Naturalmente há muito que deixei de
acreditar no Pai Natal, o que não significa que esse dia não seja para mim, tal
como o dia do meu aniversário, um dos dias que sempre me marcaram, facto de que
sou culpado, já que deposito neles um potencial de esperanças que me esforço
por não ver frustradas.
É por isso que apesar da minha tenra
idade, nem desvendo os segredos do sapatinho senão pela manhã, nem sou capaz de
evitar quer ansiedade quer inquietação com o aproximar, e durante o dia do meu aniversário.
Este ano tal dia foi-me deveras grato, de
tal modo que, como um gaiato, fui mesmo apanhado pela “Genoveva”, uma querida
amiga de de Paços de Brandão, (a quem devo um pedido de desculpas), apanhado
dizia eu, num estilo desajeitado, disfarçando uma lágrima de emoção que me
estava toldando a razão, e que atrapalhado justifiquei como um problemas de
lentes de contacto, que aliás nunca usei.
Não sei porquê este ano esta
"inquietação, mas sei que é linda", como sei que Deus perdoa de vez
em quando uma loucura, mormente no momento em que me permito passar em memória
e a correr, esta vida com tendência para voar, que um ego expansivo anima, e
que até Ele por vezes dificilmente segura.
"Desconfio ter sido por milagre que
nasci profano", já que nunca encontrei quem me amansasse esta vontade de
me dar, fazer amigos, e partilhar com eles momentos felizes e dias solenes. Sábado
passado cumpriu-se uma vez mais a norma.
Este ano não foi excepção, escrevo porque
o coração agradece e o corpo ainda me estremece, pois como bem sabeis sou um
homem que acredita em coisas tais como amizades e Natais, e porque a vós,
amigas e amigos, devo mais um dia que se não esquece.
Estranhar-me-ão porventura, pertenço
contudo, como todos, ao número dos mortais, como vós erro de quando em vez, e
serei mal compreendido de vez em quando. Tudo porque no fragor da luta pela vida me
assalta a excitação do dever a cumprir, ou cumprido, e arraste comigo algum
individualismo que julgo hereditário, do qual não consigo livrar-me.
Talvez seja um "ET" de outras
cruzadas e noitadas, não fujo porém ao rol dos que também padecem de esperanças
e festas adiadas.
Como muitas (os) de vós encolho-me nos limites que me traçam, percorro os caminhos que me trilham, sentindo-me em tantas ocasiões prisioneiro nesse espaço, vogando nessa via láctea consentida, perdido por vezes na imensidão desmedida da redutora janela por onde me permitem espreitar, mas igualmente sempre predisposto a pisar o risco à primeira oportunidade surgida.
Por isso quaisquer pequena festa ou
grande comemoração são para mim deveras significativas, e o sábado passado foi
um desses dias felizes, atrevo-me mesmo a dizer-vos que o vivi deslumbrado,
tendo visto a sala festivamente iluminada, somente faltando para a animar as
pantominas, danças folionas e balões, pois como é conhecido vivo noutra galáxia
e o que espero da vida é saber, razão porque a todos agradeço a obra que me
ofereceram, e ao José Gomes Ferreira a acutilância na escolha do título.
Fosse eu bailarino e teria rodopiado como
carrossel expelindo cores a granel, cores que tivessem pintado para vós um
painel de ternura e sentimento. Daqui vos mando hoje, já lúcido, um abraço, ou
um beijo, com o sabor de arraiais e festas fatais, saudosas, estrepitosas,
daquelas que nos permitirão fugir às grandes trevas da noite.
Virei um dia buscar-vos para uma outra
festa, guiar-vos por uma aresta entre o sagrado e o profano. Fugiremos do fim
do mundo, até uma praça iluminada por domingos e lampiões, escutando
concertinas, cheirando manjericos e sardinhas.
Encheremos os copos de vício, pecadores e
imaculados, inocentes e culpados, numa oferta aos céus, em noites de bem
aventuranças, de esperança, em que possa dar-vos conta da gratidão que guardo
no peito.
E quando a alma vos estremecer de
espanto, a Bárbara e o Carrilho segredarão recados de amor, a Catarina e o Goucha acreditarão que sou exímio na arte das
tartes e dos molotov´s, o João Baião e a Cristina, loucos e ébrios, viverão
paixões e dramas, corpos excitados jurarão e dissiparão amores, para não falar
nos tímidos que a boémia tornará sedutores.
Haverá almas que amansarão com beijos,
outras que exaltarão em cambalhotas e, até as mais introvertidas segredarão em
ouvidos castos "obscenas maravilhas".
E no meio de murmúrios e delírios
sensuais o esperanto não fará falta alguma, todas (os) esquecerão tormentos
passados e lágrimas choradas.
A quem me chamar ímpio perguntarei
quantos de nós não temos sonhos frustrados e pecados sem conta, à Alexandra
Afonso agradeço aquela dedicatória fotográfica que me fez estremecer a alma, e
antes que alguém que muito prezo me chame desbocado vou dar fim a este
exercício de imaginação criativa.
O meu obrigado a todas (os), quantas (os)
se lembraram deste dia e o expressaram de uma ou de outra forma, contem comigo
para o ano.
kkkkkkkkkkkkkk !!!!!!!!!!!!!!!! bjssssssssssssssssssssss !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
(Genoveva, espero que voltes pa sempre amiga !! bjsssssssssssssss !!! )