tenha associado uma delas a alguém que me habituara a ver ao volante duma carrinha, daquelas que transportam equipas de vendas e tomam de assalto uma zona hoje outra amanhã, que venderia ela ? Financiamento? Crédito? Tupperwares? Trens de cozinha? Bimbys? Por mim que se lixe, não estou comprador, nem lá perto.

Mas eram parecidíssimas estas duas, uma académica, lá tenho eu que passar a ter mais cuidado com a pontuação, com a grafia, com a sintaxe, com a atenção devida aos tempos verbais e ao presente indicativo e predicativo do sujeito, a outra promotora de vendas, uma leoa decerto, quem se aventura na selva dos mercados com a crise que por aí grassa tem que ser pessoa de coragem, confiante, ainda por cima encabeçando uma equipa, sendo responsável, é de admirar realmente com tanta irresponsabilidade que alastra por este país há demasiados anos, conduzir outros, incutir-lhes coragem, convicção e confiança, dar-lhes meios e exigir-lhes objectivos, metas, não é para todos, ao tempo que não dava por um fenómeno assim, isto é liderança, vanguardismo, isto é a assumpção do elitismo esclarecido, claro que não somos todos iguais, há que ter coragem e assumir diferenças, liderar, conduzir, ir à luta, ganhar, vencer, mas que venderá ela ? Esperança ?

 Foi assim, depois fiquei-me por ali, ou por aqui, divagando sobre a formulação de juízos, de conceitos, de preceitos, até que inadvertidamente o pensamento derivou para os preconceitos, era fácil e natural o desvio, ou o percurso, porque os neurónios e os axónios lá terão as suas razões, os seus motivos, as suas conexões, as suas leis, quem sou eu para os entender, somente os conheço de vista, ou nem isso, e sim de ouvir falar neles, de ler sobre eles, e já é saber bem mais do que sei sobre estas duas que julguei, não, não julguei, apreciei, pensei, sobre quem me debrucei, acerca de quem me pré ocupei, e nem o teria feito não lhes tivesse achado algumas parecenças, alguma graça, alguma piada, alguma ligeireza, ou destreza, talvez deva dizer, dizer ou confessar, alguma elegância nos modos, certo que a uma não lhe conheço mais que o perfil e o apelido, mas a outra caminha com a elegância de que só um vendedor bem sucedido é capaz, não é altivez, nem arrogância, se não me engano e do que vejo desta esplanada de onde observo o mundo aquilo não é pedantismo, é sobriedade, é auto confiança, se calhar é mesmo isso, ela venderá esperança, que outra coisa poderia alimentar-lhe assim a auto estima ?

Gostava de conhecê-la melhor, quem não gostaria ? Sobretudo saber o que vende, não que eu esteja comprador, nem de esperança me sinto necessitado, em boa verdade já ultrapassei esse desiderato, quem de nada precisa terá de tudo, é um pouco o meu estado, um pouco complicado, como agora soa dizer-se, ou não ? Nada que não tenha aprendido, ainda que nem seja ensinado, ou talvez por ser um optimista céptico, mais que um crédulo pessimista, é a velha questão de olhar para o copo meio, estará ele meio cheio ou meio vazio ? Um vendedor olhará para ele, ele copo, e para o interlocutor, processará em segundos milhares de conexões, estimará potencialidades, avaliará possibilidades e quando o algoritmo lho aconselhar atirará a sua dica, já a outra obriga-se a ser mais contida, os académicos tendem a abrigar-se, evitam expor-se, há que resguardar posições e distâncias, como se a autoridade do saber residisse na sua sagrada ou divina ocultação, no mistério alquímico dessa disseminação, contida, doseada, como que aspergida sobre bem poucos eleitos, e estava eu nisto quando a Ti Bilete:

- Outra senhor Baião ? Desculpe a franqueza mas não serão já demais ? O senhor lá  saberá, ou não veio na mota ?

Precisamente, nem a mota nem o carro, irei a pé, moro perto e estou desperto, não durmo nem abano, não oscilo, não tropeço, acordei, simplesmente encalhara nos meus pensamentos e sonhador como sou erguera um preconceito, fundamentara-o e justificara-o, quando afinal antes de ir para casa só tenho que lembrar-me do dois em um, afinal não duas mas uma só, uma só solução, branqueador e amaciador, Ultra Super Plus, dois em um, nem a marca esqueci, a Luisinha vai gostar não ter esquecido o recado que me dera, por vezes ponho-me a pensar e não paro, outras vezes só a Mimi me acorda ao chegar a casa, ronronando e roçando-se-me nas pernas, eu gosto de gatos, a Luisinha aprecia cães, seja o que for animais são família né ?

Não são eles que nos adivinham e conhecem todos os pensamentos ? Dos mais torpes aos mais íntimos ?