PRIMÍCIA
Poderia
ser apenas um
" adoraria
beijar-te "
verdade
que adoraria,
sentir das tuas coxas a pele branca e macia
contraindo-se
contra as minhas faces...
Calar-me-ia
deixaria
a escanhoada e rude barba arranhar-te
servir-me-ia
dela p’ra te intimidar
forçar-te
as pernas truncadas
somente isso
tresloucado
nessa razão
e então...
Talvez para convencer-te
Talvez para convencer-te
com razão eu te beijaria
tresloucado
o
velo dourado esse velo de cobre
que te cobre
que te cobre
esperando
abrir as portas que Deus sabe...
Só sei que não mastigaria
Só sei que não mastigaria
antes
sorveria sumo acre de maçã verde
primícia
do paraíso que me permitiria
evadir-me
pela poesia
pelo
sonho...
Tendes
razão senhora,
quantas
vezes sonhei com vossas pernas
entrelaçando-me,
prendendo-me
a cabeça,
exigindo-me,
suplicando-me
o
que de graça e com graça vos ofereceria se ...
se pudesse
ai
se pudesse outro galo cantaria ...
Tenho a imaginação voraz e,
quando me sorris,
ou me atirais um beijo,
invento coisas de corpos em desalinho,
coisas de paixão e desatino,
e questiono-me sobre vossos gostos,
e desejos,
e desejos,
que imagino e adivinho…
Humberto Baião – Évora – 5 e 6 de Janeiro de 2011
Christina Camphausen's in book "Yoni Portraits"