Inexoravelmente
vivo os “cinquentas” com todas as preocupações a que me vejo obrigado, não devo
ser muito diferente de qualquer um de vós, a idade, reconheço agora, tudo dá e
tudo tira, há muito o sabia, não queria era aceitá-lo.
Tal
como não suporto já os excessos de quando tinha vinte anos, ou mesmo trinta, é
sobretudo este membro o meu ponto fraco, e em simultâneo, quem me obriga a
aceitar o que o espírito se recusa a reconhecer.
Atingida
a meia idade, daqui para a frente é decair, mas com cuidado e devagar.
Já
foi para mim motivo de orgulho este membro, motivo até de virilidade e
afirmação, já foi, e é aí que está precisamente o mal, já foi..., já não é.
E o
pior é que, contra toda e qualquer lógica, tenho alguns pruridos em consultar
um médico, sei que não me vou sentir à vontade na sua frente, já que para
agravar tudo o meu médico de família, é uma médica.
Que
lhe vou dizer ?, que de há uns tempos para cá este membro não é o mesmo ?, que
não se ergue como antigamente ?, que não suporta metade do esforço que
suportava até há bem pouco tempo ?.
É
difícil aceitarmos certas coisas, sobretudo aquelas que mexem connosco, com a
nossa psico, com o nosso mundo interior, a nossa intimidade.
Este
membro anda realmente a dar-me a volta à cabeça, e quanto mais penso nisto,
piores parecem ser os resultados e os sintomas.
É
tão grande a minha apreensão que chego a sonhar que o dito membro foi cortado
cerce, então acordo sobressaltado, encharcado em suor, temendo o pior, mas
aliviado por tudo não passar de terror onírico, talvez baseado nas minhas
recalcadas e subconscientes preocupações diárias de macho latino.
Tenho
abordado o assunto com alguns amigos mais chegados, que além de não acusarem os
mesmos sintomas, ainda que partilhem comigo a idade, não deixam de comentar a
gravidade do sucedido (comigo) e serem peremptórios em afirmar não desejarem
por nada deste mundo estar na minha pele.
Ás
vezes ponho-me a pensar se haverá alguma hipótese de fazer com que este membro
volte a manifestar a força, o vigor, a resistência de antigamente.
Sei
lá, a medicina hoje está tão evoluída, a Fisioterapia tem taxas de sucesso tão
elevadas. É que para mim seria um milagre, um milagre que me faria rejuvenescer
dez anos, se não mais.
Já
me disseram que há agora uns comprimidos que são uma maravilha, mas não sei,
sou um pouco avesso a essas coisas dos comprimidos, sou mais adepto dos métodos
naturais, mesmo até na alimentação.
Não
desejo isto ao meu maior inimigo, o problema não são as dores no membro, que
melhor ou pior se suportam, mas a falta de força, que leva por vezes a que não
consiga suportar esforços que dantes eram pura brincadeira.
Até
um par de calças o maldito membro não consegue já suportar sem deixar cair !
E o
relógio ? esse tive que o passar para o outro pulso.
O
meu membro superior esquerdo anda a preocupar-me deveras. São as dores nas
articulações, em especial no cotovelo, são as dores provocadas pelos movimentos
de rotação ao nível do pulso, são as dores no antebraço quando comprimo os
dedos.
Para
tornar tudo mais negro, os bíceps, de que me orgulhava, estão (está) uma sombra
do que eram, e eu, que me orgulhava de derrotar a todos no “braço de ferro”,
precisamente com aquele membro !