Que
noite esta de estrelas suaves e suave amanhecer…
Em
que desfraldo estandartes largo foguetes, grinaldas…
Que
sonho este meu Deus!
Violas,
luzes, caleidoscópios, astrolábios, que céu meu Deus esta noite!
E
que colorido está!
Só
me apetece cantar!
Eu
sou aquele voando !!!! Eu sou este aqui sonhando!!!!!
Sou
doidão famoso adejando como pena sobre nuvens de marijuana...
Singra-me
a alma os oceanos, enfunam-se-me as velas de desejos recalcados, me sussurram
os ventos aos ouvidos que este sonhado mar é pr’abraçar e nele me extraviar
envolto em espuma brilhante, porque tem nas suas águas, saudades dos dias
passados, um berço de prata e ouro, alento de me e te querer, pois numa
guitarra eu te ouço, teu nome ela me cicia e grita, sibila e chora em
expiação...
Que
festa!
Chama-me
querido, guapo!
Ai
que me escapo e te trinco!
Maria
juana mari juana, p'ra libertar-me e pensar, p’ra me enamorar outra vez!
Porque
hoje não caibo em mim!
E
como atleta corro, corro a milha e só então em mim reparo, aberta a braguilha!
Ah!
Que falta de decoro e de atenção!
Noite
de suspiros e ais, logo abotoo-o... o coração, perco a saudade esquecida, tomo
nas mãos esta guitarra, dedilho brisa suave, de amor e de chamamento, por baixo
da noite estrelada percebendo nesta pedrada com que Orfeu me inspirou, uma
madrugada feita e a garganta a arranhar de tanto que te cantei até teu mar me inundar.
E só
de mim olvidado, solto, nesta sangria me banho, e invento uma anedota dando por
mim em pelota... kkkkkkkkkkkkkk !!!!
Tira-me
agora o retrato que estou sem nenhum fato olhando as águas do mar e, como
sempre quando sonho, és tu que vejo a meu lado, e já não desesperado,
inventando o que Abril esqueceu, crio tal impulso e volúpia, vindos do fundo de
ti, que não crendo estar neste mundo e por muito que o não queira, esqueço o
refrão de entrudos!
Um
dó li tá! Quem está livre livre está!
Salto
à corda, brinco à cabra cega, ai!
Meu
Deus que sensação!
Isto
não tem princípio nem fim!
Não
quero cavalo nem haxe, quero um toco de mari juana, quero voar outra vez, quero
sonhar-te de novo, quero ir p’ra diante morena, com pica me mortifico, morena
de chocolate, coisa doce que me tentas…
Ah!
Segura-me e agarra-me! Que lindo bolero me cantas!
Mari
juana mari juana!
E
corro para a praia exausto, para comprar gelado mágico, de arco-íris, e Osíris,
de Oruz, Ramsés e Cleópatra, e em sanha, afogueado, pelas avenidas corro,
assustando desvairando miúdas desprevenidas, mas nada, nada do glacial sorvete,
sendo então que, estarrecido, como um cão atrás da lua, deliro, vogo no ar, não
sabendo que dizer…
Cheguei
ou estou a abalando?
Somente
fúrias não sinto, e só lembro teres prometido que serias minha um dia, e eu
aqui, enublado, sem achar-te a ti nem num fado!
Então,
sinto-me claramente, tão claramente embevecido, ir ao fim do mundo e voltar!
Tudo
apenas num segundo!
É de
pasmar!
E,
coisa que nunca vi, já não entendo o que aprendi, nem os feitiços da lua,
atónitos pendões da alma, mas, milagre dos milagres, vejo o medo a fugir
célere, correndo…..
E eu
álacre sorrindo!
E
p’ra mais nada me dá, que lembrar-te a ti viola, violinha, violão, e o meu
corpo em alvoroço, e o meu amar não se acalma!
Que
noite de estrelas suaves e suave amanhecer…
Que
sonho este meu Deus!
Aqui
voando e sonhando!
Uma
coisa sei ao certo não saber, por que não estás aqui perto, e que esta dor não
se me acalma, e logo hoje que minha alma se soltou…
Ai
meu Deus!
Hoje
é que estava escrito meu Deus!
Ai
meu amor se assim fosse!
Agarrava-te,
abraçava-te, Ai meu amor se assim fosse!
Ai!
Meu Deus que noite esta!
Conquistado,
apaixonado, seduzido, nesta noitada perdido, que me abraces docemente, me
segredes insolentes baboseiras, e, sedutora, faz-me bobo, torna obsceno e um
alegre sileno, pois que, petulante e bem alto voando, não é que vejo,
insolente, toda a cidade em sobressalto!
Ave
César! Ave Fausto !
Torna-me
a alma á terra de mansinho, e num remanso de cansaço, torno a mim e a ti
abraço, c’a noite, o sonho e o delírio chegando ao fim, nesse amplexo...